title
stringlengths
4
146
text
stringlengths
1
61.2k
category
stringclasses
44 values
title_text
stringlengths
18
61.2k
label
int64
0
43
Conservador Marcelo Rebelo de Sousa é eleito presidente de Portugal
Os portugueses elegeram neste domingo (24) o candidato apoiado pelos partidos de direita, Marcelo Rebelo de Sousa, como novo presidente. Líder absoluto nas pesquisas desde o começo da campanha, Rebelo de Sousa, 67, obteve 52% dos votos, garantindo sua vitória já no primeiro turno. Jurista, o novo presidente tornou-se muito conhecido em Portugal devido aos 15 anos em que esteve à frente de uma coluna sobre política em horário nobre na televisão. Rebelo de Sousa também já foi deputado, eurodeputado, vereador e presidente do PSD (Partido Social Democrata, de centro-direita). Ele substitui Aníbal Cavaco Silva, 76, do mesmo partido. Cavaco Silva fora eleito em 2006 e reeleito em 2011. Em discurso após o anúncio da vitória, Rebelo de Sousa afirmou que será o "presidente de todos os portugueses" e sinalizou a importância do combate à corrupção e as tensões políticas. CONSERVADOR VENCE?PLEITO PRESIDENCIAL - Em % de votos válidos* António Sampaio da Nóvoa, 61, ex-reitor da Universidade de Lisboa, ficou em segundo lugar, com 22,89% dos votos. O resultado mais surpreendente foi de Marisa Matias, 39, candidata do Bloco de Esquerda, que terminou na terceira colocação, com 10,13% dos votos. Criado em 1999, o BE era uma legenda "nanica" até as últimas eleições legislativas em outubro do ano passado. Com críticas à política de austeridade da União Europeia e ao sistema bancário do país, o partido ganhou fôlego e elegeu 19 deputados. Além de consolidar o BE como terceira força política, essas eleições representaram uma derrota para a ala mais moderada do Partido Socialista, o mesmo do primeiro-ministro António Costa, 54. O apoio dos socialistas foi dividido entre Sampaio da Nóvoa e a ex-presidente do partido Maria de Belém Roseira, 66. A dupla começou empatada na segunda colocação, mas a candidata teve uma queda expressiva nas últimas semanas, terminando a corrida eleitoral em quarto. O voto em Portugal não é obrigatório, e mais da metade dos eleitores registrados não compareceram às urnas. No sistema parlamentarista de Portugal, quem governa é o primeiro-ministro. O presidente, embora com poderes mais limitados, tem função bastante significativa. Ele pode, entre outras coisas, demitir o governo, dissolver a Assembleia de República e convocar eleições. Diante do cenário tumultuado do último pleito legislativo –em que os partidos de esquerda fizeram uma aliança pós-eleitoral para derrubar a coligação de centro-direita vencedora nas urnas–, a eleição de um novo presidente de direita fez com que alguns temessem um cenário de instabilidade política e eleições antecipadas. Rebelo de Sousa, no entanto, procurou mostrar-se mais independente da direita e afirmou que pretende dar condições de governabilidade ao primeiro-ministro. BRASIL O futuro presidente tem laços fortes com o Brasil. Seu pai viveu no país entre 1974 e 1992, e seu filho mais velho, Nuno Rebelo de Sousa, 42, vive em São Paulo desde 2010. O novo presidente assume em 9 de março um mandato de cinco anos, ao final do qual pode concorrer uma vez à reeleição.
mundo
Conservador Marcelo Rebelo de Sousa é eleito presidente de PortugalOs portugueses elegeram neste domingo (24) o candidato apoiado pelos partidos de direita, Marcelo Rebelo de Sousa, como novo presidente. Líder absoluto nas pesquisas desde o começo da campanha, Rebelo de Sousa, 67, obteve 52% dos votos, garantindo sua vitória já no primeiro turno. Jurista, o novo presidente tornou-se muito conhecido em Portugal devido aos 15 anos em que esteve à frente de uma coluna sobre política em horário nobre na televisão. Rebelo de Sousa também já foi deputado, eurodeputado, vereador e presidente do PSD (Partido Social Democrata, de centro-direita). Ele substitui Aníbal Cavaco Silva, 76, do mesmo partido. Cavaco Silva fora eleito em 2006 e reeleito em 2011. Em discurso após o anúncio da vitória, Rebelo de Sousa afirmou que será o "presidente de todos os portugueses" e sinalizou a importância do combate à corrupção e as tensões políticas. CONSERVADOR VENCE?PLEITO PRESIDENCIAL - Em % de votos válidos* António Sampaio da Nóvoa, 61, ex-reitor da Universidade de Lisboa, ficou em segundo lugar, com 22,89% dos votos. O resultado mais surpreendente foi de Marisa Matias, 39, candidata do Bloco de Esquerda, que terminou na terceira colocação, com 10,13% dos votos. Criado em 1999, o BE era uma legenda "nanica" até as últimas eleições legislativas em outubro do ano passado. Com críticas à política de austeridade da União Europeia e ao sistema bancário do país, o partido ganhou fôlego e elegeu 19 deputados. Além de consolidar o BE como terceira força política, essas eleições representaram uma derrota para a ala mais moderada do Partido Socialista, o mesmo do primeiro-ministro António Costa, 54. O apoio dos socialistas foi dividido entre Sampaio da Nóvoa e a ex-presidente do partido Maria de Belém Roseira, 66. A dupla começou empatada na segunda colocação, mas a candidata teve uma queda expressiva nas últimas semanas, terminando a corrida eleitoral em quarto. O voto em Portugal não é obrigatório, e mais da metade dos eleitores registrados não compareceram às urnas. No sistema parlamentarista de Portugal, quem governa é o primeiro-ministro. O presidente, embora com poderes mais limitados, tem função bastante significativa. Ele pode, entre outras coisas, demitir o governo, dissolver a Assembleia de República e convocar eleições. Diante do cenário tumultuado do último pleito legislativo –em que os partidos de esquerda fizeram uma aliança pós-eleitoral para derrubar a coligação de centro-direita vencedora nas urnas–, a eleição de um novo presidente de direita fez com que alguns temessem um cenário de instabilidade política e eleições antecipadas. Rebelo de Sousa, no entanto, procurou mostrar-se mais independente da direita e afirmou que pretende dar condições de governabilidade ao primeiro-ministro. BRASIL O futuro presidente tem laços fortes com o Brasil. Seu pai viveu no país entre 1974 e 1992, e seu filho mais velho, Nuno Rebelo de Sousa, 42, vive em São Paulo desde 2010. O novo presidente assume em 9 de março um mandato de cinco anos, ao final do qual pode concorrer uma vez à reeleição.
3
Seleção recebe visita de campeão e fã antes de ir para Mundial de handebol
Dois torcedores foram se despedir da seleção brasileira masculina de handebol nesta terça-feira (6), o último dia de treinamento no país antes do Mundial do Qatar. O primeiro chegou com a família, sentou-se na arquibancada vazia do ginásio Noêmia Assumpção, em Santo André, e esperou seus ídolos. Depois recebeu autógrafos e uma foto com todos. O segundo chegou e, sem cerimônia, pulou a grade que limita a quadra e já começou a abraçar os jogadores. Ganhou mais abraços de cortesia. O mais contido é Felipe Farinha Saad Barbosa, de 13 anos, estudante do 9º ano do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, e fã incondicional de handebol. O descontraído é Morten Soubak, dinamarquês de 50 anos, técnico que levou a seleção feminina do Brasil ao título mundial inédito em dezembro de 2013. "É uma visita com trabalho. Eu gosto muito de acompanhar e sempre que posso eu o faço", disse o dinamarquês, que aproveitou para desejar sorte aos comandados do espanhol Jordi Ribera no Mundial que começa dia 15. Competição esta que Felipe gostaria de ir. "Ele pediu, mas o Qatar é longe, a viagem é longa. Mas quase fomos", disse o engenheiro Fábio Saad Barbosa, pai do estudante, que ainda levou a mãe, Iranea, e o irmão, Miguel, 7, para acompanhar sua diversão durante as férias. "Vou assistir a todos jogos do Mundial pela TV ", afirmou Felipe, que é ponta esquerda no handebol e pediu os autógrafos na camiseta que diz que ele foi destaque no último torneio colegial que participou. A seleção embarca nesta quarta-feira (7) para o Egito, onde disputa um torneio preparatório contra os donos da casa, além de Marrocos e Arábia Saudita. No Mundial, o Brasil está no Grupo A, ao lado de Espanha (atual campeã), Eslovênia, Belarus, Chile e Qatar, contra quem estreia na quinta-feira (15). O objetivo brasileiro é chegar às quartas de final (ou seja, entre os oito melhores) e, assim, superar o melhor resultado do país em um Mundial masculino, a 13º colocação na Espanha, em 2013.
esporte
Seleção recebe visita de campeão e fã antes de ir para Mundial de handebolDois torcedores foram se despedir da seleção brasileira masculina de handebol nesta terça-feira (6), o último dia de treinamento no país antes do Mundial do Qatar. O primeiro chegou com a família, sentou-se na arquibancada vazia do ginásio Noêmia Assumpção, em Santo André, e esperou seus ídolos. Depois recebeu autógrafos e uma foto com todos. O segundo chegou e, sem cerimônia, pulou a grade que limita a quadra e já começou a abraçar os jogadores. Ganhou mais abraços de cortesia. O mais contido é Felipe Farinha Saad Barbosa, de 13 anos, estudante do 9º ano do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, e fã incondicional de handebol. O descontraído é Morten Soubak, dinamarquês de 50 anos, técnico que levou a seleção feminina do Brasil ao título mundial inédito em dezembro de 2013. "É uma visita com trabalho. Eu gosto muito de acompanhar e sempre que posso eu o faço", disse o dinamarquês, que aproveitou para desejar sorte aos comandados do espanhol Jordi Ribera no Mundial que começa dia 15. Competição esta que Felipe gostaria de ir. "Ele pediu, mas o Qatar é longe, a viagem é longa. Mas quase fomos", disse o engenheiro Fábio Saad Barbosa, pai do estudante, que ainda levou a mãe, Iranea, e o irmão, Miguel, 7, para acompanhar sua diversão durante as férias. "Vou assistir a todos jogos do Mundial pela TV ", afirmou Felipe, que é ponta esquerda no handebol e pediu os autógrafos na camiseta que diz que ele foi destaque no último torneio colegial que participou. A seleção embarca nesta quarta-feira (7) para o Egito, onde disputa um torneio preparatório contra os donos da casa, além de Marrocos e Arábia Saudita. No Mundial, o Brasil está no Grupo A, ao lado de Espanha (atual campeã), Eslovênia, Belarus, Chile e Qatar, contra quem estreia na quinta-feira (15). O objetivo brasileiro é chegar às quartas de final (ou seja, entre os oito melhores) e, assim, superar o melhor resultado do país em um Mundial masculino, a 13º colocação na Espanha, em 2013.
4
Alalaô: Cordão do Boitatá anima o centro do Rio
CAIO LIMA Colaboração para a Folha, do Rio A Praça 15, no Centro do Rio, está lotada de foliões que se reúnem para brincar o Carnaval e ouvir atrações musicais como as cantoras Teresa Cristina, Roberta Sá e o nigeriano... Leia post completo no blog
cotidiano
Alalaô: Cordão do Boitatá anima o centro do RioCAIO LIMA Colaboração para a Folha, do Rio A Praça 15, no Centro do Rio, está lotada de foliões que se reúnem para brincar o Carnaval e ouvir atrações musicais como as cantoras Teresa Cristina, Roberta Sá e o nigeriano... Leia post completo no blog
6
Promotor argentino pede prisão de executivos do Uber no país
Um promotor argentino pediu nesta segunda-feira a prisão de executivos do Uber e a corte ordenou que o aplicativo móvel da empresa fosse desativado. Em abril de 2016, um tribunal em Buenos Aires determinou que a empresa não estava autorizada a operar no país. "Executivos do Uber nunca interromperam suas infrações e continuaram ignorando completamente as ordens judiciais, prosseguindo com atividade ilegal", diz um comunicado divulgado no site da promotoria da cidade. A juíza local Maria Fernanda Botana ordenou que o aplicativo fosse suspenso em toda a Argentina, de acordo com o documento. O Uber não estava imediatamente disponível comentar.
mercado
Promotor argentino pede prisão de executivos do Uber no paísUm promotor argentino pediu nesta segunda-feira a prisão de executivos do Uber e a corte ordenou que o aplicativo móvel da empresa fosse desativado. Em abril de 2016, um tribunal em Buenos Aires determinou que a empresa não estava autorizada a operar no país. "Executivos do Uber nunca interromperam suas infrações e continuaram ignorando completamente as ordens judiciais, prosseguindo com atividade ilegal", diz um comunicado divulgado no site da promotoria da cidade. A juíza local Maria Fernanda Botana ordenou que o aplicativo fosse suspenso em toda a Argentina, de acordo com o documento. O Uber não estava imediatamente disponível comentar.
2
Temperatura 'insuportável' fecha salas de posto de saúde em Guarujá
O calor, aliado ao defeito em um aparelho de ar-condicionado, antecipou o fechamento de salas de uma unidade de saúde no Guarujá (a 86 km de SP) nesta terça-feira (20). Para informar a situação aos pacientes, funcionários colaram cartazes nas paredes do local, informando que "devido à temperatura insuportável, as salas de vacina e curativo ficarão abertas das 8h às 13h". O horário normal de funcionamento do posto, que fica no distrito de Vicente de Carvalho, é das 8h às 17h. "Cheguei por volta das 15h com a minha irmã, que está grávida de seis meses, para pegar a segunda via da carteirinha de vacinação, e encontramos esse recado", reclamou a office-girl Camila Yokoyama Saibro, 20, que tirou fotos do aviso. "Quando questionamos uma assistente de enfermagem sobre a carteira, ela disse que não ia pegar porque as pessoas que trabalhavam lá tinham ido embora." Em nota, a Secretaria de Saúde de Guarujá afirma que a pane no ar-condicionado da sala alterou a temperatura da geladeira onde as vacinas são armazenadas e, por isso, os funcionários tiveram de encerrar o expediente. "Essa foi a única alternativa encontrada para preservar as doses de vacinas, já que abrindo e fechando o equipamento, com o forte calor, poderia perder toda a medicação", diz o comunicado. A mudança não havia sido informada previamente à prefeitura. O ar-condicionado foi consertado e, segundo a Secretaria, nesta quarta (21) a unidade funciona normalmente.
cotidiano
Temperatura 'insuportável' fecha salas de posto de saúde em GuarujáO calor, aliado ao defeito em um aparelho de ar-condicionado, antecipou o fechamento de salas de uma unidade de saúde no Guarujá (a 86 km de SP) nesta terça-feira (20). Para informar a situação aos pacientes, funcionários colaram cartazes nas paredes do local, informando que "devido à temperatura insuportável, as salas de vacina e curativo ficarão abertas das 8h às 13h". O horário normal de funcionamento do posto, que fica no distrito de Vicente de Carvalho, é das 8h às 17h. "Cheguei por volta das 15h com a minha irmã, que está grávida de seis meses, para pegar a segunda via da carteirinha de vacinação, e encontramos esse recado", reclamou a office-girl Camila Yokoyama Saibro, 20, que tirou fotos do aviso. "Quando questionamos uma assistente de enfermagem sobre a carteira, ela disse que não ia pegar porque as pessoas que trabalhavam lá tinham ido embora." Em nota, a Secretaria de Saúde de Guarujá afirma que a pane no ar-condicionado da sala alterou a temperatura da geladeira onde as vacinas são armazenadas e, por isso, os funcionários tiveram de encerrar o expediente. "Essa foi a única alternativa encontrada para preservar as doses de vacinas, já que abrindo e fechando o equipamento, com o forte calor, poderia perder toda a medicação", diz o comunicado. A mudança não havia sido informada previamente à prefeitura. O ar-condicionado foi consertado e, segundo a Secretaria, nesta quarta (21) a unidade funciona normalmente.
6
Shoppings rastreiam rotas de clientes pelo wi-fi grátis e investem em apps
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Uma cliente chega de carro a um shopping, estaciona e marca em seu celular em qual vaga parou. Ela precisa ir até uma livraria, para retirar um livro que comprou pela internet há algumas horas. Para ver como ir até lá, ela abre um aplicativo do centro de compras e traça uma rota pelos corredores para descobrir o caminho. Depois de pegar o produto, ela faz um lanche na praça de alimentação enquanto carrega seu smartphone em uma tomada e, antes de ir embora, se encanta com um vestido na vitrine de uma loja. Ela prova, gosta e paga, mas sai de mãos vazias: a compra será entregue em seu endereço no começo da noite, mesma hora em que ela deve chegar em casa. O relato acima é fictício, mas todos os passos citados já podem ser feitos em vários shoppings de São Paulo. E, em breve, toda essa rota poderá ser inteiramente rastreada pelos gestores dos centros de compras. O grupo Ancar, dono dos shoppings Eldorado, Metrô Itaquera e Golden Square, em São Bernardo, mapeia as rotas de seus clientes, ainda de modo experimental, por meio do acesso dos smartphones à rede gratuita de wi-fi. Tanto o caminho feito pelo frequentador quanto o conteúdo que ele visitou na internet ficam salvos no sistema e podem ser usados para oferecer promoções segmentadas, de modo parecido com o de anúncios da internet. Assim, o cliente que procurou o resultado do futebol, tema bastante frequente nas pesquisas feitas em shoppings da Ancar, poderá receber uma oferta de camisa do seu time, por exemplo. "Quando a pessoa se cadastra no wi-fi, o registro fica no sistema. Quando ela volta ao shopping, sabemos que a pessoa está ali e podemos enviar conteúdo de interesse dela, como promoções e eventos", explica Mariana Carvalho, diretora de produto da Ancar. O monitoramento é feito por meio do código de identificação do celular, que é fornecido ao roteador quando a conexão se completa. O banco de dados relaciona este número ao cadastro do cliente e, assim, consegue identificar quem está em cada parte do shopping. A técnica ainda não permite saber quem entrou em cada loja. Para isso, seria preciso colocar roteadores dentro de cada uma ou cruzar os arquivos dos lojistas com o cadastro dos shoppings, que reúnem também participação em promoções e consultas ao serviço de atendimento. "Não faz sentido mandar um SMS sobre produtos para crianças para quem não tem filhos", prossegue Mariana. No entanto, é preciso cuidado para analisar o grande volume de dados. "Uma vez notamos uma grande procura por 'geladeira'. Mas não era o produto: um jogador famoso estava sem jogar, na 'geladeira', o que fez disparar as buscas. Era alarme falso." Shoppings e lojas de países como Estados Unidos e Inglaterra possuem sistemas capazes de mostrar quais áreas recebem mais frequentadores em cada parte do dia, também com base no sinal dos smartphones, sem que o visitante precise fazer nada. No Brasil, ferramentas como sensores nas portas são capazes de contar quantas pessoas entram e saem e quais corredores atraem mais público, mas sem permitir a individualização dos dados. "É preciso ter muito cuidado. Existe um marco civil sobre banco de dados, mas não há uma lei específica que controle a privacidade desses dados", analisa José Roberto Baldin, diretor comercial do grupo Tivoli e professor da Faap. No caso da Ancar, a informação de que os dados podem ser coletados aparece nos termos de uso da conexão wi-fi. Mesmo sendo feito sob um terreno legal nebuloso, esse acúmulo de dados sobre clientes, também conhecido pelo termo Big Data, é pensado inclusive por shoppings que ainda nem estão de pé, como o Cosmopolitano, previsto para abrir as portas em 2017 no Cambuci, centro de São Paulo "Trata-se de mapear gostos, usos e costumes. Caminhamos para um tratamento individualizado. Tocar alguém pelo celular é muito diferente de um anúncio na TV", diz Paulo Stuart, diretor da Saphyr, grupo que constrói o centro de compras. NA PONTA DOS DEDOS Ao lado do Big Data, cresce o uso de aplicativos próprios. Dos cerca de 50 shoppings paulistanos, ao menos dez já tem apps. Se antes eles apenas reuniam informações estáticas sobre cada empreendimento, agora trazem funções como reservas de mesas em restaurantes, pagamento de estacionamento, horários da programação de cinema e link para compra de ingressos. "Foi uma evolução de estratégia para facilitar a vida e melhorar a experiência no shopping", resume Aline Zarouk, diretora de marketing do grupo Iguatemi. No Natal passado, o Iguatemi criou um aplicativo no qual era possível subir dados e informações sobre uma criança e receber uma mensagem personalizada com a voz do Papai Noel. A iniciativa será repetida neste ano. "Tudo que facilita a rotina e permite ganhar tempo atrai mais gente pro shopping", avalia Marcus Vinicius Borja, superintendente do shopping Tamboré, que lançou o pagamento de estacionamento via aplicativo este ano. "A maioria ainda prefere o caixa físico, mas faremos campanhas para aumentar o uso do app." Os centros de compra também oferecem tomadas para carregar o celular, de forma gratuita. No Cidade São Paulo, na avenida Paulista, elas ficam perto de um lounge com vários sofás. No West Plaza, na zona oeste, e no Parque Maia, em Guarulhos, foram posicionadas em uma bancada na praça de alimentação. Para que o cliente não precise ficar "preso" a um lugar enquanto recarrega a bateria, o Pátio Paulista passará a emprestar gratuitamente power banks, baterias extras portáteis que servem para carregar celulares e tablets, ainda este mês. "As pessoas perguntavam muito sobre tomadas. Tinha mãe que pedia para deixar o celular carregando no Pátio Petit enquanto o filho brincava lá", recorda Claudia Lima, gerente de marketing do Pátio Paulista.
saopaulo
Shoppings rastreiam rotas de clientes pelo wi-fi grátis e investem em appsRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Uma cliente chega de carro a um shopping, estaciona e marca em seu celular em qual vaga parou. Ela precisa ir até uma livraria, para retirar um livro que comprou pela internet há algumas horas. Para ver como ir até lá, ela abre um aplicativo do centro de compras e traça uma rota pelos corredores para descobrir o caminho. Depois de pegar o produto, ela faz um lanche na praça de alimentação enquanto carrega seu smartphone em uma tomada e, antes de ir embora, se encanta com um vestido na vitrine de uma loja. Ela prova, gosta e paga, mas sai de mãos vazias: a compra será entregue em seu endereço no começo da noite, mesma hora em que ela deve chegar em casa. O relato acima é fictício, mas todos os passos citados já podem ser feitos em vários shoppings de São Paulo. E, em breve, toda essa rota poderá ser inteiramente rastreada pelos gestores dos centros de compras. O grupo Ancar, dono dos shoppings Eldorado, Metrô Itaquera e Golden Square, em São Bernardo, mapeia as rotas de seus clientes, ainda de modo experimental, por meio do acesso dos smartphones à rede gratuita de wi-fi. Tanto o caminho feito pelo frequentador quanto o conteúdo que ele visitou na internet ficam salvos no sistema e podem ser usados para oferecer promoções segmentadas, de modo parecido com o de anúncios da internet. Assim, o cliente que procurou o resultado do futebol, tema bastante frequente nas pesquisas feitas em shoppings da Ancar, poderá receber uma oferta de camisa do seu time, por exemplo. "Quando a pessoa se cadastra no wi-fi, o registro fica no sistema. Quando ela volta ao shopping, sabemos que a pessoa está ali e podemos enviar conteúdo de interesse dela, como promoções e eventos", explica Mariana Carvalho, diretora de produto da Ancar. O monitoramento é feito por meio do código de identificação do celular, que é fornecido ao roteador quando a conexão se completa. O banco de dados relaciona este número ao cadastro do cliente e, assim, consegue identificar quem está em cada parte do shopping. A técnica ainda não permite saber quem entrou em cada loja. Para isso, seria preciso colocar roteadores dentro de cada uma ou cruzar os arquivos dos lojistas com o cadastro dos shoppings, que reúnem também participação em promoções e consultas ao serviço de atendimento. "Não faz sentido mandar um SMS sobre produtos para crianças para quem não tem filhos", prossegue Mariana. No entanto, é preciso cuidado para analisar o grande volume de dados. "Uma vez notamos uma grande procura por 'geladeira'. Mas não era o produto: um jogador famoso estava sem jogar, na 'geladeira', o que fez disparar as buscas. Era alarme falso." Shoppings e lojas de países como Estados Unidos e Inglaterra possuem sistemas capazes de mostrar quais áreas recebem mais frequentadores em cada parte do dia, também com base no sinal dos smartphones, sem que o visitante precise fazer nada. No Brasil, ferramentas como sensores nas portas são capazes de contar quantas pessoas entram e saem e quais corredores atraem mais público, mas sem permitir a individualização dos dados. "É preciso ter muito cuidado. Existe um marco civil sobre banco de dados, mas não há uma lei específica que controle a privacidade desses dados", analisa José Roberto Baldin, diretor comercial do grupo Tivoli e professor da Faap. No caso da Ancar, a informação de que os dados podem ser coletados aparece nos termos de uso da conexão wi-fi. Mesmo sendo feito sob um terreno legal nebuloso, esse acúmulo de dados sobre clientes, também conhecido pelo termo Big Data, é pensado inclusive por shoppings que ainda nem estão de pé, como o Cosmopolitano, previsto para abrir as portas em 2017 no Cambuci, centro de São Paulo "Trata-se de mapear gostos, usos e costumes. Caminhamos para um tratamento individualizado. Tocar alguém pelo celular é muito diferente de um anúncio na TV", diz Paulo Stuart, diretor da Saphyr, grupo que constrói o centro de compras. NA PONTA DOS DEDOS Ao lado do Big Data, cresce o uso de aplicativos próprios. Dos cerca de 50 shoppings paulistanos, ao menos dez já tem apps. Se antes eles apenas reuniam informações estáticas sobre cada empreendimento, agora trazem funções como reservas de mesas em restaurantes, pagamento de estacionamento, horários da programação de cinema e link para compra de ingressos. "Foi uma evolução de estratégia para facilitar a vida e melhorar a experiência no shopping", resume Aline Zarouk, diretora de marketing do grupo Iguatemi. No Natal passado, o Iguatemi criou um aplicativo no qual era possível subir dados e informações sobre uma criança e receber uma mensagem personalizada com a voz do Papai Noel. A iniciativa será repetida neste ano. "Tudo que facilita a rotina e permite ganhar tempo atrai mais gente pro shopping", avalia Marcus Vinicius Borja, superintendente do shopping Tamboré, que lançou o pagamento de estacionamento via aplicativo este ano. "A maioria ainda prefere o caixa físico, mas faremos campanhas para aumentar o uso do app." Os centros de compra também oferecem tomadas para carregar o celular, de forma gratuita. No Cidade São Paulo, na avenida Paulista, elas ficam perto de um lounge com vários sofás. No West Plaza, na zona oeste, e no Parque Maia, em Guarulhos, foram posicionadas em uma bancada na praça de alimentação. Para que o cliente não precise ficar "preso" a um lugar enquanto recarrega a bateria, o Pátio Paulista passará a emprestar gratuitamente power banks, baterias extras portáteis que servem para carregar celulares e tablets, ainda este mês. "As pessoas perguntavam muito sobre tomadas. Tinha mãe que pedia para deixar o celular carregando no Pátio Petit enquanto o filho brincava lá", recorda Claudia Lima, gerente de marketing do Pátio Paulista.
17
Gasto da União com itens de saúde cai em R$ 600 mi
No primeiro semestre, as compras do governo federal de artigos médicos e veterinários caiu cerca de 10% na comparação com o mesmo período do ano passado. Essa é a categoria com que o governo tem o mais alto gasto –na primeira metade deste ano, representou 31% de todos os desembolsos com materiais e serviços. Em valor absoluto, a indústria vendeu R$ 600 milhões a menos para a União na primeira metade deste ano. A segunda categoria que enfrentou quedas significativas foi a de equipamentos para recreação e desportos. A União gastou R$ 65 milhões a menos com esses itens. Essa economia representa 11% daquela que o governo teve com itens para a saúde. Para reduzir preço, o governo tem comprado de forma mais miúda, lançado editais de licitação com prazos curtos e atrasado pagamentos, diz Antônio Britto, presidente da Interfarma (associação de farmacêuticas). "O setor respondeu com negociação de condições, mas temos alertado que a equação [da demanda e da capacidade do governo para fornecer atendimento médico] não fecha." As compras governamentais representam cerca de 30% do mercado da Roche, segundo o presidente para o Brasil, Rolf Hoenger. A diminuição de aquisições da União causou impacto, diz. "Notamos que o estoque de produtos que o governo mantinha foi reduzido." * Serviço em queda O perfil das compras governamentais mudou do ano passado para este. Em 2015, os valores se dividiram quase igualmente entre materiais e serviços –este último tipo de despesa perdeu representatividade em 2016. O item que lidera os desembolsos da União em ambos os anos é o de serviços bancários. Até junho, foram gastos R$ 1,2 bilhão com eles. Os serviços de engenharia, que em 2015 figuravam como a segunda maior compra, neste ano estão em quinto lugar, com R$ 534 milhões. Entre os materiais, a aquisição de ônibus subiu de forma significativa –em 2015, o governo federal gastou R$ 8,8 milhões com eles, e neste ano, 617 milhões. * Conta atrasada A indústria de produtos médico-hospitalares tem sofrido com o aumento dos prazos de pagamento de governos, principalmente estaduais e municipais, afirma Carlos Goulart, presidente da Abimed. "Em algumas empresas, os atrasos chegam a 300 dias, sendo que o tempo em geral é de 30 dias", afirma. Na Fujifilm do Brasil, onde 45% das vendas são de produtos para saúde, o intervalo chega a 120 dias, segundo o responsável pela área da empresa, Eduardo Tugas. "É um mercado de risco alto no país. Só temos entrado em licitações após muita análise prévia dos recursos disponíveis", afirma. * Leste no oeste O grupo Trend Foods, dono do China in Box e Gendai, fará uma parceria com a japonesa Nippon Ham, fabricante de comida processada. "Vamos lançar um prato de frango oriental, e eles estão interessados em se aproximar do mercado brasileiro", diz o presidente, Robinson Shiba. O Gendai tem sentido a queda de movimento nos shoppings e não deve abrir restaurantes neste ano. Quase todas as unidades da marca ficam em centros comerciais. Para tentar contornar a baixa de público, a marca passará a ter a opção de entrega em casa em todas as unidades. O China in Box abrirá lojas em São Paulo e Rondônia. * Sem inovação As fabricantes de produtos médicos de alta tecnologia cortaram em 12% sua produção no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015, segundo a Abimed, associação do setor. Até o fim do ano passado, a produção da indústria se mantinha com alta de 0,5%. "Com menos arrecadação, os governos deixam em segundo plano os novos investimentos, que são o que alimentam nosso mercado", diz o presidente-executivo da entidade, Carlos Goulart. As compras públicas respondem por metade das vendas do mercado. "Há também uma queda grande no setor privado, devido à redução do número de beneficiários", avalia Eduardo Tugas, responsável pela área de saúde da Fujifilm. A empresa, que traz seus produtos do Japão, manteve sua produção neste semestre, diz ele. As importações como um todo, porém, caíram 24% no período, em relação a igual período de 2015. * HORA DO CAFÉ
colunas
Gasto da União com itens de saúde cai em R$ 600 miNo primeiro semestre, as compras do governo federal de artigos médicos e veterinários caiu cerca de 10% na comparação com o mesmo período do ano passado. Essa é a categoria com que o governo tem o mais alto gasto –na primeira metade deste ano, representou 31% de todos os desembolsos com materiais e serviços. Em valor absoluto, a indústria vendeu R$ 600 milhões a menos para a União na primeira metade deste ano. A segunda categoria que enfrentou quedas significativas foi a de equipamentos para recreação e desportos. A União gastou R$ 65 milhões a menos com esses itens. Essa economia representa 11% daquela que o governo teve com itens para a saúde. Para reduzir preço, o governo tem comprado de forma mais miúda, lançado editais de licitação com prazos curtos e atrasado pagamentos, diz Antônio Britto, presidente da Interfarma (associação de farmacêuticas). "O setor respondeu com negociação de condições, mas temos alertado que a equação [da demanda e da capacidade do governo para fornecer atendimento médico] não fecha." As compras governamentais representam cerca de 30% do mercado da Roche, segundo o presidente para o Brasil, Rolf Hoenger. A diminuição de aquisições da União causou impacto, diz. "Notamos que o estoque de produtos que o governo mantinha foi reduzido." * Serviço em queda O perfil das compras governamentais mudou do ano passado para este. Em 2015, os valores se dividiram quase igualmente entre materiais e serviços –este último tipo de despesa perdeu representatividade em 2016. O item que lidera os desembolsos da União em ambos os anos é o de serviços bancários. Até junho, foram gastos R$ 1,2 bilhão com eles. Os serviços de engenharia, que em 2015 figuravam como a segunda maior compra, neste ano estão em quinto lugar, com R$ 534 milhões. Entre os materiais, a aquisição de ônibus subiu de forma significativa –em 2015, o governo federal gastou R$ 8,8 milhões com eles, e neste ano, 617 milhões. * Conta atrasada A indústria de produtos médico-hospitalares tem sofrido com o aumento dos prazos de pagamento de governos, principalmente estaduais e municipais, afirma Carlos Goulart, presidente da Abimed. "Em algumas empresas, os atrasos chegam a 300 dias, sendo que o tempo em geral é de 30 dias", afirma. Na Fujifilm do Brasil, onde 45% das vendas são de produtos para saúde, o intervalo chega a 120 dias, segundo o responsável pela área da empresa, Eduardo Tugas. "É um mercado de risco alto no país. Só temos entrado em licitações após muita análise prévia dos recursos disponíveis", afirma. * Leste no oeste O grupo Trend Foods, dono do China in Box e Gendai, fará uma parceria com a japonesa Nippon Ham, fabricante de comida processada. "Vamos lançar um prato de frango oriental, e eles estão interessados em se aproximar do mercado brasileiro", diz o presidente, Robinson Shiba. O Gendai tem sentido a queda de movimento nos shoppings e não deve abrir restaurantes neste ano. Quase todas as unidades da marca ficam em centros comerciais. Para tentar contornar a baixa de público, a marca passará a ter a opção de entrega em casa em todas as unidades. O China in Box abrirá lojas em São Paulo e Rondônia. * Sem inovação As fabricantes de produtos médicos de alta tecnologia cortaram em 12% sua produção no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015, segundo a Abimed, associação do setor. Até o fim do ano passado, a produção da indústria se mantinha com alta de 0,5%. "Com menos arrecadação, os governos deixam em segundo plano os novos investimentos, que são o que alimentam nosso mercado", diz o presidente-executivo da entidade, Carlos Goulart. As compras públicas respondem por metade das vendas do mercado. "Há também uma queda grande no setor privado, devido à redução do número de beneficiários", avalia Eduardo Tugas, responsável pela área de saúde da Fujifilm. A empresa, que traz seus produtos do Japão, manteve sua produção neste semestre, diz ele. As importações como um todo, porém, caíram 24% no período, em relação a igual período de 2015. * HORA DO CAFÉ
10
Com prótese, Follmann volta a andar e diz que realiza sonho
Resumo Esbanjando alegria e descontração, o goleiro Jackson Follmann, 24, da Chapecoense, começou mais um importante período de sua recuperação. Desde a última segunda (6), o sobrevivente do acidente aéreo na Colômbia dá os primeiros passos com uma prótese –teve parte da perna direita amputada e tem limitações nos movimentos do tornozelo esquerdo- no Instituto de Prótese e Órtese, em São Paulo. Ele conta que um ato tão simples como andar ganhou um significado especial. * Caminhar, que era uma coisa tão simples, se tornou um desejo muito grande. Depois do acidente, meu sonho era ficar em pé e andar. Hoje, estou realizando esse sonho. São coisas simples como essa que agora me motivam muito mais. Hoje, a minha felicidade foi ir sozinho ao banheiro e escovar os dentes, coisas que até agora eu precisava de ajuda para fazer. Posso dizer que estou igual a uma criança que ganhou um brinquedo. Fiquei sem reação quando dei os primeiros passos e vi minha mãe chorar. Na verdade, fiquei bobo. Agora o objetivo é dar continuidade a esse sonho. É poder caminhar e fazer até mais do que eu fazia antes. Ainda tenho uma lesão bem grave no meu pé esquerdo, que requer um cuidado maior e mais paciência. Fiquei muito tempo internado em hospitais [56 dias] e quero agora voltar a ter uma vida normal. Quero poder dirigir sozinho, caminhar com a minha família. Estou dando hoje mais um passo para concretizar esses sonhos. Quero trabalhar, fazer atividades físicas, praticar esportes. Estou curioso para saber e, o que o meu corpo permitir, vou fazer. Quero praticar várias modalidades esportivas, já que tudo o que tenho hoje é graças ao esporte e ao futebol. Estou vivendo dia após dia e sei que preciso de tempo para ver o que o meu corpo pode fazer. Penso até em disputar uma Paraolimpíada. Eu sou um atleta e me vejo como atleta. Isso vai facilitar na minha recuperação. Tenho pensamentos positivos. Antes eu saia na rua e os torcedores da Chapecoense queriam tirar fotos. Hoje, saio na rua e as pessoas querem me dar um abraço, me tocar. Tem pessoas que chegam do meu lado chorando. Sinto que estou passando uma energia boa para elas. Vou tentar sempre estar com um sorriso no rosto. Sempre fui alegre, brincalhão e não vou ficar cabisbaixo. Isso não me ajudará em nada. No início, achava que apenas o meu pé tinha sido amputado. Só fui ver realmente minha perna no [hospital] Albert Einstein, quando sentei para fazer fisioterapia. Tomei um susto, mas tive uma reação bem positiva. Todo o tempo que eu fiquei na Colômbia achei que estava bem. Sabia que alguns amigos tinham morrido, mas não sabia o tamanho do desastre. Acho que não ter visto nenhum amigo meu morrendo do meu lado me ajudou na recuperação. Só tenho recordações boas deles. Lembro dos sorrisos de todos. Lembro que o voo de Guarulhos até Santa Cruz de La Sierra foi muito tranquilo. A gente estava brincando, descontraído, muito felizes e ansiosos para chegar. O trecho até Medellín ia bem, até que em um determinado momento as luzes se apagaram e as luzes de emergência foram acesas. Todos sentaram e colocaram o cinto. Ninguém da LaMia falou o que estava acontecendo. Eu comecei a rezar. Ouvia várias pessoas rezando. Foi tudo muito rápido. De repente, o avião começou a flutuar e bateu no morro. Nesse momento eu apaguei, não sei por quanto tempo. Quando acordei, achava que estava na beira de um rio ou de uma praia, já que sentia areia nas minhas costas, mas era terra. Quando abri os olhos, não veio nada na minha cabeça. Foi uma coisa muita estranha. Estava tudo escuro e escutava meus amigos pedindo socorro. Eu gritava muito por socorro porque não queria morrer. Sentia muita dor nas pernas. Fui socorrido pela Guarda Nacional. O policial colocou uma manta para me aquecer e uma malhinha da Chapecoense no meu pescoço. Depois não lembro de mais nada. Só sei que acordei três dias depois com a minha família do meu lado. Comecei a melhorar no sábado [o acidente foi na madrugada de uma terça-feira], mas estava muito machucado. No domingo, comecei a piorar. Tive uma infecção, fui entubado de novo e quase morri. Sabemos que sobreviver a um acidente de avião não é fácil. Tem um mundo bonito lá fora, que é necessário explorar. Tenho que agradecer essa oportunidade de viver e andar de novo novamente. Pretendo ficar na Chapecoense, que é a minha segunda casa. Tenho um carinho muito grande pelas pessoas que trabalham lá e pelas que se foram. Quero levar o nome da equipe para todos os lugares, no Brasil e no exterior. Acidente em voo da Chapecoense
esporte
Com prótese, Follmann volta a andar e diz que realiza sonhoResumo Esbanjando alegria e descontração, o goleiro Jackson Follmann, 24, da Chapecoense, começou mais um importante período de sua recuperação. Desde a última segunda (6), o sobrevivente do acidente aéreo na Colômbia dá os primeiros passos com uma prótese –teve parte da perna direita amputada e tem limitações nos movimentos do tornozelo esquerdo- no Instituto de Prótese e Órtese, em São Paulo. Ele conta que um ato tão simples como andar ganhou um significado especial. * Caminhar, que era uma coisa tão simples, se tornou um desejo muito grande. Depois do acidente, meu sonho era ficar em pé e andar. Hoje, estou realizando esse sonho. São coisas simples como essa que agora me motivam muito mais. Hoje, a minha felicidade foi ir sozinho ao banheiro e escovar os dentes, coisas que até agora eu precisava de ajuda para fazer. Posso dizer que estou igual a uma criança que ganhou um brinquedo. Fiquei sem reação quando dei os primeiros passos e vi minha mãe chorar. Na verdade, fiquei bobo. Agora o objetivo é dar continuidade a esse sonho. É poder caminhar e fazer até mais do que eu fazia antes. Ainda tenho uma lesão bem grave no meu pé esquerdo, que requer um cuidado maior e mais paciência. Fiquei muito tempo internado em hospitais [56 dias] e quero agora voltar a ter uma vida normal. Quero poder dirigir sozinho, caminhar com a minha família. Estou dando hoje mais um passo para concretizar esses sonhos. Quero trabalhar, fazer atividades físicas, praticar esportes. Estou curioso para saber e, o que o meu corpo permitir, vou fazer. Quero praticar várias modalidades esportivas, já que tudo o que tenho hoje é graças ao esporte e ao futebol. Estou vivendo dia após dia e sei que preciso de tempo para ver o que o meu corpo pode fazer. Penso até em disputar uma Paraolimpíada. Eu sou um atleta e me vejo como atleta. Isso vai facilitar na minha recuperação. Tenho pensamentos positivos. Antes eu saia na rua e os torcedores da Chapecoense queriam tirar fotos. Hoje, saio na rua e as pessoas querem me dar um abraço, me tocar. Tem pessoas que chegam do meu lado chorando. Sinto que estou passando uma energia boa para elas. Vou tentar sempre estar com um sorriso no rosto. Sempre fui alegre, brincalhão e não vou ficar cabisbaixo. Isso não me ajudará em nada. No início, achava que apenas o meu pé tinha sido amputado. Só fui ver realmente minha perna no [hospital] Albert Einstein, quando sentei para fazer fisioterapia. Tomei um susto, mas tive uma reação bem positiva. Todo o tempo que eu fiquei na Colômbia achei que estava bem. Sabia que alguns amigos tinham morrido, mas não sabia o tamanho do desastre. Acho que não ter visto nenhum amigo meu morrendo do meu lado me ajudou na recuperação. Só tenho recordações boas deles. Lembro dos sorrisos de todos. Lembro que o voo de Guarulhos até Santa Cruz de La Sierra foi muito tranquilo. A gente estava brincando, descontraído, muito felizes e ansiosos para chegar. O trecho até Medellín ia bem, até que em um determinado momento as luzes se apagaram e as luzes de emergência foram acesas. Todos sentaram e colocaram o cinto. Ninguém da LaMia falou o que estava acontecendo. Eu comecei a rezar. Ouvia várias pessoas rezando. Foi tudo muito rápido. De repente, o avião começou a flutuar e bateu no morro. Nesse momento eu apaguei, não sei por quanto tempo. Quando acordei, achava que estava na beira de um rio ou de uma praia, já que sentia areia nas minhas costas, mas era terra. Quando abri os olhos, não veio nada na minha cabeça. Foi uma coisa muita estranha. Estava tudo escuro e escutava meus amigos pedindo socorro. Eu gritava muito por socorro porque não queria morrer. Sentia muita dor nas pernas. Fui socorrido pela Guarda Nacional. O policial colocou uma manta para me aquecer e uma malhinha da Chapecoense no meu pescoço. Depois não lembro de mais nada. Só sei que acordei três dias depois com a minha família do meu lado. Comecei a melhorar no sábado [o acidente foi na madrugada de uma terça-feira], mas estava muito machucado. No domingo, comecei a piorar. Tive uma infecção, fui entubado de novo e quase morri. Sabemos que sobreviver a um acidente de avião não é fácil. Tem um mundo bonito lá fora, que é necessário explorar. Tenho que agradecer essa oportunidade de viver e andar de novo novamente. Pretendo ficar na Chapecoense, que é a minha segunda casa. Tenho um carinho muito grande pelas pessoas que trabalham lá e pelas que se foram. Quero levar o nome da equipe para todos os lugares, no Brasil e no exterior. Acidente em voo da Chapecoense
4
Diretor do longa "Tim Maia" pediu que fãs não vissem minissérie da Globo
O cineasta Mauro Lima, diretor do filme "Tim Maia", em cartaz em São Paulo, pediu em sua conta do Instagram que seus seguidores na rede social não assistissem a "Tim Maia - Vale o que Vier", minissérie exibida pela Globo nesta quinta (1º) e sexta (02). "Aos seguidores que não viram 'Tim Maia' no cinema sugiro que não assistam essa versão que vai ao ar hoje e amanhã na Globo. Trata-se de um subproduto que não escrevi daquele modo, nem dirigi ou editei", escreveu o cineasta. Mauricio Stycer, colunista da "Ilustrada", diz em seu blog no Uol que Mauro Lima não comentou as alterações feitas pela TV. "Irônico, apenas disse que a série é uma versão que não tem relação nenhuma com o seu trabalho." Segundo a Globo já havia informado, o programa que foi ao ar era "uma recriação do filme" de Lima. A emissora fez cortes no original e incluiu cenas de arquivo e de depoimentos de músicos e pessoas que conviveram com Tim Maia. Nas redes sociais fãs reclamam dos cortes e de como a relação entre Roberto Carlos e Tim foi retratada pela Globo, que teria excluído cenas em que o Rei destratou o cantor em início de carreira.
ilustrada
Diretor do longa "Tim Maia" pediu que fãs não vissem minissérie da GloboO cineasta Mauro Lima, diretor do filme "Tim Maia", em cartaz em São Paulo, pediu em sua conta do Instagram que seus seguidores na rede social não assistissem a "Tim Maia - Vale o que Vier", minissérie exibida pela Globo nesta quinta (1º) e sexta (02). "Aos seguidores que não viram 'Tim Maia' no cinema sugiro que não assistam essa versão que vai ao ar hoje e amanhã na Globo. Trata-se de um subproduto que não escrevi daquele modo, nem dirigi ou editei", escreveu o cineasta. Mauricio Stycer, colunista da "Ilustrada", diz em seu blog no Uol que Mauro Lima não comentou as alterações feitas pela TV. "Irônico, apenas disse que a série é uma versão que não tem relação nenhuma com o seu trabalho." Segundo a Globo já havia informado, o programa que foi ao ar era "uma recriação do filme" de Lima. A emissora fez cortes no original e incluiu cenas de arquivo e de depoimentos de músicos e pessoas que conviveram com Tim Maia. Nas redes sociais fãs reclamam dos cortes e de como a relação entre Roberto Carlos e Tim foi retratada pela Globo, que teria excluído cenas em que o Rei destratou o cantor em início de carreira.
1
Google ainda não conseguiu fazer o YouTube dar lucro
O YouTube, lançado há quase dez anos, atrai mais de 1 bilhão de usuários por mês e até gera receita para o Google, mas ainda não se tornou um negócio lucrativo. O fato é curioso porque o portal é a base de uma indústria que gera bilhões para redes de produtores de conteúdo e criadores de vídeos. De acordo com o jornal "Wall Street Journal", o site de vídeos gerou US$ 4 bilhões no ano passado, uma alta de mais de 30% em relação aos US$ 3 bilhões de 2013. O faturamento do YouTube representou, então, 6% da receita do Google em 2014, que foi de US$ 66 bilhões. Entretanto, descontados os custos, a conta final do portal é praticamente um zero a zero, segundo a publicação, que afirma que o resultado "reflete a dificuldade do YouTube de expandir seu público principal, formado por adolescentes e pré-adolescentes". O Google pagou US$ 1,6 bilhão pelo YouTube em 2006, mas demorou alguns anos até começar a fazer dinheiro com ele. A geração de caixa só se acelerou em 2010, quando foram introduzidos os anúncios no começo dos vídeos, que podem ser "pulados" pelos usuários. O site, comandado pela presidente Susan Wojcicki, quer tentar fazer com que as pessoas o acessem mais diretamente, e não por meio de vídeos "embedados" em outras páginas –o que faria com que elas vissem mais anúncios. Também está investindo mais em conteúdo original, ajudando os produtores a melhorarem suas produções, à medida que rivais como o Facebook e o Twitter criam ferramentas para que os internautas postem vídeos diretamente em suas plataformas e que a Amazon e a Netflix licenciam conteúdo de Hollywood ou criam suas próprias atrações. Outro potencial gerador de dinheiro são os serviços pagos pelos usuários. Em novembro, a companhia anunciou o lançamento do YouTube Music Key, uma ferramenta de música por assinatura que permite reprodução ininterrupta (sem propaganda) e modo off-line (para canções baixadas previamente) –algo parecido com o Spotify. A assinatura, que custa US$ 10 e por enquanto só está disponível nos Estados Unidos, vale não só para música no YouTube, mas também no Play Music All Access, um serviço lançado no ano passado pelo Google por meio de sua loja de aplicativos e disponível no Brasil para usuários de celulares Samsung.
tec
Google ainda não conseguiu fazer o YouTube dar lucroO YouTube, lançado há quase dez anos, atrai mais de 1 bilhão de usuários por mês e até gera receita para o Google, mas ainda não se tornou um negócio lucrativo. O fato é curioso porque o portal é a base de uma indústria que gera bilhões para redes de produtores de conteúdo e criadores de vídeos. De acordo com o jornal "Wall Street Journal", o site de vídeos gerou US$ 4 bilhões no ano passado, uma alta de mais de 30% em relação aos US$ 3 bilhões de 2013. O faturamento do YouTube representou, então, 6% da receita do Google em 2014, que foi de US$ 66 bilhões. Entretanto, descontados os custos, a conta final do portal é praticamente um zero a zero, segundo a publicação, que afirma que o resultado "reflete a dificuldade do YouTube de expandir seu público principal, formado por adolescentes e pré-adolescentes". O Google pagou US$ 1,6 bilhão pelo YouTube em 2006, mas demorou alguns anos até começar a fazer dinheiro com ele. A geração de caixa só se acelerou em 2010, quando foram introduzidos os anúncios no começo dos vídeos, que podem ser "pulados" pelos usuários. O site, comandado pela presidente Susan Wojcicki, quer tentar fazer com que as pessoas o acessem mais diretamente, e não por meio de vídeos "embedados" em outras páginas –o que faria com que elas vissem mais anúncios. Também está investindo mais em conteúdo original, ajudando os produtores a melhorarem suas produções, à medida que rivais como o Facebook e o Twitter criam ferramentas para que os internautas postem vídeos diretamente em suas plataformas e que a Amazon e a Netflix licenciam conteúdo de Hollywood ou criam suas próprias atrações. Outro potencial gerador de dinheiro são os serviços pagos pelos usuários. Em novembro, a companhia anunciou o lançamento do YouTube Music Key, uma ferramenta de música por assinatura que permite reprodução ininterrupta (sem propaganda) e modo off-line (para canções baixadas previamente) –algo parecido com o Spotify. A assinatura, que custa US$ 10 e por enquanto só está disponível nos Estados Unidos, vale não só para música no YouTube, mas também no Play Music All Access, um serviço lançado no ano passado pelo Google por meio de sua loja de aplicativos e disponível no Brasil para usuários de celulares Samsung.
5
Por que tanta burocracia, Brasil?
O Brasil é um país muito burocrático. As mais diversas atividades —desde tirar uma carteira de motorista até reconhecer um título de doutorado obtido no exterior— envolvem uma quantidade nada trivial de tempo e recursos. A proliferação de cartórios é um sintoma da prevalência da burocracia. Isso se estende ao mundo dos negócios. O Banco Mundial anualmente realiza a pesquisa Doing Business, que simula quanto tempo e dinheiro são necessários, em diferentes países, para abrir e fechar uma empresa, obter licenças de operação e de construção, pagar impostos etc. Com base nessas informações, ranqueiam-se os países de acordo com a facilidade em realizar negócio. A simulação —é importante destacar— considera apenas o que é feito de maneira legal, sem pagar ninguém por baixo do pano para acelerar processos. Como estamos nesse ranking? Mal. Na versão mais recente, o Brasil aparece na posição 123 de um total de 190 países. Ou seja, não estamos apenas distantes dos países mais ricos, de procedimentos muito mais simples e transparentes. Patinamos também na comparação com aqueles de renda média: o Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à renda per capita, mas está bem abaixo da metade quando avaliamos o indicador de facilidade de realizar negócios. Particularmente assustador é o desempenho brasileiro em um quesito específico avaliado na pesquisa: pagamento de impostos. O país ocupa a posição 181. E aqui não estamos falando dos impostos que incidem sobre a produção e o consumo —bem altos no Brasil. A avaliação leva em conta somente os procedimentos burocráticos associados ao pagamento de impostos pelas empresas. O excesso de burocracia é prejudicial à produtividade do país. Dificulta a abertura, a formalização e a expansão de empresas, bem como a própria geração de empregos. De maneira simplificada, a burocracia pode ser comparada a um imposto sobre a atividade produtiva - e um imposto muito ruim. Para explicar essa comparação, começaremos discutindo quais os efeitos econômicos de um imposto sobre a produção e o consumo. QUAIS OS EFEITOS ECONÔMICOS DOS IMPOSTOS? Bem ou mal, o governo realiza uma série de atividades. Fornece saúde, educação e segurança públicas, paga aposentadorias e salários dos servidores públicos, sustenta programas de transferência de renda, por aí vai. Em todo lugar do mundo é assim. Mas essas coisas não caem do céu. O governo precisa dos recursos vindos dos impostos cobrados da população. Sem impostos, nada disso seria possível. Só que impostos envolvem custos. E esses custos não se limitam ao dinheiro que sai do nosso bolso e vai para o cofre do governo. Impostos reduzem a atividade econômica na medida em que desestimulam o consumo e a produção. Pense, por exemplo, no mercado de livros. Digamos que o governo decida colocar um imposto sobre cada unidade vendida. Qual o efeito? A lucratividade dos produtores de livros seria reduzida e eles reagiriam produzindo menos. Parte desse imposto seria repassada aos consumidores via preços mais elevados. E eles responderiam a esse movimento comprando menos livros. No fim das contas, o imposto reduziria a quantidade de livros produzidos e comprados no mercado. Significaria um custo para a sociedade. Assim, impostos têm benefícios, porque permitem que o governo produza bens e serviços que são valorizados pela sociedade. Por outro lado, eles trazem custos ao reduzir a produção e o consumo de outros bens igualmente importantes. Para determinados bens e serviços, é socialmente desejável diminuir o volume produzido. É o caso de cigarros e atividades que envolvam poluição e agressão ao meio ambiente, por exemplo. Taxar essas atividades é o melhor dos mundos: ao mesmo tempo em que a produção é desestimulada, são arrecadados recursos para financiar o governo. Mas, em geral, não é possível sustentar toda a despesa do governo apenas taxando essas atividades. Não há escapatória: para pagar por tudo o que o governo gasta, é necessário cobrar impostos da população; em contrapartida, há custos para a sociedade na forma de menor oferta e maiores preços para bens e serviços gerados pelo setor privado. POR QUE BUROCRACIA É UM IMPOSTO MUITO RUIM? Podemos comparar os efeitos da burocracia aos dos impostos. Ao vender seu produto, o empreendedor deve cumprir uma série de procedimentos burocráticos. Isso eleva os custos e desestimula a produção. Esses custos, em parte, são repassados ao preço final —o que enfraquece o consumo. Novamente, temos um custo para a sociedade, sob a forma de redução da quantidade transacionada no mercado. Mas, diferentemente do imposto tradicional, a burocracia não financia as atividades do governo. Com ela, não são arrecadados os recursos que poderiam ser usados na produção de bens e serviços públicos. E o que acontece com esses recursos que deixam de ir para o governo? Em algumas situações, isso basicamente se traduz no tempo desperdiçado pelo empreendedor ou seus funcionários para cumprir procedimentos burocráticos. Esse tempo poderia ser usado para aumentar a produtividade, inovar, melhorar processos e produtos. O empreendedor pode ainda pagar alguém para facilitar o cumprimento desses procedimentos. Assim, o dinheiro (que no caso de um imposto tradicional iria para o governo) acaba indo para o bolso de um despachante ou, no pior dos casos, de um funcionário público corrupto que faz vista grossa para algum procedimento burocrático não realizado adequadamente. Em outras palavras, a burocracia tem todos os custos sociais de um imposto, mas não gera o benefício da arrecadação e do possível financiamento da produção de bens e serviços públicos. QUAIS OS OUTROS CUSTOS DA BUROCRACIA? O excesso de burocracia nos negócios pode trazer outros efeitos deletérios sobre a produtividade de país. Como o aparato burocrático impõe custos substanciais, potenciais empreendedores podem optar por não entrar no mercado. Isso garante menos concorrência para firmas já estabelecidas. Resultado: maior poder de mercado, preços mais altos e menor diversidade de produtos para os consumidores. Alguns empreendedores podem ainda optar pela informalidade para evitar impostos e burocracia. Empresas informais, todavia, têm menos acesso a crédito e encontram maiores dificuldades para se desenvolver. Podem preferir permanecer pequenas para serem menos visíveis à fiscalização. Por isso, várias dessas empresas não se aproveitam das chamadas economias de escala —ou seja, ganhos de produtividade oriundos do aumento da produção ao longo do tempo. A burocracia contribui dessa forma para aumentar a informalidade. Prejudica não só a produtividade do país, mas também a arrecadação do governo, já que firmas informais deixam de pagar impostos. As firmas já estabelecidas, por outro lado, não são necessariamente as mais produtivas. Podem ter quebrado a barreira da burocracia, simplesmente porque o empresário conhece alguém dentro do setor público para dar aquela "mãozinha". Nessas condições, as conexões pessoais podem ser mais importantes que a competência. Esse cenário intrincado e pouco transparente estimula a corrupção. Com o objetivo de vender facilidades, servidores públicos desonestos acabam colocando ainda mais dificuldades para realizar negócios. A simplificação de procedimentos certamente traria uma melhora no ambiente de negócios do Brasil, com potenciais ganhos de produtividade de longo prazo. A equipe econômica do governo reconheceu isso há algumas semanas, quando incluiu a desburocratização em seu pacote de reformas microeconômicas. No entanto, nenhuma medida específica foi anunciada. Tampouco existe um cronograma de execução. Vejamos o que ocorre ao longo de 2017. * Quer acessar mais conteúdos do Por Quê? Clique aqui
colunas
Por que tanta burocracia, Brasil?O Brasil é um país muito burocrático. As mais diversas atividades —desde tirar uma carteira de motorista até reconhecer um título de doutorado obtido no exterior— envolvem uma quantidade nada trivial de tempo e recursos. A proliferação de cartórios é um sintoma da prevalência da burocracia. Isso se estende ao mundo dos negócios. O Banco Mundial anualmente realiza a pesquisa Doing Business, que simula quanto tempo e dinheiro são necessários, em diferentes países, para abrir e fechar uma empresa, obter licenças de operação e de construção, pagar impostos etc. Com base nessas informações, ranqueiam-se os países de acordo com a facilidade em realizar negócio. A simulação —é importante destacar— considera apenas o que é feito de maneira legal, sem pagar ninguém por baixo do pano para acelerar processos. Como estamos nesse ranking? Mal. Na versão mais recente, o Brasil aparece na posição 123 de um total de 190 países. Ou seja, não estamos apenas distantes dos países mais ricos, de procedimentos muito mais simples e transparentes. Patinamos também na comparação com aqueles de renda média: o Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à renda per capita, mas está bem abaixo da metade quando avaliamos o indicador de facilidade de realizar negócios. Particularmente assustador é o desempenho brasileiro em um quesito específico avaliado na pesquisa: pagamento de impostos. O país ocupa a posição 181. E aqui não estamos falando dos impostos que incidem sobre a produção e o consumo —bem altos no Brasil. A avaliação leva em conta somente os procedimentos burocráticos associados ao pagamento de impostos pelas empresas. O excesso de burocracia é prejudicial à produtividade do país. Dificulta a abertura, a formalização e a expansão de empresas, bem como a própria geração de empregos. De maneira simplificada, a burocracia pode ser comparada a um imposto sobre a atividade produtiva - e um imposto muito ruim. Para explicar essa comparação, começaremos discutindo quais os efeitos econômicos de um imposto sobre a produção e o consumo. QUAIS OS EFEITOS ECONÔMICOS DOS IMPOSTOS? Bem ou mal, o governo realiza uma série de atividades. Fornece saúde, educação e segurança públicas, paga aposentadorias e salários dos servidores públicos, sustenta programas de transferência de renda, por aí vai. Em todo lugar do mundo é assim. Mas essas coisas não caem do céu. O governo precisa dos recursos vindos dos impostos cobrados da população. Sem impostos, nada disso seria possível. Só que impostos envolvem custos. E esses custos não se limitam ao dinheiro que sai do nosso bolso e vai para o cofre do governo. Impostos reduzem a atividade econômica na medida em que desestimulam o consumo e a produção. Pense, por exemplo, no mercado de livros. Digamos que o governo decida colocar um imposto sobre cada unidade vendida. Qual o efeito? A lucratividade dos produtores de livros seria reduzida e eles reagiriam produzindo menos. Parte desse imposto seria repassada aos consumidores via preços mais elevados. E eles responderiam a esse movimento comprando menos livros. No fim das contas, o imposto reduziria a quantidade de livros produzidos e comprados no mercado. Significaria um custo para a sociedade. Assim, impostos têm benefícios, porque permitem que o governo produza bens e serviços que são valorizados pela sociedade. Por outro lado, eles trazem custos ao reduzir a produção e o consumo de outros bens igualmente importantes. Para determinados bens e serviços, é socialmente desejável diminuir o volume produzido. É o caso de cigarros e atividades que envolvam poluição e agressão ao meio ambiente, por exemplo. Taxar essas atividades é o melhor dos mundos: ao mesmo tempo em que a produção é desestimulada, são arrecadados recursos para financiar o governo. Mas, em geral, não é possível sustentar toda a despesa do governo apenas taxando essas atividades. Não há escapatória: para pagar por tudo o que o governo gasta, é necessário cobrar impostos da população; em contrapartida, há custos para a sociedade na forma de menor oferta e maiores preços para bens e serviços gerados pelo setor privado. POR QUE BUROCRACIA É UM IMPOSTO MUITO RUIM? Podemos comparar os efeitos da burocracia aos dos impostos. Ao vender seu produto, o empreendedor deve cumprir uma série de procedimentos burocráticos. Isso eleva os custos e desestimula a produção. Esses custos, em parte, são repassados ao preço final —o que enfraquece o consumo. Novamente, temos um custo para a sociedade, sob a forma de redução da quantidade transacionada no mercado. Mas, diferentemente do imposto tradicional, a burocracia não financia as atividades do governo. Com ela, não são arrecadados os recursos que poderiam ser usados na produção de bens e serviços públicos. E o que acontece com esses recursos que deixam de ir para o governo? Em algumas situações, isso basicamente se traduz no tempo desperdiçado pelo empreendedor ou seus funcionários para cumprir procedimentos burocráticos. Esse tempo poderia ser usado para aumentar a produtividade, inovar, melhorar processos e produtos. O empreendedor pode ainda pagar alguém para facilitar o cumprimento desses procedimentos. Assim, o dinheiro (que no caso de um imposto tradicional iria para o governo) acaba indo para o bolso de um despachante ou, no pior dos casos, de um funcionário público corrupto que faz vista grossa para algum procedimento burocrático não realizado adequadamente. Em outras palavras, a burocracia tem todos os custos sociais de um imposto, mas não gera o benefício da arrecadação e do possível financiamento da produção de bens e serviços públicos. QUAIS OS OUTROS CUSTOS DA BUROCRACIA? O excesso de burocracia nos negócios pode trazer outros efeitos deletérios sobre a produtividade de país. Como o aparato burocrático impõe custos substanciais, potenciais empreendedores podem optar por não entrar no mercado. Isso garante menos concorrência para firmas já estabelecidas. Resultado: maior poder de mercado, preços mais altos e menor diversidade de produtos para os consumidores. Alguns empreendedores podem ainda optar pela informalidade para evitar impostos e burocracia. Empresas informais, todavia, têm menos acesso a crédito e encontram maiores dificuldades para se desenvolver. Podem preferir permanecer pequenas para serem menos visíveis à fiscalização. Por isso, várias dessas empresas não se aproveitam das chamadas economias de escala —ou seja, ganhos de produtividade oriundos do aumento da produção ao longo do tempo. A burocracia contribui dessa forma para aumentar a informalidade. Prejudica não só a produtividade do país, mas também a arrecadação do governo, já que firmas informais deixam de pagar impostos. As firmas já estabelecidas, por outro lado, não são necessariamente as mais produtivas. Podem ter quebrado a barreira da burocracia, simplesmente porque o empresário conhece alguém dentro do setor público para dar aquela "mãozinha". Nessas condições, as conexões pessoais podem ser mais importantes que a competência. Esse cenário intrincado e pouco transparente estimula a corrupção. Com o objetivo de vender facilidades, servidores públicos desonestos acabam colocando ainda mais dificuldades para realizar negócios. A simplificação de procedimentos certamente traria uma melhora no ambiente de negócios do Brasil, com potenciais ganhos de produtividade de longo prazo. A equipe econômica do governo reconheceu isso há algumas semanas, quando incluiu a desburocratização em seu pacote de reformas microeconômicas. No entanto, nenhuma medida específica foi anunciada. Tampouco existe um cronograma de execução. Vejamos o que ocorre ao longo de 2017. * Quer acessar mais conteúdos do Por Quê? Clique aqui
10
Alta de tributo na gasolina chega antes ao preço do álcool em SP
Os postos já anteciparam, no álcool, o efeito da alta que a gasolina terá com a elevação de tributos. A tributação começa a partir de domingo (1º), e a alta da gasolina permite também um reajuste para cima nos preços do etanol. Os reajustes começaram mais cedo e, nesta semana, o álcool ficou 3,5% mais caro nos postos de abastecimento da cidade de São Paulo. Pesquisa da Folha em 50 postos do município aponta que o preço médio do etanol subiu para R$ 1,989. Já a gasolina esteve em R$ 2,914 por litro, com evolução de 0,5% no período. A paridade, que era de 66% na semana passada, subiu para 68% nesta. O que permite afirmar que a razão para o aumento do etanol na bomba são os impostos da gasolina é que, mesmo sendo período de entressafra, a oferta de álcool é boa. O reflexo da alta da mistura de anidro à gasolina para 27% também não tem muito efeito. As compras do etanol anidro são feitas antecipadamente, via contrato. O aumento de impostos sobre a gasolina já se reflete também nos preços do etanol nas usinas. O indicador diário do Cepea e da BM&FBovespa registra alta de 11% nos preços do hidratado na segunda quinzena deste mês. A produção brasileira de álcool deverá atingir o recorde de 28,2 bilhões de litros nesta safra 2014/15. A estimativa para a safra 2015/16 também indica recorde: 29,1 bilhões de litros, segundo a consultoria Datagro. Ao atingir esses volumes, a produção de etanol começa a chegar ao limite da capacidade, diz Plinio Nastari, presidente da consultoria. A demanda continua, mas a oferta desse combustível não terá uma resposta rápida devido à falta de investimentos provocadas pelas dificuldades financeiras vividas pelo setor. De dezembro de 2002 ao mesmo mês deste ano, o preço do litro de etanol anidro caiu 11,7% em termos reais, utilizando a inflação do período medida pelo IGP-DI. A queda real do hidratado foi de 10%. Nesse mesmo período, o consumidor pagou 20% pelo combustível, sempre em termos reais, enquanto o preço da gasolina caiu 26,8%. No ano passado, foram fechadas 12 usinas e, neste ano, outras 9 deixarão de funcionar. Nos últimos anos, 83 pararam de moer cana -64 delas na região centro-sul. A moagem total dessas usinas que interromperam a atividade nas regiões centro-sul e Norte e Nordeste somava 75,4 milhões de toneladas. SAFRA REGULAR Diferentemente do que se imaginava em meados do ano passado, a safra 2014/15 de cana-de-açúcar tem um desempenho regular, após as chuvas de novembro e dezembro. Em janeiro, as chuvas estão abaixo da média histórica para o período, mas ainda são superiores às de igual mês de 2014, segundo Nastari. A moagem de cana deverá ser de 570 milhões de toneladas na região centro-sul na safra que está prestes a se encerrar, na qual a produção de açúcar fica em 32 milhões de toneladas, e a de etanol, em 26,6 bilhões de litros, segundo a Datagro. Em 2015, a demanda por etanol sobe devido ao aumento da mistura de álcool anidro à gasolina para 27%. Esse novo percentual deverá elevar o consumo em 860 milhões de litros por ano. Já a taxa menor de ICMS sobre o combustível em Minas Gerais torna-o mais competitivo, permitindo uma elevação de 700 milhões de litros por ano. Bahia, Paraná e Distrito Federal também alterarão a alíquota de ICMS. Nastari fez também a primeira estimativa da safra 2015/16. O país deverá moer 642 milhões de toneladas de cana, 584 milhões na região centro-sul. A produção nacional de açúcar será de 35,5 milhões de toneladas, enquanto a de etanol sobe para 29,1 bilhões de litros.
colunas
Alta de tributo na gasolina chega antes ao preço do álcool em SPOs postos já anteciparam, no álcool, o efeito da alta que a gasolina terá com a elevação de tributos. A tributação começa a partir de domingo (1º), e a alta da gasolina permite também um reajuste para cima nos preços do etanol. Os reajustes começaram mais cedo e, nesta semana, o álcool ficou 3,5% mais caro nos postos de abastecimento da cidade de São Paulo. Pesquisa da Folha em 50 postos do município aponta que o preço médio do etanol subiu para R$ 1,989. Já a gasolina esteve em R$ 2,914 por litro, com evolução de 0,5% no período. A paridade, que era de 66% na semana passada, subiu para 68% nesta. O que permite afirmar que a razão para o aumento do etanol na bomba são os impostos da gasolina é que, mesmo sendo período de entressafra, a oferta de álcool é boa. O reflexo da alta da mistura de anidro à gasolina para 27% também não tem muito efeito. As compras do etanol anidro são feitas antecipadamente, via contrato. O aumento de impostos sobre a gasolina já se reflete também nos preços do etanol nas usinas. O indicador diário do Cepea e da BM&FBovespa registra alta de 11% nos preços do hidratado na segunda quinzena deste mês. A produção brasileira de álcool deverá atingir o recorde de 28,2 bilhões de litros nesta safra 2014/15. A estimativa para a safra 2015/16 também indica recorde: 29,1 bilhões de litros, segundo a consultoria Datagro. Ao atingir esses volumes, a produção de etanol começa a chegar ao limite da capacidade, diz Plinio Nastari, presidente da consultoria. A demanda continua, mas a oferta desse combustível não terá uma resposta rápida devido à falta de investimentos provocadas pelas dificuldades financeiras vividas pelo setor. De dezembro de 2002 ao mesmo mês deste ano, o preço do litro de etanol anidro caiu 11,7% em termos reais, utilizando a inflação do período medida pelo IGP-DI. A queda real do hidratado foi de 10%. Nesse mesmo período, o consumidor pagou 20% pelo combustível, sempre em termos reais, enquanto o preço da gasolina caiu 26,8%. No ano passado, foram fechadas 12 usinas e, neste ano, outras 9 deixarão de funcionar. Nos últimos anos, 83 pararam de moer cana -64 delas na região centro-sul. A moagem total dessas usinas que interromperam a atividade nas regiões centro-sul e Norte e Nordeste somava 75,4 milhões de toneladas. SAFRA REGULAR Diferentemente do que se imaginava em meados do ano passado, a safra 2014/15 de cana-de-açúcar tem um desempenho regular, após as chuvas de novembro e dezembro. Em janeiro, as chuvas estão abaixo da média histórica para o período, mas ainda são superiores às de igual mês de 2014, segundo Nastari. A moagem de cana deverá ser de 570 milhões de toneladas na região centro-sul na safra que está prestes a se encerrar, na qual a produção de açúcar fica em 32 milhões de toneladas, e a de etanol, em 26,6 bilhões de litros, segundo a Datagro. Em 2015, a demanda por etanol sobe devido ao aumento da mistura de álcool anidro à gasolina para 27%. Esse novo percentual deverá elevar o consumo em 860 milhões de litros por ano. Já a taxa menor de ICMS sobre o combustível em Minas Gerais torna-o mais competitivo, permitindo uma elevação de 700 milhões de litros por ano. Bahia, Paraná e Distrito Federal também alterarão a alíquota de ICMS. Nastari fez também a primeira estimativa da safra 2015/16. O país deverá moer 642 milhões de toneladas de cana, 584 milhões na região centro-sul. A produção nacional de açúcar será de 35,5 milhões de toneladas, enquanto a de etanol sobe para 29,1 bilhões de litros.
10
Rio-2016 tenta compensar queda do real com receitas em dólar
Para não ficar no vermelho com a desvalorização do real, o Comitê Organizador da Rio-2016 tem tentado compensar os gastos em dólar com o que arrecada em moeda estrangeira, afirmou o presidente Carlos Arthur Nuzman, nesta terça-feira (27), em Nova York. "Uma parte melhora com recebimentos do Comitê Olímpico Internacional (COI) e outra temos que pagar [em dólar]. Isso está sendo preparado na apresentação do orçamento, em fase final", afirmou após fazer uma apresentação sobre os Jogos em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. Se o comitê estourar o orçamento, estimado em R$ 7,4 bilhões, terá que suprir o deficit com receitas próprias. Questionado pela Folha se a conta está equilibrada, Nuzman disse que "não vou dizer [que esteja] zero a zero, vou dizer que está sendo preparada pela área financeira". "Quem organiza os Jogos tem os ônus e os bônus", acrescentou. O presidente do comitê mencionou gastos obrigatórios em dólar como passagens aéreas e a remuneração de consultores internacionais e receitas como a parcela do patrocínio captado pelo COI. Ele disse que a situação ocorreu em outras Olimpíadas realizadas em países cujas moedas não estavam estáveis à época como China e Grécia. Segundo o Ato Olímpico, aprovado em 2009, o governo garantiria os gastos extras do comitês. A medida, no entanto, foi revogada pelo governo Dilma em outubro. Sem a garantia dos cofres públicos, os gastos do comitê deixam de ser fiscalizados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Nuzman negou que faltará transparência, devido a auditorias interna e externa, além do acompanhamento do conselho diretor. "Nós apresentamos publicamente nossas contas", afirmou. A auditoria interna é formada por especialistas e a externa é feita pela KPMG. REFUGIADOS Nuzman observou que, com a participação de atletas refugiados, anunciada na segunda-feira (26), pelo COI, a Olimpíada do Rio baterá o recorde de delegações: 207 (206 são de países). Ele disse que ainda não foi informado o número de atletas que desfilarão pela bandeira olímpica, mas espera que seja maior do que o de Olimpíadas anteriores diante da crise de refugiados em curso. "Deverá ocorrer alguma menção especial. No desfile de abertura, será anunciado quem eles são e o que eles representam", disse.
esporte
Rio-2016 tenta compensar queda do real com receitas em dólarPara não ficar no vermelho com a desvalorização do real, o Comitê Organizador da Rio-2016 tem tentado compensar os gastos em dólar com o que arrecada em moeda estrangeira, afirmou o presidente Carlos Arthur Nuzman, nesta terça-feira (27), em Nova York. "Uma parte melhora com recebimentos do Comitê Olímpico Internacional (COI) e outra temos que pagar [em dólar]. Isso está sendo preparado na apresentação do orçamento, em fase final", afirmou após fazer uma apresentação sobre os Jogos em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. Se o comitê estourar o orçamento, estimado em R$ 7,4 bilhões, terá que suprir o deficit com receitas próprias. Questionado pela Folha se a conta está equilibrada, Nuzman disse que "não vou dizer [que esteja] zero a zero, vou dizer que está sendo preparada pela área financeira". "Quem organiza os Jogos tem os ônus e os bônus", acrescentou. O presidente do comitê mencionou gastos obrigatórios em dólar como passagens aéreas e a remuneração de consultores internacionais e receitas como a parcela do patrocínio captado pelo COI. Ele disse que a situação ocorreu em outras Olimpíadas realizadas em países cujas moedas não estavam estáveis à época como China e Grécia. Segundo o Ato Olímpico, aprovado em 2009, o governo garantiria os gastos extras do comitês. A medida, no entanto, foi revogada pelo governo Dilma em outubro. Sem a garantia dos cofres públicos, os gastos do comitê deixam de ser fiscalizados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Nuzman negou que faltará transparência, devido a auditorias interna e externa, além do acompanhamento do conselho diretor. "Nós apresentamos publicamente nossas contas", afirmou. A auditoria interna é formada por especialistas e a externa é feita pela KPMG. REFUGIADOS Nuzman observou que, com a participação de atletas refugiados, anunciada na segunda-feira (26), pelo COI, a Olimpíada do Rio baterá o recorde de delegações: 207 (206 são de países). Ele disse que ainda não foi informado o número de atletas que desfilarão pela bandeira olímpica, mas espera que seja maior do que o de Olimpíadas anteriores diante da crise de refugiados em curso. "Deverá ocorrer alguma menção especial. No desfile de abertura, será anunciado quem eles são e o que eles representam", disse.
4
Padre Julio Lancelotti se diz decepcionado e rompe com Haddad
Símbolo da Pastoral do Povo de Rua, em São Paulo, o padre Júlio Lancellotti se diz decepcionado com a gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na assistência social e admite até votar contra sua reeleição. "Não sei que quadro vai se pôr [na disputa], mas não gostaria de repetir essa experiência", afirma. Lancellotti -tradicionalmente apontado como apoiador do PT- se queixa do estilo centralizador de Haddad e de sua administração "compartimentada" na área social. "A sociedade merecia resposta mais articulada", diz. Leia a reportagem completa
tv
Padre Julio Lancelotti se diz decepcionado e rompe com HaddadSímbolo da Pastoral do Povo de Rua, em São Paulo, o padre Júlio Lancellotti se diz decepcionado com a gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na assistência social e admite até votar contra sua reeleição. "Não sei que quadro vai se pôr [na disputa], mas não gostaria de repetir essa experiência", afirma. Lancellotti -tradicionalmente apontado como apoiador do PT- se queixa do estilo centralizador de Haddad e de sua administração "compartimentada" na área social. "A sociedade merecia resposta mais articulada", diz. Leia a reportagem completa
12
Rival na semi, Dudu lembra erro de árbitro a favor do Corinthians
O Palmeiras pressionou o Botafogo por 90 minutos, mas a vitória foi apertada, por 1 a 0. Com a classificação para as semis do Campeonato Paulista garantida, os atletas palmeirenses já projetam o clássico contra o Corinthians no próximo fim de semana. "Agora é dedicação, melhorar mais ainda, sem acomodar com a vitória. Temos uma semana livre para trabalhar porque agora o 'bicho pega'", disse Rafael Marques. O atacante Dudu declarou que não escolhe adversário, mas ao fazer referência ao erro do juiz da partida entre Corinthians e Ponte Preta, que anulou (de forma equivocada) um gol do time de Campinas, deixou claro que pretende não ser atrapalhado pela arbitragem. "O time que quer ser campeão não tem preferência de adversário, só espero que nada atrapalhe a gente como ontem [sábado] atrapalhou o adversário que jogou lá [Itaquera]", afirmou. Por último, o chileno Valdivia, que entrou no segundo tempo contra o Botafogo e foi decisivo para que o time conseguisse a vitória, analisou a semifinal de uma forma mais genérica e elogiou a força da equipe neste início de temporada. "O Palmeiras esse ano está forte, então vai ser um jogo bonito [a semifinal] e vamos muito bem preparados", finalizou o meia.
esporte
Rival na semi, Dudu lembra erro de árbitro a favor do CorinthiansO Palmeiras pressionou o Botafogo por 90 minutos, mas a vitória foi apertada, por 1 a 0. Com a classificação para as semis do Campeonato Paulista garantida, os atletas palmeirenses já projetam o clássico contra o Corinthians no próximo fim de semana. "Agora é dedicação, melhorar mais ainda, sem acomodar com a vitória. Temos uma semana livre para trabalhar porque agora o 'bicho pega'", disse Rafael Marques. O atacante Dudu declarou que não escolhe adversário, mas ao fazer referência ao erro do juiz da partida entre Corinthians e Ponte Preta, que anulou (de forma equivocada) um gol do time de Campinas, deixou claro que pretende não ser atrapalhado pela arbitragem. "O time que quer ser campeão não tem preferência de adversário, só espero que nada atrapalhe a gente como ontem [sábado] atrapalhou o adversário que jogou lá [Itaquera]", afirmou. Por último, o chileno Valdivia, que entrou no segundo tempo contra o Botafogo e foi decisivo para que o time conseguisse a vitória, analisou a semifinal de uma forma mais genérica e elogiou a força da equipe neste início de temporada. "O Palmeiras esse ano está forte, então vai ser um jogo bonito [a semifinal] e vamos muito bem preparados", finalizou o meia.
4
São Paulo registra mínima de 11,5°C; tempo esquenta a partir de terça
O fim de semana é de frio na cidade de São Paulo. O sábado (12) registrou a menor média de temperaturas do mês, de 15,4ºC. Durante a madrugada, ela chegou a cair para 12,4ºC, segundo informações do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). O frio foi mais intenso no bairro do Jabaquara, que registrou a menor temperatura da cidade, de 11,5ºC. Durante a tarde de domingo, a média foi de 15,9ºC, com máxima de 17,5ºC. A temperatura volta a cair durante a noite, com média mínima de 13ºC durante a madrugada de segunda, de acordo com o CGE. O tempo começa a esquentar na terça-feira, quando a previsão é de que a temperatura chegue a 26ºC. O calor deve vir acompanhado por pancadas isoladas de chuva durante a tarde.
cotidiano
São Paulo registra mínima de 11,5°C; tempo esquenta a partir de terçaO fim de semana é de frio na cidade de São Paulo. O sábado (12) registrou a menor média de temperaturas do mês, de 15,4ºC. Durante a madrugada, ela chegou a cair para 12,4ºC, segundo informações do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). O frio foi mais intenso no bairro do Jabaquara, que registrou a menor temperatura da cidade, de 11,5ºC. Durante a tarde de domingo, a média foi de 15,9ºC, com máxima de 17,5ºC. A temperatura volta a cair durante a noite, com média mínima de 13ºC durante a madrugada de segunda, de acordo com o CGE. O tempo começa a esquentar na terça-feira, quando a previsão é de que a temperatura chegue a 26ºC. O calor deve vir acompanhado por pancadas isoladas de chuva durante a tarde.
6
Superfino, novo MacBook vai custar a partir de R$ 8.500 no Brasil
Além de apresentar mais detalhes de seu relógio inteligente, a Apple anunciou nesta segunda (9) em evento em San Francisco (EUA) um MacBook superfino e sem ventoinha que vai custar a partir de R$ 8.499 no Brasil. Com tela Retina (2.304 pixels x 1.440 pixels) de 12 polegadas, o novo MacBook pesa 0,92 kg e mede 13,1 mm de espessura. Ele é 24% mais fino que o MacBook Air e o notebook mais leve já lançado pela empresa. É o primeiro MacBook da Apple que não tem ventoinha. E o primeiro a possuir um porta USB-C, um terço menor que o USB padrão. A entrada USB-C suporta conexões USB (2.0 e 3.0), HDMI, VGA e DisplayPort, de energia. Durante a apresentação, a Apple disse que a venda de Macs cresceu 21% em 10 anos, enquanto o mercado da compra de notebooks teve queda de 2%. Embora ainda não haja previsão de lançamento no Brasil, o modelo de entrada do MacBook –com processador de 1,1 GHz com dois núcleos, 256 Gbytes de flash, 8 Gbytes de memória RAM– vai sair por R$ 8.499. Se o consumidor preferir o dobro de armazenamento e um processador mais potente, precisa desembolsar R$ 10.499. Nos Estados Unidos, de acordo com a Apple, as vendas do notebook começam em 10 de abril por US$ 1.299 (versão mais básica) e US$ 1.599 (versão mais potente). São três cores disponíveis: prateado, dourado e cinza especial.
tec
Superfino, novo MacBook vai custar a partir de R$ 8.500 no BrasilAlém de apresentar mais detalhes de seu relógio inteligente, a Apple anunciou nesta segunda (9) em evento em San Francisco (EUA) um MacBook superfino e sem ventoinha que vai custar a partir de R$ 8.499 no Brasil. Com tela Retina (2.304 pixels x 1.440 pixels) de 12 polegadas, o novo MacBook pesa 0,92 kg e mede 13,1 mm de espessura. Ele é 24% mais fino que o MacBook Air e o notebook mais leve já lançado pela empresa. É o primeiro MacBook da Apple que não tem ventoinha. E o primeiro a possuir um porta USB-C, um terço menor que o USB padrão. A entrada USB-C suporta conexões USB (2.0 e 3.0), HDMI, VGA e DisplayPort, de energia. Durante a apresentação, a Apple disse que a venda de Macs cresceu 21% em 10 anos, enquanto o mercado da compra de notebooks teve queda de 2%. Embora ainda não haja previsão de lançamento no Brasil, o modelo de entrada do MacBook –com processador de 1,1 GHz com dois núcleos, 256 Gbytes de flash, 8 Gbytes de memória RAM– vai sair por R$ 8.499. Se o consumidor preferir o dobro de armazenamento e um processador mais potente, precisa desembolsar R$ 10.499. Nos Estados Unidos, de acordo com a Apple, as vendas do notebook começam em 10 de abril por US$ 1.299 (versão mais básica) e US$ 1.599 (versão mais potente). São três cores disponíveis: prateado, dourado e cinza especial.
5
Protestos diminuem no país e estão agora em três Estados, diz polícia
O número de interdições nas rodovias federais diminuiu para 13 em três Estados (SC, MT e RS) na tarde deste domingo (1), de acordo com dados da Policia Rodoviária Federal. Na tarde do dia anterior (28), eram 56 interdições em seis Unidades da Federação. Segundo a corporação, no começo da noite, o Estado com interdições era Santa Catarina, com dez –MT tinha dois bloqueios. Estado que concentrou a maior parte dos protestos no final de semana e onde um caminhoneiro morreu após ser atropelado por um caminhão, o Rio Grande do Sul chegou zerar o número de manifestações da categoria à tarde, mas um bloqueio foi registrado depois das 20h deste domingo. Os protestos dos caminhoneiros contra o aumento do diesel e pela alta do valor do frete completaram neste domingo 11 dias, mas perderam a força que teve na semana passada. No auge das manifestações, na quarta (25), a categoria bloqueou 129 trechos em 14 Estados –incluindo SP. Desde quinta-feira (26), após o governo ter anunciado um acordo com os caminhoneiros, cresceu a repressão contra os atos. Neste domingo, nove pessoas foram presas no RS, segundo Alessandro Castro, diretor de comunicação da Polícia Federal Rodoviária gaúcha. A repressão cresceu após a morte do caminhoneiro e consequente aumento de bloqueios no Estado. Duas dessas prisões foram em Camaquã, na BR-116. Segundo Castro, os manifestantes desobedeceram a ordem judicial de desobstruir a pista e incentivaram a desordem pública por estarem coagindo os caminhoneiros a pararem nos postos. Em Pelotas outros sete manifestantes foram conduzidos à Polícia Federal por incentivo à desordem no km 66 da BR-392. Ações como a do RS se repetiram em outros Estados. Segundo a diretora geral da corporação, Maria Alice Nascimento, os policiais federais mantêm o monitoramento nas estradas com o apoio da Força Nacional de Segurança Pública e as polícias estaduais. "O trabalho continua até o restabelecimento completo do transporte de carga, para garantir o abastecimento da população e a normalidade da atividade econômica", disse Maria Alice, por meio da assessoria da polícia. COMBOIO PARA BRASÍLIA Segundo Paulo Estausia, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, o momento agora é de recuar e tentar avançar com as negociações. No próximo dia 10, está agendada uma reunião com o governo e desembargadores para discutir a revisão do valor do frete, uma das reivindicações da categoria. "Agora vamos esperar os próximos passos, mas os avanços são históricos na pauta da categoria." Apesar da fala de Estausia, o movimento está dividido e ainda há líderes que defendem a retomada dos protestos nesta segunda-feira (2). Esses líderes, a maioria do Sul, não reconhecem o acordo anunciado pelo governo na quarta (25). Carlos Litti, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Ijuí (RS), diz que há um comboio de caminhões que deve chegar a Brasília nesta segunda (2). Além da redução no preço do diesel e do aumento do frete, a categoria pede diminuição do pedágio sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho.
mercado
Protestos diminuem no país e estão agora em três Estados, diz políciaO número de interdições nas rodovias federais diminuiu para 13 em três Estados (SC, MT e RS) na tarde deste domingo (1), de acordo com dados da Policia Rodoviária Federal. Na tarde do dia anterior (28), eram 56 interdições em seis Unidades da Federação. Segundo a corporação, no começo da noite, o Estado com interdições era Santa Catarina, com dez –MT tinha dois bloqueios. Estado que concentrou a maior parte dos protestos no final de semana e onde um caminhoneiro morreu após ser atropelado por um caminhão, o Rio Grande do Sul chegou zerar o número de manifestações da categoria à tarde, mas um bloqueio foi registrado depois das 20h deste domingo. Os protestos dos caminhoneiros contra o aumento do diesel e pela alta do valor do frete completaram neste domingo 11 dias, mas perderam a força que teve na semana passada. No auge das manifestações, na quarta (25), a categoria bloqueou 129 trechos em 14 Estados –incluindo SP. Desde quinta-feira (26), após o governo ter anunciado um acordo com os caminhoneiros, cresceu a repressão contra os atos. Neste domingo, nove pessoas foram presas no RS, segundo Alessandro Castro, diretor de comunicação da Polícia Federal Rodoviária gaúcha. A repressão cresceu após a morte do caminhoneiro e consequente aumento de bloqueios no Estado. Duas dessas prisões foram em Camaquã, na BR-116. Segundo Castro, os manifestantes desobedeceram a ordem judicial de desobstruir a pista e incentivaram a desordem pública por estarem coagindo os caminhoneiros a pararem nos postos. Em Pelotas outros sete manifestantes foram conduzidos à Polícia Federal por incentivo à desordem no km 66 da BR-392. Ações como a do RS se repetiram em outros Estados. Segundo a diretora geral da corporação, Maria Alice Nascimento, os policiais federais mantêm o monitoramento nas estradas com o apoio da Força Nacional de Segurança Pública e as polícias estaduais. "O trabalho continua até o restabelecimento completo do transporte de carga, para garantir o abastecimento da população e a normalidade da atividade econômica", disse Maria Alice, por meio da assessoria da polícia. COMBOIO PARA BRASÍLIA Segundo Paulo Estausia, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, o momento agora é de recuar e tentar avançar com as negociações. No próximo dia 10, está agendada uma reunião com o governo e desembargadores para discutir a revisão do valor do frete, uma das reivindicações da categoria. "Agora vamos esperar os próximos passos, mas os avanços são históricos na pauta da categoria." Apesar da fala de Estausia, o movimento está dividido e ainda há líderes que defendem a retomada dos protestos nesta segunda-feira (2). Esses líderes, a maioria do Sul, não reconhecem o acordo anunciado pelo governo na quarta (25). Carlos Litti, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Ijuí (RS), diz que há um comboio de caminhões que deve chegar a Brasília nesta segunda (2). Além da redução no preço do diesel e do aumento do frete, a categoria pede diminuição do pedágio sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho.
2
Escassez de água não é só no Brasil e precisa inspirar agenda internacional
Brasília está completando hoje a primeira semana de sua história com racionamento de água no Plano Piloto. Cumpre-se a profecia dos hidrólogos que há anos vêm denunciando o risco de um colapso no abastecimento da capital federal. Falta de chuva e um gigantesco desperdício estão por trás da medida, que está longe de ser um fato isolado. A estiagem que desidrata importantes reservatórios do país (especialmente no Nordeste) levou a Aneel a determinar dias atrás o religamento das usinas térmicas –mais caras e poluentes–, e isso vai pesar na sua próxima conta de luz. Não faz muito tempo, São Paulo registrou dois verões seguidos sem chuva, o sistema Cantareira secou, e, sem dispor de um plano "B", a cidade mais rica e populosa do Brasil foi obrigada a experimentar o gosto do volume morto. A mudança do ciclo da chuva também surpreendeu a maior floresta úmida do planeta. A Amazônia enfrentou em 2005 o que foi chamado na época de "a seca do século". Especialistas afirmavam que estiagens severas como aquela costumavam acontecer em intervalos de aproximadamente 100 anos. Pois bastaram apenas cinco anos para que a floresta registrasse uma seca ainda pior, em 2010, com impactos sobre a população e o bioma. É preciso ligar os pontos e prestar atenção aos sinais. O país que detém o maior estoque de água doce do mundo (12%) transformou seus rios em valões fétidos de esgoto (a agenda do saneamento segue ralentando), aprovou um Código Florestal que enfraqueceu a resiliência das bacias hidrográficas, permitiu a destruição da bacia do rio Doce (maior desastre ambiental do Brasil) com licenciamento frouxo e fiscalização ineficiente. Também está prestes a autorizar a exploração da maior mina de ouro a céu aberto do país no Pará, a apenas 11 km de distância da hidrelétrica de Belo Monte (ambos os empreendimentos impactam diretamente a bacia do rio Xingu), entre outras ações ou inações polêmicas e perturbadoras. No livro "Colapso: Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso", o geógrafo americano Jared Diamond revela que civilizações do passado desapareceram do mapa a partir do momento em que deixaram de ser sustentáveis. Um traço comum a essas civilizações foi a falta d'água. A escassez não é problema só do Brasil e precisa inspirar uma agenda internacional. Repetir erros do passado não é sinal de inteligência.
colunas
Escassez de água não é só no Brasil e precisa inspirar agenda internacionalBrasília está completando hoje a primeira semana de sua história com racionamento de água no Plano Piloto. Cumpre-se a profecia dos hidrólogos que há anos vêm denunciando o risco de um colapso no abastecimento da capital federal. Falta de chuva e um gigantesco desperdício estão por trás da medida, que está longe de ser um fato isolado. A estiagem que desidrata importantes reservatórios do país (especialmente no Nordeste) levou a Aneel a determinar dias atrás o religamento das usinas térmicas –mais caras e poluentes–, e isso vai pesar na sua próxima conta de luz. Não faz muito tempo, São Paulo registrou dois verões seguidos sem chuva, o sistema Cantareira secou, e, sem dispor de um plano "B", a cidade mais rica e populosa do Brasil foi obrigada a experimentar o gosto do volume morto. A mudança do ciclo da chuva também surpreendeu a maior floresta úmida do planeta. A Amazônia enfrentou em 2005 o que foi chamado na época de "a seca do século". Especialistas afirmavam que estiagens severas como aquela costumavam acontecer em intervalos de aproximadamente 100 anos. Pois bastaram apenas cinco anos para que a floresta registrasse uma seca ainda pior, em 2010, com impactos sobre a população e o bioma. É preciso ligar os pontos e prestar atenção aos sinais. O país que detém o maior estoque de água doce do mundo (12%) transformou seus rios em valões fétidos de esgoto (a agenda do saneamento segue ralentando), aprovou um Código Florestal que enfraqueceu a resiliência das bacias hidrográficas, permitiu a destruição da bacia do rio Doce (maior desastre ambiental do Brasil) com licenciamento frouxo e fiscalização ineficiente. Também está prestes a autorizar a exploração da maior mina de ouro a céu aberto do país no Pará, a apenas 11 km de distância da hidrelétrica de Belo Monte (ambos os empreendimentos impactam diretamente a bacia do rio Xingu), entre outras ações ou inações polêmicas e perturbadoras. No livro "Colapso: Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso", o geógrafo americano Jared Diamond revela que civilizações do passado desapareceram do mapa a partir do momento em que deixaram de ser sustentáveis. Um traço comum a essas civilizações foi a falta d'água. A escassez não é problema só do Brasil e precisa inspirar uma agenda internacional. Repetir erros do passado não é sinal de inteligência.
10
Veja quem jogará o Paulista pelos grandes de São Paulo
Os quatro maiores clubes de São Paulo divulgaram as respectivas listas de jogadores inscritos para o Campeonato Paulista, que começa na sexta-feira (3). As equipes ainda podem adicionar atletas até o dia 3 de março. No Corinthians, as principais ausências são do goleiro Walter e o volante Cristian, além de Jadson, que acertou seu retorno ao clube, mas ainda não assinou contrato. Os três garotos promovidos ao profissional após a conquista da Copa São Paulo, Mantuan, Pedrinho e Carlinhos, também não foram incluídos entre os 16 nomes. O São Paulo inscreveu até então 23 jogadores. Um dos destaques é a ausência do volante Wellington, que pode negociado com o Sport na tentativa de adiantar o retorno do atacante Rogério, emprestado até maio. Lyanco, que está com a seleção sub-20, e Lucas Fernandes, em fase final de recuperação de lesão, ficaram fora mas devem ser incluídos em breve. No Santos, a principal novidade foi a inclusão de Thiago Ribeiro, que se recuperou de depressão, vinha treinando bem e marcou um gol no amistoso do último sábado, convencendo Dorival Júnior. Mas ficaram fora David Braz e Ricardo Oliveira, em recuperação de lesão, e os reforços cujos nomes não foram publicados no BID: Bruno Henrique, Vladimir Hernández, Cleber e Kayke. Os seis devem ser incluídos. O Palmeiras não inscreveu o reforço Hyoran e o volante Arouca, ambos em recuperação física, na lista de 17 jogadores. O 28º nome será Alejandro Guerra, que espera liberação de documentação. Confira abaixo os inscritos Corinthians Goleiros: Cássio e Caíque França Laterais: Fagner, Guilherme Arana, Léo Príncipe e Moisés Zagueiros: Pedro Henrique, Vilson, Balbuena, Léo Santos, Pablo Volantes: Marciel, Maycon, Gabriel, Paulo Roberto, Fellipe Basto, Camacho Meias: Rodriguinho, Marlone, Guilherme, Giovanni Augusto, Marquinhos Gabriel Atacantes: Romero, Léo Jabá, Jô, Kazim São Paulo Goleiros: Sidão e Denis Laterais: Bruno, Júnior Tavares e Buffarini Zagueiros: Breno, Lugano, Douglas, Rodrigo Caio, Maicon e Lucão Volantes: Araruna, Thiago Mendes, João Schmidt e Wesley Meias: Cueva, Cícero e Shaylon Atacantes: Chávez , Gilberto, Neilton, Wellington Nem e Luiz Araújo Santos Goleiros: Vanderlei e João Paulo Zagueiro: Lucas Veríssimo Laterais: Victor Ferraz, Zeca, Matheus Ribeiro e Caju Meio-campistas: Renato, Thiago Maia, Lucas Lima, Vitor Bueno, Léo Cittadini, Jean Mota, Leandro Donizete, Rafael Longuine e Yuri Atacantes: Arthur Gomes, Copete, Rodrigão e Thiago Ribeiro Palmeiras Goleiros: Fernando Prass, Jailson e Vinicius Silvestre Laterais: Jean, Fabiano, Zé Roberto e Egídio Zagueiros: Yerri Mina, Vitor Hugo, Edu Dracena, Thiago Martins e Antônio Carlos Meio-campo: Moisés, Tchê Tchê, Felipe Melo, Thiago Santos, Michel Bastos, Raphael Veiga e Vitinho Atacantes: Dudu, Róger Guedes, Alecsandro, Lucas Barrios, Willian, Keno, Erik e Rafael Marques
esporte
Veja quem jogará o Paulista pelos grandes de São PauloOs quatro maiores clubes de São Paulo divulgaram as respectivas listas de jogadores inscritos para o Campeonato Paulista, que começa na sexta-feira (3). As equipes ainda podem adicionar atletas até o dia 3 de março. No Corinthians, as principais ausências são do goleiro Walter e o volante Cristian, além de Jadson, que acertou seu retorno ao clube, mas ainda não assinou contrato. Os três garotos promovidos ao profissional após a conquista da Copa São Paulo, Mantuan, Pedrinho e Carlinhos, também não foram incluídos entre os 16 nomes. O São Paulo inscreveu até então 23 jogadores. Um dos destaques é a ausência do volante Wellington, que pode negociado com o Sport na tentativa de adiantar o retorno do atacante Rogério, emprestado até maio. Lyanco, que está com a seleção sub-20, e Lucas Fernandes, em fase final de recuperação de lesão, ficaram fora mas devem ser incluídos em breve. No Santos, a principal novidade foi a inclusão de Thiago Ribeiro, que se recuperou de depressão, vinha treinando bem e marcou um gol no amistoso do último sábado, convencendo Dorival Júnior. Mas ficaram fora David Braz e Ricardo Oliveira, em recuperação de lesão, e os reforços cujos nomes não foram publicados no BID: Bruno Henrique, Vladimir Hernández, Cleber e Kayke. Os seis devem ser incluídos. O Palmeiras não inscreveu o reforço Hyoran e o volante Arouca, ambos em recuperação física, na lista de 17 jogadores. O 28º nome será Alejandro Guerra, que espera liberação de documentação. Confira abaixo os inscritos Corinthians Goleiros: Cássio e Caíque França Laterais: Fagner, Guilherme Arana, Léo Príncipe e Moisés Zagueiros: Pedro Henrique, Vilson, Balbuena, Léo Santos, Pablo Volantes: Marciel, Maycon, Gabriel, Paulo Roberto, Fellipe Basto, Camacho Meias: Rodriguinho, Marlone, Guilherme, Giovanni Augusto, Marquinhos Gabriel Atacantes: Romero, Léo Jabá, Jô, Kazim São Paulo Goleiros: Sidão e Denis Laterais: Bruno, Júnior Tavares e Buffarini Zagueiros: Breno, Lugano, Douglas, Rodrigo Caio, Maicon e Lucão Volantes: Araruna, Thiago Mendes, João Schmidt e Wesley Meias: Cueva, Cícero e Shaylon Atacantes: Chávez , Gilberto, Neilton, Wellington Nem e Luiz Araújo Santos Goleiros: Vanderlei e João Paulo Zagueiro: Lucas Veríssimo Laterais: Victor Ferraz, Zeca, Matheus Ribeiro e Caju Meio-campistas: Renato, Thiago Maia, Lucas Lima, Vitor Bueno, Léo Cittadini, Jean Mota, Leandro Donizete, Rafael Longuine e Yuri Atacantes: Arthur Gomes, Copete, Rodrigão e Thiago Ribeiro Palmeiras Goleiros: Fernando Prass, Jailson e Vinicius Silvestre Laterais: Jean, Fabiano, Zé Roberto e Egídio Zagueiros: Yerri Mina, Vitor Hugo, Edu Dracena, Thiago Martins e Antônio Carlos Meio-campo: Moisés, Tchê Tchê, Felipe Melo, Thiago Santos, Michel Bastos, Raphael Veiga e Vitinho Atacantes: Dudu, Róger Guedes, Alecsandro, Lucas Barrios, Willian, Keno, Erik e Rafael Marques
4
'Faltam médicos sob todos pontos de vista', diz superintendente do Sírio-Libanês
A incorporação da tecnologia no sistema de saúde deve estar associada à redução de custos e ao aumento da qualidade dos serviços ofertados. Essa constatação norteou o debate da última mesa do Fórum Tecnologia e Acesso à Saúde promovido pela Folha nesta segunda-feira (31) no auditório do Tucarena, em São Paulo. Primeiro a falar, Paulo Furquim, coordenador do Centro de Pesquisa de Estratégia do Insper, afirmou que a discussão em torno da tecnologia da medicina deve se concentrar no lado da demanda e levar em consideração o fenômeno da judicialização da saúde. Segundo ele, o fato de que as partes possam recorrer ao Judiciário para exigir um tratamento é desejável em uma democracia. O problema, diz, é a decisão do Judiciário normalmente ser muito baseada no indivíduo e pouco preocupada com o todo. É impossível mensurar o valor de uma vida, "mas, do ponto de vista da sociedade, uma decisão favorável ao indivíduo pode ser prejudicial ao sistema". Claudio Lottenberg, presidente da Sociedade Israelita Brasileira Albert Einstein, ressaltou que a tecnologia ruim, desprovida de teste empírico, encarece o sistema e pode ser pouco eficiente para o paciente. Outro problema é a ausência de informação e conhecimento por parte do médico e do paciente. "Hoje até mesmo o médico desconhece os resultados da tecnologia que está aplicando". Lottenberg também apontou a remuneração dos médicos como um problema para o sistema como um todo. Hoje o profissional recebe de acordo com a doença e não com a saúde dos pacientes. Assistiríamos hoje, segundo ele, à prática da medicina vingativa. "O médico ganha pouco e por isso pede exames que não precisaria pedir". Para Antônio Jorge Gualter Krops, diretor da Amil, não se pode brigar com a tecnologia. "É uma das maiores conquistas da humanidade". O problema, diz o médico, é a inequidade, que distribui o acesso à inovação de modo irregular. Ele prevê que uma das tendências mais importantes do futuro da medicina será o autocuidado. Com mais acesso à informação, os pacientes terão maior responsabilidade dentro do tratamento, o que deverá ter impacto na própria atuação do médico. O superintendente de Estratégia Corporativa do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap, abordou a questão da tecnologia pela ótica da carência de recursos humanos em número e competência. "Faltam médicos sob todos os pontos de vista". Segundo ele, para atingir a quantidade de profissionais recomendada pela OMS teríamos que aumentar em ao menos 50% a oferta de médicos. Ele atribui a esse fator as dificuldades de alocar médicos em regiões menos desenvolvidas. "Para levar um pediatra ao Grajaú, no extremo sul de São Paulo, temos que pagar um salário de R$ 20 mil para uma jornada de 40h semanais. Em que outra profissão encontramos um salário inicial como esse?" Chapchap disse também que a avaliação positiva dos médicos cubanos que trabalham no Programa Mais Médicos se deve, essencialmente, à experiência que eles têm com a atenção básica. Os poucos médicos que formamos "não têm a capacidade necessária de acolhimento do paciente". Durante o debate foi levantada a questão do financiamento do sistema de saúde público. Furquim lembrou da recente movimentação do governo federal pelo retorno da CPMF como forma de trazer mais recursos para a saúde e a resistência da classe política e da sociedade em geral à volta do tributo. Chapchap, no entanto, disse que é impossível alcançar alguma equidade na oferta de serviços públicos de saúde se o volume de recursos disponíveis não for maior do que os atuais 4% do PIB. Por fim, o superintendente de estratégia corporativa do Sírio Libanês reforçou a tese de Krops de que a tendência é que o paciente se torne cada vez mais um agente ativo do seu próprio cuidado. "Os médicos têm que entender que terão papel diferente no futuro e que perderão o protagonismo para o paciente."
seminariosfolha
'Faltam médicos sob todos pontos de vista', diz superintendente do Sírio-LibanêsA incorporação da tecnologia no sistema de saúde deve estar associada à redução de custos e ao aumento da qualidade dos serviços ofertados. Essa constatação norteou o debate da última mesa do Fórum Tecnologia e Acesso à Saúde promovido pela Folha nesta segunda-feira (31) no auditório do Tucarena, em São Paulo. Primeiro a falar, Paulo Furquim, coordenador do Centro de Pesquisa de Estratégia do Insper, afirmou que a discussão em torno da tecnologia da medicina deve se concentrar no lado da demanda e levar em consideração o fenômeno da judicialização da saúde. Segundo ele, o fato de que as partes possam recorrer ao Judiciário para exigir um tratamento é desejável em uma democracia. O problema, diz, é a decisão do Judiciário normalmente ser muito baseada no indivíduo e pouco preocupada com o todo. É impossível mensurar o valor de uma vida, "mas, do ponto de vista da sociedade, uma decisão favorável ao indivíduo pode ser prejudicial ao sistema". Claudio Lottenberg, presidente da Sociedade Israelita Brasileira Albert Einstein, ressaltou que a tecnologia ruim, desprovida de teste empírico, encarece o sistema e pode ser pouco eficiente para o paciente. Outro problema é a ausência de informação e conhecimento por parte do médico e do paciente. "Hoje até mesmo o médico desconhece os resultados da tecnologia que está aplicando". Lottenberg também apontou a remuneração dos médicos como um problema para o sistema como um todo. Hoje o profissional recebe de acordo com a doença e não com a saúde dos pacientes. Assistiríamos hoje, segundo ele, à prática da medicina vingativa. "O médico ganha pouco e por isso pede exames que não precisaria pedir". Para Antônio Jorge Gualter Krops, diretor da Amil, não se pode brigar com a tecnologia. "É uma das maiores conquistas da humanidade". O problema, diz o médico, é a inequidade, que distribui o acesso à inovação de modo irregular. Ele prevê que uma das tendências mais importantes do futuro da medicina será o autocuidado. Com mais acesso à informação, os pacientes terão maior responsabilidade dentro do tratamento, o que deverá ter impacto na própria atuação do médico. O superintendente de Estratégia Corporativa do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap, abordou a questão da tecnologia pela ótica da carência de recursos humanos em número e competência. "Faltam médicos sob todos os pontos de vista". Segundo ele, para atingir a quantidade de profissionais recomendada pela OMS teríamos que aumentar em ao menos 50% a oferta de médicos. Ele atribui a esse fator as dificuldades de alocar médicos em regiões menos desenvolvidas. "Para levar um pediatra ao Grajaú, no extremo sul de São Paulo, temos que pagar um salário de R$ 20 mil para uma jornada de 40h semanais. Em que outra profissão encontramos um salário inicial como esse?" Chapchap disse também que a avaliação positiva dos médicos cubanos que trabalham no Programa Mais Médicos se deve, essencialmente, à experiência que eles têm com a atenção básica. Os poucos médicos que formamos "não têm a capacidade necessária de acolhimento do paciente". Durante o debate foi levantada a questão do financiamento do sistema de saúde público. Furquim lembrou da recente movimentação do governo federal pelo retorno da CPMF como forma de trazer mais recursos para a saúde e a resistência da classe política e da sociedade em geral à volta do tributo. Chapchap, no entanto, disse que é impossível alcançar alguma equidade na oferta de serviços públicos de saúde se o volume de recursos disponíveis não for maior do que os atuais 4% do PIB. Por fim, o superintendente de estratégia corporativa do Sírio Libanês reforçou a tese de Krops de que a tendência é que o paciente se torne cada vez mais um agente ativo do seu próprio cuidado. "Os médicos têm que entender que terão papel diferente no futuro e que perderão o protagonismo para o paciente."
19
Autor de "Sex and the City" opõe mulheres de 20 e 40 em "Younger"
De repente, 40. É com a premissa do conflito entre gerações vitaminado por um suposto abismo digital que Darren Star, o criador de "Sex and the City" (1998-2004), "Barrados no Baile" (1990-2000) e "Melrose Place" (1992-99) volta à ativa em "Younger", comédia rápida que o canal E! estreia nesta segunda (31). Produzida para uma audiência mais jovem, a série sobre uma mulher de 40 anos que finge ter 26 para se reinserir no mercado de trabalho funciona também com aqueles que têm apenas adjetivos ácidos para atribuir à geração do milênio, a que cresceu nos anos 2000. A isca para atrair esse público é Hilary Duff, atriz que cresceu diante das câmeras e estourou na série infantojuvenil "Lizzie McGuire" (2001-04). Aos 28, ela é a parceira de cena da premiada Sutton Foster, 40, desconhecida nas telas mas consagrada na Broadway, a quem coube a protagonista. A química entre elas funciona e parece ter sido suficiente para segurar o texto frouxo, com uma ou outra boa sacada, e a edição pouco inventiva a la sitcoms dos anos 1990. Da estreia nos EUA no final de fevereiro até o 12º episódio, que encerrou a temporada em junho, a audiência entre o público feminino de 18 a 34 anos praticamente triplicou, com um respeitável número de visualizações em sites de streaming (quase 5 milhões) garantindo uma segunda temporada para 2016. (Como na bem sucedida "Sex and the City", mulheres são o alvo de Star.) Foster é Liza Miller, uma mulher na casa dos 40 que, após se divorciar e despachar a filha adolescente para um intercâmbio na Índia, decide retomar a carreira no mercado editorial interrompida voluntariamente pela maternidade. Quinze anos fora de combate seriam muito em qualquer profissão, mas em uma editora de livros o hiato é especialmente cruel. Não só mudou o que faz sucesso como o modo de divulgação (redes sociais), a forma como se lê (tablets e leitores digitais) e as aspirações das jovens editoras que povoam seus corredores, além do tempo de atenção cada vez mais curto do público (mas, ei, Jane Austen é sempre Jane Austen). Por isso, incentivada por uma amiga, Liza decide mentir e dizer que seu sabático durou apenas quatro anos -porque é ficção, uma minissaia e uma nova tonalização no cabelo facilmente convencem o mundo que ela tem 14 anos menos. Mais difícil é convencer o público que uma mulher de 40 anos formada em comunicação e com uma filha adolescente não saiba operar o Twitter, nunca tenha ouvido falar de Tinder e tropece para usar o celular, motes de parte das piadas. Facebook, claro, é rede de gente velha. No meio do experimento, Liza arranja um namorado gatinho, Josh (Nico Tortorella, clone remodelado do Brandon de "Barrados no Baile") e troca confidências com a amiga lésbica Maggie (Debbie Mazar). Quando mira o enorme senso de excepcionalidade desta geração, sempre pronta para ser aplaudida, aí sim "Younger" faz rir (alerta de recalque da colunista), assim como quando põe em xeque o mérito de amadurecer. Boa distração. 'Younger' estreia no E! nesta segunda (31), às 22h30
colunas
Autor de "Sex and the City" opõe mulheres de 20 e 40 em "Younger"De repente, 40. É com a premissa do conflito entre gerações vitaminado por um suposto abismo digital que Darren Star, o criador de "Sex and the City" (1998-2004), "Barrados no Baile" (1990-2000) e "Melrose Place" (1992-99) volta à ativa em "Younger", comédia rápida que o canal E! estreia nesta segunda (31). Produzida para uma audiência mais jovem, a série sobre uma mulher de 40 anos que finge ter 26 para se reinserir no mercado de trabalho funciona também com aqueles que têm apenas adjetivos ácidos para atribuir à geração do milênio, a que cresceu nos anos 2000. A isca para atrair esse público é Hilary Duff, atriz que cresceu diante das câmeras e estourou na série infantojuvenil "Lizzie McGuire" (2001-04). Aos 28, ela é a parceira de cena da premiada Sutton Foster, 40, desconhecida nas telas mas consagrada na Broadway, a quem coube a protagonista. A química entre elas funciona e parece ter sido suficiente para segurar o texto frouxo, com uma ou outra boa sacada, e a edição pouco inventiva a la sitcoms dos anos 1990. Da estreia nos EUA no final de fevereiro até o 12º episódio, que encerrou a temporada em junho, a audiência entre o público feminino de 18 a 34 anos praticamente triplicou, com um respeitável número de visualizações em sites de streaming (quase 5 milhões) garantindo uma segunda temporada para 2016. (Como na bem sucedida "Sex and the City", mulheres são o alvo de Star.) Foster é Liza Miller, uma mulher na casa dos 40 que, após se divorciar e despachar a filha adolescente para um intercâmbio na Índia, decide retomar a carreira no mercado editorial interrompida voluntariamente pela maternidade. Quinze anos fora de combate seriam muito em qualquer profissão, mas em uma editora de livros o hiato é especialmente cruel. Não só mudou o que faz sucesso como o modo de divulgação (redes sociais), a forma como se lê (tablets e leitores digitais) e as aspirações das jovens editoras que povoam seus corredores, além do tempo de atenção cada vez mais curto do público (mas, ei, Jane Austen é sempre Jane Austen). Por isso, incentivada por uma amiga, Liza decide mentir e dizer que seu sabático durou apenas quatro anos -porque é ficção, uma minissaia e uma nova tonalização no cabelo facilmente convencem o mundo que ela tem 14 anos menos. Mais difícil é convencer o público que uma mulher de 40 anos formada em comunicação e com uma filha adolescente não saiba operar o Twitter, nunca tenha ouvido falar de Tinder e tropece para usar o celular, motes de parte das piadas. Facebook, claro, é rede de gente velha. No meio do experimento, Liza arranja um namorado gatinho, Josh (Nico Tortorella, clone remodelado do Brandon de "Barrados no Baile") e troca confidências com a amiga lésbica Maggie (Debbie Mazar). Quando mira o enorme senso de excepcionalidade desta geração, sempre pronta para ser aplaudida, aí sim "Younger" faz rir (alerta de recalque da colunista), assim como quando põe em xeque o mérito de amadurecer. Boa distração. 'Younger' estreia no E! nesta segunda (31), às 22h30
10
Plástico: Tamar Guimarães e seu herói em fluxo
Tamar Guimarães é uma artista em trânsito. Brasileira radicada em Copenhague, suas obras sempre trataram de demolir, auscultar e dissecar as contradições do que se entende por modernidade. Vi seu trabalho pela primeira vez na Bienal de São Paulo de ... Leia post completo no blog
ilustrada
Plástico: Tamar Guimarães e seu herói em fluxoTamar Guimarães é uma artista em trânsito. Brasileira radicada em Copenhague, suas obras sempre trataram de demolir, auscultar e dissecar as contradições do que se entende por modernidade. Vi seu trabalho pela primeira vez na Bienal de São Paulo de ... Leia post completo no blog
1
Dilma iniciou formal, mas ganhou contundência contra 'golpistas'
Globo e GloboNews acompanharam de helicóptero, desde o Palácio do Alvorada, e depois transmitiram a íntegra do pronunciamento de Dilma Rousseff contra o impeachment, nesta segunda-feira (29), reproduzindo a TV Senado. Foram formais como o processo de impeachment, dando amplo direito de defesa, na expressão tão repisada. A Band entrou atrasada, mas transmitiu até o fim. A Record entrou com o discurso, mas abandonou no meio –a exemplo do que fez a Igreja Universal de Edir Macedo na política, antes pró-Dilma e agora pró-Temer. O SBT de Silvio Santos, como de costume, nem registrou a notícia. A "presidente" ou "presidenta", como a chamou o presidente do Supremo alternadamente, começou também ela formal. Sem consciência aparente do que lia, tropeçando em algumas palavras e frases. Até que chorou, ao falar que "o que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros", frase aliás inexpressiva. Sua voz embargada foi aplaudida por senadores e plateia, com Ricardo Lewandowski acionando uma campainha para calá-los. Num trecho que soou como resposta à própria GloboNews, que havia afirmado anteriormente –com repercussão on-line– que seria afastada pelo conjunto da obra, não por um crime específico, Dilma afirmou que "quem afasta o presidente pelo conjunto da obra é o povo". Foi o início da metade mais contundente, sem lágrimas, no desempenho da presidente. Atacou "o candidato derrotado nas eleições", sem citar o nome de Aécio Neves, e o também senador Romero Jucá, também sem citar o nome. Procurava –e conseguiu– evitar respostas. Atacou ainda o vice Michel Temer, seguidamente e sem nomeá-lo, pelo que fez e pretende fazer no poder. Pelo nome, mencionou apenas o ex-presidente da Câmara: "Encontraram em Eduardo Cunha o vértice de sua aliança golpista". Ao terminar o discurso, Globo e Band abandonaram a transmissão e só ficou a GloboNews para a sequência de supostas perguntas dos senadores –oratória partidária, como em qualquer debate na Casa. A partir daí, a impossibilidade de réplica e a incapacidade de Dilma para debater não ajudaram. Fora do palco de Dilma, as câmeras de televisão foram atraídas por Lula e Chico Buarque, desde a chegada ao Congresso. A própria TV Senado, no sinal retransmitido pela Globo, mostrou os dois, lado a lado, na plateia, ao que parece, não inteiramente atentos à protagonista.
poder
Dilma iniciou formal, mas ganhou contundência contra 'golpistas'Globo e GloboNews acompanharam de helicóptero, desde o Palácio do Alvorada, e depois transmitiram a íntegra do pronunciamento de Dilma Rousseff contra o impeachment, nesta segunda-feira (29), reproduzindo a TV Senado. Foram formais como o processo de impeachment, dando amplo direito de defesa, na expressão tão repisada. A Band entrou atrasada, mas transmitiu até o fim. A Record entrou com o discurso, mas abandonou no meio –a exemplo do que fez a Igreja Universal de Edir Macedo na política, antes pró-Dilma e agora pró-Temer. O SBT de Silvio Santos, como de costume, nem registrou a notícia. A "presidente" ou "presidenta", como a chamou o presidente do Supremo alternadamente, começou também ela formal. Sem consciência aparente do que lia, tropeçando em algumas palavras e frases. Até que chorou, ao falar que "o que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros", frase aliás inexpressiva. Sua voz embargada foi aplaudida por senadores e plateia, com Ricardo Lewandowski acionando uma campainha para calá-los. Num trecho que soou como resposta à própria GloboNews, que havia afirmado anteriormente –com repercussão on-line– que seria afastada pelo conjunto da obra, não por um crime específico, Dilma afirmou que "quem afasta o presidente pelo conjunto da obra é o povo". Foi o início da metade mais contundente, sem lágrimas, no desempenho da presidente. Atacou "o candidato derrotado nas eleições", sem citar o nome de Aécio Neves, e o também senador Romero Jucá, também sem citar o nome. Procurava –e conseguiu– evitar respostas. Atacou ainda o vice Michel Temer, seguidamente e sem nomeá-lo, pelo que fez e pretende fazer no poder. Pelo nome, mencionou apenas o ex-presidente da Câmara: "Encontraram em Eduardo Cunha o vértice de sua aliança golpista". Ao terminar o discurso, Globo e Band abandonaram a transmissão e só ficou a GloboNews para a sequência de supostas perguntas dos senadores –oratória partidária, como em qualquer debate na Casa. A partir daí, a impossibilidade de réplica e a incapacidade de Dilma para debater não ajudaram. Fora do palco de Dilma, as câmeras de televisão foram atraídas por Lula e Chico Buarque, desde a chegada ao Congresso. A própria TV Senado, no sinal retransmitido pela Globo, mostrou os dois, lado a lado, na plateia, ao que parece, não inteiramente atentos à protagonista.
0
Frente fria derruba temperatura na capital e interior de São Paulo
O inverno tem dado uma trégua para os termômetros nos últimos dez dias, mas o clima ameno durante a estação fria está próximo do fim. Duas frentes frias chegam ao litoral de São Paulo nesta semana, derrubando as temperaturas na capital e interior do Estado. A primeira chegou ao oceano próximo à costa paulista neste domingo (7), diminuindo as temperaturas e tornando o ar mais úmido. Nesta terça-feira (9), outra frente vinda do Sul do país chegará ao litoral, deixando o tempo ainda mais frio, principalmente durante a madrugada. A mínima é de 15º para a terça-feira. Durante o dia, o tempo fica mais ameno, chegando aos 24º C. As previsões são do Climatempo. Na madrugada de sexta-feira (12) estima-se que a temperatura caia para abaixo dos 10º, o que não acontecia desde o dia 28, quando o bairro Capela do Socorro, na zona sul, marcou 5,6ºC na madrugada. Durante o dia, a máxima é de 20º C. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, decretou estado de atenção por baixas temperaturas em toda a cidade, que ocorre quando os termômetros marcam entre 13º C e 10º C. Com o decreto, a Defesa Civil é acionada para coordenar ações que encaminham moradores de rua a abrigos. Além do frio, o tempo deverá ficar fechado até quinta-feira (11), que terá mínima de 10º C e máxima de 18º C. É alta a possibilidade de chuva e nebulosidade. São esperados ventos fortes no sul e leste paulista. Espera-se que o final de semana traga um tempo mais quente, após a passagem da frente fria pelo Estado. Na semana seguinte, a temperatura voltará a cair a partir de sexta-feira (19). ABRIGOS A temperatura baixa aumenta a preocupação com os moradores de rua da cidade. Em junho, pelo menos cinco pessoas foram encontradas mortas após uma onda de frio. A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) criou duas mil vagas em 16 abrigos emergenciais desde 16 de maio, depois das ocorrências, além das 10 mil vagas fixas. Porém, uma reportagem da Folha mostrou que ainda há muita rejeição dos moradores de rua aos abrigos. Apenas metade deles procuram acolhimento em São Paulo. FALHAS NO ACOLHIMENTO - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo As queixas mais frequentes são a falta de higiene e de lugar para deixar carroças e animais de estimação, a distância do centro da cidade e a restrição de horário –a saída do local às 6h é obrigatória. TENDAS No final de junho a prefeitura disponibilizou tendas usadas para o atendimento de pacientes durante a epidemia de dengue como abrigo no Mooca e Anhangabaú. Os moradores de rua podem pernoitar no local, que oferece jantar e café da manhã. As tendas contam com espaços para cachorro e carroça. Há 150 vagas. No sul, onde temperaturas negativas têm sido registradas, ONGs e grupos religiosos oferecem acolhimento em barracas térmicas. Segundo apurou a reportagem da Folha, a ausência de burocracia e o fato de não haver intervenção da prefeitura contribui para a procura.
cotidiano
Frente fria derruba temperatura na capital e interior de São PauloO inverno tem dado uma trégua para os termômetros nos últimos dez dias, mas o clima ameno durante a estação fria está próximo do fim. Duas frentes frias chegam ao litoral de São Paulo nesta semana, derrubando as temperaturas na capital e interior do Estado. A primeira chegou ao oceano próximo à costa paulista neste domingo (7), diminuindo as temperaturas e tornando o ar mais úmido. Nesta terça-feira (9), outra frente vinda do Sul do país chegará ao litoral, deixando o tempo ainda mais frio, principalmente durante a madrugada. A mínima é de 15º para a terça-feira. Durante o dia, o tempo fica mais ameno, chegando aos 24º C. As previsões são do Climatempo. Na madrugada de sexta-feira (12) estima-se que a temperatura caia para abaixo dos 10º, o que não acontecia desde o dia 28, quando o bairro Capela do Socorro, na zona sul, marcou 5,6ºC na madrugada. Durante o dia, a máxima é de 20º C. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, decretou estado de atenção por baixas temperaturas em toda a cidade, que ocorre quando os termômetros marcam entre 13º C e 10º C. Com o decreto, a Defesa Civil é acionada para coordenar ações que encaminham moradores de rua a abrigos. Além do frio, o tempo deverá ficar fechado até quinta-feira (11), que terá mínima de 10º C e máxima de 18º C. É alta a possibilidade de chuva e nebulosidade. São esperados ventos fortes no sul e leste paulista. Espera-se que o final de semana traga um tempo mais quente, após a passagem da frente fria pelo Estado. Na semana seguinte, a temperatura voltará a cair a partir de sexta-feira (19). ABRIGOS A temperatura baixa aumenta a preocupação com os moradores de rua da cidade. Em junho, pelo menos cinco pessoas foram encontradas mortas após uma onda de frio. A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) criou duas mil vagas em 16 abrigos emergenciais desde 16 de maio, depois das ocorrências, além das 10 mil vagas fixas. Porém, uma reportagem da Folha mostrou que ainda há muita rejeição dos moradores de rua aos abrigos. Apenas metade deles procuram acolhimento em São Paulo. FALHAS NO ACOLHIMENTO - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo As queixas mais frequentes são a falta de higiene e de lugar para deixar carroças e animais de estimação, a distância do centro da cidade e a restrição de horário –a saída do local às 6h é obrigatória. TENDAS No final de junho a prefeitura disponibilizou tendas usadas para o atendimento de pacientes durante a epidemia de dengue como abrigo no Mooca e Anhangabaú. Os moradores de rua podem pernoitar no local, que oferece jantar e café da manhã. As tendas contam com espaços para cachorro e carroça. Há 150 vagas. No sul, onde temperaturas negativas têm sido registradas, ONGs e grupos religiosos oferecem acolhimento em barracas térmicas. Segundo apurou a reportagem da Folha, a ausência de burocracia e o fato de não haver intervenção da prefeitura contribui para a procura.
6
Doze dias após vazamento de lama em MG, diretor do DNPM pede demissão
Doze dias após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, que devastou o vilarejo de Mariana (MG) no último dia 5, o diretor-geral do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Celso Luiz Garcia, pediu demissão do cargo, que ocupava desde 8 de junho deste ano. O departamento é ligado ao Ministério de Minas e Energia e é responsável por controlar e fiscalizar a mineração no país. O ministério informou que a carta de demissão foi entregue nesta terça-feira (17) junto com um laudo médico, mas não soube informar o que constava no laudo. O ministro Eduardo Braga deve anunciar um novo nome para ocupar o cargo ainda nesta quarta-feira (18), disse o ministério. Na semana passada, Braga disse que DNPM só havia pago 13,2% do valor previsto para o programa de fiscalização das atividades minerárias por questão de "contingenciamento". Os esforços de fiscalização receberam apenas R$ 1,3 milhão neste ano, menos da metade dos R$ 3,6 milhões pagos no mesmo período de 2014. Braga defendeu, contudo, que os cortes não teriam comprometido a fiscalização da atividade do setor. "Estamos vivendo regimes de contingenciamento. É verdade que o DNPM, como todas as agências e os departamentos estão com seus recursos contingenciados, mas isso não significou descumprimento de fiscalização por parte do DNPM", disse Braga na ocasião. Segundo dados oficiais de relatórios do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), atualizado pela última vez em abril de 2014, mostra que ao menos 16 barragens de mineração no Brasil são inseguras. DESASTRE EM MARIANA Doze dias após o vazamento de lama que devastou vilarejo de Mariana e que começa a chegar ao Espírito Santo, a mineradora Samarco reconheceu que outras duas barragens próximas ainda podem ruir. A preocupação é com os reservatórios de Santarém e de Germano. Na semana passada, a empresa havia chamado de "boatos" informações sobre o risco de novo rompimento. No último dia 5, a barragem do Fundão se rompeu, devastando o subdistrito de Bento Rodrigues, atingindo municípios vizinhos e poluindo o rio Doce. Até esta terça (17), o saldo era de 7 mortos e 12 desaparecidos, além de 4 corpos ainda não identificados. "A maior preocupação, na barragem de Santarém, é a erosão. Um fluxo descontrolado passando novamente por cima da barragem [como ocorreu no dia da tragédia] poderia aumentar essa erosão e poderíamos ter, sim, passagem desse material", afirmou Germano Lopes, gerente-geral de projetos estruturais da Samarco. Infográfico: Caminho da lama - MAIORES DESASTRES AMBIENTAIS NO BRASIL > Fev.1984 - Cubatão (SP) Explosão em duto da Petrobras mata 93 e deixou 2.500 desabrigados na Vila Socó. Foram derramados 1,2 milhão de litros de gasolina > Set.1987 - Goiânia (GO) Catadores abrem aparelho hospital achado em ferro velho, liberando material radioativo. Oficialmente, quatro pessoas morreram, mas associação de vítimas fala em mais de 60 > Out.1998 - São José dos Campos (SP) Oleoduto rompe, e vazamento atinge charcos, brejos e o córrego Lambari > Jan.2000 - Rio de Janeiro (RJ) Duto da refinaria Duque de Caxias, da Petrobras, se rompe, e 1,3 milhão de litros de óleo combustível vaza na Baía de Guanabara > Jul.2000 - Araucária (PR) Ruptura em junta da tubulação de refinaria da Petrobras causa derramamento de 4 milhões de litros de óleo * ACIDENTES COM BARRAGENS > Mar.2003 - Cataguases (MG) - Rompimento de barragem da Indústria Cataguases de Papel - Resíduos atingiram o rio Paraíba do Sul e córregos a 200 km, deixando 600 mil sem água - 1,4 bilhão de litros de resíduos da produção de celulose vazaram > Jan.2007 - Miraí (MG) - Ruptura de barragem da Mineração Rio Pomba Cataguases - 4.000 desalojados e cinco municípios atingidos em MG e no RJ - 2 bilhões de litros de lama de bauxita derramados Veja galeria especial sobre a tragédia em Mariana (MG)
cotidiano
Doze dias após vazamento de lama em MG, diretor do DNPM pede demissãoDoze dias após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, que devastou o vilarejo de Mariana (MG) no último dia 5, o diretor-geral do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Celso Luiz Garcia, pediu demissão do cargo, que ocupava desde 8 de junho deste ano. O departamento é ligado ao Ministério de Minas e Energia e é responsável por controlar e fiscalizar a mineração no país. O ministério informou que a carta de demissão foi entregue nesta terça-feira (17) junto com um laudo médico, mas não soube informar o que constava no laudo. O ministro Eduardo Braga deve anunciar um novo nome para ocupar o cargo ainda nesta quarta-feira (18), disse o ministério. Na semana passada, Braga disse que DNPM só havia pago 13,2% do valor previsto para o programa de fiscalização das atividades minerárias por questão de "contingenciamento". Os esforços de fiscalização receberam apenas R$ 1,3 milhão neste ano, menos da metade dos R$ 3,6 milhões pagos no mesmo período de 2014. Braga defendeu, contudo, que os cortes não teriam comprometido a fiscalização da atividade do setor. "Estamos vivendo regimes de contingenciamento. É verdade que o DNPM, como todas as agências e os departamentos estão com seus recursos contingenciados, mas isso não significou descumprimento de fiscalização por parte do DNPM", disse Braga na ocasião. Segundo dados oficiais de relatórios do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), atualizado pela última vez em abril de 2014, mostra que ao menos 16 barragens de mineração no Brasil são inseguras. DESASTRE EM MARIANA Doze dias após o vazamento de lama que devastou vilarejo de Mariana e que começa a chegar ao Espírito Santo, a mineradora Samarco reconheceu que outras duas barragens próximas ainda podem ruir. A preocupação é com os reservatórios de Santarém e de Germano. Na semana passada, a empresa havia chamado de "boatos" informações sobre o risco de novo rompimento. No último dia 5, a barragem do Fundão se rompeu, devastando o subdistrito de Bento Rodrigues, atingindo municípios vizinhos e poluindo o rio Doce. Até esta terça (17), o saldo era de 7 mortos e 12 desaparecidos, além de 4 corpos ainda não identificados. "A maior preocupação, na barragem de Santarém, é a erosão. Um fluxo descontrolado passando novamente por cima da barragem [como ocorreu no dia da tragédia] poderia aumentar essa erosão e poderíamos ter, sim, passagem desse material", afirmou Germano Lopes, gerente-geral de projetos estruturais da Samarco. Infográfico: Caminho da lama - MAIORES DESASTRES AMBIENTAIS NO BRASIL > Fev.1984 - Cubatão (SP) Explosão em duto da Petrobras mata 93 e deixou 2.500 desabrigados na Vila Socó. Foram derramados 1,2 milhão de litros de gasolina > Set.1987 - Goiânia (GO) Catadores abrem aparelho hospital achado em ferro velho, liberando material radioativo. Oficialmente, quatro pessoas morreram, mas associação de vítimas fala em mais de 60 > Out.1998 - São José dos Campos (SP) Oleoduto rompe, e vazamento atinge charcos, brejos e o córrego Lambari > Jan.2000 - Rio de Janeiro (RJ) Duto da refinaria Duque de Caxias, da Petrobras, se rompe, e 1,3 milhão de litros de óleo combustível vaza na Baía de Guanabara > Jul.2000 - Araucária (PR) Ruptura em junta da tubulação de refinaria da Petrobras causa derramamento de 4 milhões de litros de óleo * ACIDENTES COM BARRAGENS > Mar.2003 - Cataguases (MG) - Rompimento de barragem da Indústria Cataguases de Papel - Resíduos atingiram o rio Paraíba do Sul e córregos a 200 km, deixando 600 mil sem água - 1,4 bilhão de litros de resíduos da produção de celulose vazaram > Jan.2007 - Miraí (MG) - Ruptura de barragem da Mineração Rio Pomba Cataguases - 4.000 desalojados e cinco municípios atingidos em MG e no RJ - 2 bilhões de litros de lama de bauxita derramados Veja galeria especial sobre a tragédia em Mariana (MG)
6
Vigilância interdita restaurante do Palácio dos Bandeirantes em SP
O restaurante do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) foi interditado por 40 dias pelo Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a interdição ocorreu "porque procedimentos sanitários adequados não estariam sendo plenamente observados no restaurante do palácio do governo". A denúncia de falta de condições apropriadas de higiene foi recebida pela Casa Civil do Estado de São Paulo e revelada nesta terça-feira (4) pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A responsável pelo espaço é a Santa Helena Alimentos. A Folha tentou entrar em contato por telefone com representantes da empresa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. "A Vigilância Sanitária Estadual constatou que havia procedimentos fora dos padrões técnicos e determinou as adequações necessárias, que já estão em andamento", informou o órgão em nota.
cotidiano
Vigilância interdita restaurante do Palácio dos Bandeirantes em SPO restaurante do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) foi interditado por 40 dias pelo Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a interdição ocorreu "porque procedimentos sanitários adequados não estariam sendo plenamente observados no restaurante do palácio do governo". A denúncia de falta de condições apropriadas de higiene foi recebida pela Casa Civil do Estado de São Paulo e revelada nesta terça-feira (4) pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A responsável pelo espaço é a Santa Helena Alimentos. A Folha tentou entrar em contato por telefone com representantes da empresa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. "A Vigilância Sanitária Estadual constatou que havia procedimentos fora dos padrões técnicos e determinou as adequações necessárias, que já estão em andamento", informou o órgão em nota.
6
Postos de saúde abrem neste sábado para vacinação contra a gripe
Cerca de 65 mil postos de saúde em todo o país abrem neste sábado (9) para o Dia D da campanha de vacinação contra a gripe. A ideia é facilitar o acesso das pessoas que não conseguem ir às unidades em dias de semana. Devem ser imunizadas crianças de 6 meses a menores de 5 anos, idosos, trabalhadores da saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (mulheres no período de até 45 dias após o parto), presos e funcionários do sistema prisional. Também serão vacinadas pessoas com doenças crônicas não transmissíveis ou com condições clínicas especiais. Nesse caso, é preciso levar também uma prescrição médica especificando o motivo da indicação da dose. O Ministério da Saúde destaca que a vacina é segura e consiste em uma das medidas mais eficazes de prevenção a complicações e casos graves de gripe. A campanha começou na última segunda-feira (4) e vai até o dia 22. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática em doses anteriores ou para aquelas que tenham alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados. Como o organismo leva, em média, de duas a três semanas após a vacinação para criar os anticorpos que geram a proteção contra a gripe, a orientação é fazer a imunização no período de campanha para garantir a proteção antes do início do inverno. A transmissão dos vírus influenza ocorre por meio do contato com secreções das vias respiratórias, eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, ao tossir ou ao espirrar. A doença também pode ser transmitida pelas mãos e por objetos contaminados. Os sintomas da gripe incluem febre, tosse ou dor na garganta, além de dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. O agravamento pode ser identificado por sintomas como falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração.
cotidiano
Postos de saúde abrem neste sábado para vacinação contra a gripeCerca de 65 mil postos de saúde em todo o país abrem neste sábado (9) para o Dia D da campanha de vacinação contra a gripe. A ideia é facilitar o acesso das pessoas que não conseguem ir às unidades em dias de semana. Devem ser imunizadas crianças de 6 meses a menores de 5 anos, idosos, trabalhadores da saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (mulheres no período de até 45 dias após o parto), presos e funcionários do sistema prisional. Também serão vacinadas pessoas com doenças crônicas não transmissíveis ou com condições clínicas especiais. Nesse caso, é preciso levar também uma prescrição médica especificando o motivo da indicação da dose. O Ministério da Saúde destaca que a vacina é segura e consiste em uma das medidas mais eficazes de prevenção a complicações e casos graves de gripe. A campanha começou na última segunda-feira (4) e vai até o dia 22. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática em doses anteriores ou para aquelas que tenham alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados. Como o organismo leva, em média, de duas a três semanas após a vacinação para criar os anticorpos que geram a proteção contra a gripe, a orientação é fazer a imunização no período de campanha para garantir a proteção antes do início do inverno. A transmissão dos vírus influenza ocorre por meio do contato com secreções das vias respiratórias, eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, ao tossir ou ao espirrar. A doença também pode ser transmitida pelas mãos e por objetos contaminados. Os sintomas da gripe incluem febre, tosse ou dor na garganta, além de dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. O agravamento pode ser identificado por sintomas como falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração.
6
Após vitória contra o Bayer, Tite diz que Corinthians foi audacioso
O técnico Tite elogiou o comportamento dos jogadores corintianos na vitória sobre o Bayer Leverkusen por 2 a 1, no sábado (17), pelo torneio de pré-temporada Flórida Cup, em Jacksonville, nos Estados Unidos. Antes do triunfo sobre o Leverkusen, a equipe havia perdido para o Colônia por 1 a 0, na quinta-feira (15). "Vocês olham o gol, as jogadas terminais, mas teve toda uma equipe de trabalho concentrada. O Corinthians foi competente, audacioso com a posse de bola, e isso contra uma equipe tecnicamente em momento melhor. A gente soube administrar e fracionar o jogo e, por isso, fez por merecer o placar", disse o treinador corintiano, que comentou sobre a pré-temporada da equipe nos EUA. "É muito difícil fazer sete treinamentos e ter um nível de enfrentamento como fizemos contra o Colônia e contra o Bayer. O período é muito curto e apelamos um pouco para os atletas buscarem um nível de concentração muito alto. A visibilidade que um time como o Corinthians tem é mundial, muito grande, e o clube precisa desses torneios pra divulgar a marca", completou. O Corinthians volta a campo no próximo sábado (24), em amistoso diante do Corinthian-Casuals (ING), no Itaquerão. É o último teste antes da estreia no Paulista, marcada para o dia 1º de Fevereiro, contra o Marília, também no Itaquerão. Três dias depois, o time enfrenta o Once Caldas no primeiro duelo da pré-Libertadores. O jogo de ida será no Itaquerão. A partida de volta está marcada para o dia 11, no estádio Palogrande, em Manizales (COL). Entre essas partidas, o time terá um confronto contra o Palmeiras no dia 8 de fevereiro.
esporte
Após vitória contra o Bayer, Tite diz que Corinthians foi audaciosoO técnico Tite elogiou o comportamento dos jogadores corintianos na vitória sobre o Bayer Leverkusen por 2 a 1, no sábado (17), pelo torneio de pré-temporada Flórida Cup, em Jacksonville, nos Estados Unidos. Antes do triunfo sobre o Leverkusen, a equipe havia perdido para o Colônia por 1 a 0, na quinta-feira (15). "Vocês olham o gol, as jogadas terminais, mas teve toda uma equipe de trabalho concentrada. O Corinthians foi competente, audacioso com a posse de bola, e isso contra uma equipe tecnicamente em momento melhor. A gente soube administrar e fracionar o jogo e, por isso, fez por merecer o placar", disse o treinador corintiano, que comentou sobre a pré-temporada da equipe nos EUA. "É muito difícil fazer sete treinamentos e ter um nível de enfrentamento como fizemos contra o Colônia e contra o Bayer. O período é muito curto e apelamos um pouco para os atletas buscarem um nível de concentração muito alto. A visibilidade que um time como o Corinthians tem é mundial, muito grande, e o clube precisa desses torneios pra divulgar a marca", completou. O Corinthians volta a campo no próximo sábado (24), em amistoso diante do Corinthian-Casuals (ING), no Itaquerão. É o último teste antes da estreia no Paulista, marcada para o dia 1º de Fevereiro, contra o Marília, também no Itaquerão. Três dias depois, o time enfrenta o Once Caldas no primeiro duelo da pré-Libertadores. O jogo de ida será no Itaquerão. A partida de volta está marcada para o dia 11, no estádio Palogrande, em Manizales (COL). Entre essas partidas, o time terá um confronto contra o Palmeiras no dia 8 de fevereiro.
4
Após liberar petróleo, Obama viaja ao Alasca para falar de mudança climática
O presidente Barack Obama começou, nesta segunda-feira (31), viagem de três dias ao Alasca, em meio ao acirramento de tensões causadas pela aceleração de mudanças climáticas, aumento da pobreza e insatisfação popular. Ao eleger o Estado no extremo norte do país como símbolo da necessidade de combate ao aquecimento global, Obama, contudo, incorre em contradição, na visão de ambientalistas. Há 15 dias, o democrata voltou atrás no veto à exploração de petróleo no Ártico, numa decisão criticada por oferecer riscos a espécies como ursos polares já afetadas pelas mudanças no ecossistema local. O presidente foi recebido sob protestos de ativistas vestidos de ursos polares e com cartazes contra a multinacional Shell, que reouve o direito de exploração de poços no Ártico. Obama não comentou a questão ao abrir uma cúpula sobre o Ártico em Anchorage. Ele defendeu que líderes mundiais tomem medidas concretas. "Não basta apenas fazer conferências", criticou. Mas sua postura gerou novos protestos. Em outras ocasiões, Obama disse que a exploração de petróleo se justifica pela importância da energia gerada pela queima de combustíveis fósseis. Mas, ao mesmo tempo, a liberação tem uma função política, porque tende a amenizar o descontentamento da população local. O petróleo é a principal fonte de empregos e receitas no Estado. Em um vídeo divulgado às véspera das da visita presidencial, uma corporação de investidores nativos criticou as "políticas de Washington", que, "infelizmente, ameaçam a nossa sobrevivência e a nossa economia". "Muitas pessoas de fora tentam falar por nós, mas não sabem quão vital é o desenvolvimento energético para o Alasca", afirma o grupo. Todavia, a flexibilização da atividade não será, exclusivamente, a solução para o desaquecimento econômico do Estado, diante de quedas consecutivas nos preços do petróleo no mundo. As ameaças climáticas continuam a ser, contudo, o foco das atenções internacionais. A três meses da Conferência Global do Clima da ONU, ministros de dez países, inclusive dos Estados Unidos, fora o da União Europeia, reunidos em uma cúpula no Alasca, fizeram comunicado conjunto, nesta segunda, para alertar sobre a "urgência" de se agir para mitigar o aquecimento no Ártico. As temperaturas na região vêm aumentando duas vezes mais rápido que no resto do mundo, afirmam. O derretimento de geleiras acelera o aquecimento global e eleva o nível do mar em diversas partes, o que põe em risco comunidades costeiras ao redor do mundo. Outro ponto de divergência entre interesses econômicos e ambientais é o da pesca, atividade tradicional afetada por mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, submetida a controles rígidos. As restrições econômicas têm, ainda, feito com que o Estado reduza o número de postos militares no Ártico, gerando especulação sobre o avanço de tropas russas na região.
mundo
Após liberar petróleo, Obama viaja ao Alasca para falar de mudança climáticaO presidente Barack Obama começou, nesta segunda-feira (31), viagem de três dias ao Alasca, em meio ao acirramento de tensões causadas pela aceleração de mudanças climáticas, aumento da pobreza e insatisfação popular. Ao eleger o Estado no extremo norte do país como símbolo da necessidade de combate ao aquecimento global, Obama, contudo, incorre em contradição, na visão de ambientalistas. Há 15 dias, o democrata voltou atrás no veto à exploração de petróleo no Ártico, numa decisão criticada por oferecer riscos a espécies como ursos polares já afetadas pelas mudanças no ecossistema local. O presidente foi recebido sob protestos de ativistas vestidos de ursos polares e com cartazes contra a multinacional Shell, que reouve o direito de exploração de poços no Ártico. Obama não comentou a questão ao abrir uma cúpula sobre o Ártico em Anchorage. Ele defendeu que líderes mundiais tomem medidas concretas. "Não basta apenas fazer conferências", criticou. Mas sua postura gerou novos protestos. Em outras ocasiões, Obama disse que a exploração de petróleo se justifica pela importância da energia gerada pela queima de combustíveis fósseis. Mas, ao mesmo tempo, a liberação tem uma função política, porque tende a amenizar o descontentamento da população local. O petróleo é a principal fonte de empregos e receitas no Estado. Em um vídeo divulgado às véspera das da visita presidencial, uma corporação de investidores nativos criticou as "políticas de Washington", que, "infelizmente, ameaçam a nossa sobrevivência e a nossa economia". "Muitas pessoas de fora tentam falar por nós, mas não sabem quão vital é o desenvolvimento energético para o Alasca", afirma o grupo. Todavia, a flexibilização da atividade não será, exclusivamente, a solução para o desaquecimento econômico do Estado, diante de quedas consecutivas nos preços do petróleo no mundo. As ameaças climáticas continuam a ser, contudo, o foco das atenções internacionais. A três meses da Conferência Global do Clima da ONU, ministros de dez países, inclusive dos Estados Unidos, fora o da União Europeia, reunidos em uma cúpula no Alasca, fizeram comunicado conjunto, nesta segunda, para alertar sobre a "urgência" de se agir para mitigar o aquecimento no Ártico. As temperaturas na região vêm aumentando duas vezes mais rápido que no resto do mundo, afirmam. O derretimento de geleiras acelera o aquecimento global e eleva o nível do mar em diversas partes, o que põe em risco comunidades costeiras ao redor do mundo. Outro ponto de divergência entre interesses econômicos e ambientais é o da pesca, atividade tradicional afetada por mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, submetida a controles rígidos. As restrições econômicas têm, ainda, feito com que o Estado reduza o número de postos militares no Ártico, gerando especulação sobre o avanço de tropas russas na região.
3
Conservadorismo fiscal e progresso social
Uma agenda que seja fiscalmente conservadora pode ajudar a reduzir a desigualdade de renda no Brasil. O conservadorismo garantiria que o financiamento do Estado não fosse inflacionário e permitiria menores juros sobre a dívida pública. A inflação prejudica a todos, mas sobretudo aos mais pobres, por reduzir seu poder de compra. Menores juros sustentáveis estimulam o crescimento econômico e a geração de empregos. Como instrumento de política, o conservadorismo fiscal preserva a capacidade de o Estado focalizar os seus gastos entre os que mais precisam e, portanto, servir a uma agenda socialmente progressista que promova a redução da desigualdade de oportunidades. No ranking de desigualdade de renda do Banco Mundial, estamos na 13ª posição entre 154 países. No ranking de desigualdade de oportunidades econômicas, entre 41 nações, ocupamos o segundo lugar. A forma mais efetiva de reverter tal problema é garantir acesso universal à educação básica de qualidade, objetivo ainda distante, como atestam nossas sucessivas posições na parte inferior dos rankings internacionais. A baixa qualidade dos serviços públicos se repete como padrão, refletindo-se na provisão da saúde e transporte. Entretanto, a qualidade dos serviços ofertados pelo Estado não decorre da falta de recursos, pois o gasto público corresponde a mais de 40% do PIB, sendo que três quartos são com políticas sociais -aí incluída a Previdência. O problema central não é o quanto se gasta, mas como e com quem se gasta. Grande parte do montante é destinado à Previdência, que redistribui renda para os 20% mais ricos. Quando se analisa a incidência do tipo de despesa, percebe-se que os benefícios previdenciários são a principal forma de o gasto público afetar a distribuição de renda. O efeito, porém, acaba por torná-la ainda mais desigual. Segundo o Banco Mundial, enquanto os 20% mais pobres se apropriam de 4%, os 20% mais ricos recebem 35% de todos os benefícios líquidos da Previdência. Não por acaso, em torno de 2% dos aposentados no Brasil são considerados pobres, enquanto para o resto da população essa proporção gira em torno de 10%. Em compensação, os que ganham menos são os principais beneficiários dos gastos públicos com educação. De acordo com o IBGE, de todas as matrículas na rede pública do ensino fundamental, em torno de 40% são de crianças em famílias no grupo das 20% mais pobres do país, enquanto só 4% são das 20% mais ricas. Dada a mudança demográfica recente, as despesas previdenciárias crescem mais do que a arrecadação. Uma proposta de reforma que não apenas fosse fiscalmente responsável, mas que tornasse o sistema mais igualitário -equalizando, por exemplo, o tratamento dispensado a servidores públicos de qualquer categoria ao concedido aos trabalhadores do setor privado-, teria capacidade de reduzir a desigualdade de renda no Brasil. A proposta atual não é ideal nesse sentido, pois preserva regimes especiais para algumas categorias. Mas vai na direção de reduzir diferenças no tratamento e é fiscalmente mais conservadora do que o sistema previdenciário atual, dando alguma sobrevida fiscal, ainda que curta, para que se possa tentar redirecionar o gasto público para a redução da desigualdade de oportunidades. SERGIO FIRPO, doutor em economia pela Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), é professor de econometria e de avaliação de políticas públicas do Insper PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
opiniao
Conservadorismo fiscal e progresso socialUma agenda que seja fiscalmente conservadora pode ajudar a reduzir a desigualdade de renda no Brasil. O conservadorismo garantiria que o financiamento do Estado não fosse inflacionário e permitiria menores juros sobre a dívida pública. A inflação prejudica a todos, mas sobretudo aos mais pobres, por reduzir seu poder de compra. Menores juros sustentáveis estimulam o crescimento econômico e a geração de empregos. Como instrumento de política, o conservadorismo fiscal preserva a capacidade de o Estado focalizar os seus gastos entre os que mais precisam e, portanto, servir a uma agenda socialmente progressista que promova a redução da desigualdade de oportunidades. No ranking de desigualdade de renda do Banco Mundial, estamos na 13ª posição entre 154 países. No ranking de desigualdade de oportunidades econômicas, entre 41 nações, ocupamos o segundo lugar. A forma mais efetiva de reverter tal problema é garantir acesso universal à educação básica de qualidade, objetivo ainda distante, como atestam nossas sucessivas posições na parte inferior dos rankings internacionais. A baixa qualidade dos serviços públicos se repete como padrão, refletindo-se na provisão da saúde e transporte. Entretanto, a qualidade dos serviços ofertados pelo Estado não decorre da falta de recursos, pois o gasto público corresponde a mais de 40% do PIB, sendo que três quartos são com políticas sociais -aí incluída a Previdência. O problema central não é o quanto se gasta, mas como e com quem se gasta. Grande parte do montante é destinado à Previdência, que redistribui renda para os 20% mais ricos. Quando se analisa a incidência do tipo de despesa, percebe-se que os benefícios previdenciários são a principal forma de o gasto público afetar a distribuição de renda. O efeito, porém, acaba por torná-la ainda mais desigual. Segundo o Banco Mundial, enquanto os 20% mais pobres se apropriam de 4%, os 20% mais ricos recebem 35% de todos os benefícios líquidos da Previdência. Não por acaso, em torno de 2% dos aposentados no Brasil são considerados pobres, enquanto para o resto da população essa proporção gira em torno de 10%. Em compensação, os que ganham menos são os principais beneficiários dos gastos públicos com educação. De acordo com o IBGE, de todas as matrículas na rede pública do ensino fundamental, em torno de 40% são de crianças em famílias no grupo das 20% mais pobres do país, enquanto só 4% são das 20% mais ricas. Dada a mudança demográfica recente, as despesas previdenciárias crescem mais do que a arrecadação. Uma proposta de reforma que não apenas fosse fiscalmente responsável, mas que tornasse o sistema mais igualitário -equalizando, por exemplo, o tratamento dispensado a servidores públicos de qualquer categoria ao concedido aos trabalhadores do setor privado-, teria capacidade de reduzir a desigualdade de renda no Brasil. A proposta atual não é ideal nesse sentido, pois preserva regimes especiais para algumas categorias. Mas vai na direção de reduzir diferenças no tratamento e é fiscalmente mais conservadora do que o sistema previdenciário atual, dando alguma sobrevida fiscal, ainda que curta, para que se possa tentar redirecionar o gasto público para a redução da desigualdade de oportunidades. SERGIO FIRPO, doutor em economia pela Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), é professor de econometria e de avaliação de políticas públicas do Insper PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
14
Intervenção em 'Masha' revela-se grande fiasco
Masha é uma garotinha de três anos com energia de sobra para causar todo tipo de confusão. A carinha de anjo serve só como disfarce, porque ela gosta é de causar. Suas estripulias, transmitidas em mais de cem países, já viraram febre na internet e na televisão, especialmente entre crianças menores. Para se ter uma ideia, o canal oficial em português da série no YouTube tem cerca de 550 milhões de visualizações mensais. Tanto sucesso encurtou o caminho de "Masha e o Urso" rumo aos cinemas no Brasil. A animação de origem russa foi parar nas telonas por meio de uma parceria entre a Paris Filmes, o SBT e a D21. O longa reúne episódios inéditos do desenho animado, que trazem as aventuras da menininha ao lado de seu melhor amigo, o urso, e de outros bichos da floresta. Até aí, nenhuma grande novidade. Poucos diálogos, muita ação e música, algumas boas tiradas, visual bastante sedutor e um conjunto capaz de agradar aos pequenos de, no máximo, quatro anos. Mas o filme oferece um diferencial, uma "ação inédita no cinema brasileiro": a cada duas ou três historinhas, a onipresente Maisa Silva e a nada carismática Silvia Abravanel interagem com o público em um cenário aleatório. A proposta revela-se um fiasco. Frases como "agora vamos ver se todos prestaram atenção?" e "muito bem galerinha!" chegam perto de provocar vergonha alheia e transformam a experiência numa espécie de overdose do "Bom Dia & Cia" –o programa matinal de desenhos do SBT. Com esse "plus" totalmente desnecessário, não vale a pena pagar ingresso para ver "Masha e o Urso" nas salas de exibição. Apesar de a animação ser bonitinha e ter um conteúdo interessante, haja paciência para aguentar 72 minutos das travessuras da garotinha na tela. Um exagero. Quando a maratona parece acabar, Maísa surge do além e diz: "Vamos assistir mais?". Não, ainda não acabou. Mesmo para crianças, a linha de chegada ficou longa demais. MASHA E O URSO DIREÇÃO Oleg Kuzovkov PRODUÇÃO Rússia/Brasil, 2016, livre QUANDO estreia nesta quinta (8) AVALIAÇÃO ruim
ilustrada
Intervenção em 'Masha' revela-se grande fiascoMasha é uma garotinha de três anos com energia de sobra para causar todo tipo de confusão. A carinha de anjo serve só como disfarce, porque ela gosta é de causar. Suas estripulias, transmitidas em mais de cem países, já viraram febre na internet e na televisão, especialmente entre crianças menores. Para se ter uma ideia, o canal oficial em português da série no YouTube tem cerca de 550 milhões de visualizações mensais. Tanto sucesso encurtou o caminho de "Masha e o Urso" rumo aos cinemas no Brasil. A animação de origem russa foi parar nas telonas por meio de uma parceria entre a Paris Filmes, o SBT e a D21. O longa reúne episódios inéditos do desenho animado, que trazem as aventuras da menininha ao lado de seu melhor amigo, o urso, e de outros bichos da floresta. Até aí, nenhuma grande novidade. Poucos diálogos, muita ação e música, algumas boas tiradas, visual bastante sedutor e um conjunto capaz de agradar aos pequenos de, no máximo, quatro anos. Mas o filme oferece um diferencial, uma "ação inédita no cinema brasileiro": a cada duas ou três historinhas, a onipresente Maisa Silva e a nada carismática Silvia Abravanel interagem com o público em um cenário aleatório. A proposta revela-se um fiasco. Frases como "agora vamos ver se todos prestaram atenção?" e "muito bem galerinha!" chegam perto de provocar vergonha alheia e transformam a experiência numa espécie de overdose do "Bom Dia & Cia" –o programa matinal de desenhos do SBT. Com esse "plus" totalmente desnecessário, não vale a pena pagar ingresso para ver "Masha e o Urso" nas salas de exibição. Apesar de a animação ser bonitinha e ter um conteúdo interessante, haja paciência para aguentar 72 minutos das travessuras da garotinha na tela. Um exagero. Quando a maratona parece acabar, Maísa surge do além e diz: "Vamos assistir mais?". Não, ainda não acabou. Mesmo para crianças, a linha de chegada ficou longa demais. MASHA E O URSO DIREÇÃO Oleg Kuzovkov PRODUÇÃO Rússia/Brasil, 2016, livre QUANDO estreia nesta quinta (8) AVALIAÇÃO ruim
1
Não há atalhos para o crescimento
O Brasil está vivendo uma crise fiscal. Suas causas são amplamente conhecidas. Primeiro, há um forte crescimento estrutural das despesas públicas associadas com benefícios sociais e previdenciários, constitucional e legalmente estabelecidos, em contexto de dramática mudança demográfica. Segundo, parte dos problemas atuais está associada ao uso de políticas fiscais anticíclicas, adotadas após a crise de 2008, com momentos de austeridade fiscal, como em 2011 e começo de 2012. De um lado, logrou-se proteger o mercado doméstico das adversidades advindas das economias mundiais. E, de outro lado, deixou uma conta para este e os próximos anos, na forma de créditos subsidiados e de ampliação de programas sociais. O crescimento econômico salvaria o país, permitindo honrar tais compromissos, mas ele não veio. As políticas anticíclicas entraram em exaustão. A recessão econômica atual tem elevada probabilidade de durar pelo menos 12 trimestres (2014-2017). Suas causas são predominantemente domésticas. O ajuste fiscal, iniciado em final de 2014, não é sua principal causa. Há antes o esgotamento do crescimento baseado no consumo, no crédito e nas commodities; o episódio da Operação Lava Jato; a fragilidade da sustentação política do governo, entre outros. Por fim, as dificuldades fiscais correntes são também resultado da falta de convicção do segundo governo Dilma quanto à importância de se promover um forte programa de consolidação fiscal. Não há outro caminho. Ainda há tempo para salvarmos 2017. É preciso sinalizar, com urgência, que a dívida bruta vai cair em relação ao PIB, em horizonte de médio prazo. Não há atalhos para a recuperação da confiança e do crescimento enquanto as finanças públicas continuarem descontroladas. E, acredite, controle de gastos traz popularidade. As medidas são amplamente conhecidas. Primeiro, caso se acredite que os gastos já foram cortados o bastante, corte mais. Não vejo o menor sentido em promover reajuste de salários dos servidores públicos federais em 2016, quiçá 2017. Muito menos em correções do salário mínimo a 10% ao ano. Segundo, cabe um criterioso recadastramento dos beneficiários da aposentadoria rural e de outros programas, como o seguro-defeso e o auxílio doença, bem como a suspensão do programa de abono salarial. Terceiro, deve-se decretar o fim de benefícios tributários para diversos instrumentos financeiros; a instituição de tributação federal sobre herança; e nova alíquota de imposto de renda de 35% para pessoa física. Ao mesmo tempo, é imperativo acenar para o futuro, apontando que logo à frente o país terá condições melhores para se investir. Isso exige a aprovação imediata da reforma do ICMS; a apresentação à sociedade da proposta de reforma do PIS e Cofins, em todos os seus detalhes, evitando frustrações; e, claro, é igualmente imperativo o encaminhamento de uma reforma da Previdência, com o princípio da idade mínima igual para homens e mulheres, rural e urbana, e crescente conforme dinâmica demográfica. Finalmente, ensaios protecionistas da indústria nacional se mostraram desalinhados com a tendência mundial de integração de cadeias produtivas, com grande peso do conhecimento e das inovações tecnológicas. O país clama por uma ampla e relevante redução das tarifas de importações para bens industriais duráveis, bens intermediários e de capital, sem distinção. Eventual flexibilização da política monetária, de modo sustentável, é consequência, e não causa, dessas convicções. E deve ocorrer no compasso do processo de ancoragem das expectativas inflacionárias rumo ao centro da meta de inflação. Não se deve brincar com o futuro da economia brasileira com jogos imediatistas e surreais de disputa de poder. É preciso responsabilidade dos três Poderes e de seus líderes políticos. Somos todos igualmente responsáveis pela solução da crise fiscal atual. MÁRCIO HOLLAND, 50, economista, é professor da Escola de Economia da FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2011-2014) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Não há atalhos para o crescimentoO Brasil está vivendo uma crise fiscal. Suas causas são amplamente conhecidas. Primeiro, há um forte crescimento estrutural das despesas públicas associadas com benefícios sociais e previdenciários, constitucional e legalmente estabelecidos, em contexto de dramática mudança demográfica. Segundo, parte dos problemas atuais está associada ao uso de políticas fiscais anticíclicas, adotadas após a crise de 2008, com momentos de austeridade fiscal, como em 2011 e começo de 2012. De um lado, logrou-se proteger o mercado doméstico das adversidades advindas das economias mundiais. E, de outro lado, deixou uma conta para este e os próximos anos, na forma de créditos subsidiados e de ampliação de programas sociais. O crescimento econômico salvaria o país, permitindo honrar tais compromissos, mas ele não veio. As políticas anticíclicas entraram em exaustão. A recessão econômica atual tem elevada probabilidade de durar pelo menos 12 trimestres (2014-2017). Suas causas são predominantemente domésticas. O ajuste fiscal, iniciado em final de 2014, não é sua principal causa. Há antes o esgotamento do crescimento baseado no consumo, no crédito e nas commodities; o episódio da Operação Lava Jato; a fragilidade da sustentação política do governo, entre outros. Por fim, as dificuldades fiscais correntes são também resultado da falta de convicção do segundo governo Dilma quanto à importância de se promover um forte programa de consolidação fiscal. Não há outro caminho. Ainda há tempo para salvarmos 2017. É preciso sinalizar, com urgência, que a dívida bruta vai cair em relação ao PIB, em horizonte de médio prazo. Não há atalhos para a recuperação da confiança e do crescimento enquanto as finanças públicas continuarem descontroladas. E, acredite, controle de gastos traz popularidade. As medidas são amplamente conhecidas. Primeiro, caso se acredite que os gastos já foram cortados o bastante, corte mais. Não vejo o menor sentido em promover reajuste de salários dos servidores públicos federais em 2016, quiçá 2017. Muito menos em correções do salário mínimo a 10% ao ano. Segundo, cabe um criterioso recadastramento dos beneficiários da aposentadoria rural e de outros programas, como o seguro-defeso e o auxílio doença, bem como a suspensão do programa de abono salarial. Terceiro, deve-se decretar o fim de benefícios tributários para diversos instrumentos financeiros; a instituição de tributação federal sobre herança; e nova alíquota de imposto de renda de 35% para pessoa física. Ao mesmo tempo, é imperativo acenar para o futuro, apontando que logo à frente o país terá condições melhores para se investir. Isso exige a aprovação imediata da reforma do ICMS; a apresentação à sociedade da proposta de reforma do PIS e Cofins, em todos os seus detalhes, evitando frustrações; e, claro, é igualmente imperativo o encaminhamento de uma reforma da Previdência, com o princípio da idade mínima igual para homens e mulheres, rural e urbana, e crescente conforme dinâmica demográfica. Finalmente, ensaios protecionistas da indústria nacional se mostraram desalinhados com a tendência mundial de integração de cadeias produtivas, com grande peso do conhecimento e das inovações tecnológicas. O país clama por uma ampla e relevante redução das tarifas de importações para bens industriais duráveis, bens intermediários e de capital, sem distinção. Eventual flexibilização da política monetária, de modo sustentável, é consequência, e não causa, dessas convicções. E deve ocorrer no compasso do processo de ancoragem das expectativas inflacionárias rumo ao centro da meta de inflação. Não se deve brincar com o futuro da economia brasileira com jogos imediatistas e surreais de disputa de poder. É preciso responsabilidade dos três Poderes e de seus líderes políticos. Somos todos igualmente responsáveis pela solução da crise fiscal atual. MÁRCIO HOLLAND, 50, economista, é professor da Escola de Economia da FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2011-2014) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
14
Manifestação prejudica trânsito na chegada ao aeroporto de Cumbica
Uma manifestação que começou às 5h45 prejudica o trânsito na manhã desta quarta-feira (31) na chegada ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo). Segundo a PRE (Polícia Rodoviária Estadual), um grupo contra o impeachment ateou fogo em pneus próximo ao km 3 da rodovia Hélio Smidt (SP-19), no sentido Guarulhos. Por volta das 6h, uma faixa da via já tinha sido liberada. Para fugir do trânsito, a opção para o motorista é seguir pela rodovia Presidente Dutra, no sentido São Paulo. No km 212 da via, ele deve pegar a avenida Paulo Faccini e, depois, a avenida Monteiro Lobato para acessar o aeroporto.
cotidiano
Manifestação prejudica trânsito na chegada ao aeroporto de CumbicaUma manifestação que começou às 5h45 prejudica o trânsito na manhã desta quarta-feira (31) na chegada ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo). Segundo a PRE (Polícia Rodoviária Estadual), um grupo contra o impeachment ateou fogo em pneus próximo ao km 3 da rodovia Hélio Smidt (SP-19), no sentido Guarulhos. Por volta das 6h, uma faixa da via já tinha sido liberada. Para fugir do trânsito, a opção para o motorista é seguir pela rodovia Presidente Dutra, no sentido São Paulo. No km 212 da via, ele deve pegar a avenida Paulo Faccini e, depois, a avenida Monteiro Lobato para acessar o aeroporto.
6
Selfies e ostentação de policiais dividem agentes e especialistas
Um policial segura o celular em uma mão enquanto exibe os músculos e aponta o revólver com a outra. Sua selfie em um perfil do Instagram se mistura a discursos motivacionais e imagens de violência contra pessoas detidas. As selfies, com fardas e armas, são enviadas por policiais, com suas próprias frases de efeito, a páginas como "Polícia Brasileira". "Protegendo a sociedade mesmo que isso custe a própria vida", diz a legenda de foto de integrantes do Grupo Tático Operacional da PM-DF. Para o tenente Danillo Ferreira, gestor de mídias sociais da PM da Bahia e criador do blog Abordagem Policial, a presença nas redes sociais pode ser benéfica. "Ajuda a reverter a vergonha de ser policial. Os profissionais brasileiros têm o orgulho afetado", afirma. A exposição, porém, pode ser considerada uma infração administrativa, a depender do regimento interno de cada corporação. Especialistas e profissionais têm opiniões divergentes sobre o tema. A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do centro de estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, vê como perigosa a restrição ao uso de mídias por policiais, o que ela chama de "polícia ostentação". Ela coordenou um estudo de 2009 sobre blogs de policiais que conclui, por exemplo, que há repressão às redes dentro das corporações. A pesquisa afirma que as páginas podem "mudar a tradição institucional, os preconceitos, a visão da sociedade sobre as polícias e influir nos rumos da segurança pública". Por isso, Ramos diz achar que "a última providência seria proibir" imagens ostensivas. "A resposta deve ser na base da responsabilização." O coronel reformado José Vicente da Silva Filho diz que policiais não podem se expor, para sua própria segurança. "Precisam ter uma postura austera em relação à exposição. E a arma só pode ser empunhada quando for usada." Polícia ostentação A PM do Rio restringiu, na semana passada, o uso de smartphones -agora os aparelhos poderão ser usados "apenas em circunstâncias relativas ao serviço policial". "Para a população ficar tranquila, alguém precisa ficar atento", diz o Coronel Robson Rodrigues, Chefe do Estado Maior Geral da PMERJ. Mas as redes, observa ele, podem ser benéficas quando bem utilizadas. "Estimulamos páginas oficiais porque vão ao encontro da política de proximidade com a comunidade. Condenamos o que é inadequado, criminoso." Algumas corporações têm sua própria página oficial, como a PM da Bahia. "É um canal de ouvidoria, de marketing institucional e de comunicação com a comunidade, que fica sabendo das ações que a polícia desenvolve", diz Danillo Ferreira. O governo de Barack Obama estimulou, nos EUA, o uso de redes sociais pela polícia. Em março, uma comissão de especialistas apresentou relatório recomendando mudanças. "Implementar novas tecnologias pode dar às polícias a oportunidade de interagir com comunidades", diz o documento, ressaltando a necessidade de profissionalismo e transparência.
cotidiano
Selfies e ostentação de policiais dividem agentes e especialistasUm policial segura o celular em uma mão enquanto exibe os músculos e aponta o revólver com a outra. Sua selfie em um perfil do Instagram se mistura a discursos motivacionais e imagens de violência contra pessoas detidas. As selfies, com fardas e armas, são enviadas por policiais, com suas próprias frases de efeito, a páginas como "Polícia Brasileira". "Protegendo a sociedade mesmo que isso custe a própria vida", diz a legenda de foto de integrantes do Grupo Tático Operacional da PM-DF. Para o tenente Danillo Ferreira, gestor de mídias sociais da PM da Bahia e criador do blog Abordagem Policial, a presença nas redes sociais pode ser benéfica. "Ajuda a reverter a vergonha de ser policial. Os profissionais brasileiros têm o orgulho afetado", afirma. A exposição, porém, pode ser considerada uma infração administrativa, a depender do regimento interno de cada corporação. Especialistas e profissionais têm opiniões divergentes sobre o tema. A cientista social Silvia Ramos, coordenadora do centro de estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, vê como perigosa a restrição ao uso de mídias por policiais, o que ela chama de "polícia ostentação". Ela coordenou um estudo de 2009 sobre blogs de policiais que conclui, por exemplo, que há repressão às redes dentro das corporações. A pesquisa afirma que as páginas podem "mudar a tradição institucional, os preconceitos, a visão da sociedade sobre as polícias e influir nos rumos da segurança pública". Por isso, Ramos diz achar que "a última providência seria proibir" imagens ostensivas. "A resposta deve ser na base da responsabilização." O coronel reformado José Vicente da Silva Filho diz que policiais não podem se expor, para sua própria segurança. "Precisam ter uma postura austera em relação à exposição. E a arma só pode ser empunhada quando for usada." Polícia ostentação A PM do Rio restringiu, na semana passada, o uso de smartphones -agora os aparelhos poderão ser usados "apenas em circunstâncias relativas ao serviço policial". "Para a população ficar tranquila, alguém precisa ficar atento", diz o Coronel Robson Rodrigues, Chefe do Estado Maior Geral da PMERJ. Mas as redes, observa ele, podem ser benéficas quando bem utilizadas. "Estimulamos páginas oficiais porque vão ao encontro da política de proximidade com a comunidade. Condenamos o que é inadequado, criminoso." Algumas corporações têm sua própria página oficial, como a PM da Bahia. "É um canal de ouvidoria, de marketing institucional e de comunicação com a comunidade, que fica sabendo das ações que a polícia desenvolve", diz Danillo Ferreira. O governo de Barack Obama estimulou, nos EUA, o uso de redes sociais pela polícia. Em março, uma comissão de especialistas apresentou relatório recomendando mudanças. "Implementar novas tecnologias pode dar às polícias a oportunidade de interagir com comunidades", diz o documento, ressaltando a necessidade de profissionalismo e transparência.
6
Saco sem fundo
A intervenção decretada no Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, é triste evidência de que prosseguem os descalabros na gestão das entidades de previdência complementar patrocinadas por empresas estatais. Regras internas que deveriam zelar pela prudência nas decisões de investimento falharam ou foram ignoradas. Os órgãos de controle, por sua vez, agem quando o desastre está consumado. Em abril, o Tribunal de Contas da União já determinara a indisponibilidade de bens de ex-gestores do Postalis, por negligência e conduta em desacordo com o regulamento do fundo, que teriam causado prejuízo de R$ 1 bilhão. Depois, em agosto, o conselho deliberativo da instituição rejeitou as contas do plano de benefício definido (que garante um valor fixo de aposentadoria) em 2016. Ao longo de quase uma década, a entidade fez investimentos, na hipótese mais benigna, temerários —casos de papéis da Venezuela e da Argentina, além de maus negócios também em moeda brasileira. Ainda que seja o mais notório, o caso do Postalis não é isolado. O Ministério Público Federal estima que as perdas resultantes de operações fraudulentas ou politicamente dirigidas em fundos ligados a estatais —incluindo Funcef (CEF), Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil), entre outros— cheguem a R$ 8 bilhões. No fundo dos funcionários da Petrobras, o montante adicional a ser coletado para cobrir o deficit chega a astronômicos R$ 27,7 bilhões, dividido igualmente entre a empresa e os participantes (ativos e aposentados) ao longo de anos. Nem sempre os problemas decorrem apenas de más decisões ou corrupção. Fatores como expectativa de vida dos participantes e a conjuntura econômica influem nos resultados. Qualquer que seja a razão, todas as entidades, em maior ou menor grau, estão em meio a processos de saneamento. Deixar o padrão de ingerência política e rombos não depende apenas de regras duras, que em grande medida já existem no papel. A gestão só será realmente profissional quando os próprios servidores das empresas assumirem um papel mais ativo no controle do que, afinal, é seu próprio dinheiro. [email protected]
opiniao
Saco sem fundoA intervenção decretada no Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, é triste evidência de que prosseguem os descalabros na gestão das entidades de previdência complementar patrocinadas por empresas estatais. Regras internas que deveriam zelar pela prudência nas decisões de investimento falharam ou foram ignoradas. Os órgãos de controle, por sua vez, agem quando o desastre está consumado. Em abril, o Tribunal de Contas da União já determinara a indisponibilidade de bens de ex-gestores do Postalis, por negligência e conduta em desacordo com o regulamento do fundo, que teriam causado prejuízo de R$ 1 bilhão. Depois, em agosto, o conselho deliberativo da instituição rejeitou as contas do plano de benefício definido (que garante um valor fixo de aposentadoria) em 2016. Ao longo de quase uma década, a entidade fez investimentos, na hipótese mais benigna, temerários —casos de papéis da Venezuela e da Argentina, além de maus negócios também em moeda brasileira. Ainda que seja o mais notório, o caso do Postalis não é isolado. O Ministério Público Federal estima que as perdas resultantes de operações fraudulentas ou politicamente dirigidas em fundos ligados a estatais —incluindo Funcef (CEF), Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil), entre outros— cheguem a R$ 8 bilhões. No fundo dos funcionários da Petrobras, o montante adicional a ser coletado para cobrir o deficit chega a astronômicos R$ 27,7 bilhões, dividido igualmente entre a empresa e os participantes (ativos e aposentados) ao longo de anos. Nem sempre os problemas decorrem apenas de más decisões ou corrupção. Fatores como expectativa de vida dos participantes e a conjuntura econômica influem nos resultados. Qualquer que seja a razão, todas as entidades, em maior ou menor grau, estão em meio a processos de saneamento. Deixar o padrão de ingerência política e rombos não depende apenas de regras duras, que em grande medida já existem no papel. A gestão só será realmente profissional quando os próprios servidores das empresas assumirem um papel mais ativo no controle do que, afinal, é seu próprio dinheiro. [email protected]
14
O sucesso das concessões de aeroportos
A Infraero foi detentora da exclusividade da operação dos aeroportos situados em capitais brasileiras até 2012. Durante 40 anos, a empresa produziu conhecimento, eficiência e experiência. A decisão da presidenta Dilma Rousseff de buscar a parceria do setor privado, para acelerar os necessários investimentos em nossa infraestrutura, fez com que tal fim chegasse também aos grandes aeroportos. A primeira experiência de parceria, aqui para a construção e a operação aeroportuária, foi materializada com a concessão do novo aeroporto de Natal, denominado Aloísio Alves, localizado em São Gonçalo do Amarante, em 2011. Em 2012 foram concedidos os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas (Viracopos), que estão com suas obras, compromissadas para a primeira etapa, concluídas ou muito próximas da conclusão. Em 2014 a parceria com operadores privados chegou aos aeroportos de Confins, em Belo Horizonte, e do Galeão, no Rio de Janeiro. Nestes, as obras estão no estágio inicial. É importante registrar que nos seis aeroportos já concedidos, para elevá-los e mantê-los em alto nível no atendimento da demanda, serão investidos R$ 27 bilhões durante o prazo da concessão. Depois desse prazo, os aeroportos voltarão à posse da Infraero, sua proprietária, ou serão objeto de novo processo de concessão. Até o final de 2014 já havia sido investido, nestes aeroportos, o montante de R$ 6,85 bilhões. Vejamos alguns indicadores do sucesso do programa, concebido e implantado no primeiro governo da presidenta Dilma: o primeiro e mais importante registro é o de que 81,4% dos passageiros, que embarcam ou desembarcam nos 15 principais aeroportos brasileiros, dizem que a operação aeroportuária em tais aeroportos é boa ou ótima. Mais de 150 mil usuários foram ouvidos em pesquisa contratada pela secretaria. Fruto da parceria com os empreendedores privados, já foram investidos R$ 6,85 bilhões em três anos na infraestrutura de aeroportos públicos que foram concedidos. Outro testemunho desse grande sucesso é que nos leilões para a concessão da operação de cinco dos aludidos aeroportos, o valor da outorga, somando os lances vencedores em cada certame, já garantiu ao Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) o montante de R$ 45 bilhões. O sucesso das concessões é comprovado também na alta satisfação dos passageiros, no expressivo valor dos investimentos privados em aeroportos públicos e na captação para o FNAC de majestosa soma que assegura os investimentos da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. Esta continua avançando no aprimoramento do sistema aeroportuário do país e, em especial, na implantação da rede de 270 aeroportos regionais, que viabilizarão a integração dos brasileiros de todo país ao processo de desenvolvimento socioeconômico nacional. Um sucesso puxa o outro. No caminho de tal desiderato, o governo federal iniciou os processos de concessões de mais quatro aeroportos: Salgado Filho (Porto Alegre), Hercílio Luz (Florianópolis), Luiz Eduardo Magalhães (Salvador) e Pinto Martins (Fortaleza). Aberto o certame por qualificados atores do setor, foram feitos cem pedidos de autorização para participar dos Procedimentos para Manifestação de Interesse, para a elaboração dos estudos de viabilidade técnica e ambiental das obras e investimentos, com vistas a elevar seu nível de eficiência durante todo o prazo de concessão. Cem manifestações de interesse para quatro aeroportos é uma demanda que, sem dúvida, marca o início de mais uma etapa de grande sucesso do Programa de Investimentos em Logística do governo federal. Não há dúvida de que o Programa de Concessões Aeroportuárias do governo federal é um caso de grande sucesso. ELISEU PADILHA, 69, é ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
O sucesso das concessões de aeroportosA Infraero foi detentora da exclusividade da operação dos aeroportos situados em capitais brasileiras até 2012. Durante 40 anos, a empresa produziu conhecimento, eficiência e experiência. A decisão da presidenta Dilma Rousseff de buscar a parceria do setor privado, para acelerar os necessários investimentos em nossa infraestrutura, fez com que tal fim chegasse também aos grandes aeroportos. A primeira experiência de parceria, aqui para a construção e a operação aeroportuária, foi materializada com a concessão do novo aeroporto de Natal, denominado Aloísio Alves, localizado em São Gonçalo do Amarante, em 2011. Em 2012 foram concedidos os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas (Viracopos), que estão com suas obras, compromissadas para a primeira etapa, concluídas ou muito próximas da conclusão. Em 2014 a parceria com operadores privados chegou aos aeroportos de Confins, em Belo Horizonte, e do Galeão, no Rio de Janeiro. Nestes, as obras estão no estágio inicial. É importante registrar que nos seis aeroportos já concedidos, para elevá-los e mantê-los em alto nível no atendimento da demanda, serão investidos R$ 27 bilhões durante o prazo da concessão. Depois desse prazo, os aeroportos voltarão à posse da Infraero, sua proprietária, ou serão objeto de novo processo de concessão. Até o final de 2014 já havia sido investido, nestes aeroportos, o montante de R$ 6,85 bilhões. Vejamos alguns indicadores do sucesso do programa, concebido e implantado no primeiro governo da presidenta Dilma: o primeiro e mais importante registro é o de que 81,4% dos passageiros, que embarcam ou desembarcam nos 15 principais aeroportos brasileiros, dizem que a operação aeroportuária em tais aeroportos é boa ou ótima. Mais de 150 mil usuários foram ouvidos em pesquisa contratada pela secretaria. Fruto da parceria com os empreendedores privados, já foram investidos R$ 6,85 bilhões em três anos na infraestrutura de aeroportos públicos que foram concedidos. Outro testemunho desse grande sucesso é que nos leilões para a concessão da operação de cinco dos aludidos aeroportos, o valor da outorga, somando os lances vencedores em cada certame, já garantiu ao Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) o montante de R$ 45 bilhões. O sucesso das concessões é comprovado também na alta satisfação dos passageiros, no expressivo valor dos investimentos privados em aeroportos públicos e na captação para o FNAC de majestosa soma que assegura os investimentos da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. Esta continua avançando no aprimoramento do sistema aeroportuário do país e, em especial, na implantação da rede de 270 aeroportos regionais, que viabilizarão a integração dos brasileiros de todo país ao processo de desenvolvimento socioeconômico nacional. Um sucesso puxa o outro. No caminho de tal desiderato, o governo federal iniciou os processos de concessões de mais quatro aeroportos: Salgado Filho (Porto Alegre), Hercílio Luz (Florianópolis), Luiz Eduardo Magalhães (Salvador) e Pinto Martins (Fortaleza). Aberto o certame por qualificados atores do setor, foram feitos cem pedidos de autorização para participar dos Procedimentos para Manifestação de Interesse, para a elaboração dos estudos de viabilidade técnica e ambiental das obras e investimentos, com vistas a elevar seu nível de eficiência durante todo o prazo de concessão. Cem manifestações de interesse para quatro aeroportos é uma demanda que, sem dúvida, marca o início de mais uma etapa de grande sucesso do Programa de Investimentos em Logística do governo federal. Não há dúvida de que o Programa de Concessões Aeroportuárias do governo federal é um caso de grande sucesso. ELISEU PADILHA, 69, é ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
14
Disputa política mira casas para o consumo de maconha em Amsterdã
Amsterdã lamentou, no início deste ano, a perda de uma de suas instituições culturais: o Mellow Yellow. A venda e o consumo de maconha eram tolerados ali, como em outras dezenas de casas do gênero na cidade, chamadas "coffeeshops". Mas, com sua icônica fachada amarelada, o Mellow Yellow era o mais antigo deles, remontando a 1972. "Era como um templo", diz Akshay Ramji, 25, garçom em outro "coffeeshop". A Holanda tem apertado o cerco a essas casas: oito foram fechadas na virada do ano e, na última década, 41 delas foram obrigadas a encerrar o negócio. Ainda há 167 na ativa. Diversos "coffeeshops" foram vítimas de uma medida que proíbe a venda de maconha a menos de 250 metros de escolas —o Mellow Yellow estava a 230 metros de um curso de barbeiro. "Há uma atmosfera conservadora", diz Jonathan Foster, dono do Grey Area. Foster abriu seu "coffeeshop" 22 anos atrás. Com o fim de dezenas de outras casas, a clientela do Grey Area tem encorpado. Há dois anos, foi necessário contratar um porteiro para controlar o fluxo ininterrupto. Dois garçons dão conta da fila. Turistas se alinham, na fumaceira, e escolhem entre as variedades disponíveis no cardápio —sabores como banana e chiclete, para ficar sonado ou alerta. É possível comprar um cigarro por cerca de R$ 20. "O governo aperta os cintos a toda hora", diz Jacqueline Forsythe, mulher e sócia de Foster. "Não sabemos se eles vão apertar outra vez." Há propostas para regulamentar os "coffeeshops", que ainda operam entre leis opacas. A venda e o consumo de maconha são descritos em holandês como "gedogen", uma espécie de "vista grossa" das autoridades. A prática não é permitida pela lei, mas tampouco é punida. Por outro lado, o plantio e o fornecimento estão proibidos. É a chamada "política da porta de trás", que faz com que os donos de "coffeeshops" infrinjam as regras se quiserem manter seu estoque. O partido Democratas 66, centrista, propôs recentemente uma lei que regularizaria a situação. O texto deverá ser votado em março. POLÍTICA A Holanda terá suas eleições gerais no mesmo mês, o que poderá determinar o futuro dos "coffeeshops". A queda no número dessas casas é um dos indícios da disputa ideológica entre o governo nacional, mais conservador, e a prefeitura de Amsterdã, mais liberal. O governo decidiu, em 2012, que turistas não poderiam frequentar "coffeeshops". A medida tinha por objetivo combater o turismo de drogas no país. A prefeitura de Amsterdã, que discorda da abordagem, contestou a regra. Um acordo foi travado —a cidade poderia manter os cafés abertos a estrangeiros desde que fechasse aqueles a menos de 250 metros de escolas. "Sabemos que isso chateia quem foi afetado", diz à Folha Jasper Karman, porta-voz da prefeitura. "Tivemos que escolher. Acreditamos ter tomado a decisão certa." A prefeitura afirma que a presença dos turistas nesses estabelecimentos é do interesse da cidade. Uma pesquisa de 2012 diz que 25% dos visitantes foram a um "coffeeshop" naquele ano. "Acreditamos na política dos 'coffeeshops'. Há educação. A pessoa atrás do balcão pode explicar ao usuário o que fazer e verificar que não é menor de idade", diz. "A alternativa era um péssimo negócio para a cidade: comércio ilegal nas ruas e turistas comprando maconha de traficantes que também vendem drogas pesadas." Procurado pela reportagem, o Ministério da Segurança e Justiça não respondeu aos pedidos de entrevista ou informações. 'ABORDAGEM INFANTIL' A política de "coffeeshops", criada na Holanda nos anos 1970, visava separar a maconha de drogas mais pesadas. Especialistas lamentam, no entanto, que as regras tenham deixado o país no meio do caminho entre a proibição e a legalização. "A Holanda, que deu início a essa política liberal, tem hoje uma abordagem infantil", diz David Duclos, relações públicas da instituição de sementes e pesquisa genética Sensi Seeds. O fato de que uma loja possa vender, mas não possa plantar ou comprar para a venda, leva ao que o especialista legal Kaj Hollemans descreve como um "conto de fadas": "É como se a maconha se materializasse no 'coffeeshop' para o cliente." "É uma situação bizarra", diz Aline de Angelis, que gerencia o "coffeeshop" La Tertulia ao lado de sua mãe. Partidos conservadores se opõem à regularização. Políticos mais extremos prefeririam que a maconha fosse totalmente proibida. A questão, para Floor van Bakkum, que trabalha em centro de ajuda para dependentes, não é de esquerda ou direita, mas de pragmatismo. O governo pode vistoriar "coffeeshops", mas não o tráfico nas ruas. "Com a criminalização vem a agressividade e a violência", afirma. "Vamos usar drogas de toda maneira", diz um consumidor. "Ao menos aqui não precisamos nos esconder."
mundo
Disputa política mira casas para o consumo de maconha em AmsterdãAmsterdã lamentou, no início deste ano, a perda de uma de suas instituições culturais: o Mellow Yellow. A venda e o consumo de maconha eram tolerados ali, como em outras dezenas de casas do gênero na cidade, chamadas "coffeeshops". Mas, com sua icônica fachada amarelada, o Mellow Yellow era o mais antigo deles, remontando a 1972. "Era como um templo", diz Akshay Ramji, 25, garçom em outro "coffeeshop". A Holanda tem apertado o cerco a essas casas: oito foram fechadas na virada do ano e, na última década, 41 delas foram obrigadas a encerrar o negócio. Ainda há 167 na ativa. Diversos "coffeeshops" foram vítimas de uma medida que proíbe a venda de maconha a menos de 250 metros de escolas —o Mellow Yellow estava a 230 metros de um curso de barbeiro. "Há uma atmosfera conservadora", diz Jonathan Foster, dono do Grey Area. Foster abriu seu "coffeeshop" 22 anos atrás. Com o fim de dezenas de outras casas, a clientela do Grey Area tem encorpado. Há dois anos, foi necessário contratar um porteiro para controlar o fluxo ininterrupto. Dois garçons dão conta da fila. Turistas se alinham, na fumaceira, e escolhem entre as variedades disponíveis no cardápio —sabores como banana e chiclete, para ficar sonado ou alerta. É possível comprar um cigarro por cerca de R$ 20. "O governo aperta os cintos a toda hora", diz Jacqueline Forsythe, mulher e sócia de Foster. "Não sabemos se eles vão apertar outra vez." Há propostas para regulamentar os "coffeeshops", que ainda operam entre leis opacas. A venda e o consumo de maconha são descritos em holandês como "gedogen", uma espécie de "vista grossa" das autoridades. A prática não é permitida pela lei, mas tampouco é punida. Por outro lado, o plantio e o fornecimento estão proibidos. É a chamada "política da porta de trás", que faz com que os donos de "coffeeshops" infrinjam as regras se quiserem manter seu estoque. O partido Democratas 66, centrista, propôs recentemente uma lei que regularizaria a situação. O texto deverá ser votado em março. POLÍTICA A Holanda terá suas eleições gerais no mesmo mês, o que poderá determinar o futuro dos "coffeeshops". A queda no número dessas casas é um dos indícios da disputa ideológica entre o governo nacional, mais conservador, e a prefeitura de Amsterdã, mais liberal. O governo decidiu, em 2012, que turistas não poderiam frequentar "coffeeshops". A medida tinha por objetivo combater o turismo de drogas no país. A prefeitura de Amsterdã, que discorda da abordagem, contestou a regra. Um acordo foi travado —a cidade poderia manter os cafés abertos a estrangeiros desde que fechasse aqueles a menos de 250 metros de escolas. "Sabemos que isso chateia quem foi afetado", diz à Folha Jasper Karman, porta-voz da prefeitura. "Tivemos que escolher. Acreditamos ter tomado a decisão certa." A prefeitura afirma que a presença dos turistas nesses estabelecimentos é do interesse da cidade. Uma pesquisa de 2012 diz que 25% dos visitantes foram a um "coffeeshop" naquele ano. "Acreditamos na política dos 'coffeeshops'. Há educação. A pessoa atrás do balcão pode explicar ao usuário o que fazer e verificar que não é menor de idade", diz. "A alternativa era um péssimo negócio para a cidade: comércio ilegal nas ruas e turistas comprando maconha de traficantes que também vendem drogas pesadas." Procurado pela reportagem, o Ministério da Segurança e Justiça não respondeu aos pedidos de entrevista ou informações. 'ABORDAGEM INFANTIL' A política de "coffeeshops", criada na Holanda nos anos 1970, visava separar a maconha de drogas mais pesadas. Especialistas lamentam, no entanto, que as regras tenham deixado o país no meio do caminho entre a proibição e a legalização. "A Holanda, que deu início a essa política liberal, tem hoje uma abordagem infantil", diz David Duclos, relações públicas da instituição de sementes e pesquisa genética Sensi Seeds. O fato de que uma loja possa vender, mas não possa plantar ou comprar para a venda, leva ao que o especialista legal Kaj Hollemans descreve como um "conto de fadas": "É como se a maconha se materializasse no 'coffeeshop' para o cliente." "É uma situação bizarra", diz Aline de Angelis, que gerencia o "coffeeshop" La Tertulia ao lado de sua mãe. Partidos conservadores se opõem à regularização. Políticos mais extremos prefeririam que a maconha fosse totalmente proibida. A questão, para Floor van Bakkum, que trabalha em centro de ajuda para dependentes, não é de esquerda ou direita, mas de pragmatismo. O governo pode vistoriar "coffeeshops", mas não o tráfico nas ruas. "Com a criminalização vem a agressividade e a violência", afirma. "Vamos usar drogas de toda maneira", diz um consumidor. "Ao menos aqui não precisamos nos esconder."
3
Quem é gênio, afinal?
DANI: quem merece ser chamado de gênio, pra vocês? EDU: ué, alguém que faz a diferença na área dele. DANI: e ele não pode ser muito bom? Ótimo? Brilhante? EDU: Pode, mas... DANI: a questão é essa. Não tão usando "gênio" muito à vontade, não? VINICIUS: acho que gênio é aquele que tá num nível muito acima da média e muda o meio onde atua. DANI: um exemplo. VINICIUS: Chico Buarque. BARBARA: Caetano Veloso. Todos concordam. DANI: mas ele tem que pensar fora da caixinha? TODOS: sim; não; às vezes. BARBARA: não necessariamente. Steve Jobs era gênio fora da caixinha. Bill Gates era gênio dentro da caixinha. LEO: gênia! DANI: vamos parar de usar assim, gente! VINICIUS: E ainda tem o fator tempo. Tem casos em que o gênio só é percebido depois. LEO: Van Gogh. BARBARA: Mozart. LEO: Outra coisa que eu acho é que o gênio tem que ter uma obra. VINICIUS: Isso aí. Se não ele pode apenas ter tido um lampejo genial. Um exemplo: uma vez vi um cabeça de área bem ruinzinho do Flamengo fazer um gol igual ao Messi. Só que o Messi faz todo jogo. Isso é gênio. ALEXANDRE: O Tostão diz que o bom jogador vê e o gênio antevê. DANI: quem é Tostão? LEO: um gênio. DANI: aí, vocês usam toda hora. EDU: tô confuso. Então tem que ter uma obra, depende do tempo em que é notado, pode pensar dentro ou fora da caixinha, mudar o meio onde atua... LEO: Mas o Chico Buarque mudou a música brasileira? VINICIUS: não, mas o Chico não precisa de regrinha, Chico é gênio! DANI: Ai, caramba... ALEXANDRE: que tal a gente olhar no Aurélio? Todos acham boa ideia. Consultam o dicionário. Barbara lê. BARBARA: Gênio. Artista de grande inspiração. Silêncio. EDU: só? ALEXANDRE: se tá no dicionário, então é só isso aí mesmo. DANI: Como assim? Por quê? LEO: Porque o Aurélio é gênio! DANI: Ah, pra mim chega. Garçom, a conta.
colunas
Quem é gênio, afinal?DANI: quem merece ser chamado de gênio, pra vocês? EDU: ué, alguém que faz a diferença na área dele. DANI: e ele não pode ser muito bom? Ótimo? Brilhante? EDU: Pode, mas... DANI: a questão é essa. Não tão usando "gênio" muito à vontade, não? VINICIUS: acho que gênio é aquele que tá num nível muito acima da média e muda o meio onde atua. DANI: um exemplo. VINICIUS: Chico Buarque. BARBARA: Caetano Veloso. Todos concordam. DANI: mas ele tem que pensar fora da caixinha? TODOS: sim; não; às vezes. BARBARA: não necessariamente. Steve Jobs era gênio fora da caixinha. Bill Gates era gênio dentro da caixinha. LEO: gênia! DANI: vamos parar de usar assim, gente! VINICIUS: E ainda tem o fator tempo. Tem casos em que o gênio só é percebido depois. LEO: Van Gogh. BARBARA: Mozart. LEO: Outra coisa que eu acho é que o gênio tem que ter uma obra. VINICIUS: Isso aí. Se não ele pode apenas ter tido um lampejo genial. Um exemplo: uma vez vi um cabeça de área bem ruinzinho do Flamengo fazer um gol igual ao Messi. Só que o Messi faz todo jogo. Isso é gênio. ALEXANDRE: O Tostão diz que o bom jogador vê e o gênio antevê. DANI: quem é Tostão? LEO: um gênio. DANI: aí, vocês usam toda hora. EDU: tô confuso. Então tem que ter uma obra, depende do tempo em que é notado, pode pensar dentro ou fora da caixinha, mudar o meio onde atua... LEO: Mas o Chico Buarque mudou a música brasileira? VINICIUS: não, mas o Chico não precisa de regrinha, Chico é gênio! DANI: Ai, caramba... ALEXANDRE: que tal a gente olhar no Aurélio? Todos acham boa ideia. Consultam o dicionário. Barbara lê. BARBARA: Gênio. Artista de grande inspiração. Silêncio. EDU: só? ALEXANDRE: se tá no dicionário, então é só isso aí mesmo. DANI: Como assim? Por quê? LEO: Porque o Aurélio é gênio! DANI: Ah, pra mim chega. Garçom, a conta.
10
Dodge tem que se explicar sobre encontro com Temer, diz procurador da Lava Jato
Integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse nesta segunda-feira (14) que "encontros fora da agenda não são ideais para a situação de nenhum funcionário público" Ele se referia à reunião do presidente Michel Temer com a sucessora de Rodrigo Janot na PGR (Procuradoria-Geral da República), Raquel Dodge, que não constava na agenda presidencial. Questionado a respeito do assunto em evento sobre compliance (atividades internas das empresas para evitar e detectar desvios) nesta segunda-feira (14), em São Paulo, o procurador citou a força-tarefa de Curitiba como exemplo e disse que recusou um encontro com Temer quando o peemedebista ainda era vice da ex-presidente Dilma Rousseff. "Nós mesmos [procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba], às vésperas do dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer ao Palácio do Jaburu à noite e nos recusamos, porque entendíamos que não tínhamos nada a falar com o eventual futuro presidente do Brasil naquele momento", disse Lima. Segundo ele, o Ministério Público foi contatado, à época, pelo ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures, que em junho deste ano foi preso ao ser filmado correndo com uma mala de dinheiro, após delação premiada da JBS. A gravação foi usada por Janot como prova na denúncia apresentada contra Temer por corrupção passiva. O contato de Loures com os procuradores e a rejeição foram relatados pela Folha em maio do ano passado. Dodge se reuniu com Temer no último dia 7 e, neste domingo (13), afirmou que formalizou o pedido da reunião por e-mail, na véspera da sua realização. O encontro não estava registrado na agenda do presidente, mas, segundo a secretaria de comunicação da Procuradoria, constava na de Dodge. Como ela ainda não assumiu o cargo de procuradora-geral, não tem a agenda pública. Em relação ao motivo da conversa, Dodge afirmou à Folha, que se reuniu com o presidente para discutir a data da posse no cargo. Para Carlos Fernando dos Santos Lima, "é claro" que a sucessora de Janot tem que se explicar. "Ela deu uma explicação e tem que ser cobrada pelas consequências desse ato", disse. Questionado se o encontro comprometia Dodge ou se as explicações eram satisfatórias, ele disse que a questão cabia ao corregedor do Ministério Público Federal. "Eu posso dizer por nós. Nós tivemos uma situação semelhante e nos recusamos a comparecer. Nós temos agora que avaliar uma consequência dentro da política que o Ministério Público vai ter a partir da gestão dela", afirmou Lima. "Todo funcionário público é responsável pelos atos que tem. Infelizmente não há como fugir da responsabilização perante a sociedade." Na capital paulista, o procurador fez uma palestra sobre investigações anticorrupção, em fórum organizado pela Amcham (Câmara Americana de Comércio). MORO PRESIDENTE Durante a palestra, Lima criticou o modelo de voto "distritão" aprovado em comissão da Câmara, em que os deputados mais votados são eleitos. Ele defendeu a renovação da política. Refutou, no entanto, a possibilidade de o juiz Sergio Moro ser um dos nomes dessa renovação. "Eu sempre brinco com o doutor Moro, dizendo: 'eu gosto muito de você, mas não votaria em você para presidente'", disse Lima, sob risos da plateia. "Para chegar à Presidência, [o candidato] tem que passar por todos os tipos de peneiras e funis que lhe dão capacidade para trabalhar em uma coisa tão difícil como ser presidente. Não basta ser juiz, não basta ser procurador. Mal dá para ser ministro da Justiça", afirmou. Em sua fala, Lima disse que se sente como a Pandora do mito grego, que abriu uma caixa que continha todos os males do mundo. Segundo ele, a Lava Jato expôs os problemas do Brasil e não dá para "voltar à ingenuidade anterior". Essa exposição, diz, pode ser usada para o mal ou para o bem. Além do "distritão", o procurador criticou o fundo de R$ 3,6 bilhões aprovado na comissão da reforma política da Câmara para financiar as eleições. "A resposta que estão buscando agora é dinheiro público através de um fundo. Numa democracia avançada a gente poderia até discutir isso, mas atualmente acho que é incompatível com a situação que o Brasil está", afirmou. "A outra solução seria diminuir o custo da política, mas isso não é do interesse do nosso sistema político."
poder
Dodge tem que se explicar sobre encontro com Temer, diz procurador da Lava JatoIntegrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse nesta segunda-feira (14) que "encontros fora da agenda não são ideais para a situação de nenhum funcionário público" Ele se referia à reunião do presidente Michel Temer com a sucessora de Rodrigo Janot na PGR (Procuradoria-Geral da República), Raquel Dodge, que não constava na agenda presidencial. Questionado a respeito do assunto em evento sobre compliance (atividades internas das empresas para evitar e detectar desvios) nesta segunda-feira (14), em São Paulo, o procurador citou a força-tarefa de Curitiba como exemplo e disse que recusou um encontro com Temer quando o peemedebista ainda era vice da ex-presidente Dilma Rousseff. "Nós mesmos [procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba], às vésperas do dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer ao Palácio do Jaburu à noite e nos recusamos, porque entendíamos que não tínhamos nada a falar com o eventual futuro presidente do Brasil naquele momento", disse Lima. Segundo ele, o Ministério Público foi contatado, à época, pelo ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures, que em junho deste ano foi preso ao ser filmado correndo com uma mala de dinheiro, após delação premiada da JBS. A gravação foi usada por Janot como prova na denúncia apresentada contra Temer por corrupção passiva. O contato de Loures com os procuradores e a rejeição foram relatados pela Folha em maio do ano passado. Dodge se reuniu com Temer no último dia 7 e, neste domingo (13), afirmou que formalizou o pedido da reunião por e-mail, na véspera da sua realização. O encontro não estava registrado na agenda do presidente, mas, segundo a secretaria de comunicação da Procuradoria, constava na de Dodge. Como ela ainda não assumiu o cargo de procuradora-geral, não tem a agenda pública. Em relação ao motivo da conversa, Dodge afirmou à Folha, que se reuniu com o presidente para discutir a data da posse no cargo. Para Carlos Fernando dos Santos Lima, "é claro" que a sucessora de Janot tem que se explicar. "Ela deu uma explicação e tem que ser cobrada pelas consequências desse ato", disse. Questionado se o encontro comprometia Dodge ou se as explicações eram satisfatórias, ele disse que a questão cabia ao corregedor do Ministério Público Federal. "Eu posso dizer por nós. Nós tivemos uma situação semelhante e nos recusamos a comparecer. Nós temos agora que avaliar uma consequência dentro da política que o Ministério Público vai ter a partir da gestão dela", afirmou Lima. "Todo funcionário público é responsável pelos atos que tem. Infelizmente não há como fugir da responsabilização perante a sociedade." Na capital paulista, o procurador fez uma palestra sobre investigações anticorrupção, em fórum organizado pela Amcham (Câmara Americana de Comércio). MORO PRESIDENTE Durante a palestra, Lima criticou o modelo de voto "distritão" aprovado em comissão da Câmara, em que os deputados mais votados são eleitos. Ele defendeu a renovação da política. Refutou, no entanto, a possibilidade de o juiz Sergio Moro ser um dos nomes dessa renovação. "Eu sempre brinco com o doutor Moro, dizendo: 'eu gosto muito de você, mas não votaria em você para presidente'", disse Lima, sob risos da plateia. "Para chegar à Presidência, [o candidato] tem que passar por todos os tipos de peneiras e funis que lhe dão capacidade para trabalhar em uma coisa tão difícil como ser presidente. Não basta ser juiz, não basta ser procurador. Mal dá para ser ministro da Justiça", afirmou. Em sua fala, Lima disse que se sente como a Pandora do mito grego, que abriu uma caixa que continha todos os males do mundo. Segundo ele, a Lava Jato expôs os problemas do Brasil e não dá para "voltar à ingenuidade anterior". Essa exposição, diz, pode ser usada para o mal ou para o bem. Além do "distritão", o procurador criticou o fundo de R$ 3,6 bilhões aprovado na comissão da reforma política da Câmara para financiar as eleições. "A resposta que estão buscando agora é dinheiro público através de um fundo. Numa democracia avançada a gente poderia até discutir isso, mas atualmente acho que é incompatível com a situação que o Brasil está", afirmou. "A outra solução seria diminuir o custo da política, mas isso não é do interesse do nosso sistema político."
0
'Fora quem não presta', diz Elza Soares em show lotado na Virada
Sentada como uma rainha num trono, seu enorme vestido de plástico preto se desdobrando pelos degraus montados em cima do palco, Elza Soares começou seu show nesta Virada Cultural com meia hora de atraso, abrindo com "A Mulher do Fim do Mundo", faixa-título de seu álbum mais recente. Num dos pontos altos do show, Elza cantou "A Carne", aquela dos versos "a carne mais barata do mercado é a carne negra", rodeada de dançarinos negros descamisados, que se sentavam sobre as abas de sua saia. "Não é a mais barata, a carne negra", gritava a cantora, em meio aos refrões, levando o público à loucura. "Eu quero democracia, quero direitos iguais, democracia, democracia, democracia. Fora quem não presta", ela repetia como um mantra. Depois da primeira música, Elza pediu gritos do público. "Vamos fazer barulho nesta cidade", dizia. "Barulho, barulho, barulho." Na sequência, vieram "O Canal" e "Luz Vermelha", duas das composições mais fortes e sombrias de seu mais novo disco. Uma multidão se espremia da boca do palco até o meio da avenida por alguns quarteirões. Antes do início do show, a equipe da cantora havia puxado um coro "fora, Temer" e cantado "golpistas não passarão" durante testes de microfone. Dos dois lados do cercadinho VIP, houve protestos contra o governo do presidente interino —uma enorme faixa dizendo "vaza, Temer" tremulava sobre o público mais perto do palco. Em reação a gritos contra Temer, a cantora fez um discreto "joinha" com a mão direita, sem quebrar a expressão de enfezada. Logo antes de cantar "Maria da Vila Matilde", seu hino contra a violência doméstica que começa com o já viralizado verso "cadê meu celular, eu vou ligar no 180", a cantora fez um alerta à plateia, dizendo ser esse um assunto muito sério. Depois do momento de militância política, Elza engatou a explícita "Pra Fuder", escrita por Kiko Dinucci, também provocando comoção na plateia, que dançava e cantava. Ancorado no repertório forte e hiperpolitizado de seu último disco, Elza Soares fez uma das apresentações mais concorridas da Virada, o público cantou junto. Havia empurra-empurra perto do palco e invasões do cercadinho VIP em frente ao palco eram frequentes.
ilustrada
'Fora quem não presta', diz Elza Soares em show lotado na ViradaSentada como uma rainha num trono, seu enorme vestido de plástico preto se desdobrando pelos degraus montados em cima do palco, Elza Soares começou seu show nesta Virada Cultural com meia hora de atraso, abrindo com "A Mulher do Fim do Mundo", faixa-título de seu álbum mais recente. Num dos pontos altos do show, Elza cantou "A Carne", aquela dos versos "a carne mais barata do mercado é a carne negra", rodeada de dançarinos negros descamisados, que se sentavam sobre as abas de sua saia. "Não é a mais barata, a carne negra", gritava a cantora, em meio aos refrões, levando o público à loucura. "Eu quero democracia, quero direitos iguais, democracia, democracia, democracia. Fora quem não presta", ela repetia como um mantra. Depois da primeira música, Elza pediu gritos do público. "Vamos fazer barulho nesta cidade", dizia. "Barulho, barulho, barulho." Na sequência, vieram "O Canal" e "Luz Vermelha", duas das composições mais fortes e sombrias de seu mais novo disco. Uma multidão se espremia da boca do palco até o meio da avenida por alguns quarteirões. Antes do início do show, a equipe da cantora havia puxado um coro "fora, Temer" e cantado "golpistas não passarão" durante testes de microfone. Dos dois lados do cercadinho VIP, houve protestos contra o governo do presidente interino —uma enorme faixa dizendo "vaza, Temer" tremulava sobre o público mais perto do palco. Em reação a gritos contra Temer, a cantora fez um discreto "joinha" com a mão direita, sem quebrar a expressão de enfezada. Logo antes de cantar "Maria da Vila Matilde", seu hino contra a violência doméstica que começa com o já viralizado verso "cadê meu celular, eu vou ligar no 180", a cantora fez um alerta à plateia, dizendo ser esse um assunto muito sério. Depois do momento de militância política, Elza engatou a explícita "Pra Fuder", escrita por Kiko Dinucci, também provocando comoção na plateia, que dançava e cantava. Ancorado no repertório forte e hiperpolitizado de seu último disco, Elza Soares fez uma das apresentações mais concorridas da Virada, o público cantou junto. Havia empurra-empurra perto do palco e invasões do cercadinho VIP em frente ao palco eram frequentes.
1
Atleta sul-coreano passa mal e técnico culpa água da baía de Guanabara
O velejador sul-coreano Wonwoo Cho, da classe RSX, passou mal na última terça-feira (18) após participar do evento-teste da Olimpíada na baía de Guanabara. O treinador da equipe, Danny Ok, atribuiu os sintomas à má qualidade da água. De acordo com texto publicado pelo técnico no Facebook, Cho teve febre, vomitou e ficou desidratado na noite de segunda (17). Ele foi levado ao hospital Samaritano, não disputou as regatas de terça, mas voltou para a água na quarta (19). "Mais de dez anos de esforço de vida pode ser destruído em um dia. Essa não é uma situação de emergência, mas é muito desapontador. Eu espero que o COI [Comitê Olímpico Internacional] e a Isaf [federação internacional de vela] considere como a questão da segurança [da água] vai melhorar para o próximo ano", escreveu Ok. O comitê organizador afirmou, em nota, que a equipe médica da Isaf tratou de "apenas dois casos médicos nos primeiros cinco dias de competição". Participam do evento-teste 326 atletas e 68 técnicos que entram na água. "A Isaf confirmou que esse número é significativamente abaixo da média de regatas deste tamanho. Num campo de 326 atletas é normal alguns apresentarem doenças quando viajam e competem em novos ambientes. E não há evidência que sugira que a doença é causada pelo contato com a água", diz a nota. A qualidade da água é alvo de questionamento desde a escolha do Rio como sede da Olimpíada. No mês passado, reportagem da AP (Associated Press) mostrou que os níveis de vírus presentes nos locais de competição da baía eram altos. O COI afirmou que as águas nas raias de competição são seguras. A presidente da comissão de coordenação do COI para os Jogos de 2016, a marroquina Nawal El Moutawakel, prometeu mergulhar na baía na Olimpíada. Em seu texto, o treinador afirma que "parece que ele foi infectado por vírus em algum lugar no local de competição, que é supostamente seguro e limpo para ser uma arena da Olimpíada". A nota do comitê organizador ressalta que o 14º lugar obtido pelo sul-coreano na quarta, dia seguinte à internação, "foi sua segunda melhor colocação na competição". Cho participou de cinco das oito regatas disputadas na classe. O sul-coreano ficou em 23º na competição, que teve 28 atletas. Ele não participa da última regata da RS:X na tarde desta quinta-feira (20), com os dez melhores atletas na classificação. O título deve ficar com o chinês Aichen Wang. O brasileiro Ricardo Winicki, o Bimba, está em oitavo e não tem chance de medalha.
esporte
Atleta sul-coreano passa mal e técnico culpa água da baía de GuanabaraO velejador sul-coreano Wonwoo Cho, da classe RSX, passou mal na última terça-feira (18) após participar do evento-teste da Olimpíada na baía de Guanabara. O treinador da equipe, Danny Ok, atribuiu os sintomas à má qualidade da água. De acordo com texto publicado pelo técnico no Facebook, Cho teve febre, vomitou e ficou desidratado na noite de segunda (17). Ele foi levado ao hospital Samaritano, não disputou as regatas de terça, mas voltou para a água na quarta (19). "Mais de dez anos de esforço de vida pode ser destruído em um dia. Essa não é uma situação de emergência, mas é muito desapontador. Eu espero que o COI [Comitê Olímpico Internacional] e a Isaf [federação internacional de vela] considere como a questão da segurança [da água] vai melhorar para o próximo ano", escreveu Ok. O comitê organizador afirmou, em nota, que a equipe médica da Isaf tratou de "apenas dois casos médicos nos primeiros cinco dias de competição". Participam do evento-teste 326 atletas e 68 técnicos que entram na água. "A Isaf confirmou que esse número é significativamente abaixo da média de regatas deste tamanho. Num campo de 326 atletas é normal alguns apresentarem doenças quando viajam e competem em novos ambientes. E não há evidência que sugira que a doença é causada pelo contato com a água", diz a nota. A qualidade da água é alvo de questionamento desde a escolha do Rio como sede da Olimpíada. No mês passado, reportagem da AP (Associated Press) mostrou que os níveis de vírus presentes nos locais de competição da baía eram altos. O COI afirmou que as águas nas raias de competição são seguras. A presidente da comissão de coordenação do COI para os Jogos de 2016, a marroquina Nawal El Moutawakel, prometeu mergulhar na baía na Olimpíada. Em seu texto, o treinador afirma que "parece que ele foi infectado por vírus em algum lugar no local de competição, que é supostamente seguro e limpo para ser uma arena da Olimpíada". A nota do comitê organizador ressalta que o 14º lugar obtido pelo sul-coreano na quarta, dia seguinte à internação, "foi sua segunda melhor colocação na competição". Cho participou de cinco das oito regatas disputadas na classe. O sul-coreano ficou em 23º na competição, que teve 28 atletas. Ele não participa da última regata da RS:X na tarde desta quinta-feira (20), com os dez melhores atletas na classificação. O título deve ficar com o chinês Aichen Wang. O brasileiro Ricardo Winicki, o Bimba, está em oitavo e não tem chance de medalha.
4
Obra de Apollinaire calcada em Sade termina por traí-lo
AS ONZE MIL VARAS (regular) Apollinaire TRADUÇÃO Letícia Coura EDITORA Iluminuras QUANTO R$ 42 (144 págs.) * Em 1907, antes de se consagrar como poeta e uma das vozes mais importantes do modernismo literário francês, Guillaume Apollinaire (1880-1918) publicou sem assinatura uma narrativa erótica chamada "As Onze Mil Varas", proibida na França até 1970 e que ganha agora nova edição no Brasil. Personagem da boêmia parisiense, Apollinaire era divulgador e admirador do marquês de Sade, o devasso de fins do século 18 que a intelectualidade francesa iniciava então a revalorizar intensamente. Em espírito de brincadeira, produziu uma novela pornográfica que, calcada no papa da literatura libertina, termina por traí-lo. "As Onze Mil Varas" acompanha as aventuras de um autoproclamado príncipe de fajuta nobreza, o romeno Mony Vibescu, que viaja pela Europa colecionando parceiros sexuais de ambos os sexos e todas as idades. Vibescu é tão insaciável quanto flexível. Sodomiza e é sodomizado com a mesma desenvoltura. Curte S&M, coprofilia, pedofilia –inclusive com um bebê– e assassinato. Todos os personagens com os quais cruza (o duplo sentido é bem-vindo) têm inclinações semelhantes. A maioria dos encontros carnais, mesmo os que acabam em morte, é consensual. Antecipando clichês da pornografia audiovisual que mal raiava no horizonte, o narrador tem pressa. Nenhum personagem vai além da garatuja e nenhum tempo é perdido com "clima". O tom de farsa é intencional, mas o tédio que emana do enfileiramento de atos de violência sexual –efeito que também assombra Sade– é um problema literário, por produzir no leitor um entorpecimento que vai na contramão tanto da excitação quanto do escândalo e do xeque-mate moral pretendidos. No caso de Apollinaire, esse problema é atenuado pelo humor. O livro tem um jeitão de chanchada que dispensa por completo as digressões filosóficas do marquês e passa longe de sua, digamos, severidade libertino-libertária. Isso se evidencia já no título, que no original brinca com a semelhança entre as palavras "verges" (varas) e "vierges" (virgens). Uma solução menos traidora em nossa língua seria "vergas", adotada em Portugal. Mas "As Onze Mil Varas" é o título consagrado nas edições brasileiras. A alma brincalhona da novela termina por limitar sua potência transgressiva. Sem "páthos", a narrativa torna-se uma gincana de bizarrices que aspira a uma vitória quantitativa que não vem. Dez anos após a morte de Apollinaire e com ingredientes semelhantes, Georges Bataille daria à literatura erótica francesa um livro muito mais profundo e perturbador, com personagens de verdade –"História do Olho". Como peça de humor negro, "As Onze Mil Varas" consegue, nos melhores momentos, divertir vagamente. Tem adeptos, como provam suas sucessivas reedições, mas é pouco mais que uma curiosidade biobibliográfica na carreira do poeta de "Álcoois".
ilustrada
Obra de Apollinaire calcada em Sade termina por traí-loAS ONZE MIL VARAS (regular) Apollinaire TRADUÇÃO Letícia Coura EDITORA Iluminuras QUANTO R$ 42 (144 págs.) * Em 1907, antes de se consagrar como poeta e uma das vozes mais importantes do modernismo literário francês, Guillaume Apollinaire (1880-1918) publicou sem assinatura uma narrativa erótica chamada "As Onze Mil Varas", proibida na França até 1970 e que ganha agora nova edição no Brasil. Personagem da boêmia parisiense, Apollinaire era divulgador e admirador do marquês de Sade, o devasso de fins do século 18 que a intelectualidade francesa iniciava então a revalorizar intensamente. Em espírito de brincadeira, produziu uma novela pornográfica que, calcada no papa da literatura libertina, termina por traí-lo. "As Onze Mil Varas" acompanha as aventuras de um autoproclamado príncipe de fajuta nobreza, o romeno Mony Vibescu, que viaja pela Europa colecionando parceiros sexuais de ambos os sexos e todas as idades. Vibescu é tão insaciável quanto flexível. Sodomiza e é sodomizado com a mesma desenvoltura. Curte S&M, coprofilia, pedofilia –inclusive com um bebê– e assassinato. Todos os personagens com os quais cruza (o duplo sentido é bem-vindo) têm inclinações semelhantes. A maioria dos encontros carnais, mesmo os que acabam em morte, é consensual. Antecipando clichês da pornografia audiovisual que mal raiava no horizonte, o narrador tem pressa. Nenhum personagem vai além da garatuja e nenhum tempo é perdido com "clima". O tom de farsa é intencional, mas o tédio que emana do enfileiramento de atos de violência sexual –efeito que também assombra Sade– é um problema literário, por produzir no leitor um entorpecimento que vai na contramão tanto da excitação quanto do escândalo e do xeque-mate moral pretendidos. No caso de Apollinaire, esse problema é atenuado pelo humor. O livro tem um jeitão de chanchada que dispensa por completo as digressões filosóficas do marquês e passa longe de sua, digamos, severidade libertino-libertária. Isso se evidencia já no título, que no original brinca com a semelhança entre as palavras "verges" (varas) e "vierges" (virgens). Uma solução menos traidora em nossa língua seria "vergas", adotada em Portugal. Mas "As Onze Mil Varas" é o título consagrado nas edições brasileiras. A alma brincalhona da novela termina por limitar sua potência transgressiva. Sem "páthos", a narrativa torna-se uma gincana de bizarrices que aspira a uma vitória quantitativa que não vem. Dez anos após a morte de Apollinaire e com ingredientes semelhantes, Georges Bataille daria à literatura erótica francesa um livro muito mais profundo e perturbador, com personagens de verdade –"História do Olho". Como peça de humor negro, "As Onze Mil Varas" consegue, nos melhores momentos, divertir vagamente. Tem adeptos, como provam suas sucessivas reedições, mas é pouco mais que uma curiosidade biobibliográfica na carreira do poeta de "Álcoois".
1
Diretor da Eletrobras diz que foi citado por delator por vingança
Em depoimento à Polícia Federal, o diretor de Geração da Eletrobras, Valter Cardeal, admitiu ter participado de duas reuniões na casa de José Antunes Sobrinho, da Engevix, um dos empreiteiros que foi preso na Operação Lava Jato, e afirmou que foi envolvido no escândalo de corrupção por vingança do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Segundo Cardeal, que está licenciado do cargo, o assunto tratado foi a construção da usina de Belo Monte e Pessoa também esteva presente. Ele justificou que os encontros foram marcados de emergência e que não tem costume de fazer reuniões em residências particulares. Cardeal foi envolvido na Lava Jato na delação do dono da UTC. Segundo o empreiteiro, na licitação para as obras da usina nuclear de Angra 3, o diretor passou a pleitear um desconto de 10% no valor da obra, mas as empresas concordaram com 6%. Por isso, Cardeal teria pedido às empreiteiras que repassassem os 4% na forma de doações eleitorais ao PT. "Pelo que Ricardo Pessoa tem conhecimento, Valter Luis Cardeal é pessoa próxima da senhora presidenta da República, Dilma Rousseff", diz a transcrição da delação de Pessoa. Cardeal contou que, em 2013, passou a integrar um comitê Executivo para supervisão e Acompanhamento do Empreendimento Angra 3 e que, em reunião do colegiado, houve preocupação com relação ao limite de preço fixado pela Eletronuclear. Ele disse que "apresentada proposta de 2,9 bilhões acreditou que os preços estavam superiores aos praticados pelo mercado e sugeriu desconto de 20% no valor global do contrato". Foi oferecida uma contraproposta de 3,94%, mas que foi acertado 6% de desconto. Cardeal negou "ter envolvimento em qualquer e suposto ajuste para desconto de 6% combinado com o pagamento de 4% ao PT". Ele disse ainda que "credita a versão de Ricardo Pessoa como vingança ou retaliação por pressioná-lo ao desconto".
poder
Diretor da Eletrobras diz que foi citado por delator por vingançaEm depoimento à Polícia Federal, o diretor de Geração da Eletrobras, Valter Cardeal, admitiu ter participado de duas reuniões na casa de José Antunes Sobrinho, da Engevix, um dos empreiteiros que foi preso na Operação Lava Jato, e afirmou que foi envolvido no escândalo de corrupção por vingança do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Segundo Cardeal, que está licenciado do cargo, o assunto tratado foi a construção da usina de Belo Monte e Pessoa também esteva presente. Ele justificou que os encontros foram marcados de emergência e que não tem costume de fazer reuniões em residências particulares. Cardeal foi envolvido na Lava Jato na delação do dono da UTC. Segundo o empreiteiro, na licitação para as obras da usina nuclear de Angra 3, o diretor passou a pleitear um desconto de 10% no valor da obra, mas as empresas concordaram com 6%. Por isso, Cardeal teria pedido às empreiteiras que repassassem os 4% na forma de doações eleitorais ao PT. "Pelo que Ricardo Pessoa tem conhecimento, Valter Luis Cardeal é pessoa próxima da senhora presidenta da República, Dilma Rousseff", diz a transcrição da delação de Pessoa. Cardeal contou que, em 2013, passou a integrar um comitê Executivo para supervisão e Acompanhamento do Empreendimento Angra 3 e que, em reunião do colegiado, houve preocupação com relação ao limite de preço fixado pela Eletronuclear. Ele disse que "apresentada proposta de 2,9 bilhões acreditou que os preços estavam superiores aos praticados pelo mercado e sugeriu desconto de 20% no valor global do contrato". Foi oferecida uma contraproposta de 3,94%, mas que foi acertado 6% de desconto. Cardeal negou "ter envolvimento em qualquer e suposto ajuste para desconto de 6% combinado com o pagamento de 4% ao PT". Ele disse ainda que "credita a versão de Ricardo Pessoa como vingança ou retaliação por pressioná-lo ao desconto".
0
Justiça multa HSBC e Crefisa em R$ 13,6 milhões por cobranças indevidas
O Ministério da Justiça multou o HSBC e a Crefisa em R$ 13,6 milhões por cobrança indevida de tarifa para confecção de cadastro de consumidores que já possuíam relacionamento ou contratos vigentes com as empresas. A cobrança dessa tarifas é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor. De acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, as empresas também foram informadas que deverão devolver o dobro dos valores cobrados indevidamente, como é previsto pelo artigo 42 do CDC. O valor total da multa para o HSBC foi de R$ 8.202.966,35. Já a Crefisa recebeu uma punição no valor de R$ 5.468,644,23. As empresas podem recorrer da decisão. As multas resultaram de um trabalho conjunto do Ministério da Justiça e do Banco Central. Em maio de 2013, a autoridade monetária passou a compartilhar denúncias e reclamações de clientes que enfrentaram problemas envolvendo práticas vedadas pelo CDC. Procurados pela Folha, o HSBC e a Crefisa informaram que não vão se manifestar sobre o assunto.
mercado
Justiça multa HSBC e Crefisa em R$ 13,6 milhões por cobranças indevidasO Ministério da Justiça multou o HSBC e a Crefisa em R$ 13,6 milhões por cobrança indevida de tarifa para confecção de cadastro de consumidores que já possuíam relacionamento ou contratos vigentes com as empresas. A cobrança dessa tarifas é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor. De acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, as empresas também foram informadas que deverão devolver o dobro dos valores cobrados indevidamente, como é previsto pelo artigo 42 do CDC. O valor total da multa para o HSBC foi de R$ 8.202.966,35. Já a Crefisa recebeu uma punição no valor de R$ 5.468,644,23. As empresas podem recorrer da decisão. As multas resultaram de um trabalho conjunto do Ministério da Justiça e do Banco Central. Em maio de 2013, a autoridade monetária passou a compartilhar denúncias e reclamações de clientes que enfrentaram problemas envolvendo práticas vedadas pelo CDC. Procurados pela Folha, o HSBC e a Crefisa informaram que não vão se manifestar sobre o assunto.
2
Lochte se desculpa em redes sociais, mas reafirma que arma foi apontada para ele
DE SÃO PAULO Após a polícia concluir que nadadores dos Estados Unidos forjaram um assalto durante os Jogos Olímpicos do Rio, o nadador norte-americano Ryan Lochte publicou um pedido de desculpas nas redes sociais. Ele disse nesta sexta (19) que deveria ter sido "mais cauteloso e sincero ao descrever os eventos daquela manhã", mas reafirmou que uma arma foi apontada em sua direção. "É traumático sair à noite com seus amigos em um país estrangeiro —com a barreira da linguagem— e ter um estranho apontando uma arma para você e pedindo dinheiro para que te deixe ir embora", declarou. Lochte havia afirmado que foi assaltado no último domingo (15) quando voltava de uma festa com outros três nadadores. Primeiramente havia dito que homens armados interceptaram o táxi em que estavam, mas depois afirmou a um jornalista da rede americana NBC que o crime ocorreu após pararem em um posto de gasolina. A polícia concluiu que o fato não ocorreu. Segundo os policiais, os atletas mentiram ao relatar um assalto e causaram uma confusão no posto. Para pagar pelos estragos, entregaram uma nota de US$ 20 e duas de R$ 50 a um outro homem, que falava inglês e intermediava a situação. O dinheiro foi depois repassado ao dono do posto. Eles foram detidos por dois homens, que em depoimento afirmaram ser agentes penitenciários (e portanto autorização para portar arma de fogo). O chefe da Polícia Civil disse que "não houve qualquer violência ou abuso no uso da arma". "Muito já foi falado sobre o que aconteceu no último final de semana, então espero que gastemos nosso tempo celebrando as grandes histórias e performances desses Jogos e olhando à frente para celebrar sucessos no futuro", disse Lochte no pedido de desculpas. Confira abaixo a nota na íntegra traduzida: * Quero me desculpar com todos por meu comportamento no último fim de semana, por não ter sido mais cauteloso e sincero ao descrever os eventos daquela manhã e por acabar tirando o foco de muitos atletas realizando seus sonhos de participarem nas Olimpíadas. Eu aguardei para compartilhar esses pensamentos até que fosse confirmado que essa situação estivesse encaminhada e estivesse claro que meus colegas chegaram seguramente em casa. É traumático sair à noite com seus amigos em um país estrangeiro -com a barreira da linguagem- e ter um estranho apontando uma arma para você e pedindo dinheiro para que te deixe ir embora, mas independentemente do comportamento de qualquer pessoa naquela noite, eu deveria ter sido muito mais responsável sobre como agi e, por isso, peço desculpas aos meus companheiros de equipe, aos meus fãs, aos meus rivais e aos anfitriões deste evento. Estou orgulhoso de representar meu país em uma competição olímpica e essa é uma situação que poderia e deveria ter sido evitada. Eu aceito a responsabilidade por meu papel nesse acontecimento e aprendi lições valiosas. Sou grato aos meus colegas nadadores dos EUA e ao USOC (Comitê Olímpico dos Estados Unidos), e agradeço por todos os esforços do COI (Comitê Olímpico Internacional), do Comitê Rio 2016, e das pessoas do Brasil que nos acolheram no Rio e trabalharam tão duro para que esses Jogos Olímpicos garantissem grandes novas memórias para toda a vida. Muito já foi falado sobre o que aconteceu no último final de semana, então espero que gastemos nosso tempo celebrando as grandes histórias e performances desses Jogos e olhando à frente para celebrar sucessos no futuro. Tuíte de Lochte O CASO Os nadadores Ryan Lochte, medalha no ouro no revezamento 4 x 200 m, James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger disseram ter sido assaltados no trajeto entre o Club France, casa com temática francesa localizada na região sul do Rio de Janeiro, e a Vila Olímpica. Entretanto, a versão foi desmentida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Vídeos de câmeras de segurança mostram os atletas depredando o banheiro de um posto de gasolina na Barra da Tijuca —versão que foi confirmada pelo proprietário do estabelecimento. As imagens foram exibidas pela TV Globo. Veja Além disso, imagens de câmeras na entrada da Vila Olímpica mostram os atletas chegando ao local em clima descontraído após o suposto incidente, portando pertences como celulares e credenciais. Durante as investigações, a Polícia Federal chegou a impedir o embarque de dois dos nadadores em um voo para os Estados Unidos e apreendeu seus passaportes. Depois de deporem à Polícia Civil, eles tiveram os documentos devolvidos e viajaram para o país na noite desta quinta (18). Feigen fez acordo com a Justiça do Rio para pagar R$ 35 mil de multa pelo episódio. O valor será repassado ao instituto Reação, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. A decisão ocorreu na madrugada desta sexta (19) em audiência no Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos. Com o pagamento, previsto para ser feito ainda nesta sexta, Feigen terá o seu passaporte de volta e poderá embarcar para os Estados Unidos. Ryan Lochte deixou o Brasil um dia antes da Justiça determinar a apreensão de seu passaporte. Antes de vir para a Rio-2016, ele, que tem 32 anos, declarou que "estava mais maduro" em relação aos Jogos de Londres-2012, quando "era mais o tipo 'solteirão na balada'." De acordo com a Polícia, o atleta pode responder por falsa comunicação de crime e depredação do patrimônio.
esporte
Lochte se desculpa em redes sociais, mas reafirma que arma foi apontada para ele DE SÃO PAULO Após a polícia concluir que nadadores dos Estados Unidos forjaram um assalto durante os Jogos Olímpicos do Rio, o nadador norte-americano Ryan Lochte publicou um pedido de desculpas nas redes sociais. Ele disse nesta sexta (19) que deveria ter sido "mais cauteloso e sincero ao descrever os eventos daquela manhã", mas reafirmou que uma arma foi apontada em sua direção. "É traumático sair à noite com seus amigos em um país estrangeiro —com a barreira da linguagem— e ter um estranho apontando uma arma para você e pedindo dinheiro para que te deixe ir embora", declarou. Lochte havia afirmado que foi assaltado no último domingo (15) quando voltava de uma festa com outros três nadadores. Primeiramente havia dito que homens armados interceptaram o táxi em que estavam, mas depois afirmou a um jornalista da rede americana NBC que o crime ocorreu após pararem em um posto de gasolina. A polícia concluiu que o fato não ocorreu. Segundo os policiais, os atletas mentiram ao relatar um assalto e causaram uma confusão no posto. Para pagar pelos estragos, entregaram uma nota de US$ 20 e duas de R$ 50 a um outro homem, que falava inglês e intermediava a situação. O dinheiro foi depois repassado ao dono do posto. Eles foram detidos por dois homens, que em depoimento afirmaram ser agentes penitenciários (e portanto autorização para portar arma de fogo). O chefe da Polícia Civil disse que "não houve qualquer violência ou abuso no uso da arma". "Muito já foi falado sobre o que aconteceu no último final de semana, então espero que gastemos nosso tempo celebrando as grandes histórias e performances desses Jogos e olhando à frente para celebrar sucessos no futuro", disse Lochte no pedido de desculpas. Confira abaixo a nota na íntegra traduzida: * Quero me desculpar com todos por meu comportamento no último fim de semana, por não ter sido mais cauteloso e sincero ao descrever os eventos daquela manhã e por acabar tirando o foco de muitos atletas realizando seus sonhos de participarem nas Olimpíadas. Eu aguardei para compartilhar esses pensamentos até que fosse confirmado que essa situação estivesse encaminhada e estivesse claro que meus colegas chegaram seguramente em casa. É traumático sair à noite com seus amigos em um país estrangeiro -com a barreira da linguagem- e ter um estranho apontando uma arma para você e pedindo dinheiro para que te deixe ir embora, mas independentemente do comportamento de qualquer pessoa naquela noite, eu deveria ter sido muito mais responsável sobre como agi e, por isso, peço desculpas aos meus companheiros de equipe, aos meus fãs, aos meus rivais e aos anfitriões deste evento. Estou orgulhoso de representar meu país em uma competição olímpica e essa é uma situação que poderia e deveria ter sido evitada. Eu aceito a responsabilidade por meu papel nesse acontecimento e aprendi lições valiosas. Sou grato aos meus colegas nadadores dos EUA e ao USOC (Comitê Olímpico dos Estados Unidos), e agradeço por todos os esforços do COI (Comitê Olímpico Internacional), do Comitê Rio 2016, e das pessoas do Brasil que nos acolheram no Rio e trabalharam tão duro para que esses Jogos Olímpicos garantissem grandes novas memórias para toda a vida. Muito já foi falado sobre o que aconteceu no último final de semana, então espero que gastemos nosso tempo celebrando as grandes histórias e performances desses Jogos e olhando à frente para celebrar sucessos no futuro. Tuíte de Lochte O CASO Os nadadores Ryan Lochte, medalha no ouro no revezamento 4 x 200 m, James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Conger disseram ter sido assaltados no trajeto entre o Club France, casa com temática francesa localizada na região sul do Rio de Janeiro, e a Vila Olímpica. Entretanto, a versão foi desmentida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Vídeos de câmeras de segurança mostram os atletas depredando o banheiro de um posto de gasolina na Barra da Tijuca —versão que foi confirmada pelo proprietário do estabelecimento. As imagens foram exibidas pela TV Globo. Veja Além disso, imagens de câmeras na entrada da Vila Olímpica mostram os atletas chegando ao local em clima descontraído após o suposto incidente, portando pertences como celulares e credenciais. Durante as investigações, a Polícia Federal chegou a impedir o embarque de dois dos nadadores em um voo para os Estados Unidos e apreendeu seus passaportes. Depois de deporem à Polícia Civil, eles tiveram os documentos devolvidos e viajaram para o país na noite desta quinta (18). Feigen fez acordo com a Justiça do Rio para pagar R$ 35 mil de multa pelo episódio. O valor será repassado ao instituto Reação, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. A decisão ocorreu na madrugada desta sexta (19) em audiência no Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos. Com o pagamento, previsto para ser feito ainda nesta sexta, Feigen terá o seu passaporte de volta e poderá embarcar para os Estados Unidos. Ryan Lochte deixou o Brasil um dia antes da Justiça determinar a apreensão de seu passaporte. Antes de vir para a Rio-2016, ele, que tem 32 anos, declarou que "estava mais maduro" em relação aos Jogos de Londres-2012, quando "era mais o tipo 'solteirão na balada'." De acordo com a Polícia, o atleta pode responder por falsa comunicação de crime e depredação do patrimônio.
4
Com crise de segurança, governador do RS quer Força Nacional no Estado
Em meio ao agravamento da crise da segurança pública no Rio Grande do Sul, o presidente interino, Michel Temer (PMDB), decidiu deslocar para o Estado cerca de 200 agentes da Força Nacional que estavam no Rio para atuar na Paraolimpíada. Temer atendeu ao pedido do governador gaúcho, o também peemedebista José Ivo Sartori, que era cobrado para que pedisse ajuda de tropas federais desde 2015 —inclusive pelo prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti (PDT). O Estado enfrenta crise em suas finanças, com atrasos nos salários dos servidores, inclusive de policiais, e alta de índices de criminalidade. No início da noite desta quinta-feira (25), o secretário de Segurança, Waltuir Jacini, deixou o cargo depois de mais um latrocínio (roubo seguido de morte) em Porto Alegre, tipo de crime que subiu 35% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2015 —de 66 para 89. O crime que motivou a saída de Jacini ocorreu por volta das 18h desta quinta (25), em frente ao colégio Dom Bosco, no bairro Higienópolis, área nobre da cidade. Cristine Fonseca Fagundes, 44, estava com sua filha adolescente em um automóvel Honda Fit esperando o filho mais novo sair do colégio Dom Bosco, na capital. Ela foi abordada por um homem armado, que atirou enquanto Cristine tentava tirar o cinto de segurança. Ele fugiu com outros três homens que o aguardavam sem levar o automóvel da vítima. "VELÓRIO SIMBÓLICO" Dezenas de pessoas fizeram um "velório simbólico", na noite desta quinta (25), em frente à casa do governador. O protesto contou com oito cruzes, que representam vítimas recentes. A "Banda Loka Liberal", que animava os protestos pelo impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), divulgou o endereço de Sartori e convocou para o protesto na sua página do Facebook. O grupo também organiza um protesto marcado para domingo (4), às 10h, no Parque Farroupilha, conhecido como Redenção. O nome do evento é "Pela Segurança - Contra a Omissão do Governador" e reivindicará a "presença da Força Nacional, Guarda Municipal armada, direito de portar arma para defesa pessoal, prioridade na segurança pública, fim da redução de pena e fim do semiaberto". REGIÃO METROPOLITANA O governador reuniu-se com Temer na manhã desta sexta-feira (26) para definir o envio da Força Nacional. A intenção é que o efetivo reforce a segurança em presídios, o que permitirá a liberação de um maior contingente de policiais militares para atuarem em monitoramento e repressão nas ruas. Segundo Sartori, o deslocamento de homens da Força Nacional pode ser ampliado caso haja necessidade. Prefeito de Porto Alegre, Jose Fortunati (PDT) "Será deslocado, em uma primeira etapa, um contingente da Força Nacional para auxiliar a Brigada Militar [a PM gaúcha] na região metropolitana de Porto Alegre. E, depois, virão outros momentos", afirmou Sartori. No encontro, o governador também solicitou a Temer ajuda para aumentar a compra de armamento, equipamentos e veículos e que seja construído um presídio federal na capital gaúcha. Além do avanço de latrocínios, outros índices de criminalidade aumentaram no primeiro semestre no Rio Grande do Sul, como roubos em geral (20%), de veículos (16%) e homicídios (6%). O governo tem dado calote nos salários dos servidores estaduais ligados ao Executivo há sete meses consecutivos. Policias militares e civis convivem com a rotina de salários parcelados, algumas vezes em parcelas menores que um salário mínimo. Sartori chegou a cortar o combustível para os carros da polícia. Judiciário e Legislativo recebem normalmente. Esse é um dos fatores que impulsiona a diminuição do efetivo da Brigada Militar. O número de policiais aposentados saltou de 768 em 2013 para 1.888 em 2015. A estimativa é que 3.000 policiais se aposentem neste ano. Sartori diz que a crise da segurança "vem de longo tempo, de outras circunstâncias". Ele anunciou, após a demissão do secretário, a criação de um "Gabinete de Crise", capitaneado pelo seu vice, José Paulo Cairoli (PSD). Uma das funções do gabinete será responder pela Secretaria da Segurança. Em entrevista, Cairoli disse que, quando a gestão de Sartori completar quatro anos, "o Estado será outro". Sartori está prestes a completar dois anos à frente do RS.
cotidiano
Com crise de segurança, governador do RS quer Força Nacional no EstadoEm meio ao agravamento da crise da segurança pública no Rio Grande do Sul, o presidente interino, Michel Temer (PMDB), decidiu deslocar para o Estado cerca de 200 agentes da Força Nacional que estavam no Rio para atuar na Paraolimpíada. Temer atendeu ao pedido do governador gaúcho, o também peemedebista José Ivo Sartori, que era cobrado para que pedisse ajuda de tropas federais desde 2015 —inclusive pelo prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti (PDT). O Estado enfrenta crise em suas finanças, com atrasos nos salários dos servidores, inclusive de policiais, e alta de índices de criminalidade. No início da noite desta quinta-feira (25), o secretário de Segurança, Waltuir Jacini, deixou o cargo depois de mais um latrocínio (roubo seguido de morte) em Porto Alegre, tipo de crime que subiu 35% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2015 —de 66 para 89. O crime que motivou a saída de Jacini ocorreu por volta das 18h desta quinta (25), em frente ao colégio Dom Bosco, no bairro Higienópolis, área nobre da cidade. Cristine Fonseca Fagundes, 44, estava com sua filha adolescente em um automóvel Honda Fit esperando o filho mais novo sair do colégio Dom Bosco, na capital. Ela foi abordada por um homem armado, que atirou enquanto Cristine tentava tirar o cinto de segurança. Ele fugiu com outros três homens que o aguardavam sem levar o automóvel da vítima. "VELÓRIO SIMBÓLICO" Dezenas de pessoas fizeram um "velório simbólico", na noite desta quinta (25), em frente à casa do governador. O protesto contou com oito cruzes, que representam vítimas recentes. A "Banda Loka Liberal", que animava os protestos pelo impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), divulgou o endereço de Sartori e convocou para o protesto na sua página do Facebook. O grupo também organiza um protesto marcado para domingo (4), às 10h, no Parque Farroupilha, conhecido como Redenção. O nome do evento é "Pela Segurança - Contra a Omissão do Governador" e reivindicará a "presença da Força Nacional, Guarda Municipal armada, direito de portar arma para defesa pessoal, prioridade na segurança pública, fim da redução de pena e fim do semiaberto". REGIÃO METROPOLITANA O governador reuniu-se com Temer na manhã desta sexta-feira (26) para definir o envio da Força Nacional. A intenção é que o efetivo reforce a segurança em presídios, o que permitirá a liberação de um maior contingente de policiais militares para atuarem em monitoramento e repressão nas ruas. Segundo Sartori, o deslocamento de homens da Força Nacional pode ser ampliado caso haja necessidade. Prefeito de Porto Alegre, Jose Fortunati (PDT) "Será deslocado, em uma primeira etapa, um contingente da Força Nacional para auxiliar a Brigada Militar [a PM gaúcha] na região metropolitana de Porto Alegre. E, depois, virão outros momentos", afirmou Sartori. No encontro, o governador também solicitou a Temer ajuda para aumentar a compra de armamento, equipamentos e veículos e que seja construído um presídio federal na capital gaúcha. Além do avanço de latrocínios, outros índices de criminalidade aumentaram no primeiro semestre no Rio Grande do Sul, como roubos em geral (20%), de veículos (16%) e homicídios (6%). O governo tem dado calote nos salários dos servidores estaduais ligados ao Executivo há sete meses consecutivos. Policias militares e civis convivem com a rotina de salários parcelados, algumas vezes em parcelas menores que um salário mínimo. Sartori chegou a cortar o combustível para os carros da polícia. Judiciário e Legislativo recebem normalmente. Esse é um dos fatores que impulsiona a diminuição do efetivo da Brigada Militar. O número de policiais aposentados saltou de 768 em 2013 para 1.888 em 2015. A estimativa é que 3.000 policiais se aposentem neste ano. Sartori diz que a crise da segurança "vem de longo tempo, de outras circunstâncias". Ele anunciou, após a demissão do secretário, a criação de um "Gabinete de Crise", capitaneado pelo seu vice, José Paulo Cairoli (PSD). Uma das funções do gabinete será responder pela Secretaria da Segurança. Em entrevista, Cairoli disse que, quando a gestão de Sartori completar quatro anos, "o Estado será outro". Sartori está prestes a completar dois anos à frente do RS.
6
Ministério Público de SP pede prisão de Lula em caso de tríplex
Os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo pediram a prisão preventiva do ex-presidente Lula junto com a denúncia que apresentaram nesta quarta (9) sobre o tríplex em Guarujá (litoral de São Paulo), que teria sido preparado para a família do petista. Os promotores alegam que a prisão de Lula é necessária para garantir "a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei penal". Eles apontam que, em liberdade, Lula pode destruir provas e agir para evitar determinações da Justiça. O pedido corre sob segredo de Justiça em São Paulo. A íntegra do pedido de prisão pode ser lida aqui: Pedido de prisão contra Lula O ex-presidente é acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, crimes que podem render de 3 a 10 anos de prisão e de 1 a 3 anos, respectivamente. Sua mulher, Marisa Letícia, e um dos filhos do casal, Fábio Luís Lula da Silva, também são acusados de lavagem de dinheiro. O pedido de prisão se estende ainda ao ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, a dois executivos da OAS (Fábio Hori Yonamine, diretor financeiro da empresa, e Roberto Moreira Ferreira, diretor da empreiteira que comprou a cozinha de luxo do apartamento na Kitchens), à ex-diretora da Bancoop (Ana Maria Érnica) e ao ex-presidente da entidade (Vagner de Castro). A Bancoop é a cooperativa habitacional do Sindicato dos Bancários que funcionou até 2009 e, após sua quebra, transferiu as obras inacabadas para a OAS, entre as quais o edifício Solaris, em Guarujá. O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo. Ainda não há um dia certo para a Justiça decidir sobre o caso. Nesta quinta (10), em entrevista coletiva no Ministério Público de São Paulo, os promotores negaram que a investigação tenha motivação política. "O nosso calendário é judicial, pouco importando se este ou aquele procedimento tenha repercussão política", disse José Carlos Blat, que tocou a apuração junto com os outros dois promotores. Segundo Blat, a apuração é uma continuidade de um caso da Bancoop que ele toca desde 2010 e está em fase final de julgamento. Um dos réus do primeiro caso é o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba sob acusação de intermediar propinas para o PT em contratos da Petrobras. O tríplex do Guarujá começou a ser construído em 2004, quando Marisa Letícia comprou uma das unidades, não o tríplex que está sob investigação. Em 2009, quando a Bancoop quebrou e a OAS assumiu a construção do prédio, a empreiteira teria preparado o apartamento tríplex para a família de Lula, mas o imóvel nunca foi transferido para o nome do ex-presidente. O Instituto Lula alega que a família visitou o tríplex na praia de Astúrias, mas desistiu do imóvel por considerar que a família não teria privacidade para desfrutar da praia. O aviso de que Marisa desistira do imóvel foi feito no final do ano passado, quando o apartamento já estava sob investigação em duas frentes: pelo Ministério Público de São Paulo e pelos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, de Curitiba. Os promotores dizem ter depoimentos de 20 testemunhas de que o imóvel foi reformado para Lula. OUTRO LADO O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu o pedido de prisão preventiva, apresentado nesta quinta-feira pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, ao vazamento da informação de que fora convidado pela presidente Dilma Rousseff a assumir um ministério, o que lhe daria foro privilegiado e impediria que fosse preso. Hoje, após vazamento do pedido de prisão, Lula disse a interlocutores que não seria ministro, mas que a liberação das informações precipitou o pedido. O advogado da família do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou à Folha que não foi informado sobre os pedidos de prisão e destacou a fragilidade dos argumentos defendidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. "A coletiva dada pelos promotores evidencia a fragilidade da investigação e desse pedido, que se baseia em testemunhos de pessoas que desconfiam que o imóvel estava sendo feito para o ex-presidente", disse. Em nota, o advogado afirma que a fundamentação para o pedido de prisão busca "amordaçar um líder político, impedir a manifestação do seu pensamento e até mesmo o exercício de seus direitos". "Somente na ditadura, quando foram suspensas todas as garantias do cidadão, é que opinião e o exercício de direitos eram causa para a privação da liberdade", disse. Segundo o advogado, os promotores não dispõem de fato concreto para justificar as imputações criminais feitas ao ex-presidente e seus familiares. "Não caminharam um passo além da hipótese. Basearam a acusação de ocultação de patrimônio em declarações opinativas". A defesa de Lula aponta ainda que a apresentação da denúncia "confirma o conflito de atribuições" entre o Ministério Público de São Paulo e o Federal, no Paraná, que também investiga a relação de Lula com o tríplex. Os dois órgãos são acusados pela defesa de investigarem os mesmos fatos, o que poderia caracterizar abuso. Os advogados de Lula recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que apenas um dos investigadores continue na apuração, mas foram derrotados no pedido de liminar. A defesa de Léo Pinheiro, sócio da OAS, afirmou que não vai se manifestar. O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, classificou como "absurdo" o pedido. "Vaccari saiu da presidência da Bancoop em 2010 e não tem nada a ver com o caso do tríplex que ocorre anos depois". O criminalista também destacou que a OAS assumiu os empreendimentos da Bancoop por decisão dos cooperados. As defesas dos demais citados não foram localizadas. - Pedido de prisão contra Lula
poder
Ministério Público de SP pede prisão de Lula em caso de tríplexOs promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo pediram a prisão preventiva do ex-presidente Lula junto com a denúncia que apresentaram nesta quarta (9) sobre o tríplex em Guarujá (litoral de São Paulo), que teria sido preparado para a família do petista. Os promotores alegam que a prisão de Lula é necessária para garantir "a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei penal". Eles apontam que, em liberdade, Lula pode destruir provas e agir para evitar determinações da Justiça. O pedido corre sob segredo de Justiça em São Paulo. A íntegra do pedido de prisão pode ser lida aqui: Pedido de prisão contra Lula O ex-presidente é acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, crimes que podem render de 3 a 10 anos de prisão e de 1 a 3 anos, respectivamente. Sua mulher, Marisa Letícia, e um dos filhos do casal, Fábio Luís Lula da Silva, também são acusados de lavagem de dinheiro. O pedido de prisão se estende ainda ao ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, a dois executivos da OAS (Fábio Hori Yonamine, diretor financeiro da empresa, e Roberto Moreira Ferreira, diretor da empreiteira que comprou a cozinha de luxo do apartamento na Kitchens), à ex-diretora da Bancoop (Ana Maria Érnica) e ao ex-presidente da entidade (Vagner de Castro). A Bancoop é a cooperativa habitacional do Sindicato dos Bancários que funcionou até 2009 e, após sua quebra, transferiu as obras inacabadas para a OAS, entre as quais o edifício Solaris, em Guarujá. O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo. Ainda não há um dia certo para a Justiça decidir sobre o caso. Nesta quinta (10), em entrevista coletiva no Ministério Público de São Paulo, os promotores negaram que a investigação tenha motivação política. "O nosso calendário é judicial, pouco importando se este ou aquele procedimento tenha repercussão política", disse José Carlos Blat, que tocou a apuração junto com os outros dois promotores. Segundo Blat, a apuração é uma continuidade de um caso da Bancoop que ele toca desde 2010 e está em fase final de julgamento. Um dos réus do primeiro caso é o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba sob acusação de intermediar propinas para o PT em contratos da Petrobras. O tríplex do Guarujá começou a ser construído em 2004, quando Marisa Letícia comprou uma das unidades, não o tríplex que está sob investigação. Em 2009, quando a Bancoop quebrou e a OAS assumiu a construção do prédio, a empreiteira teria preparado o apartamento tríplex para a família de Lula, mas o imóvel nunca foi transferido para o nome do ex-presidente. O Instituto Lula alega que a família visitou o tríplex na praia de Astúrias, mas desistiu do imóvel por considerar que a família não teria privacidade para desfrutar da praia. O aviso de que Marisa desistira do imóvel foi feito no final do ano passado, quando o apartamento já estava sob investigação em duas frentes: pelo Ministério Público de São Paulo e pelos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, de Curitiba. Os promotores dizem ter depoimentos de 20 testemunhas de que o imóvel foi reformado para Lula. OUTRO LADO O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu o pedido de prisão preventiva, apresentado nesta quinta-feira pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, ao vazamento da informação de que fora convidado pela presidente Dilma Rousseff a assumir um ministério, o que lhe daria foro privilegiado e impediria que fosse preso. Hoje, após vazamento do pedido de prisão, Lula disse a interlocutores que não seria ministro, mas que a liberação das informações precipitou o pedido. O advogado da família do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou à Folha que não foi informado sobre os pedidos de prisão e destacou a fragilidade dos argumentos defendidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. "A coletiva dada pelos promotores evidencia a fragilidade da investigação e desse pedido, que se baseia em testemunhos de pessoas que desconfiam que o imóvel estava sendo feito para o ex-presidente", disse. Em nota, o advogado afirma que a fundamentação para o pedido de prisão busca "amordaçar um líder político, impedir a manifestação do seu pensamento e até mesmo o exercício de seus direitos". "Somente na ditadura, quando foram suspensas todas as garantias do cidadão, é que opinião e o exercício de direitos eram causa para a privação da liberdade", disse. Segundo o advogado, os promotores não dispõem de fato concreto para justificar as imputações criminais feitas ao ex-presidente e seus familiares. "Não caminharam um passo além da hipótese. Basearam a acusação de ocultação de patrimônio em declarações opinativas". A defesa de Lula aponta ainda que a apresentação da denúncia "confirma o conflito de atribuições" entre o Ministério Público de São Paulo e o Federal, no Paraná, que também investiga a relação de Lula com o tríplex. Os dois órgãos são acusados pela defesa de investigarem os mesmos fatos, o que poderia caracterizar abuso. Os advogados de Lula recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que apenas um dos investigadores continue na apuração, mas foram derrotados no pedido de liminar. A defesa de Léo Pinheiro, sócio da OAS, afirmou que não vai se manifestar. O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, classificou como "absurdo" o pedido. "Vaccari saiu da presidência da Bancoop em 2010 e não tem nada a ver com o caso do tríplex que ocorre anos depois". O criminalista também destacou que a OAS assumiu os empreendimentos da Bancoop por decisão dos cooperados. As defesas dos demais citados não foram localizadas. - Pedido de prisão contra Lula
0
Uno de cada cinco atletas paralímpicos de Brasil sufrió accidentes de tránsito
GUILHERME ZOCCHIO MATEUS SILVA ALVES PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO Prácticamente uno de cada cinco atletas de la delegación brasileña que competirá en los Juegos Paralímpicos de Río de Janeiro presenta una deficiencia causada por un problema que es crónico en Brasil: los accidentes automovilísticos. Un cotejo realizado por Folha a partir de datos del CPB (Comité Paralímpico de Brasil) indica que al menos 50 atletas de la delegación brasileña fueron víctimas de una colisión de vehículos o de un atropello. El número representa un 18% de la delegación. Se analizaron los informes de 282 del total de 287 atletas paralímpicos (tras el veto a Rusia en la competición, otros cinco brasileños fueron integrados al grupo, pero sus datos no forman parte de estas conclusiones). Brasil tiene uno de los índices mundiales más altos en accidentes y muertes en calles y autopistas. En 2014 se contabilizaron 43.075 muertes en el tránsito en todo el país, según datos del Departamento de informática del Sistema Único de Salud. En el reporte global más reciente de la OMS (Organización Mundial de la Salud), con datos procesados hasta 2013, Brasil aparece como el cuarto país de las Américas con más muertes en accidentes automovilísticos por cada 100.000 habitantes (23,4). Los primeros lugares son Belice, República Dominicana y Venezuela. El equipo paralímpico brasileño refleja así la intensidad de esos traumas en el país. Los datos también evidencian problemas de otros tipos. Considerando los accidentes en general, el porcentaje sube a 35%. En al menos 12 casos, un 4% del total, el motivo de la discapacidad fue un accidente con armas de fuego. Otros 37 atletas (13%) resultaron heridos en episodios ocurridos en su lugar de trabajo, en casa o alguna actividad recreativa. Del total de atletas de la delegación brasileña en los Juegos Paralímpicos, un 38% presentan deficiencia congénita o la adquirieron después de complicaciones en el parto. Traducido por CARLOS TURDERA Lea el artículo original +Últimas noticias en español * La Policía Federal presenta cargos contra Lula * Río tiene tan sólo islas de accesibilidad * Juicio a Dilma Rousseff comienza con discusiones y debate
esporte
Uno de cada cinco atletas paralímpicos de Brasil sufrió accidentes de tránsito GUILHERME ZOCCHIO MATEUS SILVA ALVES PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO Prácticamente uno de cada cinco atletas de la delegación brasileña que competirá en los Juegos Paralímpicos de Río de Janeiro presenta una deficiencia causada por un problema que es crónico en Brasil: los accidentes automovilísticos. Un cotejo realizado por Folha a partir de datos del CPB (Comité Paralímpico de Brasil) indica que al menos 50 atletas de la delegación brasileña fueron víctimas de una colisión de vehículos o de un atropello. El número representa un 18% de la delegación. Se analizaron los informes de 282 del total de 287 atletas paralímpicos (tras el veto a Rusia en la competición, otros cinco brasileños fueron integrados al grupo, pero sus datos no forman parte de estas conclusiones). Brasil tiene uno de los índices mundiales más altos en accidentes y muertes en calles y autopistas. En 2014 se contabilizaron 43.075 muertes en el tránsito en todo el país, según datos del Departamento de informática del Sistema Único de Salud. En el reporte global más reciente de la OMS (Organización Mundial de la Salud), con datos procesados hasta 2013, Brasil aparece como el cuarto país de las Américas con más muertes en accidentes automovilísticos por cada 100.000 habitantes (23,4). Los primeros lugares son Belice, República Dominicana y Venezuela. El equipo paralímpico brasileño refleja así la intensidad de esos traumas en el país. Los datos también evidencian problemas de otros tipos. Considerando los accidentes en general, el porcentaje sube a 35%. En al menos 12 casos, un 4% del total, el motivo de la discapacidad fue un accidente con armas de fuego. Otros 37 atletas (13%) resultaron heridos en episodios ocurridos en su lugar de trabajo, en casa o alguna actividad recreativa. Del total de atletas de la delegación brasileña en los Juegos Paralímpicos, un 38% presentan deficiencia congénita o la adquirieron después de complicaciones en el parto. Traducido por CARLOS TURDERA Lea el artículo original +Últimas noticias en español * La Policía Federal presenta cargos contra Lula * Río tiene tan sólo islas de accesibilidad * Juicio a Dilma Rousseff comienza con discusiones y debate
4
Mancha suspende nove dos detidos em Brasília e dará nomes à federação
A torcida organizada palmeirense Mancha Alvi Verde identificou nove de seus associados entre os 21 detidos pela briga com torcedores do Flamengo em Brasília no domingo (5), no estádio Mané Garrincha. Diante disso, a organizada suspendeu preventivamente os nove torcedores de seu quadro de associados e vai entregar protocolo com seus nomes para a Federação Paulista de Futebol e para o Palmeiras nesta quarta-feira (8). Dessa forma, os torcedores podem ter o "cartão da paz" (carteirinha da FPF que indica se o torcedor está liberado para frequentar estádios) e a carteirinha do plano de sócio-torcedor Avanti também suspensos ou cassados, dificultando a participação em jogos. "Vamos colaborar. Já suspendemos preventivamente os associados que identificamos entre os detidos. Os demais não fazem parte da Mancha. Temos que dar o direito de defesa, mas caso seja provado que eles têm culpa na briga, vamos expulsá-los", disse à Folha Nando Nigro, presidente da organizada. Segundo ele, no entanto, os protocolos de segurança que foram combinados com a Polícia Militar local não foram cumpridos no dia de segurança. "Enviamos um representante de Brasília da Mancha à reunião [com a PM e membros de organizada do Flamengo], e falaram que haveria cordão de isolamento separando a torcida em todo o estádio, exceto para um setor que teria torcida mista; que as torcidas chegariam por entradas diferentes; e nada disso aconteceu", ressalta Nigro. Nigro destaca que o confronto foi localizado e não começou a partir de qualquer orientação da organizada. "A Mancha é muito grande. Saímos com quatro ônibus da capital e chegamos em Brasília com outros 18 que se juntaram no caminho. Com 50 pessoas em cada um, estávamos em quase mil. Seria uma tragédia se quiséssemos invadir outro setor. Conversei com alguns dos nove associados e o que eles disseram é que alguns palmeirenses tinham sido atacados por flamenguistas na área de alimentação, e então a confusão começou ali", afirma. Luiz Ferretti, advogado da Mancha, confirma o pedido de suspensão dos associados, e diz que o protocolo pedirá suspensão dos envolvidos na briga de qualquer evento esportivo. "Nosso maior interesse é de que sejam devidamente punidos. No protocolo que entregaremos hoje à Federação e ao Palmeiras, com o qual já fizemos contato por meio do departamento jurídico do clube, sugeriremos que eles sejam suspensos de qualquer evento esportivo. É algo que não depende somente de nós, mas de instâncias jurídicas. De toda forma, caso seja comprovada a participação deles, é o que sugerimos que aconteça", diz Ferretti. "Estamos fazendo tudo de acordo com o que determina o Ministério Público e o Palmeiras. Inclusive, designamos um advogado para tratar de perto do caso em Brasília", conclui. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva denunciou Palmeiras e Flamengo pela confusão e os clubes podem perder até dez jogos de mando. O presidente do clube paulista, Paulo Nobre, disse que vai "auxiliar as autoridades competentes a punir exemplarmente esses bandidos e colaborará com STJD e poder público para que esses elementos sejam banidos de forma definitiva do nosso futebol."
esporte
Mancha suspende nove dos detidos em Brasília e dará nomes à federaçãoA torcida organizada palmeirense Mancha Alvi Verde identificou nove de seus associados entre os 21 detidos pela briga com torcedores do Flamengo em Brasília no domingo (5), no estádio Mané Garrincha. Diante disso, a organizada suspendeu preventivamente os nove torcedores de seu quadro de associados e vai entregar protocolo com seus nomes para a Federação Paulista de Futebol e para o Palmeiras nesta quarta-feira (8). Dessa forma, os torcedores podem ter o "cartão da paz" (carteirinha da FPF que indica se o torcedor está liberado para frequentar estádios) e a carteirinha do plano de sócio-torcedor Avanti também suspensos ou cassados, dificultando a participação em jogos. "Vamos colaborar. Já suspendemos preventivamente os associados que identificamos entre os detidos. Os demais não fazem parte da Mancha. Temos que dar o direito de defesa, mas caso seja provado que eles têm culpa na briga, vamos expulsá-los", disse à Folha Nando Nigro, presidente da organizada. Segundo ele, no entanto, os protocolos de segurança que foram combinados com a Polícia Militar local não foram cumpridos no dia de segurança. "Enviamos um representante de Brasília da Mancha à reunião [com a PM e membros de organizada do Flamengo], e falaram que haveria cordão de isolamento separando a torcida em todo o estádio, exceto para um setor que teria torcida mista; que as torcidas chegariam por entradas diferentes; e nada disso aconteceu", ressalta Nigro. Nigro destaca que o confronto foi localizado e não começou a partir de qualquer orientação da organizada. "A Mancha é muito grande. Saímos com quatro ônibus da capital e chegamos em Brasília com outros 18 que se juntaram no caminho. Com 50 pessoas em cada um, estávamos em quase mil. Seria uma tragédia se quiséssemos invadir outro setor. Conversei com alguns dos nove associados e o que eles disseram é que alguns palmeirenses tinham sido atacados por flamenguistas na área de alimentação, e então a confusão começou ali", afirma. Luiz Ferretti, advogado da Mancha, confirma o pedido de suspensão dos associados, e diz que o protocolo pedirá suspensão dos envolvidos na briga de qualquer evento esportivo. "Nosso maior interesse é de que sejam devidamente punidos. No protocolo que entregaremos hoje à Federação e ao Palmeiras, com o qual já fizemos contato por meio do departamento jurídico do clube, sugeriremos que eles sejam suspensos de qualquer evento esportivo. É algo que não depende somente de nós, mas de instâncias jurídicas. De toda forma, caso seja comprovada a participação deles, é o que sugerimos que aconteça", diz Ferretti. "Estamos fazendo tudo de acordo com o que determina o Ministério Público e o Palmeiras. Inclusive, designamos um advogado para tratar de perto do caso em Brasília", conclui. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva denunciou Palmeiras e Flamengo pela confusão e os clubes podem perder até dez jogos de mando. O presidente do clube paulista, Paulo Nobre, disse que vai "auxiliar as autoridades competentes a punir exemplarmente esses bandidos e colaborará com STJD e poder público para que esses elementos sejam banidos de forma definitiva do nosso futebol."
4
Passageiro retirado de voo da United fraturou o nariz, diz seu advogado
O passageiro da United Airlines arrastado para fora de um avião em Chicago, em um incidente que causou indignação internacional e se tornou um pesadelo de relações públicas para a empresa, sofreu uma concussão e uma fratura no nariz e deve abrir processo contra a United, disse seu advogado nesta quinta-feira (13). "Por muito tempo, as companhias de aviação, especialmente a United, vêm nos intimidando", disse Thomas Demetrio em entrevista coletiva em Chicago, delineando potenciais causas para a ação que seu cliente pode mover contra a United e a prefeitura de Chicago. "Vai haver processo? Sim, provavelmente", ele disse. David Dao, 69, um médico norte-americano de origem vietnamita, foi hospitalizado depois que a polícia aeroportuária de Chicago o removeu do avião porque a empresa queria abrir espaço em um voo que decolaria do aeroporto O'Hare International, na cidade, com destino a Louisville, Kentucky. Demetrio disse que a lei dispõe que passageiros não podem ser removidos do avião com uso de força excessiva. A prefeitura administra o aeroporto, e os três policiais que arrastaram Dao para fora do avião são funcionários municipais. Dao, que teve alta do hospital na noite de quarta-feira (12), sofreu uma concussão significativa, uma fratura no nariz e perdeu dois dentes da frente, e necessitará de cirurgia reconstrutiva, segundo Demetrio. Vídeos do incidente registrados por outros passageiros e que mostram Dao sendo arrastado para fora do avião, com a boca ensanguentada, se espalharam rapidamente pela internet, causando indignação pública que não foi atenuada pela resposta inicial da companhia de aviação. vídeo passageiro da United Airlines Crystal Dao Pepper, filha de Dao, disse na entrevista coletiva que a família estava "horrorizada, chocada e enojada" pelo que aconteceu ao seu pai. Pepper, 33, um dos cinco filhos de Dao, o descreveu como "pai maravilhoso" e "avô amoroso", e disse que ele estava voltando de férias na Califórnia. "O que aconteceu ao meu pai jamais deveria ter acontecido com um ser humano", ela disse. Demetrio afirmou que Dao havia dito a ele que ser arrastado pelo corredor do avião foi mais aterrorizante do que suas experiências ao fugir do Vietnã em 1975. Demetrio e um segundo advogado, Stephen Golan, disseram que nem eles e nem a família foram contatados pela United até o momento. PROCESSO A United afirmou em comunicado que o presidente-executivo da empresa, Oscar Munoz, e a companhia "haviam ligado diversas vezes para o Dr. Dao a fim de expressar nossas sinceras e profundas desculpas". A empresa não comentou qual seria sua resposta em caso de disputa judicial, ou se tentaria um acordo extrajudicial com Dao. Os advogados de Dao fizeram uma petição de emergência a um tribunal estadual do Illinois, na quarta-feira, para que a United Continental Holdings e a prefeitura de Chicago preservem os vídeos e outras provas relacionadas ao incidente acontecido domingo (9), o que pode prenunciar um processo. Outros advogados disseram que os tribunais estaduais costumam favorecer mais os queixosos. Os funcionários municipais não foram localizados de imediato para comentar, depois da entrevista coletiva da quinta-feira. Munoz está sob pressão para conter a torrente de publicidade negativa e os apelos por boicotes contra a United, inclusive na China, onde as pessoas se irritaram porque Dao tem origens asiáticas. As ações da United caíram em cerca de 1% desde segunda-feira. Na quarta, elas mostravam queda de 0,4% no pregão da tarde. Munoz vem buscando reparar os danos nos dois últimos dias. Em comunicado divulgado na terça-feira ele pediu desculpas "profundas" e se declarou perturbado pelo acontecido. Na quarta, pediu desculpas a Dao, à família dele e aos passageiros da United, em uma entrevista à rede de TV "ABC", afirmando que a empresa deixaria de usar policiais para remover passageiros quando o número de reservas excedesse o número de assentos disponíveis. Demetrio classificou o pedido de desculpas como "encenado" e um recuo de comentários anteriores feitos pelo executivo, que foram amplamente criticados. Em carta aos funcionários da United, na segunda-feira, Munoz não pediu desculpas a Dao e defendeu as decisões da empresa, afirmando que Dao havia sido "incômodo e beligerante" ao recusar o pedido da tripulação para que desembarcasse, o que não deixou outra escolha ao pessoal que não chamar a polícia aeroportuária para ajudar a removê-lo. O CASO O incidente ocorreu quando a companhia estava tentando liberar espaço no avião para tripulantes que queriam viajar para Louisville. A United ofereceu US$ 800 a Dao pelo seu lugar, mas ele não aceitou, disse Demetrio. Munoz havia informado anteriormente que a companhia havia oferecido até US$ 1 mil. A mulher de Dao recebeu a ordem de deixar o avião depois que ele foi arrastado para fora, afirmou Golan. POLÍCIA A prefeitura de Chicago que, segundo Demetrio, tampouco contatou os advogados ou a família, pode ser envolvida em caso de processo, devido à participação de policiais no incidente. O Departamento de Aviação de Chicago afirmou na quarta-feira que dois outros policiais haviam sido colocados de licença por causa do incidente. Um policial já havia sido afastado na terça-feira. Dada a extrema indignação pública com o incidente, Dao está em posição favorável ao se preparar para um processo, disseram advogados que representam companhias de aviação e passageiros. "A United terá de encarar não só uma reivindicação judicial como um imenso problema de relações públicas e de negócios", disse Justin Green, sócio no escritório de advocacia Kreindler & Kreindler, de Nova York, que representa passageiros de companhias de aviação. "Se a United for esperta, vai encerrar o caso por acordo com a maior rapidez e discrição que puder", ele disse. Tradução de PAULO MIGLIACCI
mercado
Passageiro retirado de voo da United fraturou o nariz, diz seu advogadoO passageiro da United Airlines arrastado para fora de um avião em Chicago, em um incidente que causou indignação internacional e se tornou um pesadelo de relações públicas para a empresa, sofreu uma concussão e uma fratura no nariz e deve abrir processo contra a United, disse seu advogado nesta quinta-feira (13). "Por muito tempo, as companhias de aviação, especialmente a United, vêm nos intimidando", disse Thomas Demetrio em entrevista coletiva em Chicago, delineando potenciais causas para a ação que seu cliente pode mover contra a United e a prefeitura de Chicago. "Vai haver processo? Sim, provavelmente", ele disse. David Dao, 69, um médico norte-americano de origem vietnamita, foi hospitalizado depois que a polícia aeroportuária de Chicago o removeu do avião porque a empresa queria abrir espaço em um voo que decolaria do aeroporto O'Hare International, na cidade, com destino a Louisville, Kentucky. Demetrio disse que a lei dispõe que passageiros não podem ser removidos do avião com uso de força excessiva. A prefeitura administra o aeroporto, e os três policiais que arrastaram Dao para fora do avião são funcionários municipais. Dao, que teve alta do hospital na noite de quarta-feira (12), sofreu uma concussão significativa, uma fratura no nariz e perdeu dois dentes da frente, e necessitará de cirurgia reconstrutiva, segundo Demetrio. Vídeos do incidente registrados por outros passageiros e que mostram Dao sendo arrastado para fora do avião, com a boca ensanguentada, se espalharam rapidamente pela internet, causando indignação pública que não foi atenuada pela resposta inicial da companhia de aviação. vídeo passageiro da United Airlines Crystal Dao Pepper, filha de Dao, disse na entrevista coletiva que a família estava "horrorizada, chocada e enojada" pelo que aconteceu ao seu pai. Pepper, 33, um dos cinco filhos de Dao, o descreveu como "pai maravilhoso" e "avô amoroso", e disse que ele estava voltando de férias na Califórnia. "O que aconteceu ao meu pai jamais deveria ter acontecido com um ser humano", ela disse. Demetrio afirmou que Dao havia dito a ele que ser arrastado pelo corredor do avião foi mais aterrorizante do que suas experiências ao fugir do Vietnã em 1975. Demetrio e um segundo advogado, Stephen Golan, disseram que nem eles e nem a família foram contatados pela United até o momento. PROCESSO A United afirmou em comunicado que o presidente-executivo da empresa, Oscar Munoz, e a companhia "haviam ligado diversas vezes para o Dr. Dao a fim de expressar nossas sinceras e profundas desculpas". A empresa não comentou qual seria sua resposta em caso de disputa judicial, ou se tentaria um acordo extrajudicial com Dao. Os advogados de Dao fizeram uma petição de emergência a um tribunal estadual do Illinois, na quarta-feira, para que a United Continental Holdings e a prefeitura de Chicago preservem os vídeos e outras provas relacionadas ao incidente acontecido domingo (9), o que pode prenunciar um processo. Outros advogados disseram que os tribunais estaduais costumam favorecer mais os queixosos. Os funcionários municipais não foram localizados de imediato para comentar, depois da entrevista coletiva da quinta-feira. Munoz está sob pressão para conter a torrente de publicidade negativa e os apelos por boicotes contra a United, inclusive na China, onde as pessoas se irritaram porque Dao tem origens asiáticas. As ações da United caíram em cerca de 1% desde segunda-feira. Na quarta, elas mostravam queda de 0,4% no pregão da tarde. Munoz vem buscando reparar os danos nos dois últimos dias. Em comunicado divulgado na terça-feira ele pediu desculpas "profundas" e se declarou perturbado pelo acontecido. Na quarta, pediu desculpas a Dao, à família dele e aos passageiros da United, em uma entrevista à rede de TV "ABC", afirmando que a empresa deixaria de usar policiais para remover passageiros quando o número de reservas excedesse o número de assentos disponíveis. Demetrio classificou o pedido de desculpas como "encenado" e um recuo de comentários anteriores feitos pelo executivo, que foram amplamente criticados. Em carta aos funcionários da United, na segunda-feira, Munoz não pediu desculpas a Dao e defendeu as decisões da empresa, afirmando que Dao havia sido "incômodo e beligerante" ao recusar o pedido da tripulação para que desembarcasse, o que não deixou outra escolha ao pessoal que não chamar a polícia aeroportuária para ajudar a removê-lo. O CASO O incidente ocorreu quando a companhia estava tentando liberar espaço no avião para tripulantes que queriam viajar para Louisville. A United ofereceu US$ 800 a Dao pelo seu lugar, mas ele não aceitou, disse Demetrio. Munoz havia informado anteriormente que a companhia havia oferecido até US$ 1 mil. A mulher de Dao recebeu a ordem de deixar o avião depois que ele foi arrastado para fora, afirmou Golan. POLÍCIA A prefeitura de Chicago que, segundo Demetrio, tampouco contatou os advogados ou a família, pode ser envolvida em caso de processo, devido à participação de policiais no incidente. O Departamento de Aviação de Chicago afirmou na quarta-feira que dois outros policiais haviam sido colocados de licença por causa do incidente. Um policial já havia sido afastado na terça-feira. Dada a extrema indignação pública com o incidente, Dao está em posição favorável ao se preparar para um processo, disseram advogados que representam companhias de aviação e passageiros. "A United terá de encarar não só uma reivindicação judicial como um imenso problema de relações públicas e de negócios", disse Justin Green, sócio no escritório de advocacia Kreindler & Kreindler, de Nova York, que representa passageiros de companhias de aviação. "Se a United for esperta, vai encerrar o caso por acordo com a maior rapidez e discrição que puder", ele disse. Tradução de PAULO MIGLIACCI
2
Quem aguenta?
BRASÍLIA - A imprudência e o voluntarismo do governo Dilma em seu primeiro mandato quebraram o Estado. A tal ponto que, numa atitude inédita, o Orçamento da União de 2016 será enviado ao Congresso Nacional com previsão de déficit. Fica difícil, neste momento, avaliar o que teria sido pior. Fazer mágicas para tapar o rombo previsto no orçamento do ano que vem ou admitir que o governo não tem dinheiro para bancar todas as suas despesas. No ano passado, a equipe de Dilma optou pelas pedaladas fiscais, uma maquiagem para tentar esconder o buraco nas contas públicas. Não deu. Fechou 2014 sendo obrigada a se endividar para pagar seus débitos. E nem pagou todos. O fato é que Dilma adora um gasto para chamar de seu. A presidente é adepta do Estado forte, intervencionista, dono e agente direto dos rumos da economia. Ela não se satisfaz em dar apenas as diretrizes. Deu no que deu. Imprevidente, gastou mais do que arrecada. Estimulou o aumento de alguns gastos e não tomou nenhuma medida para segurar outros. Torrou o colchão de poupança deixado para ela por Lula. Numa atitude de desespero, lançou de última hora a ideia de ressuscitar a CPMF, o imposto do cheque. A operação foi tão atrapalhada, com oposição à ideia vindo de dentro do próprio governo, que durou meros três dias. Teve vida curtíssima. Resultado, o governo Dilma tem hoje estreita margem de ação para: combater uma recessão que deve durar dois anos, uma inflação acima de 9% e um desemprego em alta. Aí, para tentar respirar, inventa não só a volta da CPMF como diz que vai cortar dez ministérios, no timing errado, na dose errada, espalhando medo e paralisia na sua equipe. Enfim, este é um governo que não precisa de oposição. A ponto de um aliado muito próximo de Dilma Rousseff desabafar: "Deste jeito, não sei se vamos aguentar. Se a gente quer destruir o nosso governo, estamos no caminho certo".
colunas
Quem aguenta?BRASÍLIA - A imprudência e o voluntarismo do governo Dilma em seu primeiro mandato quebraram o Estado. A tal ponto que, numa atitude inédita, o Orçamento da União de 2016 será enviado ao Congresso Nacional com previsão de déficit. Fica difícil, neste momento, avaliar o que teria sido pior. Fazer mágicas para tapar o rombo previsto no orçamento do ano que vem ou admitir que o governo não tem dinheiro para bancar todas as suas despesas. No ano passado, a equipe de Dilma optou pelas pedaladas fiscais, uma maquiagem para tentar esconder o buraco nas contas públicas. Não deu. Fechou 2014 sendo obrigada a se endividar para pagar seus débitos. E nem pagou todos. O fato é que Dilma adora um gasto para chamar de seu. A presidente é adepta do Estado forte, intervencionista, dono e agente direto dos rumos da economia. Ela não se satisfaz em dar apenas as diretrizes. Deu no que deu. Imprevidente, gastou mais do que arrecada. Estimulou o aumento de alguns gastos e não tomou nenhuma medida para segurar outros. Torrou o colchão de poupança deixado para ela por Lula. Numa atitude de desespero, lançou de última hora a ideia de ressuscitar a CPMF, o imposto do cheque. A operação foi tão atrapalhada, com oposição à ideia vindo de dentro do próprio governo, que durou meros três dias. Teve vida curtíssima. Resultado, o governo Dilma tem hoje estreita margem de ação para: combater uma recessão que deve durar dois anos, uma inflação acima de 9% e um desemprego em alta. Aí, para tentar respirar, inventa não só a volta da CPMF como diz que vai cortar dez ministérios, no timing errado, na dose errada, espalhando medo e paralisia na sua equipe. Enfim, este é um governo que não precisa de oposição. A ponto de um aliado muito próximo de Dilma Rousseff desabafar: "Deste jeito, não sei se vamos aguentar. Se a gente quer destruir o nosso governo, estamos no caminho certo".
10
Após 33 anos, senador Walter Pinheiro se desfilia do PT
O senador Walter Pinheiro entregou nesta terça-feira (28) sua carta de desfiliação ao diretório municipal do PT em Salvador, após 33 anos no partido. Ele, contudo, ainda não comunicou a qual legenda pretende se filiar. Pinheiro, que era filiado ao PT desde 1983, lembrou que essa foi a sua única filiação e que a decisão foi tomada "depois de uma reflexão profunda". " Eleito senador em 2010, Pinheiro vai permanecer no cargo até 2017, sem que o PT possa requerer a vaga, já que se trata de cargo majoritário. Antes do Senado, Pinheiro já ocupou as cadeiras de deputado federal e vereador, na Câmara de Salvador. Até a última semana, o nome do senador era cotado para concorrer à prefeitura de Salvador pelo PT da Bahia, cargo que já havia disputado em 2008. OSASCO Nesta segunda-feira (28), o prefeito de Osasco, Jorge Lapas, também anunciou a sua desfiliação do PT. Ele irá se filiar ao PDT. Em carta aberta à população da cidade, Lapas afirmou que "o interesse coletivo e tudo que estamos construindo até aqui está ameaçado". E seguiu: "por ouvir a população, e em respeito ao clamor de diversos segmentos da nossa sociedade, tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida". Ele estava havia 11 anos na legenda. Lapas, que é candidato à reeleição, estava insatisfeito com a possibilidade de um grupo adversário dele dentro do partido, ligado ao ex-deputado João Paulo Cunha, tentar lançar outro nome para a sua própria sucessão.
poder
Após 33 anos, senador Walter Pinheiro se desfilia do PTO senador Walter Pinheiro entregou nesta terça-feira (28) sua carta de desfiliação ao diretório municipal do PT em Salvador, após 33 anos no partido. Ele, contudo, ainda não comunicou a qual legenda pretende se filiar. Pinheiro, que era filiado ao PT desde 1983, lembrou que essa foi a sua única filiação e que a decisão foi tomada "depois de uma reflexão profunda". " Eleito senador em 2010, Pinheiro vai permanecer no cargo até 2017, sem que o PT possa requerer a vaga, já que se trata de cargo majoritário. Antes do Senado, Pinheiro já ocupou as cadeiras de deputado federal e vereador, na Câmara de Salvador. Até a última semana, o nome do senador era cotado para concorrer à prefeitura de Salvador pelo PT da Bahia, cargo que já havia disputado em 2008. OSASCO Nesta segunda-feira (28), o prefeito de Osasco, Jorge Lapas, também anunciou a sua desfiliação do PT. Ele irá se filiar ao PDT. Em carta aberta à população da cidade, Lapas afirmou que "o interesse coletivo e tudo que estamos construindo até aqui está ameaçado". E seguiu: "por ouvir a população, e em respeito ao clamor de diversos segmentos da nossa sociedade, tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida". Ele estava havia 11 anos na legenda. Lapas, que é candidato à reeleição, estava insatisfeito com a possibilidade de um grupo adversário dele dentro do partido, ligado ao ex-deputado João Paulo Cunha, tentar lançar outro nome para a sua própria sucessão.
0
Grande SP teria 51% mais água se gestão Alckmin tivesse agido antes
A Grande SP poderia ter 51% a mais de água em seus reservatórios se o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a Sabesp, empresa paulista de saneamento, tivessem adotado desde o início da crise hídrica as medidas de controle de consumo hoje em vigor. O cálculo foi feito pela Folha com base em dados da Sabesp que mostram a economia de água obtida com quatro medidas: bônus na conta para quem economiza; sobretaxa para quem aumenta o gasto; corte da venda de água para municípios onde a Sabesp não atua; e redução de pressão, que raciona o volume de água nas torneiras. Se todas essas ações tivessem sido tomadas em janeiro de 2014, quando a crise já dava seus primeiros sinais, a região metropolitana teria poupado 238 bilhões de litros em seus reservatórios. O volume equivale a uma vez e meia toda a água hoje no Cantareira, manancial em nível crítico desde o ano passado –na sexta-feira (28), estava em 12,2%, incluindo as duas cotas do volume morto. O governo diz que as ações tomadas tiveram resultados graduais e que o cálculo é "descabido". Clique na infografia: Produção de água MEDIDAS No início do ano eleitoral de 2014, o Cantareira, principal manancial da Grande SP, tinha 27% da capacidade –sem considerar o volume morto, que nunca havia sido usado–, e o clima estava atipicamente seco. As chuvas eram as piores em 84 anos. A primeira medida anunciada pelo governo foi o bônus por economia de água, em fevereiro de 2014. A princípio restrita à área do Cantareira, foi estendida a clientes de outros mananciais em abril. Naquele mês, o governo já tinha autorização da agência estadual de saneamento para aumentar em 5,4% a conta de água em São Paulo. Mas escolheu não fazê-lo. Ao longo do ano, Alckmin foi questionado por adversários políticos que o acusavam de retardar medidas impopulares por causa da eleição –o que o tucano sempre negou. Ao mesmo tempo, especialistas cobraram medidas para punir o desperdício de água. Entre os críticos, estava o hidrólogo Jerson Kelman –que, em 2015, assumiu o cargo de presidente da Sabesp, posto que ainda ocupa. Em entrevista ao jornal "Brasil Econômico" em novembro do ano passado, Kelman disse que quem aumentasse o consumo de água em São Paulo deveria pagar mais. Afirmou que as eleições haviam diminuído a clareza das informações transmitidas à população. "Sob o ponto de vista do interesse público, a atuação não foi a melhor, desperdiçou-se água", afirmou. O reajuste na conta de água só seria implantado em dezembro. No mesmo mês, o governador solicitou a implantação da sobretaxa na conta. capacidade dos reservatórios nos dois cenários PRESSÃO Outras duas medidas foram adotadas gradualmente pelo governo do Estado. A principal é a redução de pressão da água. Usada desde 1997, passou a ser aplicada com mais intensidade em março de 2014 e ampliada mês a mês. Atualmente, é responsável por 54,4% do volume economizado. Ao mesmo tempo em que reduz vazamentos, causa falta de água à noite, principalmente em bairros altos. Outra iniciativa foi a redução do envio de água a municípios em que a empresa não atua como concessionária, como Guarulhos e Santo André. Para o hidrólogo e professor da Unicamp Antônio Carlos Zuffo, o governo do Estado demorou para tomar medidas mais rígidas. Ele sugere a adoção de um sistema de "gatilhos": quando a situação atingir um nível de gravidade, ações de economia são automaticamente adotadas. Já a urbanista Marussia Whately, da ONG Aliança pela Água, defende a elaboração de um plano de contingência para a crise. O Estado e a Sabesp negam a possibilidade de rodízio de água em 2015. Quanta água é economizada pelas medidas em vigor OUTRO LADO A Folha questionou o Palácio dos Bandeirantes, a secretaria estadual dos Recursos Hídricos e a Sabesp sobre a economia que teria sido obtida caso as medidas para reduzir a produção de água tivessem sido implantadas desde o início do ano passado, quando a crise hídrica começava a mostrar sinais. O Palácio e a secretaria estadual indicaram a Sabesp para responder ao questionamento. A estatal de saneamento, por sua vez, declarou que o cálculo feito pela reportagem é "descabido". "Não é razoável ser comentarista de videotape", disse a companhia de saneamento. A Sabesp diz que, em fevereiro de 2004, os níveis dos reservatórios da Grande São Paulo estavam mais baixos do que no mesmo mês de 2014 e que, mesmo sem a adoção de medidas como a sobretaxa na conta, "não houve problema algum". Em fevereiro de 2004, o Cantareira chegou a um índice mínimo de 4,7% (sem contar com o volume morto). Naquele ano, no entanto, a quantidade de água que entrava nas represas era maior, e as chuvas dos meses seguinte vieram acima da média, o que aumentou o nível dos reservatórios. Outro argumento da Sabesp é o de que a redução da distribuição de água de 27% obtida desde o início da crise só foi possível devido a uma série de medidas adotadas desde de fevereiro de 2014. "Os resultados das ações da companhia foram gradativos ao longo do ano e em sintonia com cenários de pluviometria de acordo com as estações climáticas. A aplicação do ônus [sobretaxa] só foi adotada como complemento no início de 2015 porque o período de chuvas (iniciado em outubro de 2014) se mostrou abaixo do esperado", diz a nota da estatal. De acordo com a empresa, a adesão de 83% da população ao programa de bônus, por exemplo, "foi aumentando na proporção da conscientização da população, atingindo em julho deste ano o índice recorde de 6,5 mil litros por segundo". A companhia refuta o argumento de especialistas –que chegou a ser adotado pelo presidente da Sabesp antes de atingir o posto– de que a economia de água seria maior se a sobretaxa tivesse sido implantada antes. Ainda segundo a Sabesp, o aumento de redução de pressão, usada para combater o desperdício de água devido a vazamentos, dependeu de instalação de novos equipamentos na Grande SP. A estatal, por outro lado, diminuiu seguidas vezes suas metas de renovação da tubulação da cidade, o que poderia minimizar a necessidade da redução de pressão. Além disso, a Sabesp já deveria ter prontas desde 2007 medidas que diminuíssem a dependência da Grande São Paulo ao sistema Cantareira. Editoria de Arte/Folhapress - Fev.2014: passa a valer o bônus apenas na região do Cantareira Mar.2014: população começa a sentir a falta de água provocada pela redução de pressão. Redução da venda de água por atacado a municípios Abr.2014: passa a valer o bônus para a Grande SP Out.2014: eleição ao governo do Estado Fev. 2015: passa a valer a sobretaxa
cotidiano
Grande SP teria 51% mais água se gestão Alckmin tivesse agido antesA Grande SP poderia ter 51% a mais de água em seus reservatórios se o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a Sabesp, empresa paulista de saneamento, tivessem adotado desde o início da crise hídrica as medidas de controle de consumo hoje em vigor. O cálculo foi feito pela Folha com base em dados da Sabesp que mostram a economia de água obtida com quatro medidas: bônus na conta para quem economiza; sobretaxa para quem aumenta o gasto; corte da venda de água para municípios onde a Sabesp não atua; e redução de pressão, que raciona o volume de água nas torneiras. Se todas essas ações tivessem sido tomadas em janeiro de 2014, quando a crise já dava seus primeiros sinais, a região metropolitana teria poupado 238 bilhões de litros em seus reservatórios. O volume equivale a uma vez e meia toda a água hoje no Cantareira, manancial em nível crítico desde o ano passado –na sexta-feira (28), estava em 12,2%, incluindo as duas cotas do volume morto. O governo diz que as ações tomadas tiveram resultados graduais e que o cálculo é "descabido". Clique na infografia: Produção de água MEDIDAS No início do ano eleitoral de 2014, o Cantareira, principal manancial da Grande SP, tinha 27% da capacidade –sem considerar o volume morto, que nunca havia sido usado–, e o clima estava atipicamente seco. As chuvas eram as piores em 84 anos. A primeira medida anunciada pelo governo foi o bônus por economia de água, em fevereiro de 2014. A princípio restrita à área do Cantareira, foi estendida a clientes de outros mananciais em abril. Naquele mês, o governo já tinha autorização da agência estadual de saneamento para aumentar em 5,4% a conta de água em São Paulo. Mas escolheu não fazê-lo. Ao longo do ano, Alckmin foi questionado por adversários políticos que o acusavam de retardar medidas impopulares por causa da eleição –o que o tucano sempre negou. Ao mesmo tempo, especialistas cobraram medidas para punir o desperdício de água. Entre os críticos, estava o hidrólogo Jerson Kelman –que, em 2015, assumiu o cargo de presidente da Sabesp, posto que ainda ocupa. Em entrevista ao jornal "Brasil Econômico" em novembro do ano passado, Kelman disse que quem aumentasse o consumo de água em São Paulo deveria pagar mais. Afirmou que as eleições haviam diminuído a clareza das informações transmitidas à população. "Sob o ponto de vista do interesse público, a atuação não foi a melhor, desperdiçou-se água", afirmou. O reajuste na conta de água só seria implantado em dezembro. No mesmo mês, o governador solicitou a implantação da sobretaxa na conta. capacidade dos reservatórios nos dois cenários PRESSÃO Outras duas medidas foram adotadas gradualmente pelo governo do Estado. A principal é a redução de pressão da água. Usada desde 1997, passou a ser aplicada com mais intensidade em março de 2014 e ampliada mês a mês. Atualmente, é responsável por 54,4% do volume economizado. Ao mesmo tempo em que reduz vazamentos, causa falta de água à noite, principalmente em bairros altos. Outra iniciativa foi a redução do envio de água a municípios em que a empresa não atua como concessionária, como Guarulhos e Santo André. Para o hidrólogo e professor da Unicamp Antônio Carlos Zuffo, o governo do Estado demorou para tomar medidas mais rígidas. Ele sugere a adoção de um sistema de "gatilhos": quando a situação atingir um nível de gravidade, ações de economia são automaticamente adotadas. Já a urbanista Marussia Whately, da ONG Aliança pela Água, defende a elaboração de um plano de contingência para a crise. O Estado e a Sabesp negam a possibilidade de rodízio de água em 2015. Quanta água é economizada pelas medidas em vigor OUTRO LADO A Folha questionou o Palácio dos Bandeirantes, a secretaria estadual dos Recursos Hídricos e a Sabesp sobre a economia que teria sido obtida caso as medidas para reduzir a produção de água tivessem sido implantadas desde o início do ano passado, quando a crise hídrica começava a mostrar sinais. O Palácio e a secretaria estadual indicaram a Sabesp para responder ao questionamento. A estatal de saneamento, por sua vez, declarou que o cálculo feito pela reportagem é "descabido". "Não é razoável ser comentarista de videotape", disse a companhia de saneamento. A Sabesp diz que, em fevereiro de 2004, os níveis dos reservatórios da Grande São Paulo estavam mais baixos do que no mesmo mês de 2014 e que, mesmo sem a adoção de medidas como a sobretaxa na conta, "não houve problema algum". Em fevereiro de 2004, o Cantareira chegou a um índice mínimo de 4,7% (sem contar com o volume morto). Naquele ano, no entanto, a quantidade de água que entrava nas represas era maior, e as chuvas dos meses seguinte vieram acima da média, o que aumentou o nível dos reservatórios. Outro argumento da Sabesp é o de que a redução da distribuição de água de 27% obtida desde o início da crise só foi possível devido a uma série de medidas adotadas desde de fevereiro de 2014. "Os resultados das ações da companhia foram gradativos ao longo do ano e em sintonia com cenários de pluviometria de acordo com as estações climáticas. A aplicação do ônus [sobretaxa] só foi adotada como complemento no início de 2015 porque o período de chuvas (iniciado em outubro de 2014) se mostrou abaixo do esperado", diz a nota da estatal. De acordo com a empresa, a adesão de 83% da população ao programa de bônus, por exemplo, "foi aumentando na proporção da conscientização da população, atingindo em julho deste ano o índice recorde de 6,5 mil litros por segundo". A companhia refuta o argumento de especialistas –que chegou a ser adotado pelo presidente da Sabesp antes de atingir o posto– de que a economia de água seria maior se a sobretaxa tivesse sido implantada antes. Ainda segundo a Sabesp, o aumento de redução de pressão, usada para combater o desperdício de água devido a vazamentos, dependeu de instalação de novos equipamentos na Grande SP. A estatal, por outro lado, diminuiu seguidas vezes suas metas de renovação da tubulação da cidade, o que poderia minimizar a necessidade da redução de pressão. Além disso, a Sabesp já deveria ter prontas desde 2007 medidas que diminuíssem a dependência da Grande São Paulo ao sistema Cantareira. Editoria de Arte/Folhapress - Fev.2014: passa a valer o bônus apenas na região do Cantareira Mar.2014: população começa a sentir a falta de água provocada pela redução de pressão. Redução da venda de água por atacado a municípios Abr.2014: passa a valer o bônus para a Grande SP Out.2014: eleição ao governo do Estado Fev. 2015: passa a valer a sobretaxa
6
Doria revoga regra de Haddad e inicia retirada de 'minifavelas' das ruas de SP
Após mudar regra editada no ano passado pelo então prefeito Fernando Haddad (PT), a gestão João Doria (PSDB) começou a retirar as "favelinhas" espalhadas por ruas e calçadas de São Paulo. O decreto de Haddad foi editado às pressas, quando o prefeito sofria um desgaste tanto pelo recolhimento de cobertores e colchões, como por mortes de moradores de rua em meio ao inverno rigoroso. A chamada "lei do frio" tinha como objetivo evitar que agentes públicos desmontassem barracas e retirassem pertences de moradores de rua, mas criou um efeito colateral de provocar o avanço dessas pequenas favelas por diferentes pontos da cidade. Agora, com a revisão do decreto, Doria iniciou o desmonte dos barracos -também com seus efeitos colaterais. Na praça da Sé, por exemplo, moradores de rua mostram os papéis que têm em mãos: protocolos de atendimento para fazer, mais uma vez, o RG. "Foi o 'rapa' que levou tudo", diz Elisângela Caetano, 37, numa referência à ação dos agentes públicos. Apesar da orientação de procurar vagas em abrigos, na prática, essa população continua a viver nas ruas após a remoção de seus pertences. Além da Sé, moradores de rua que dormem no Pateo do Collegio, na praça Dom José Gaspar, no Anhangabaú e na região de Santa Cecília (centro), além de moradores da Mooca (zona leste) e de Santana (norte) reclamam de terem tido seus bens apreendidos e malocas desmontadas. "Levaram minha mochila, com tudo dentro", diz Elisângela. Outro morador de rua, Manoel França da Silva, 47, faz coro: "Também levaram meu colchão e minha coberta". O decreto de Doria, de janeiro, suprime itens da norma anterior, de Haddad, como o que proibia a apreensão de "papelões, colchões, colchonetes, cobertores, mantas, travesseiros, lençóis e barracas desmontáveis" de moradores de rua -na prática, tornando legal a ação de recolher esses objetos. O texto também passa a autorizar ações aos fins de semana. Mas a norma mantém a proibição do recolhimento de pertences como documentos, sacolas, medicamentos, mochilas, roupas e carroças -o que não vem sendo respeitado, segundo os moradores de rua. Também estabelece que as prefeituras regionais divulguem, em seus sites, os locais de realização das ações de zeladoria urbana -e não mais os dias e horários, como previa o decreto anterior. Das 32 prefeituras regionais, porém, só uma, a Sé, cumpre a regra. E, apesar desse novo decreto, Doria havia afirmado que a prefeitura não tiraria os pertences dos moradores de rua. "[Retirar cobertores] seria uma desumanidade. Isso não vai ser feito. É apenas para preservar o direito da GCM [Guarda Civil Metropolitana] para não haver a ilegalidade, mas jamais retirar pertences e cobertores", disse, na época da publicação da norma. DESMONTE Na Sé, Abimael Araújo, 44, diz que na mochila que levaram havia remédios, que teve de buscar outra vez -ele mostra um saco plástico com caixas deles. "Jogaram minha cadeira de rodas no caminhão [da zeladoria urbana]. Tive que mandar buscarem", diz Jordão Pereira, 31, apontando para o objeto atrofiado. Ali, os moradores também dizem que tiveram barracas retiradas. A Folha presenciou o desmonte em outros locais da região central: no Anhangabaú, ao lado da estação de metrô Santa Cecília e na praça Dom José Gaspar -nessa última ação, um policial militar jogou spray de pimenta no rosto de um morador de rua. Na Mooca (zona leste), de 17 pessoas que dormiam sob o viaduto Guadalajara, restaram cinco, segundo Marcelo Oliveira, 35, que diz ter tido roupas e coberta apreendidos. Em frente à estação de metrô Santana, na avenida Cruzeiro do Sul (zona norte), Genison de Jesus, 49, pedreiro que mora há um ano na rua, afirma que a GCM recolheu pertences de moradores na semana que antecedeu a presença de Doria no local. O prefeito foi no sábado (18), vestido com um uniforme de limpeza da prefeitura, completar uma das fases de seu programa de zeladoria urbana, o Cidade Linda. Há "favelinhas" mais estruturadas, porém, que seguem intocadas. Sob o viaduto do Glicério (região central), moradores dizem não serem perturbados pelo "rapa". É o mesmo caso da Comunidade do Cimento, na Radial Leste, onde não há fiscalização há mais de dois anos, segundo os moradores, que criaram até um bar na calçada. OUTRO LADO A gestão do prefeito João Doria (PSDB) diz que "ainda não recebeu denúncias formais pelos canais de comunicação" sobre o desmonte das "favelinhas" e que, se forem encaminhadas, "serão imediatamente investigadas". Em nota, também afirma que os prefeitos regionais já foram orientados "sobre o cumprimento estrito" do decreto de janeiro, "segundo o qual não é permitido recolhimento dos pertences pessoais, como documento, remédios, roupas", entre outros. Segundo a prefeitura, não houve aumento de ações de zeladoria feitas com a Guarda Civil Metropolitana. "A GCM atua no apoio e proteção do agente público, a quem cabe executar a ação de zeladoria. Não há registro de atuações com a Polícia Militar." A gestão municipal diz ainda que a "remoção de 'barracos' é autorizada em casos que configuram permanência ou obstrução às vias". "Contudo, nestes casos, o primeiro procedimento é solicitar que a pessoa desmonte e organize seus pertences". "No caso de bens duráveis, o cidadão deve indicar ao agente quais são de uso pessoal. Na hipótese de recusa da retirada, a prefeitura deve apreender a barraca ou estrutura, inventariar e informar o local e prazo para retirada." Sobre a divulgação dos locais das ações de zeladoria urbana, a prefeitura diz já estar "tomando providências para sanar a falta de informação com a maior urgência possível, o que deve acontecer em até 15 dias" –só uma das 32 prefeituras regionais divulga essas informações no site. Por fim, a prefeitura ressalta que está desenvolvendo ações voltadas a moradores de rua, como a oferta de vagas de emprego em empresas privadas.
cotidiano
Doria revoga regra de Haddad e inicia retirada de 'minifavelas' das ruas de SPApós mudar regra editada no ano passado pelo então prefeito Fernando Haddad (PT), a gestão João Doria (PSDB) começou a retirar as "favelinhas" espalhadas por ruas e calçadas de São Paulo. O decreto de Haddad foi editado às pressas, quando o prefeito sofria um desgaste tanto pelo recolhimento de cobertores e colchões, como por mortes de moradores de rua em meio ao inverno rigoroso. A chamada "lei do frio" tinha como objetivo evitar que agentes públicos desmontassem barracas e retirassem pertences de moradores de rua, mas criou um efeito colateral de provocar o avanço dessas pequenas favelas por diferentes pontos da cidade. Agora, com a revisão do decreto, Doria iniciou o desmonte dos barracos -também com seus efeitos colaterais. Na praça da Sé, por exemplo, moradores de rua mostram os papéis que têm em mãos: protocolos de atendimento para fazer, mais uma vez, o RG. "Foi o 'rapa' que levou tudo", diz Elisângela Caetano, 37, numa referência à ação dos agentes públicos. Apesar da orientação de procurar vagas em abrigos, na prática, essa população continua a viver nas ruas após a remoção de seus pertences. Além da Sé, moradores de rua que dormem no Pateo do Collegio, na praça Dom José Gaspar, no Anhangabaú e na região de Santa Cecília (centro), além de moradores da Mooca (zona leste) e de Santana (norte) reclamam de terem tido seus bens apreendidos e malocas desmontadas. "Levaram minha mochila, com tudo dentro", diz Elisângela. Outro morador de rua, Manoel França da Silva, 47, faz coro: "Também levaram meu colchão e minha coberta". O decreto de Doria, de janeiro, suprime itens da norma anterior, de Haddad, como o que proibia a apreensão de "papelões, colchões, colchonetes, cobertores, mantas, travesseiros, lençóis e barracas desmontáveis" de moradores de rua -na prática, tornando legal a ação de recolher esses objetos. O texto também passa a autorizar ações aos fins de semana. Mas a norma mantém a proibição do recolhimento de pertences como documentos, sacolas, medicamentos, mochilas, roupas e carroças -o que não vem sendo respeitado, segundo os moradores de rua. Também estabelece que as prefeituras regionais divulguem, em seus sites, os locais de realização das ações de zeladoria urbana -e não mais os dias e horários, como previa o decreto anterior. Das 32 prefeituras regionais, porém, só uma, a Sé, cumpre a regra. E, apesar desse novo decreto, Doria havia afirmado que a prefeitura não tiraria os pertences dos moradores de rua. "[Retirar cobertores] seria uma desumanidade. Isso não vai ser feito. É apenas para preservar o direito da GCM [Guarda Civil Metropolitana] para não haver a ilegalidade, mas jamais retirar pertences e cobertores", disse, na época da publicação da norma. DESMONTE Na Sé, Abimael Araújo, 44, diz que na mochila que levaram havia remédios, que teve de buscar outra vez -ele mostra um saco plástico com caixas deles. "Jogaram minha cadeira de rodas no caminhão [da zeladoria urbana]. Tive que mandar buscarem", diz Jordão Pereira, 31, apontando para o objeto atrofiado. Ali, os moradores também dizem que tiveram barracas retiradas. A Folha presenciou o desmonte em outros locais da região central: no Anhangabaú, ao lado da estação de metrô Santa Cecília e na praça Dom José Gaspar -nessa última ação, um policial militar jogou spray de pimenta no rosto de um morador de rua. Na Mooca (zona leste), de 17 pessoas que dormiam sob o viaduto Guadalajara, restaram cinco, segundo Marcelo Oliveira, 35, que diz ter tido roupas e coberta apreendidos. Em frente à estação de metrô Santana, na avenida Cruzeiro do Sul (zona norte), Genison de Jesus, 49, pedreiro que mora há um ano na rua, afirma que a GCM recolheu pertences de moradores na semana que antecedeu a presença de Doria no local. O prefeito foi no sábado (18), vestido com um uniforme de limpeza da prefeitura, completar uma das fases de seu programa de zeladoria urbana, o Cidade Linda. Há "favelinhas" mais estruturadas, porém, que seguem intocadas. Sob o viaduto do Glicério (região central), moradores dizem não serem perturbados pelo "rapa". É o mesmo caso da Comunidade do Cimento, na Radial Leste, onde não há fiscalização há mais de dois anos, segundo os moradores, que criaram até um bar na calçada. OUTRO LADO A gestão do prefeito João Doria (PSDB) diz que "ainda não recebeu denúncias formais pelos canais de comunicação" sobre o desmonte das "favelinhas" e que, se forem encaminhadas, "serão imediatamente investigadas". Em nota, também afirma que os prefeitos regionais já foram orientados "sobre o cumprimento estrito" do decreto de janeiro, "segundo o qual não é permitido recolhimento dos pertences pessoais, como documento, remédios, roupas", entre outros. Segundo a prefeitura, não houve aumento de ações de zeladoria feitas com a Guarda Civil Metropolitana. "A GCM atua no apoio e proteção do agente público, a quem cabe executar a ação de zeladoria. Não há registro de atuações com a Polícia Militar." A gestão municipal diz ainda que a "remoção de 'barracos' é autorizada em casos que configuram permanência ou obstrução às vias". "Contudo, nestes casos, o primeiro procedimento é solicitar que a pessoa desmonte e organize seus pertences". "No caso de bens duráveis, o cidadão deve indicar ao agente quais são de uso pessoal. Na hipótese de recusa da retirada, a prefeitura deve apreender a barraca ou estrutura, inventariar e informar o local e prazo para retirada." Sobre a divulgação dos locais das ações de zeladoria urbana, a prefeitura diz já estar "tomando providências para sanar a falta de informação com a maior urgência possível, o que deve acontecer em até 15 dias" –só uma das 32 prefeituras regionais divulga essas informações no site. Por fim, a prefeitura ressalta que está desenvolvendo ações voltadas a moradores de rua, como a oferta de vagas de emprego em empresas privadas.
6
A xepa de feira de Renan, Dilma e Levy
A "Agenda Brasil" de Renan Calheiros, Dilma Rousseff e Joaquim Levy é uma xepa de feira. Seu objetivo é iludir a boa fé do público e alimentar a má fé de maganos que circulam por trás das cortinas do poder. Na segunda-feira tinha 27 itens, na quarta eram 43. Pelo menos dezenove tratam de assuntos que já tramitam no Congresso. Uma das oito novidades apresentadas na primeira versão era o maior jabuti dos tempos modernos. Propunha "avaliar a possibilidade de cobrança diferenciada de procedimentos do SUS (...), considerando as faixas do Imposto de Renda". Dias depois, o bicho sumiu. Como jabuti não sobe em árvore, resta saber quem o pôs lá. Pode ter sido um maluco ou, quem sabe, alguém preocupado com a possibilidade de hoje haver pouca gente na rua gritando contra o governo e o Congresso. Na quarta-feira trocaram o jabuti por uma girafa. Agora, a Agenda Brasil propõe "regulamentar o ressarcimento pelos associados dos planos de saúde, dos procedimentos e atendimentos realizados pelo SUS". Essa frase só tem um significado, absurdo. Não são os associados que devem ressarcir o SUS, são as operadoras. Se ao final das contas uma parte desse custo vai para os clientes, é outra história. Os associados dos planos são clientes, não são sócios dos bilionários dos planos. Se fossem sócios, teriam recebido algum dinheiro quando a Amil foi vendida por US$ 4,9 bilhões à United Health. Arma-se uma situação na qual um sujeito tem plano de saúde, paga suas mensalidades e, por algum motivo, é atendido na rede pública. Como Renan, Dilma e Levy querem que seja regulamentado o ressarcimento "pelos associados", o que está escrito indica é que a patuleia pagará tudo, três vezes. A primeira, quando seus impostos financiam o SUS. A segunda, quando ele financia a operadora do seu plano. A terceira quando seria obrigada a ressarcir a rede pública por ter ido a ela. Bastava que tivessem escrito "ressarcimento, pelos planos de saúde". Mesmo com essa mudança teriam produzido uma redundância, pois o assunto já está regulado. O artigo 32 da Lei 9.656 não menciona "associados", mas "operadoras". No coração dessa história está a palavra "ressarcimento", contra a qual os barões das operadoras lutam desde o século passado. Eles não querem ressarcir o SUS quando um de seus fregueses é atendido (ou desovado) na rede pública. Em 1998 o Congresso aprovou a lei que instituiu essa cobrança. Na tramitação, ela foi desossada. Pelo que está em vigor, se um cidadão tem um acidente automobilístico, sofre um traumatismo craniano, é levado para um pronto-socorro público e passa pela cirurgia que lhe salva a vida, o plano de saúde nada devolve ao SUS. Já o hospital cinco estrelas, para onde ele é removido dias depois, cobra do plano até o copo d'água. A Viúva fica com 80% dos custos hospitalares e não recebe um ceitil. (Dois detalhes: as equipes de resgate são obrigadas a levar os acidentados para hospitais públicos. Ademais, é só lá que certamente haverá neurocirurgiões de plantão.) Além de desossada, a lei do ressarcimento é comida por dentro. Numa frente as operadoras judicializaram-na, sustentando que é inconstitucional. Noutra, beneficiadas por anos de inoperância da Agência Nacional de Saúde Suplementar, remancham os pagamentos. Nos primeiros sete anos de vigência da lei, pagaram apenas R$ 70 milhões. Entre 2000 e 2009, a ANS cobrou R$ 310 milhões relativos a internações e só recebeu R$ 110 milhões. Pior: entre 2007 e 2009, ela conseguiu ter uma arrecadação declinante. No ano passado esse número melhorou, chegando-se a arrecadar R$ 393 milhões só com internações. Se Renan e Dilma quiserem arrecadar mais, podem se alistar publicamente na aplicação rigorosa da atual lei do ressarcimento e na elaboração de um novo projeto que lhe restaure a ossatura. Nenhum dos dois é freguês do SUS. Renan está coberto pelo plano de saúde do Senado. No ano passado, ele custou R$ 6,2 milhões. É vitalício, garante os dependentes e cobre qualquer cidadão que tenha sentado na cadeira por 180 dias. Já a doutora Dilma, quando precisa, tem o hospital Sírio Libanês. - JUDICIALIZAÇÃO Renan, Dilma e Levy puseram no carrinho de sua agenda um item que diz o seguinte: "Avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS". Não pagar esses procedimentos é uma antiga reivindicação das operadoras de planos de saúde. O doutor Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor executivo da Associação Brasileira de Medicina de Grupo sustenta que há "divergências no próprio mundo jurídico" em relação a essas decisões. Jogo jogado, pois sem divergências não existiria mundo jurídico. Proibir o outro de ir ao juiz é o sonho de todo litigante. A porca torce o rabo quando se sabe que as operadoras bateram à porta do STF sustentando que a cobrança do ressarcimento ao SUS é inconstitucional. Mais: em 2006 o presidente da Abramge sugeriu aos seus associados que recorressem aos tribunais contra essas cobranças. Já chegaram à Justiça centenas de reclamações. PORTA GIRATÓRIA A doutora Dilma colocou na presidência da ANS o doutor José Carlos Abrahão. Em 2010, como presidente da Confederação Nacional da Saúde, uma das guildas do setor privado, ele condenou o ressarcimento num artigo publicado na Folha (http://goo.gl/jz9Khd). Quatro anos depois, quando entregou seu currículo ao Senado, esqueceu-se de incluí-lo, apesar de ter anexado dezoito outros. Em 2009, Lula indicou Mauricio Ceschin para a ANS. Ele vinha da presidência da Qualicorp e, cumprida a quarentena, a ela voltou. Naquele ano a Agência tinha cinco diretores. Três saídos de operadoras. PACOTINHO Movem-se nas pistas de acesso ao Planalto duas gracinhas do interesse das operadoras de planos de saúde. A primeira agoniza. Tratava-se de reduzir o valor das multas de quem nega atendimento a um freguês que tem direito. Coisa simples: o valor unitário da multa cairia à medida que a operadora fosse multada muitas vezes. Uma multa, R$ 100. Mil multas, R$ 10 cada. Esse óbvio estímulo à desonestidade foi enfiado numa Medida Provisória, passou pelo Congresso, mas foi vetado pela doutora Dilma. A segunda enfraqueceu-se, mas ainda tem alguma força. Trata-se de liberar os aumentos dos planos individuais. Se prevalecer, acertará o bolso de 10 milhões de pessoas. Cada uma delas resolveu contratar um plano só para si. Se a mudança acontecer, estará ferrado, mas deve-se reconhecer que se ferrou porque tomou essa decisão. NÚMEROS Os planos de saúde e, sobretudo, alguns de seus donos, confundem a capacidade de operar o governo com uma impunidade inerente aos bilhões de suas contas bancárias. Na última campanha, distribuíram R$ 54,9 milhões, cinco vezes mais do que doaram em 2010. Sozinha, a Amil doou R$ 26,3 milhões, noves fora os R$ 5,7 milhões pagos pelos renomados serviços da consultoria de Antonio Palocci –que, além de petista e ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, é médico. Somados, os outros três grandes doadores, Bradesco, Qualicorp e o grupo Unimed, doaram R$ 25,6 milhões. Durante a última campanha presidencial a palavra "ressarcimento" não foi pronunciada.
colunas
A xepa de feira de Renan, Dilma e LevyA "Agenda Brasil" de Renan Calheiros, Dilma Rousseff e Joaquim Levy é uma xepa de feira. Seu objetivo é iludir a boa fé do público e alimentar a má fé de maganos que circulam por trás das cortinas do poder. Na segunda-feira tinha 27 itens, na quarta eram 43. Pelo menos dezenove tratam de assuntos que já tramitam no Congresso. Uma das oito novidades apresentadas na primeira versão era o maior jabuti dos tempos modernos. Propunha "avaliar a possibilidade de cobrança diferenciada de procedimentos do SUS (...), considerando as faixas do Imposto de Renda". Dias depois, o bicho sumiu. Como jabuti não sobe em árvore, resta saber quem o pôs lá. Pode ter sido um maluco ou, quem sabe, alguém preocupado com a possibilidade de hoje haver pouca gente na rua gritando contra o governo e o Congresso. Na quarta-feira trocaram o jabuti por uma girafa. Agora, a Agenda Brasil propõe "regulamentar o ressarcimento pelos associados dos planos de saúde, dos procedimentos e atendimentos realizados pelo SUS". Essa frase só tem um significado, absurdo. Não são os associados que devem ressarcir o SUS, são as operadoras. Se ao final das contas uma parte desse custo vai para os clientes, é outra história. Os associados dos planos são clientes, não são sócios dos bilionários dos planos. Se fossem sócios, teriam recebido algum dinheiro quando a Amil foi vendida por US$ 4,9 bilhões à United Health. Arma-se uma situação na qual um sujeito tem plano de saúde, paga suas mensalidades e, por algum motivo, é atendido na rede pública. Como Renan, Dilma e Levy querem que seja regulamentado o ressarcimento "pelos associados", o que está escrito indica é que a patuleia pagará tudo, três vezes. A primeira, quando seus impostos financiam o SUS. A segunda, quando ele financia a operadora do seu plano. A terceira quando seria obrigada a ressarcir a rede pública por ter ido a ela. Bastava que tivessem escrito "ressarcimento, pelos planos de saúde". Mesmo com essa mudança teriam produzido uma redundância, pois o assunto já está regulado. O artigo 32 da Lei 9.656 não menciona "associados", mas "operadoras". No coração dessa história está a palavra "ressarcimento", contra a qual os barões das operadoras lutam desde o século passado. Eles não querem ressarcir o SUS quando um de seus fregueses é atendido (ou desovado) na rede pública. Em 1998 o Congresso aprovou a lei que instituiu essa cobrança. Na tramitação, ela foi desossada. Pelo que está em vigor, se um cidadão tem um acidente automobilístico, sofre um traumatismo craniano, é levado para um pronto-socorro público e passa pela cirurgia que lhe salva a vida, o plano de saúde nada devolve ao SUS. Já o hospital cinco estrelas, para onde ele é removido dias depois, cobra do plano até o copo d'água. A Viúva fica com 80% dos custos hospitalares e não recebe um ceitil. (Dois detalhes: as equipes de resgate são obrigadas a levar os acidentados para hospitais públicos. Ademais, é só lá que certamente haverá neurocirurgiões de plantão.) Além de desossada, a lei do ressarcimento é comida por dentro. Numa frente as operadoras judicializaram-na, sustentando que é inconstitucional. Noutra, beneficiadas por anos de inoperância da Agência Nacional de Saúde Suplementar, remancham os pagamentos. Nos primeiros sete anos de vigência da lei, pagaram apenas R$ 70 milhões. Entre 2000 e 2009, a ANS cobrou R$ 310 milhões relativos a internações e só recebeu R$ 110 milhões. Pior: entre 2007 e 2009, ela conseguiu ter uma arrecadação declinante. No ano passado esse número melhorou, chegando-se a arrecadar R$ 393 milhões só com internações. Se Renan e Dilma quiserem arrecadar mais, podem se alistar publicamente na aplicação rigorosa da atual lei do ressarcimento e na elaboração de um novo projeto que lhe restaure a ossatura. Nenhum dos dois é freguês do SUS. Renan está coberto pelo plano de saúde do Senado. No ano passado, ele custou R$ 6,2 milhões. É vitalício, garante os dependentes e cobre qualquer cidadão que tenha sentado na cadeira por 180 dias. Já a doutora Dilma, quando precisa, tem o hospital Sírio Libanês. - JUDICIALIZAÇÃO Renan, Dilma e Levy puseram no carrinho de sua agenda um item que diz o seguinte: "Avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS". Não pagar esses procedimentos é uma antiga reivindicação das operadoras de planos de saúde. O doutor Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor executivo da Associação Brasileira de Medicina de Grupo sustenta que há "divergências no próprio mundo jurídico" em relação a essas decisões. Jogo jogado, pois sem divergências não existiria mundo jurídico. Proibir o outro de ir ao juiz é o sonho de todo litigante. A porca torce o rabo quando se sabe que as operadoras bateram à porta do STF sustentando que a cobrança do ressarcimento ao SUS é inconstitucional. Mais: em 2006 o presidente da Abramge sugeriu aos seus associados que recorressem aos tribunais contra essas cobranças. Já chegaram à Justiça centenas de reclamações. PORTA GIRATÓRIA A doutora Dilma colocou na presidência da ANS o doutor José Carlos Abrahão. Em 2010, como presidente da Confederação Nacional da Saúde, uma das guildas do setor privado, ele condenou o ressarcimento num artigo publicado na Folha (http://goo.gl/jz9Khd). Quatro anos depois, quando entregou seu currículo ao Senado, esqueceu-se de incluí-lo, apesar de ter anexado dezoito outros. Em 2009, Lula indicou Mauricio Ceschin para a ANS. Ele vinha da presidência da Qualicorp e, cumprida a quarentena, a ela voltou. Naquele ano a Agência tinha cinco diretores. Três saídos de operadoras. PACOTINHO Movem-se nas pistas de acesso ao Planalto duas gracinhas do interesse das operadoras de planos de saúde. A primeira agoniza. Tratava-se de reduzir o valor das multas de quem nega atendimento a um freguês que tem direito. Coisa simples: o valor unitário da multa cairia à medida que a operadora fosse multada muitas vezes. Uma multa, R$ 100. Mil multas, R$ 10 cada. Esse óbvio estímulo à desonestidade foi enfiado numa Medida Provisória, passou pelo Congresso, mas foi vetado pela doutora Dilma. A segunda enfraqueceu-se, mas ainda tem alguma força. Trata-se de liberar os aumentos dos planos individuais. Se prevalecer, acertará o bolso de 10 milhões de pessoas. Cada uma delas resolveu contratar um plano só para si. Se a mudança acontecer, estará ferrado, mas deve-se reconhecer que se ferrou porque tomou essa decisão. NÚMEROS Os planos de saúde e, sobretudo, alguns de seus donos, confundem a capacidade de operar o governo com uma impunidade inerente aos bilhões de suas contas bancárias. Na última campanha, distribuíram R$ 54,9 milhões, cinco vezes mais do que doaram em 2010. Sozinha, a Amil doou R$ 26,3 milhões, noves fora os R$ 5,7 milhões pagos pelos renomados serviços da consultoria de Antonio Palocci –que, além de petista e ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, é médico. Somados, os outros três grandes doadores, Bradesco, Qualicorp e o grupo Unimed, doaram R$ 25,6 milhões. Durante a última campanha presidencial a palavra "ressarcimento" não foi pronunciada.
10
Assistência a moradores de rua avança pouco na gestão Fernando Haddad
A política de atendimento a moradores de rua em São Paulo pouco avançou na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). O número de pessoas dormindo nas ruas subiu e a qualidade dos albergues é criticada pelos usuários –que muitas vezes preferem encarar madrugadas geladas ao relento a serem recolhidos a um abrigo público. Ao menos quatro moradores de rua morreram durante a onda de frio dos últimos dias. Para a Pastoral do Povo de Rua, ligada à Igreja Católica, a causa mais provável é a baixa temperatura. O último caso aconteceu no domingo (12), quando Adilson Roberto Justino foi achado morto na calçada da av. Paulista. No último censo dessa população, de 2015, a cidade tinha 15.905 moradores de rua, sendo 8.570 abrigados (54%). O percentual de acolhimento é quase igual ao do censo de 2011, penúltimo ano da gestão Gilberto Kassab (PSD) –na época, a população de rua era de 14.478, dos quais 7.713 abrigados. A quantidade de pessoas não acolhidas nesse mesmo período passou de 6.765 para 7.335, um aumento de 8%. Segundo a prefeitura, as vagas fixas para pernoite são de 10 mil, além de 1.400 emergenciais criadas devido ao frio. No último domingo, a lotação chegou a 10.734. FALHAS NO ACOLHIMENTO - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo REJEIÇÃO Mesmo com leitos remanescentes, muitos preferem encarar as noites na rua. "Chega uma hora que está tão frio que você não consegue nem abrir e fechar as mãos. Mesmo assim, não vou para albergue", diz Anderson Souza Moreira, 21, desempregado que chegou da Bahia há três meses. "Você é obrigado a sair de lá às 6h. Às vezes a assistência social te leva até um albergue em um bairro do outro lado da cidade e, chegando lá, a vaga não existe", afirma. Os moradores de rua também reclamam de falta de vagas para famílias (são 590), falta de higiene nos abrigos e de lugar para deixar suas carroças e animais de estimação. "Os albergues são fedidos, a comida é pouca, e ainda corre risco de pegar tuberculose", diz Joel de Souza, 35. Ele conta que a opção de muitos moradores de rua é andar para se aquecer de noite e ir dormir só no nascer do sol. "A prefeitura precisa dar uma resposta ao problema de acolhimento", afirma Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua. Para ele, os atendimentos à população de rua caíram na gestão Haddad. "Ele fechou tendas [criadas na gestão Kassab para atender as pessoas de dia], fechou mais vagas do que criou. E os albergues continuam burocratizados, afastando uma população heterogênea como a de rua." Segundo a assessoria de Kassab, em 2012 havia 11 mil vagas fixas para atender essa população. A prefeitura diz que a gestão anterior contabilizava atendimentos realizados de dia –a assessoria do ex-prefeito afirma que todas as vagas incluíam pernoite. POR QUE A PROCURA É BAIXA - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo Os moradores de rua também reclamaram da retirada de colchões e papelões, usados como proteção, pelos agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana). A informação foi publicada no jornal "O Estado de S. Paulo". A GCM admitiu a retirada de itens, mas afirmou que deixa objetos pessoas e a ação é para evitar que a população de rua "privatize" espaços públicos, como calçadas. OUTRO LADO A gestão Fernando Haddad (PT) afirma ter criado mais de 2.000 novas vagas em albergues nos últimos anos. "Trabalhando com uma lógica de inclusão e acolhimento [a atual gestão] também criou novas modalidades de acolhimento para atender famílias, imigrantes e transexuais", afirma, em nota. "A principal questão não é investir em novos acolhimentos, mas a qualificação dos acolhimentos existentes e a saída das pessoas desses acolhimentos", diz a secretária de Assistência Social, Luciana Temer. "A gente tentou diversificar atendimento para atender um grupo que não vinha." Sobre as regras nos albergues, a prefeitura afirma que os locais "são regidos por normas que organizam" atendimento e convívio. "Muitas delas discutidas e aprovadas em conjunto com os acolhidos", diz a gestão Haddad.
cotidiano
Assistência a moradores de rua avança pouco na gestão Fernando HaddadA política de atendimento a moradores de rua em São Paulo pouco avançou na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). O número de pessoas dormindo nas ruas subiu e a qualidade dos albergues é criticada pelos usuários –que muitas vezes preferem encarar madrugadas geladas ao relento a serem recolhidos a um abrigo público. Ao menos quatro moradores de rua morreram durante a onda de frio dos últimos dias. Para a Pastoral do Povo de Rua, ligada à Igreja Católica, a causa mais provável é a baixa temperatura. O último caso aconteceu no domingo (12), quando Adilson Roberto Justino foi achado morto na calçada da av. Paulista. No último censo dessa população, de 2015, a cidade tinha 15.905 moradores de rua, sendo 8.570 abrigados (54%). O percentual de acolhimento é quase igual ao do censo de 2011, penúltimo ano da gestão Gilberto Kassab (PSD) –na época, a população de rua era de 14.478, dos quais 7.713 abrigados. A quantidade de pessoas não acolhidas nesse mesmo período passou de 6.765 para 7.335, um aumento de 8%. Segundo a prefeitura, as vagas fixas para pernoite são de 10 mil, além de 1.400 emergenciais criadas devido ao frio. No último domingo, a lotação chegou a 10.734. FALHAS NO ACOLHIMENTO - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo REJEIÇÃO Mesmo com leitos remanescentes, muitos preferem encarar as noites na rua. "Chega uma hora que está tão frio que você não consegue nem abrir e fechar as mãos. Mesmo assim, não vou para albergue", diz Anderson Souza Moreira, 21, desempregado que chegou da Bahia há três meses. "Você é obrigado a sair de lá às 6h. Às vezes a assistência social te leva até um albergue em um bairro do outro lado da cidade e, chegando lá, a vaga não existe", afirma. Os moradores de rua também reclamam de falta de vagas para famílias (são 590), falta de higiene nos abrigos e de lugar para deixar suas carroças e animais de estimação. "Os albergues são fedidos, a comida é pouca, e ainda corre risco de pegar tuberculose", diz Joel de Souza, 35. Ele conta que a opção de muitos moradores de rua é andar para se aquecer de noite e ir dormir só no nascer do sol. "A prefeitura precisa dar uma resposta ao problema de acolhimento", afirma Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua. Para ele, os atendimentos à população de rua caíram na gestão Haddad. "Ele fechou tendas [criadas na gestão Kassab para atender as pessoas de dia], fechou mais vagas do que criou. E os albergues continuam burocratizados, afastando uma população heterogênea como a de rua." Segundo a assessoria de Kassab, em 2012 havia 11 mil vagas fixas para atender essa população. A prefeitura diz que a gestão anterior contabilizava atendimentos realizados de dia –a assessoria do ex-prefeito afirma que todas as vagas incluíam pernoite. POR QUE A PROCURA É BAIXA - Apenas metade dos moradores de rua procura abrigos em São Paulo Os moradores de rua também reclamaram da retirada de colchões e papelões, usados como proteção, pelos agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana). A informação foi publicada no jornal "O Estado de S. Paulo". A GCM admitiu a retirada de itens, mas afirmou que deixa objetos pessoas e a ação é para evitar que a população de rua "privatize" espaços públicos, como calçadas. OUTRO LADO A gestão Fernando Haddad (PT) afirma ter criado mais de 2.000 novas vagas em albergues nos últimos anos. "Trabalhando com uma lógica de inclusão e acolhimento [a atual gestão] também criou novas modalidades de acolhimento para atender famílias, imigrantes e transexuais", afirma, em nota. "A principal questão não é investir em novos acolhimentos, mas a qualificação dos acolhimentos existentes e a saída das pessoas desses acolhimentos", diz a secretária de Assistência Social, Luciana Temer. "A gente tentou diversificar atendimento para atender um grupo que não vinha." Sobre as regras nos albergues, a prefeitura afirma que os locais "são regidos por normas que organizam" atendimento e convívio. "Muitas delas discutidas e aprovadas em conjunto com os acolhidos", diz a gestão Haddad.
6
Chefão do Pollos Hermanos, Gus Fring reaparecerá em 'Better Call Saul'
Gus Fring, megatraficante que lavava dinheiro com sua rede de fast food Los Pollos hermanos em "Breaking Bad", aparecerá na terceira temporada de "Better Call Saul". O ator Giancarlo Esposito, que viveu Fring, distribuiu porções de frango frito do restaurante a jornalistas no sábado (14), em um painel da série da Netflix no Television Critics Association, evento que reúne a imprensa especializada em TV nos Estados Unidos. O retorno de Gus a "Better Call Saul", sobre os anos anteriores aos acontecimentos de "Breaking Bad", já era especulado desde o final da segunda temporada, em uma cena em que o personagem teria impedido Mike (Jonathan Banks) de atirar em um de seus aliados. Fãs buscaram pistas até mesmo testando jogos de palavras com todos os episódios do segundo ano da série sobre o advogado canastrão Saul Goodman (Bob Odenkirk). Descobriram que os títulos dos dez episódios, juntos, formam o anagrama "Fring's Back", ou "Fringe está de volta", em português. Fringe Os rumores esquentaram quando a Netflix divulgou, na semana passada, um teaser dos próximos episódios do seriado. O vídeo simula um comercial de TV do Pollos Hermanos, em que o empresário aparece no final —a peça, de fato, foi ao ar em canais de Albuquerque, cidade texana que serve de cenário para a história. Better Call Saul No painel, os criadores não detalharam como será a participação de Gus no novo seriado, que volta ao ar em 10 de abril. O ator brincou que não tinha se comprometido com "Better Call Saul" antes porque tinha o sonho de estrelar sua própria série, "A Ascensão de Gus". Vince Gilligan e Peter Gould, criadores das duas produções, deram algumas pistas sobre o terceiro ano e como se dará a transformação do advogado Jimmy McGill em Saul Goodman. Como a dupla escreveu Jimmy (Odenkirk) um personagem ético e decente, a transição para o golpista Saul pareceu "absolutamente improvável" nas duas primeiras temporadas. "Nesta, conforme o progresso da história, comecei a entender melhor essa mudança", disse Gould. E adiantaram que, enquanto ele continuar ligado à amiga e meio namorada Kim (Rhea Seehorn) e ao irmão Chuck (Michael McKean), não conseguirá se transformar em Saul de verdade. "Mas não é porque a Kim não aparece em 'Breaking Bad' que algo horrível acontece com ela", disse Kim. Na esteira do sucesso da premiada "Breaking Bad", "Better Call Saul" estreou em 2015 e conquistou importantes indicações nas duas últimas edições do Emmy e do Globo de Ouro.
ilustrada
Chefão do Pollos Hermanos, Gus Fring reaparecerá em 'Better Call Saul'Gus Fring, megatraficante que lavava dinheiro com sua rede de fast food Los Pollos hermanos em "Breaking Bad", aparecerá na terceira temporada de "Better Call Saul". O ator Giancarlo Esposito, que viveu Fring, distribuiu porções de frango frito do restaurante a jornalistas no sábado (14), em um painel da série da Netflix no Television Critics Association, evento que reúne a imprensa especializada em TV nos Estados Unidos. O retorno de Gus a "Better Call Saul", sobre os anos anteriores aos acontecimentos de "Breaking Bad", já era especulado desde o final da segunda temporada, em uma cena em que o personagem teria impedido Mike (Jonathan Banks) de atirar em um de seus aliados. Fãs buscaram pistas até mesmo testando jogos de palavras com todos os episódios do segundo ano da série sobre o advogado canastrão Saul Goodman (Bob Odenkirk). Descobriram que os títulos dos dez episódios, juntos, formam o anagrama "Fring's Back", ou "Fringe está de volta", em português. Fringe Os rumores esquentaram quando a Netflix divulgou, na semana passada, um teaser dos próximos episódios do seriado. O vídeo simula um comercial de TV do Pollos Hermanos, em que o empresário aparece no final —a peça, de fato, foi ao ar em canais de Albuquerque, cidade texana que serve de cenário para a história. Better Call Saul No painel, os criadores não detalharam como será a participação de Gus no novo seriado, que volta ao ar em 10 de abril. O ator brincou que não tinha se comprometido com "Better Call Saul" antes porque tinha o sonho de estrelar sua própria série, "A Ascensão de Gus". Vince Gilligan e Peter Gould, criadores das duas produções, deram algumas pistas sobre o terceiro ano e como se dará a transformação do advogado Jimmy McGill em Saul Goodman. Como a dupla escreveu Jimmy (Odenkirk) um personagem ético e decente, a transição para o golpista Saul pareceu "absolutamente improvável" nas duas primeiras temporadas. "Nesta, conforme o progresso da história, comecei a entender melhor essa mudança", disse Gould. E adiantaram que, enquanto ele continuar ligado à amiga e meio namorada Kim (Rhea Seehorn) e ao irmão Chuck (Michael McKean), não conseguirá se transformar em Saul de verdade. "Mas não é porque a Kim não aparece em 'Breaking Bad' que algo horrível acontece com ela", disse Kim. Na esteira do sucesso da premiada "Breaking Bad", "Better Call Saul" estreou em 2015 e conquistou importantes indicações nas duas últimas edições do Emmy e do Globo de Ouro.
1
A essência da universidade deve ser mantida, jamais corrompida
De origem latina, universidade significa conjunto, comunidade. Este termo deve ser carregado para além da congregação entre estudantes e mestres detentores do conhecimento, os quais visam fundir-se intelectualmente dentro de um conceito multidisciplinar. Universidade deve envolver a todos, dentro e fora de suas paredes, para, assim, criar o universo do saber –cujo poder transformador é imensurável. Isso posto, afirmo categoricamente que a visão dessa instituição no Brasil deve ser remodelada com urgência. Atualmente, o Conselho Universitário, órgão máximo, é composto por integrantes de diversas faculdades e que, infelizmente, encaminham as discussões coletivas para interesses pessoais e/ou segmentados. Como é possível um imenso conflito de ideias, sem eixo comum, levar a decisões que beneficiem a todos? Isto acarreta em grande perda qualitativa nas grandes universidades públicas nacionais, haja vista que o núcleo executivo é, muitas vezes, refém de ligações político-partidárias. Logo, manchado por arranjos ideológicos, o nivelamento de seus cursos ocorre por baixo, desvalorizando-se na essência e sem aulas expoentes. Reflexo dessa realidade é, por exemplo, o resultado do Exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), realizado em outubro de 2014, reprovando mais da metade dos recém-formados - 55% não acertaram nem 60% da prova, o mínimo esperado. Também podemos debruçar sobre o Exame de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): entre 2010 e 2014, apenas 18% foi aprovado. Uma má gestão afeta o geral; alunos, professores e comunidade. Para reverter tal quadro, também é imperioso erradicar da lista tríplice, a qual indica pessoas para o cargo de diretor de uma escola. Desconsiderando o número de votantes, indivíduos completamente incapacitados colocam em risco o futuro de um centro universitário; cenário presenciado por nós durante as recentes eleições de uma das mais renomadas escolas de Medicina do Estado de São Paulo. A responsabilidade de arcar com uma universidade é gigantesca e não pode ser assumida por qualquer um, só para satisfazer uma corrente político-ideológica. Voltamos, assim, à questão ideológica, política e individual, levando em consideração apenas o que é vantajoso para si próprio. O ensino público está em decadência evidente e não é à toa que 75% das universidades são particulares. No horizonte enxergamos que estas, em curto prazo, ocuparão lugar de enorme destaque no campo científico, acadêmico e profissional, no Brasil. As universidades públicas estão perdendo cada vez mais espaço graças a interferências externas que corrompem o espírito genuíno do campo de compartilhamento e aprimoramento de saber. O que vemos hoje é a migração de docentes para instituições que estimulem a liberdade de criar, de respirar e de avançar com as próprias asas a fim de desenvolver inovações científicas e tecnológicas. Isto só ocorre em ambientes férteis, com reitores bem alinhados com as necessidades do coletivo. Aproveito, então, para parabenizar Marco Antonio Zago, reitor da Universidade de São Paulo, que trabalha arduamente para recuperar o alto patamar antigamente ocupado pela USP, além de erguer-se da crise financeira. Atuando de modo a incentivar a ousadia dos pesquisadores, Zago é o modelo de gestor culto e inteligente, fundamental para o bom desempenho de toda escola. Universidade, bem como conhecimento, deve ser livre de fronteiras, mantendo as bases fortemente fincadas em terrenos sólidos e fecundos. Deve ter a participação do coletivo, alunos, docentes, técnicos administrativos em educação e servidores. Nada pode ser capaz de perverter sua essência, sobretudo os embates políticos. Devemos lutar pela qualidade, pela força, pela veridicidade e pela autenticidade de nossas instituições. Olhando para o norte, sempre desejando o melhor, nunca podemos perder nosso propósito e nossa virtude. ANTONIO CARLOS LOPES é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
A essência da universidade deve ser mantida, jamais corrompidaDe origem latina, universidade significa conjunto, comunidade. Este termo deve ser carregado para além da congregação entre estudantes e mestres detentores do conhecimento, os quais visam fundir-se intelectualmente dentro de um conceito multidisciplinar. Universidade deve envolver a todos, dentro e fora de suas paredes, para, assim, criar o universo do saber –cujo poder transformador é imensurável. Isso posto, afirmo categoricamente que a visão dessa instituição no Brasil deve ser remodelada com urgência. Atualmente, o Conselho Universitário, órgão máximo, é composto por integrantes de diversas faculdades e que, infelizmente, encaminham as discussões coletivas para interesses pessoais e/ou segmentados. Como é possível um imenso conflito de ideias, sem eixo comum, levar a decisões que beneficiem a todos? Isto acarreta em grande perda qualitativa nas grandes universidades públicas nacionais, haja vista que o núcleo executivo é, muitas vezes, refém de ligações político-partidárias. Logo, manchado por arranjos ideológicos, o nivelamento de seus cursos ocorre por baixo, desvalorizando-se na essência e sem aulas expoentes. Reflexo dessa realidade é, por exemplo, o resultado do Exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), realizado em outubro de 2014, reprovando mais da metade dos recém-formados - 55% não acertaram nem 60% da prova, o mínimo esperado. Também podemos debruçar sobre o Exame de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): entre 2010 e 2014, apenas 18% foi aprovado. Uma má gestão afeta o geral; alunos, professores e comunidade. Para reverter tal quadro, também é imperioso erradicar da lista tríplice, a qual indica pessoas para o cargo de diretor de uma escola. Desconsiderando o número de votantes, indivíduos completamente incapacitados colocam em risco o futuro de um centro universitário; cenário presenciado por nós durante as recentes eleições de uma das mais renomadas escolas de Medicina do Estado de São Paulo. A responsabilidade de arcar com uma universidade é gigantesca e não pode ser assumida por qualquer um, só para satisfazer uma corrente político-ideológica. Voltamos, assim, à questão ideológica, política e individual, levando em consideração apenas o que é vantajoso para si próprio. O ensino público está em decadência evidente e não é à toa que 75% das universidades são particulares. No horizonte enxergamos que estas, em curto prazo, ocuparão lugar de enorme destaque no campo científico, acadêmico e profissional, no Brasil. As universidades públicas estão perdendo cada vez mais espaço graças a interferências externas que corrompem o espírito genuíno do campo de compartilhamento e aprimoramento de saber. O que vemos hoje é a migração de docentes para instituições que estimulem a liberdade de criar, de respirar e de avançar com as próprias asas a fim de desenvolver inovações científicas e tecnológicas. Isto só ocorre em ambientes férteis, com reitores bem alinhados com as necessidades do coletivo. Aproveito, então, para parabenizar Marco Antonio Zago, reitor da Universidade de São Paulo, que trabalha arduamente para recuperar o alto patamar antigamente ocupado pela USP, além de erguer-se da crise financeira. Atuando de modo a incentivar a ousadia dos pesquisadores, Zago é o modelo de gestor culto e inteligente, fundamental para o bom desempenho de toda escola. Universidade, bem como conhecimento, deve ser livre de fronteiras, mantendo as bases fortemente fincadas em terrenos sólidos e fecundos. Deve ter a participação do coletivo, alunos, docentes, técnicos administrativos em educação e servidores. Nada pode ser capaz de perverter sua essência, sobretudo os embates políticos. Devemos lutar pela qualidade, pela força, pela veridicidade e pela autenticidade de nossas instituições. Olhando para o norte, sempre desejando o melhor, nunca podemos perder nosso propósito e nossa virtude. ANTONIO CARLOS LOPES é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
14
Nadador abandona 'politicamente correto' e diz que punição de russos ajudará Brasil
GUILHERME SETO DE SÃO PAULO Prestes a disputar sua terceira Olimpíada (participou de Pequim-2008 e de Londres-2012), o nadador Nicolas Oliveira, 28, investe todas as suas energias na prova do revezamento 4x100m livre para conquistar sua primeira medalha na competição. Disputando o que acredita ser sua última edição dos Jogos, ele não titubeia em dizer que a eliminação de concorrentes russos por doping deve ajudar a equipe brasileira a chegar ao pódio. "Falei para os meninos que a resposta politicamente correta é que não vai mudar nada e teremos que nadar forte do mesmo jeito. Mas, se for olhar friamente, você diminui as chances de um país que iria brigar ali com a gente", diz o nadador mais experiente da equipe brasileira, perto de completar 29 anos em 4 de agosto. Chamada - Doping "Não sabemos quem vai substituir os dois atletas, mas eram os dois melhores tempos do revezamento da Rússia, nadadores de ponta. Então, realmente ajuda. É um incentivo a mais para corrermos atrás dessa medalha." Os russos Vladimir Morosov e Nikita Lobintsev foram suspensos pela Fina (Federação Internacional de Natação) após serem mencionados em um relatório que denunciou um escândalo estatal de doping no país. Eles fizeram parte da equipe que conquistou medalha de bronze no revezamento em Londres-2012. LIDERANÇA A experiência de Nicolas Oliveira o coloca como líder dos demais competidores do revezamento: Marcelo Chierighini tem 25 anos; João de Lucca, 26; Matheus Santana e Gabriel Santos, 20. "Muito tranquilo", ele deve abandonar uma das provas para a qual se classificou para priorizar a competição em equipe. "Provavelmente não vou nadar o 200m livre, porque a ideia é colocar o foco nos 4x100m livre", afirma. As duas provas acontecem no mesmo dia. "É um programa carregado, então acho que vai ser melhor para o Brasil se eu abrir mão dos 200 m e brigar por medalha com os meninos." A idade não é um obstáculo para o nadador. Ele será um dos brasileiros que mais disputará provas no grupo. No entanto, para se recuperar a tempo, é um dos que mais botam fé nos procedimentos de "enganar" o corpo colocados em prática pelo fisiologista Marco Túlio de Mello. Chefe de programa conjunto do COI (Comitê Olímpico Brasileiro) e do Instituto do Sono, Mello tem dado óculos de luz para os atletas à noite, para que o corpo "pense" que o dia está se estendendo, mantendo a temperatura corporal elevada e afastando o sono. Após os treinos, eles recebem óculos escuros e uma luva de resfriamento, para o efeito contrário. "Eu brinco que estamos vivendo um sonho de criança: estamos acordando 11 da manhã, jantando 11 e meia da noite, dormindo duas da manhã. No meu caso, que vou ser o atleta que mais vai disputar provas da equipe brasileira, é muito importante dormir o mais cedo possível para me recuperar para o evento seguinte", brinca Oliveira. Para Oliveira, seu ciclo olímpico se encerra no Rio de Janeiro. "Nunca estive tão tranquilo. Estou me divertindo para caramba e quero muito conquistar uma medalha nesse momento que o Brasil está precisando de um exemplo e de mostrar que temos um pouquinho de orgulho. Acho que é parte do atleta carregar essa responsabilidade e dar esse tipo de prazer", afirma o atleta. "Ganhar uma medalha na Olimpíada do Brasil seria fechar com chave de ouro a minha carreira." Brasileiros na Rio-2016
esporte
Nadador abandona 'politicamente correto' e diz que punição de russos ajudará Brasil GUILHERME SETO DE SÃO PAULO Prestes a disputar sua terceira Olimpíada (participou de Pequim-2008 e de Londres-2012), o nadador Nicolas Oliveira, 28, investe todas as suas energias na prova do revezamento 4x100m livre para conquistar sua primeira medalha na competição. Disputando o que acredita ser sua última edição dos Jogos, ele não titubeia em dizer que a eliminação de concorrentes russos por doping deve ajudar a equipe brasileira a chegar ao pódio. "Falei para os meninos que a resposta politicamente correta é que não vai mudar nada e teremos que nadar forte do mesmo jeito. Mas, se for olhar friamente, você diminui as chances de um país que iria brigar ali com a gente", diz o nadador mais experiente da equipe brasileira, perto de completar 29 anos em 4 de agosto. Chamada - Doping "Não sabemos quem vai substituir os dois atletas, mas eram os dois melhores tempos do revezamento da Rússia, nadadores de ponta. Então, realmente ajuda. É um incentivo a mais para corrermos atrás dessa medalha." Os russos Vladimir Morosov e Nikita Lobintsev foram suspensos pela Fina (Federação Internacional de Natação) após serem mencionados em um relatório que denunciou um escândalo estatal de doping no país. Eles fizeram parte da equipe que conquistou medalha de bronze no revezamento em Londres-2012. LIDERANÇA A experiência de Nicolas Oliveira o coloca como líder dos demais competidores do revezamento: Marcelo Chierighini tem 25 anos; João de Lucca, 26; Matheus Santana e Gabriel Santos, 20. "Muito tranquilo", ele deve abandonar uma das provas para a qual se classificou para priorizar a competição em equipe. "Provavelmente não vou nadar o 200m livre, porque a ideia é colocar o foco nos 4x100m livre", afirma. As duas provas acontecem no mesmo dia. "É um programa carregado, então acho que vai ser melhor para o Brasil se eu abrir mão dos 200 m e brigar por medalha com os meninos." A idade não é um obstáculo para o nadador. Ele será um dos brasileiros que mais disputará provas no grupo. No entanto, para se recuperar a tempo, é um dos que mais botam fé nos procedimentos de "enganar" o corpo colocados em prática pelo fisiologista Marco Túlio de Mello. Chefe de programa conjunto do COI (Comitê Olímpico Brasileiro) e do Instituto do Sono, Mello tem dado óculos de luz para os atletas à noite, para que o corpo "pense" que o dia está se estendendo, mantendo a temperatura corporal elevada e afastando o sono. Após os treinos, eles recebem óculos escuros e uma luva de resfriamento, para o efeito contrário. "Eu brinco que estamos vivendo um sonho de criança: estamos acordando 11 da manhã, jantando 11 e meia da noite, dormindo duas da manhã. No meu caso, que vou ser o atleta que mais vai disputar provas da equipe brasileira, é muito importante dormir o mais cedo possível para me recuperar para o evento seguinte", brinca Oliveira. Para Oliveira, seu ciclo olímpico se encerra no Rio de Janeiro. "Nunca estive tão tranquilo. Estou me divertindo para caramba e quero muito conquistar uma medalha nesse momento que o Brasil está precisando de um exemplo e de mostrar que temos um pouquinho de orgulho. Acho que é parte do atleta carregar essa responsabilidade e dar esse tipo de prazer", afirma o atleta. "Ganhar uma medalha na Olimpíada do Brasil seria fechar com chave de ouro a minha carreira." Brasileiros na Rio-2016
4
Governo teve surpresa com voto de Fux em julgamento no TSE
O governo estava seguro de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveria Michel Temer da acusação de abuso de poder na eleição de 2014, mas teve uma surpresa: o voto do ministro Luiz Fux. Na semana anterior ao julgamento, ele era tido como voto seguro pró-presidente. Outros magistrados, de tribunais superiores, também computavam Fux como pró-governo. DÚVIDA Dias antes do início das sessões do TSE, o voto de Fux passou a ser computado como dúvida. Já na terça, no entanto, o governo se fixou definitivamente no placar de 4 a 3. Leia a coluna completa aqui.
colunas
Governo teve surpresa com voto de Fux em julgamento no TSEO governo estava seguro de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveria Michel Temer da acusação de abuso de poder na eleição de 2014, mas teve uma surpresa: o voto do ministro Luiz Fux. Na semana anterior ao julgamento, ele era tido como voto seguro pró-presidente. Outros magistrados, de tribunais superiores, também computavam Fux como pró-governo. DÚVIDA Dias antes do início das sessões do TSE, o voto de Fux passou a ser computado como dúvida. Já na terça, no entanto, o governo se fixou definitivamente no placar de 4 a 3. Leia a coluna completa aqui.
10
O game de 'House of Cards'
Enquanto o Brasil se prepara para viver momentos de catarse política na vida real, na ficção os políticos jogam videogame. Quem está acompanhando o seriado "House of Cards", produzido e distribuído pelo Netflix, deve ter se deparado com uma situação curiosa no quinto episódio da terceira temporada. O personagem principal, Frank Underwood, um escroque que chega à presidência dos EUA graças à sua falta de caráter, tem uma pausa em suas maquinações ao jogar um inocente joguinho no seu tablet. Pois o game existe de verdade. Trata-se de "Monument Valley", um engenhoso quebra-cabeças em três dimensões baseado em ilusões de óptica no melhor estilo de M. C. Escher. É como se o jogador fosse transportado para o universo de Escher, só que na pele de uma solitária princesa chamada Ida, que precisa se deslocar de um lugar para outro manipulando os elementos daquele universo surreal. Se a metáfora política é bastante clara, o mais interessante é que a inclusão do game no seriado serve também de demonstração do poder de fogo do Netflix como uma nova mídia "de massas", capaz de influenciar multidões. "Monument Valley" já era um game relativamente bem-sucedido, apesar de não ser nenhum estrondo comercial. No momento do lançamento de "House of Cards", em 27 de fevereiro, suas vendas eram praticamente estáveis, senão declinantes. Cinco horas depois do lançamento da temporada (o game aparece no 5º episódio), as vendas começaram a explodir. Entre os dias 28 de fevereiro e 1º de março, o aplicativo saltou da 50ª posição de aplicativos mais vendidos na loja da Apple para a 2ª posição (em outras plataformas o impacto foi similar). Esse é um caso a ser analisado com calma por qualquer pessoa interessada no futuro do marketing. Uma lição é que a prática do chamado "binge watching", que consiste em assistir a praticamente todos os episódios de uma série assim que eles são lançados, é real e significativa. Para se ter ideia, outra análise demonstrou que no domingo após o lançamento de "House of Cards" o Netflix foi responsável por 45% de todo o tráfego de internet dos EUA. Em suma, um único seriado pode ter impacto no uso da rede como um todo (usualmente essa taxa fica em torno de 30%). Executivos do Netflix juram que a aparição do game no seriado não foi uma ação comercial. Ao contrário, teria sido a própria companhia que procurou os autores do game –a empresa Ustwo– para pedir permissão para sua inclusão na trama, gratuitamente. É claro que não dá para acreditar que isso aconteceu assim, casualmente. No mínimo, ao fazer isso, o Netflix faz propaganda da própria empresa como nova plataforma de marketing. E mostra para o mercado tudo o que pode fazer. Nas próximas séries, pode esperar a aparição de mais apps, games e outros produtos. E pode ter certeza que isso não sai de graça. * JÁ ERA uTorrent JA É Popcorn Time JÁ VEM Nacho Time
colunas
O game de 'House of Cards'Enquanto o Brasil se prepara para viver momentos de catarse política na vida real, na ficção os políticos jogam videogame. Quem está acompanhando o seriado "House of Cards", produzido e distribuído pelo Netflix, deve ter se deparado com uma situação curiosa no quinto episódio da terceira temporada. O personagem principal, Frank Underwood, um escroque que chega à presidência dos EUA graças à sua falta de caráter, tem uma pausa em suas maquinações ao jogar um inocente joguinho no seu tablet. Pois o game existe de verdade. Trata-se de "Monument Valley", um engenhoso quebra-cabeças em três dimensões baseado em ilusões de óptica no melhor estilo de M. C. Escher. É como se o jogador fosse transportado para o universo de Escher, só que na pele de uma solitária princesa chamada Ida, que precisa se deslocar de um lugar para outro manipulando os elementos daquele universo surreal. Se a metáfora política é bastante clara, o mais interessante é que a inclusão do game no seriado serve também de demonstração do poder de fogo do Netflix como uma nova mídia "de massas", capaz de influenciar multidões. "Monument Valley" já era um game relativamente bem-sucedido, apesar de não ser nenhum estrondo comercial. No momento do lançamento de "House of Cards", em 27 de fevereiro, suas vendas eram praticamente estáveis, senão declinantes. Cinco horas depois do lançamento da temporada (o game aparece no 5º episódio), as vendas começaram a explodir. Entre os dias 28 de fevereiro e 1º de março, o aplicativo saltou da 50ª posição de aplicativos mais vendidos na loja da Apple para a 2ª posição (em outras plataformas o impacto foi similar). Esse é um caso a ser analisado com calma por qualquer pessoa interessada no futuro do marketing. Uma lição é que a prática do chamado "binge watching", que consiste em assistir a praticamente todos os episódios de uma série assim que eles são lançados, é real e significativa. Para se ter ideia, outra análise demonstrou que no domingo após o lançamento de "House of Cards" o Netflix foi responsável por 45% de todo o tráfego de internet dos EUA. Em suma, um único seriado pode ter impacto no uso da rede como um todo (usualmente essa taxa fica em torno de 30%). Executivos do Netflix juram que a aparição do game no seriado não foi uma ação comercial. Ao contrário, teria sido a própria companhia que procurou os autores do game –a empresa Ustwo– para pedir permissão para sua inclusão na trama, gratuitamente. É claro que não dá para acreditar que isso aconteceu assim, casualmente. No mínimo, ao fazer isso, o Netflix faz propaganda da própria empresa como nova plataforma de marketing. E mostra para o mercado tudo o que pode fazer. Nas próximas séries, pode esperar a aparição de mais apps, games e outros produtos. E pode ter certeza que isso não sai de graça. * JÁ ERA uTorrent JA É Popcorn Time JÁ VEM Nacho Time
10
Palmeiras perde do Audax, e Cuca conhece sua segunda derrota
Após jogar muito mal no primeiro tempo, quando sofreu dois gols, o Palmeiras reagiu na etapa final, mas não conseguiu evitar a derrota por 2 a 1 para o Audax na noite deste domingo (20), em Osasco, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista. O time alviverde permaneceu com 15 pontos, ainda na liderança do Grupo B. Essa foi também a segunda derrota da equipe sob o comando do técnico Cuca, que estreou na última quinta (17), na derrota para o Nacional (URU), pela Libertadores. Envolvido pela troca de passes do Audax, o Palmeiras foi para os vestiários perdendo de 2 a 0: gols de Velicka, de pênalti, e Camacho, após bela tabela do time de Osasco. Na etapa final, Lucas Barrios descontou para os palmeirenses. Agora, a equipe alviverde vai buscar a primeira vitória com Cuca na próxima quinta-feira (24), quando recebe no Pacaembu o Red Bull, às 20h30. Audax 2 x 1 Palmeiras O JOGO Com o pouco tempo sob o comando de Cuca, o Palmeiras ainda repetiu velhos padrões que tinha com Marcelo Oliveira: excesso de ligação direta da defesa para o ataque, muitos erros nos passes e falta de aproximação entre os setores da equipe. Assim, o time alviverde foi totalmente envolvido pela intensa troca de passes do Audax no primeiro tempo. Sem conseguir acertar a marcação na equipe da casa, os palmeirenses levaram uma bola na trave aos 7min. Logo depois, de pênalti, sofreram o primeiro gol, marcado por Velicka. Em desvantagem, o Palmeiras até tentou pressionar a saída de bola adversária, mas não conseguiu desarmar a equipe de Osasco. Além disso, assim como ocorreu contra o Nacional (URU), na última quinta (17), encontrou muitas dificuldades para finalizar. Para piorar, levou o segundo gol aos 32min, quando Camacho carregou a bola desde o meio de campo sem ser incomodado pela marcação alviverde, tabelou com Ytalo e, na saída do goleiro Fernando Prass, chutou rasteiro para ampliar o placar. As entradas de Lucas Barrios e Rafael Marques nos lugares de Alecsandro e do volante Gabriel no intervalo deram mais presença ofensiva ao Palmeiras no segundo tempo. Rafael Marques chegou a perder gol feito de cabeça aos 5min. Já o atacante paraguaio não desperdiçou chute rasteiro aos 32min e diminuiu o placar para os visitantes. Depois, o Palmeiras se lançou ao campo de ataque e pressionou os donos da casa até o apito final. Dudu, porém, perdeu chance de empatar aos 35min, quando chutou a bola por cima do travessão na saída do goleiro adversário. Tabela e resultados do Campeonato Paulista 2016
esporte
Palmeiras perde do Audax, e Cuca conhece sua segunda derrotaApós jogar muito mal no primeiro tempo, quando sofreu dois gols, o Palmeiras reagiu na etapa final, mas não conseguiu evitar a derrota por 2 a 1 para o Audax na noite deste domingo (20), em Osasco, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista. O time alviverde permaneceu com 15 pontos, ainda na liderança do Grupo B. Essa foi também a segunda derrota da equipe sob o comando do técnico Cuca, que estreou na última quinta (17), na derrota para o Nacional (URU), pela Libertadores. Envolvido pela troca de passes do Audax, o Palmeiras foi para os vestiários perdendo de 2 a 0: gols de Velicka, de pênalti, e Camacho, após bela tabela do time de Osasco. Na etapa final, Lucas Barrios descontou para os palmeirenses. Agora, a equipe alviverde vai buscar a primeira vitória com Cuca na próxima quinta-feira (24), quando recebe no Pacaembu o Red Bull, às 20h30. Audax 2 x 1 Palmeiras O JOGO Com o pouco tempo sob o comando de Cuca, o Palmeiras ainda repetiu velhos padrões que tinha com Marcelo Oliveira: excesso de ligação direta da defesa para o ataque, muitos erros nos passes e falta de aproximação entre os setores da equipe. Assim, o time alviverde foi totalmente envolvido pela intensa troca de passes do Audax no primeiro tempo. Sem conseguir acertar a marcação na equipe da casa, os palmeirenses levaram uma bola na trave aos 7min. Logo depois, de pênalti, sofreram o primeiro gol, marcado por Velicka. Em desvantagem, o Palmeiras até tentou pressionar a saída de bola adversária, mas não conseguiu desarmar a equipe de Osasco. Além disso, assim como ocorreu contra o Nacional (URU), na última quinta (17), encontrou muitas dificuldades para finalizar. Para piorar, levou o segundo gol aos 32min, quando Camacho carregou a bola desde o meio de campo sem ser incomodado pela marcação alviverde, tabelou com Ytalo e, na saída do goleiro Fernando Prass, chutou rasteiro para ampliar o placar. As entradas de Lucas Barrios e Rafael Marques nos lugares de Alecsandro e do volante Gabriel no intervalo deram mais presença ofensiva ao Palmeiras no segundo tempo. Rafael Marques chegou a perder gol feito de cabeça aos 5min. Já o atacante paraguaio não desperdiçou chute rasteiro aos 32min e diminuiu o placar para os visitantes. Depois, o Palmeiras se lançou ao campo de ataque e pressionou os donos da casa até o apito final. Dudu, porém, perdeu chance de empatar aos 35min, quando chutou a bola por cima do travessão na saída do goleiro adversário. Tabela e resultados do Campeonato Paulista 2016
4
Oito membros de uma mesma família são encontrados mortos nos EUA
Oito membros de uma mesma família foram encontrados mortos com tiros na cabeça em quatro diferentes locais no sul do Estado norte-americano de Ohio, nesta sexta-feira (22), segundo informações de autoridades locais. Eles alertaram parentes das vítimas e moradores da região para serem cuidadosos e afirmaram que o assassino pode estar armado. Três crianças, com idades entre quatro dias e três anos, sobreviveram aos ataques que mataram sete adultos e um adolescente de 16 anos, disseram o xerife do condado de Pike, Charles Reader, e o procurador-geral Mike DeWine durante entrevista coletiva. A polícia não descarta que mais de uma pessoa esteja envolvida nos crimes. Algumas das vítimas estavam em suas camas, indicando que foram assassinados enquanto estavam dormindo. Eles foram identificados como membros da família Rhoden. "É de cortar o coração", disse DeWine. "Uma das mulheres foi morta em sua cama com o bebê de quatro dias próximo a ela." A motivação dos crimes ainda não foi esclarecida. Todos eles foram mortos com tiros na cabeça em quatro casas ao longo de uma estrada rural. Segundo a polícia, os assassinatos seguem o estilo de execuções. As autoridades estão tentando determinar o motivo dos crimes, identificar as vítimas. Dezenas de agentes foram chamados na manhã desta sexta para ir ao condado, uma área na região da Appalachian, a cerca de 80 quilômetros ao leste de Cincinnati. John Kasich, governador do Estado e pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, estava em evento de campanha na Pensilvânia. Ela disse que sua equipe está monitorando a situação e lamentou o caso. Em sua conta no Twitter, Kasich escreveu que as informações recebidas até agora são "trágicas e vão além da compreensão".
mundo
Oito membros de uma mesma família são encontrados mortos nos EUAOito membros de uma mesma família foram encontrados mortos com tiros na cabeça em quatro diferentes locais no sul do Estado norte-americano de Ohio, nesta sexta-feira (22), segundo informações de autoridades locais. Eles alertaram parentes das vítimas e moradores da região para serem cuidadosos e afirmaram que o assassino pode estar armado. Três crianças, com idades entre quatro dias e três anos, sobreviveram aos ataques que mataram sete adultos e um adolescente de 16 anos, disseram o xerife do condado de Pike, Charles Reader, e o procurador-geral Mike DeWine durante entrevista coletiva. A polícia não descarta que mais de uma pessoa esteja envolvida nos crimes. Algumas das vítimas estavam em suas camas, indicando que foram assassinados enquanto estavam dormindo. Eles foram identificados como membros da família Rhoden. "É de cortar o coração", disse DeWine. "Uma das mulheres foi morta em sua cama com o bebê de quatro dias próximo a ela." A motivação dos crimes ainda não foi esclarecida. Todos eles foram mortos com tiros na cabeça em quatro casas ao longo de uma estrada rural. Segundo a polícia, os assassinatos seguem o estilo de execuções. As autoridades estão tentando determinar o motivo dos crimes, identificar as vítimas. Dezenas de agentes foram chamados na manhã desta sexta para ir ao condado, uma área na região da Appalachian, a cerca de 80 quilômetros ao leste de Cincinnati. John Kasich, governador do Estado e pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, estava em evento de campanha na Pensilvânia. Ela disse que sua equipe está monitorando a situação e lamentou o caso. Em sua conta no Twitter, Kasich escreveu que as informações recebidas até agora são "trágicas e vão além da compreensão".
3
Andrade diz que Morumbi entrou em negociação de cartel da Copa
A Andrade Gutierrez informou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que o estádio do Morumbi entrou na negociação do cartel de licitações formado entre empreiteiras para a construção de arenas da Copa do Mundo de 2014. Para conseguir assinar o acordo de leniência com o órgão, a empresa também entregou nomes de concorrentes, apresentando informações de um suposto conluio no mercado nacional de obras. Em documentos tornados público nesta segunda-feira (5) pelo Cade, a Andrade disse que a Camargo Corrêa integrou o grupo que estava elaborando a divisão dos projetos e manifestou interesse apenas em fazer a reforma do Morumbi. Na época, o estádio do São Paulo ainda era cotado para receber a abertura do Mundial. "A Camargo Corrêa manifestou interesse no acordo anticompetitivo preliminar quanto ao Estádio Morumbi, em São Paulo/SP. No entanto, não implementou a conduta porque o projeto escolhido foi a Arena Corinthians", diz trecho do relatório do Cade sobre o histórico de conduta do cartel. O estádio do Corinthians foi construído pela Odebrecht. As seis empresas que participaram do esquema, segundo a delação, foram: Andrade, Odebrecht, OAS, Carioca, Construtora Queiroz Galvão e Camargo. A Camargo, porém, saiu logo que a Arena Corinthians foi escolhida para ser a sede da abertura, em junho de 2010, e, por isso, o cartel não atuou no estádio tricolor. Segundo o Cade, as construtoras combinaram a divisão dos projetos, preços, condições e vantagens entre os concorrentes. A negociação começou em outubro de 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa, e durou até 2010, quando todos os estádios foram definidos, de acordo com os documentos divulgados. O Cade diz que a Andrade não tem "conhecimento de que a contratação para a construção da Arena Corinthians tenha sido afetada por condutas anticompetitivas". Como revelou a Folha, em delação premiada a Odebrecht diz que o estádio do Corinthians foi uma espécie de "presente" a pedido do ex-presidente Lula. A construção contou com ajuda da Caixa Econômica Federal e do BNDES, além da prefeitura de São Paulo. As arenas construídas pelo cartel foram, segundo a Andrade, pelo menos: Castelão (Fortaleza), Dunas (Natal), Maracanã, Pernambuco e Fonte Nova (Salvador). Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, era quem estava à frente de todas as negociações com a Fifa para receber a Copa. O cartola morreu dezembro do ano passado. O Ministério Público também participou da celebração do acordo da Andrade no Cade e as investigações foram desdobramento da Operação Lava Jato que apura irregularidade nas obras do Mundial no Brasil. Procurado, o São Paulo não se manifestou até a publicação da reportagem. LULA SOBRE MORUMBI Logo que a Fifa anunciou, em 2010, que o estádio do Morumbi não poderia sediar a Copa do Mundo, o então presidente Lula se manifestou sobre o assunto. "Eu acho estranho [que o Morumbi não sirva para a Copa]. Talvez seja uma exigência arquitetônica ou de engenharia que eu não conheça. Mas de qualquer forma, o governador de São Paulo e o prefeito de São Paulo vão ter que se manifestar a respeito", disse Lula. Naquele dia, no entanto, ainda não estava definido que o estádio corintiano receberia a abertura do Mundial. Na época, Juvêncio sugeriu que o corte do Morumbi teve caráter político. Seu relacionamento com Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, piorou após ter se oposto a Kleber Leite, apadrinhado do presidente da CBF, na eleição do Clube dos 13. "A decisão tomada pela Fifa/COL surpreendeu porque, inusitadamente, foi anunciada no momento em que as atenções da comunidade esportiva estão voltadas para a Copa de 2010, como se numa tentativa de se esconder o ato sob a sombra dos holofotes focados no maior evento esportivo do planeta", disse.
poder
Andrade diz que Morumbi entrou em negociação de cartel da CopaA Andrade Gutierrez informou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que o estádio do Morumbi entrou na negociação do cartel de licitações formado entre empreiteiras para a construção de arenas da Copa do Mundo de 2014. Para conseguir assinar o acordo de leniência com o órgão, a empresa também entregou nomes de concorrentes, apresentando informações de um suposto conluio no mercado nacional de obras. Em documentos tornados público nesta segunda-feira (5) pelo Cade, a Andrade disse que a Camargo Corrêa integrou o grupo que estava elaborando a divisão dos projetos e manifestou interesse apenas em fazer a reforma do Morumbi. Na época, o estádio do São Paulo ainda era cotado para receber a abertura do Mundial. "A Camargo Corrêa manifestou interesse no acordo anticompetitivo preliminar quanto ao Estádio Morumbi, em São Paulo/SP. No entanto, não implementou a conduta porque o projeto escolhido foi a Arena Corinthians", diz trecho do relatório do Cade sobre o histórico de conduta do cartel. O estádio do Corinthians foi construído pela Odebrecht. As seis empresas que participaram do esquema, segundo a delação, foram: Andrade, Odebrecht, OAS, Carioca, Construtora Queiroz Galvão e Camargo. A Camargo, porém, saiu logo que a Arena Corinthians foi escolhida para ser a sede da abertura, em junho de 2010, e, por isso, o cartel não atuou no estádio tricolor. Segundo o Cade, as construtoras combinaram a divisão dos projetos, preços, condições e vantagens entre os concorrentes. A negociação começou em outubro de 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa, e durou até 2010, quando todos os estádios foram definidos, de acordo com os documentos divulgados. O Cade diz que a Andrade não tem "conhecimento de que a contratação para a construção da Arena Corinthians tenha sido afetada por condutas anticompetitivas". Como revelou a Folha, em delação premiada a Odebrecht diz que o estádio do Corinthians foi uma espécie de "presente" a pedido do ex-presidente Lula. A construção contou com ajuda da Caixa Econômica Federal e do BNDES, além da prefeitura de São Paulo. As arenas construídas pelo cartel foram, segundo a Andrade, pelo menos: Castelão (Fortaleza), Dunas (Natal), Maracanã, Pernambuco e Fonte Nova (Salvador). Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, era quem estava à frente de todas as negociações com a Fifa para receber a Copa. O cartola morreu dezembro do ano passado. O Ministério Público também participou da celebração do acordo da Andrade no Cade e as investigações foram desdobramento da Operação Lava Jato que apura irregularidade nas obras do Mundial no Brasil. Procurado, o São Paulo não se manifestou até a publicação da reportagem. LULA SOBRE MORUMBI Logo que a Fifa anunciou, em 2010, que o estádio do Morumbi não poderia sediar a Copa do Mundo, o então presidente Lula se manifestou sobre o assunto. "Eu acho estranho [que o Morumbi não sirva para a Copa]. Talvez seja uma exigência arquitetônica ou de engenharia que eu não conheça. Mas de qualquer forma, o governador de São Paulo e o prefeito de São Paulo vão ter que se manifestar a respeito", disse Lula. Naquele dia, no entanto, ainda não estava definido que o estádio corintiano receberia a abertura do Mundial. Na época, Juvêncio sugeriu que o corte do Morumbi teve caráter político. Seu relacionamento com Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, piorou após ter se oposto a Kleber Leite, apadrinhado do presidente da CBF, na eleição do Clube dos 13. "A decisão tomada pela Fifa/COL surpreendeu porque, inusitadamente, foi anunciada no momento em que as atenções da comunidade esportiva estão voltadas para a Copa de 2010, como se numa tentativa de se esconder o ato sob a sombra dos holofotes focados no maior evento esportivo do planeta", disse.
0
Bombeiros identificam 8ª vítima em Mariana (MG); mais um corpo é resgatado
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou nesta sexta-feira (20) a identificação da oitava vítima da tragédia em Mariana (a 124 km de Belo Horizonte). No dia 5, uma barragem da Samarco, mineradora controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, se rompeu, liberando uma onda de rejeitos de minério. Além disso, mais um corpo foi resgatado nesta sexta. A oitava vítima identificada é Samuel Vieira Balbino, de 34 anos. Ele era funcionário da Geocontrole BR Sondagens, que prestava serviço à Samarco. Equipes dos bombeiros também localizaram mais um corpo, próximo a Ponte do Gama, a cerca de 25 km da barragem do Fundão. Entre os oito mortos, estão duas crianças, Emanuelly Vitória Fernandes, 5, e Thiago Damasceno Santos, 7. Eles moravam em Bento Rodrigues, o vilarejo mais afetado pela lama de rejeitos de minério. Ainda restam 11 pessoas desaparecidas e quatro corpos aguardam identificação. Infográfico: Bacia do rio Doce Os bombeiros informaram ainda que receberam pedidos de familiares para que usassem equipamentos como sonar ou guindastes para resgate de vítimas, mas que são materiais que não existem ou não são adequados para esse tipo de operação. Também afirmou que não houve redução do número de bombeiros envolvidos no resgate das vítimas, e que 26 bombeiros devem chegar a Mariana a partir de sábado (21) para reforçar o trabalho. Por onde passou, a lama liberada pela barragem provocou mortandade de peixes e agravou o assoreamento de rios de menor porte. O material chegou ao Espírito Santo nesta segunda-feira (16) e deve atingir o mar a partir deste fim de semana. A enxurrada de lama deverá se estender por 9 km no mar capixaba. O temor de ambientalistas é que o material afete a vida marinha da região, que é um dos principais pontos no país de reprodução de tartarugas marinhas e outras espécies em risco de extinção.
cotidiano
Bombeiros identificam 8ª vítima em Mariana (MG); mais um corpo é resgatadoO Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou nesta sexta-feira (20) a identificação da oitava vítima da tragédia em Mariana (a 124 km de Belo Horizonte). No dia 5, uma barragem da Samarco, mineradora controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, se rompeu, liberando uma onda de rejeitos de minério. Além disso, mais um corpo foi resgatado nesta sexta. A oitava vítima identificada é Samuel Vieira Balbino, de 34 anos. Ele era funcionário da Geocontrole BR Sondagens, que prestava serviço à Samarco. Equipes dos bombeiros também localizaram mais um corpo, próximo a Ponte do Gama, a cerca de 25 km da barragem do Fundão. Entre os oito mortos, estão duas crianças, Emanuelly Vitória Fernandes, 5, e Thiago Damasceno Santos, 7. Eles moravam em Bento Rodrigues, o vilarejo mais afetado pela lama de rejeitos de minério. Ainda restam 11 pessoas desaparecidas e quatro corpos aguardam identificação. Infográfico: Bacia do rio Doce Os bombeiros informaram ainda que receberam pedidos de familiares para que usassem equipamentos como sonar ou guindastes para resgate de vítimas, mas que são materiais que não existem ou não são adequados para esse tipo de operação. Também afirmou que não houve redução do número de bombeiros envolvidos no resgate das vítimas, e que 26 bombeiros devem chegar a Mariana a partir de sábado (21) para reforçar o trabalho. Por onde passou, a lama liberada pela barragem provocou mortandade de peixes e agravou o assoreamento de rios de menor porte. O material chegou ao Espírito Santo nesta segunda-feira (16) e deve atingir o mar a partir deste fim de semana. A enxurrada de lama deverá se estender por 9 km no mar capixaba. O temor de ambientalistas é que o material afete a vida marinha da região, que é um dos principais pontos no país de reprodução de tartarugas marinhas e outras espécies em risco de extinção.
6
Em crise, Rússia anuncia corte de 10% em gastos para a Copa de 2018
O governo russo informou nesta quinta-feira (29) uma redução de 10% nos gastos para a Copa do Mundo de 2018. O anúncio foi realizado pelo ministro de Esportes, Vitali Mutko. "No que se refere aos gastos, assim como acontece nos demais ministérios, todos os programas serão reduzidos em 10%", disse o ministro para a imprensa local. A medida faz parte de um pacote de redução de investimentos públicos, como forma de frear a retração da economia da Rússia. O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê que o PIB do país deve cair 3% em 2015, enquanto o Banco Central estima queda ainda maior, de 4,7%. Integrante do Comitê Executivo da Fifa, Mutko assegurou, contudo, que o corte não afetará as obras nos estádios. Até o anúncio, o governo russo pretendia investir 664 bilhões de rublos (cerca de R$ 25,1 bilhões) na realização do Mundial. Metade desse valor seria destinado a infraestrutura de transportes (aeroportos e rodovias), enquanto um terço ficaria para as instalações esportes. De acordo com a agência de notícias russa Tass, os cortes atingirão "questões organizacionais variadas" e "subsídios para o Comitê Organizador". Para 2015, Mutko assegurou que a prioridade é "celebrar no mais alto nível" o sorteio das Eliminatórias para o Mundial. A cerimônia está marcada para 25 de julho, no Palácio de Constantino, em São Petersburgo. SEM REMORSO Mesmo com a crise, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu que o país não renunciará ao direito de sediar a competição em nenhum caso. "Este [o Mundial] é mais um motivo para o desenvolvimento da Rússia. Para isso não há remorso em usar as verbas", disse Putin. Neste mês, Joseph Blatter, presidente da Fifa, afirmou que havia recebido garantias da Rússia de que os problemas econômicos não afetariam a Copa de 2018.
esporte
Em crise, Rússia anuncia corte de 10% em gastos para a Copa de 2018O governo russo informou nesta quinta-feira (29) uma redução de 10% nos gastos para a Copa do Mundo de 2018. O anúncio foi realizado pelo ministro de Esportes, Vitali Mutko. "No que se refere aos gastos, assim como acontece nos demais ministérios, todos os programas serão reduzidos em 10%", disse o ministro para a imprensa local. A medida faz parte de um pacote de redução de investimentos públicos, como forma de frear a retração da economia da Rússia. O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê que o PIB do país deve cair 3% em 2015, enquanto o Banco Central estima queda ainda maior, de 4,7%. Integrante do Comitê Executivo da Fifa, Mutko assegurou, contudo, que o corte não afetará as obras nos estádios. Até o anúncio, o governo russo pretendia investir 664 bilhões de rublos (cerca de R$ 25,1 bilhões) na realização do Mundial. Metade desse valor seria destinado a infraestrutura de transportes (aeroportos e rodovias), enquanto um terço ficaria para as instalações esportes. De acordo com a agência de notícias russa Tass, os cortes atingirão "questões organizacionais variadas" e "subsídios para o Comitê Organizador". Para 2015, Mutko assegurou que a prioridade é "celebrar no mais alto nível" o sorteio das Eliminatórias para o Mundial. A cerimônia está marcada para 25 de julho, no Palácio de Constantino, em São Petersburgo. SEM REMORSO Mesmo com a crise, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu que o país não renunciará ao direito de sediar a competição em nenhum caso. "Este [o Mundial] é mais um motivo para o desenvolvimento da Rússia. Para isso não há remorso em usar as verbas", disse Putin. Neste mês, Joseph Blatter, presidente da Fifa, afirmou que havia recebido garantias da Rússia de que os problemas econômicos não afetariam a Copa de 2018.
4
Proposta do Congresso dos EUA adia plano de fechar Guantánamo
Após meses de discussões, congressistas dos EUA divulgaram nesta terça-feira (29) seu projeto de lei para o orçamento da Defesa em 2016. Alguns trechos desagradaram aos democratas e devem ser vetados pelo presidente Barack Obama. Um dos principais pontos é a prorrogação, por um ano, da proibição de transferir detentos da prisão da base militar de Guantánamo (Cuba) para território americano. A medida adiaria mais uma vez o fechamento da prisão, defendido por Obama desde a eleição para seu primeiro mandato, em 2008. "Se o governo se queixa sobre Guantánamo, a culpa é sua, porque jamais apresentou um plano", disse o senador republicano John McCain, que preside a Comissão de Defesa do Senado. Candidato derrotado por Obama na disputa pela Casa Branca em 2008, McCain é um dos oposicionistas que concordam com o fechamento da prisão. Ainda estão em Guantánamo 113 prisioneiros da chamada "guerra ao terror", muitos dos quais detidos sem nenhuma acusação formal. O Congresso tem vetado, por exemplo, as transferências para o Iêmen –de onde provém boa parte dos presos– devido à situação política instável do país. Na América do Sul, o Uruguai é o único país que acolheu ex-detentos de Guantánamo. CORTES Os congressistas democratas se opõem à proposta, incluída no projeto de lei, de destinar US$ 90 bilhões (R$ 370 bilhões) de fundos especiais de guerra para evitar cortes no orçamento do Pentágono para o ano que vem. O orçamento total da Defesa americana para 2016 é de US$ 612 bilhões (cerca de R$ 2,5 trilhões).
mundo
Proposta do Congresso dos EUA adia plano de fechar GuantánamoApós meses de discussões, congressistas dos EUA divulgaram nesta terça-feira (29) seu projeto de lei para o orçamento da Defesa em 2016. Alguns trechos desagradaram aos democratas e devem ser vetados pelo presidente Barack Obama. Um dos principais pontos é a prorrogação, por um ano, da proibição de transferir detentos da prisão da base militar de Guantánamo (Cuba) para território americano. A medida adiaria mais uma vez o fechamento da prisão, defendido por Obama desde a eleição para seu primeiro mandato, em 2008. "Se o governo se queixa sobre Guantánamo, a culpa é sua, porque jamais apresentou um plano", disse o senador republicano John McCain, que preside a Comissão de Defesa do Senado. Candidato derrotado por Obama na disputa pela Casa Branca em 2008, McCain é um dos oposicionistas que concordam com o fechamento da prisão. Ainda estão em Guantánamo 113 prisioneiros da chamada "guerra ao terror", muitos dos quais detidos sem nenhuma acusação formal. O Congresso tem vetado, por exemplo, as transferências para o Iêmen –de onde provém boa parte dos presos– devido à situação política instável do país. Na América do Sul, o Uruguai é o único país que acolheu ex-detentos de Guantánamo. CORTES Os congressistas democratas se opõem à proposta, incluída no projeto de lei, de destinar US$ 90 bilhões (R$ 370 bilhões) de fundos especiais de guerra para evitar cortes no orçamento do Pentágono para o ano que vem. O orçamento total da Defesa americana para 2016 é de US$ 612 bilhões (cerca de R$ 2,5 trilhões).
3
Casal de marqueteiros pede liberação de R$ 22 milhões para pagar contas
Responsáveis por campanhas presidenciais milionárias dos ex-presidentes Lula e Dilma, os publicitários João Santana e Mônica Moura, delatores da Operação Lava Jato, pediram ao juiz Sergio Moro a liberação de R$ 22 milhões para pagar gastos pessoais, em função de "dificuldades financeiras". O casal argumentou que "não pode trabalhar e auferir renda para seus gastos pessoais e de suas famílias", e disse que a restituição é fundamental, inclusive para o pagamento de advogados. A petição foi enviada à Justiça na última terça (8). Os valores estão bloqueados há pouco mais de um ano, quando o casal foi libertado mediante o pagamento de fiança. Santana e Moura eram acusados de receber dinheiro desviado da Petrobras. Meses depois, os dois fecharam um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), em que admitiram ter recebido propina e caixa dois no exterior. Desde agosto do ano passado, eles estão em liberdade, mas ainda não voltaram a trabalhar. VALORES O saldo das contas bancárias do casal no Brasil foi bloqueado pela Justiça, como fiança: no total, eram R$ 31,5 milhões. Desse valor, Moro já havia liberado R$ 6 milhões para o pagamento de multas acertadas na delação. Agora, os delatores aguardam a repatriação, em favor da União, de outros US$ 21 milhões que estão numa conta offshore na Suíça, a Shellbill –alimentada, segundo eles, por pagamentos em caixa dois de campanhas eleitorais. Eles abriram mão do dinheiro no acordo de delação. Segundo os advogados Beno Brandão e Alessi Brandão, o casal aguarda andamento a um pedido de cooperação internacional com a Suíça, encaminhado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em julho. Para a defesa, "o atraso na repatriação se deve, única e exclusivamente, ao MPF". "Não podem, portanto, os colaboradores serem punidos por essa demora", escrevem os defensores. O Ministério Público Federal se posicionou contra a liberação, argumentando que os R$ 22 milhões bloqueados servem como "garantia" à repatriação dos valores da Suíça, e pede que eles só sejam liberados depois de feita a cooperação internacional com aquele país. O juiz Sergio Moro ainda não havia decidido sobre a questão até a tarde desta segunda (14).
poder
Casal de marqueteiros pede liberação de R$ 22 milhões para pagar contasResponsáveis por campanhas presidenciais milionárias dos ex-presidentes Lula e Dilma, os publicitários João Santana e Mônica Moura, delatores da Operação Lava Jato, pediram ao juiz Sergio Moro a liberação de R$ 22 milhões para pagar gastos pessoais, em função de "dificuldades financeiras". O casal argumentou que "não pode trabalhar e auferir renda para seus gastos pessoais e de suas famílias", e disse que a restituição é fundamental, inclusive para o pagamento de advogados. A petição foi enviada à Justiça na última terça (8). Os valores estão bloqueados há pouco mais de um ano, quando o casal foi libertado mediante o pagamento de fiança. Santana e Moura eram acusados de receber dinheiro desviado da Petrobras. Meses depois, os dois fecharam um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), em que admitiram ter recebido propina e caixa dois no exterior. Desde agosto do ano passado, eles estão em liberdade, mas ainda não voltaram a trabalhar. VALORES O saldo das contas bancárias do casal no Brasil foi bloqueado pela Justiça, como fiança: no total, eram R$ 31,5 milhões. Desse valor, Moro já havia liberado R$ 6 milhões para o pagamento de multas acertadas na delação. Agora, os delatores aguardam a repatriação, em favor da União, de outros US$ 21 milhões que estão numa conta offshore na Suíça, a Shellbill –alimentada, segundo eles, por pagamentos em caixa dois de campanhas eleitorais. Eles abriram mão do dinheiro no acordo de delação. Segundo os advogados Beno Brandão e Alessi Brandão, o casal aguarda andamento a um pedido de cooperação internacional com a Suíça, encaminhado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em julho. Para a defesa, "o atraso na repatriação se deve, única e exclusivamente, ao MPF". "Não podem, portanto, os colaboradores serem punidos por essa demora", escrevem os defensores. O Ministério Público Federal se posicionou contra a liberação, argumentando que os R$ 22 milhões bloqueados servem como "garantia" à repatriação dos valores da Suíça, e pede que eles só sejam liberados depois de feita a cooperação internacional com aquele país. O juiz Sergio Moro ainda não havia decidido sobre a questão até a tarde desta segunda (14).
0
Painel: Planalto antecipou pacote para fortalecer discurso que levará a Davos
Para investidor ver Dilma Rousseff decidiu antecipar para esta segunda-feira o anúncio do pacote de aumento de impostos para fortalecer a mensagem que a equipe econômica levará ao Fórum Econômico Mundial esta semana. Na sexta-feira, a presidente discutiu com Joaquim Levy ... Leia post completo no blog
poder
Painel: Planalto antecipou pacote para fortalecer discurso que levará a DavosPara investidor ver Dilma Rousseff decidiu antecipar para esta segunda-feira o anúncio do pacote de aumento de impostos para fortalecer a mensagem que a equipe econômica levará ao Fórum Econômico Mundial esta semana. Na sexta-feira, a presidente discutiu com Joaquim Levy ... Leia post completo no blog
0
Sem consenso, Câmara adia votação da reforma política
Sem consenso e diante de muita polêmica, o plenário da Câmara dos Deputados adiou na noite desta quarta-feira (16) a votação do texto-base de parte da reforma política. Não há entendimento em torno dos principais pontos, que são a criação de mais um fundo público de campanha, a instituição do chamado "distritão" para as eleições legislativas e o estabelecimento de um mandato de dez anos para os futuros ministros de tribunais superiores. A reforma deve voltar a ser analisada na próxima semana. O resultado desta quarta, porém, é um indicativo de risco de que nada seja aprovado pelo Congresso até setembro, tempo limite para valer nas eleições de 2018. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão pouco após as 22h ao avaliar que o número de deputados presentes era insuficiente para aprovar a medida. Maia disse que não dá para votar o tema com apenas 430 deputados em plenário. Emendas à Constituição necessitam do voto de pelo menos 308 dos 513 parlamentares. Assista ao vídeo O novo fundo eleitoral reservaria R$ 3,6 bilhões para as eleições de 2018. Diante da repercussão negativa, houve acordo para não haver valor pré-definido. O Congresso irá deliberar sobre isso adiante, podendo inclusive aprovar uma quantia maior. O "distritão" é o modelo que os mais votados para a Câmara são eleitos. Hoje as cadeiras são distribuídas com base em um cálculo que leva em conta o voto na legenda e em todos os candidatos, eleitos e não eleitos. Já o mandato para ministros das altas cortes foi uma medida que permaneceu durante a tramitação, embora não diga respeito à reforma política. Hoje ministros como os do Supremo Tribunal Federal podem ficar em suas funções até a aposentadoria obrigatória, aos 75 anos. Há ainda outras partes da reforma em análise em comissões da Câmara, entre elas o fim das coligações para eleições legislativas e regras para barrar a proliferação de partidos. Nesta quarta, o relator, Vicente Cândido (PT-SP), recuou e desistiu de tornar ocultos os nomes de quem doar recursos aos candidatos. SEMIDISTRITÃO Por falta de acordo, nesta quarta integrantes do PP e do DEM, entre outros partidos, passaram a defender uma espécie de "semidistritão". O novo modelo, também chamado de "distritão light" e "distritão misto" -ainda não havia acordo sobre o nome oficial-, foi discutido na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que reuniu pela manhã líderes dos principais partidos governistas e de oposição para tentar reunir apoio à reforma. A exemplo do padrinho, o mais novo modelo já nasceu sob polêmica e uma chuva de ironias. Se o "distritão" só existe no Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Ilhas Pitcairn, o "semidistritão", dizem deputados, pode ser celebrado como genuína criação nacional. "Ainda não entendi direito o modelo, mas a criatividade humana é um poço infindável de soluções", disse Marcus Pestana (PSDB-MG). Rodrigo Maia manifestou apoio à medida. "Qualquer coisa que garanta o distrital-misto em 2022 eu acho bom." Ele se refere ao sistema em que metade das cadeiras da Câmara é preenchida pelos mais votados em distritos do país e a outra metade por lista definida pelos partidos. Pelo texto base aprovado nesta quarta, o distrital-misto passará a vigorar a partir de 2022. Para entender o "semidistritão", é preciso recuar a 2015, quando o Supremo Tribunal Federal proibiu as empresas de continuar a abastecer financeiramente as campanhas políticas. Dessa decisão deriva a atual reforma política, que pretende ampliar o financiamento público aos candidatos. Apesar da troca do dinheiro empresarial por aquele saído dos cofres públicos, o bolo será menor. Calcula-se que metade do que os candidatos tiveram à disposição em 2014. Por isso, o mundo político pretende enterrar o atual modelo de eleição para a Câmara, o "proporcional", que estimula os partidos a lançar o maior número de candidatos possível. Isso porque as cadeiras são distribuídas com base no total de votos recebido pela sigla ou candidatos, eleitos ou não eleitos. Para resolver o problema, o mundo político ressuscitou o "distritão", modelo defendido pelo PMDB de Michel Temer e já rejeitado pelos deputados em 2015. Esse sistema pressupõe o lançamento de bem menos candidatos, pois são eleitos os mais votados. Os votos dados aos não eleitos e aqueles direcionados em excesso aos eleitos são jogados no lixo, não contam para nada -seriam mais de 60% dos votos em São Paulo, por exemplo, se o "distritão" estivesse em vigor em 2014. Pelo "semidistritão", seriam eleitos os mais votados, mas permaneceria a possibilidade de o eleitor votar na legenda. Os votos dados ao partido seriam distribuído igualitariamente entre todos os candidatos da sigla.
poder
Sem consenso, Câmara adia votação da reforma políticaSem consenso e diante de muita polêmica, o plenário da Câmara dos Deputados adiou na noite desta quarta-feira (16) a votação do texto-base de parte da reforma política. Não há entendimento em torno dos principais pontos, que são a criação de mais um fundo público de campanha, a instituição do chamado "distritão" para as eleições legislativas e o estabelecimento de um mandato de dez anos para os futuros ministros de tribunais superiores. A reforma deve voltar a ser analisada na próxima semana. O resultado desta quarta, porém, é um indicativo de risco de que nada seja aprovado pelo Congresso até setembro, tempo limite para valer nas eleições de 2018. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão pouco após as 22h ao avaliar que o número de deputados presentes era insuficiente para aprovar a medida. Maia disse que não dá para votar o tema com apenas 430 deputados em plenário. Emendas à Constituição necessitam do voto de pelo menos 308 dos 513 parlamentares. Assista ao vídeo O novo fundo eleitoral reservaria R$ 3,6 bilhões para as eleições de 2018. Diante da repercussão negativa, houve acordo para não haver valor pré-definido. O Congresso irá deliberar sobre isso adiante, podendo inclusive aprovar uma quantia maior. O "distritão" é o modelo que os mais votados para a Câmara são eleitos. Hoje as cadeiras são distribuídas com base em um cálculo que leva em conta o voto na legenda e em todos os candidatos, eleitos e não eleitos. Já o mandato para ministros das altas cortes foi uma medida que permaneceu durante a tramitação, embora não diga respeito à reforma política. Hoje ministros como os do Supremo Tribunal Federal podem ficar em suas funções até a aposentadoria obrigatória, aos 75 anos. Há ainda outras partes da reforma em análise em comissões da Câmara, entre elas o fim das coligações para eleições legislativas e regras para barrar a proliferação de partidos. Nesta quarta, o relator, Vicente Cândido (PT-SP), recuou e desistiu de tornar ocultos os nomes de quem doar recursos aos candidatos. SEMIDISTRITÃO Por falta de acordo, nesta quarta integrantes do PP e do DEM, entre outros partidos, passaram a defender uma espécie de "semidistritão". O novo modelo, também chamado de "distritão light" e "distritão misto" -ainda não havia acordo sobre o nome oficial-, foi discutido na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que reuniu pela manhã líderes dos principais partidos governistas e de oposição para tentar reunir apoio à reforma. A exemplo do padrinho, o mais novo modelo já nasceu sob polêmica e uma chuva de ironias. Se o "distritão" só existe no Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Ilhas Pitcairn, o "semidistritão", dizem deputados, pode ser celebrado como genuína criação nacional. "Ainda não entendi direito o modelo, mas a criatividade humana é um poço infindável de soluções", disse Marcus Pestana (PSDB-MG). Rodrigo Maia manifestou apoio à medida. "Qualquer coisa que garanta o distrital-misto em 2022 eu acho bom." Ele se refere ao sistema em que metade das cadeiras da Câmara é preenchida pelos mais votados em distritos do país e a outra metade por lista definida pelos partidos. Pelo texto base aprovado nesta quarta, o distrital-misto passará a vigorar a partir de 2022. Para entender o "semidistritão", é preciso recuar a 2015, quando o Supremo Tribunal Federal proibiu as empresas de continuar a abastecer financeiramente as campanhas políticas. Dessa decisão deriva a atual reforma política, que pretende ampliar o financiamento público aos candidatos. Apesar da troca do dinheiro empresarial por aquele saído dos cofres públicos, o bolo será menor. Calcula-se que metade do que os candidatos tiveram à disposição em 2014. Por isso, o mundo político pretende enterrar o atual modelo de eleição para a Câmara, o "proporcional", que estimula os partidos a lançar o maior número de candidatos possível. Isso porque as cadeiras são distribuídas com base no total de votos recebido pela sigla ou candidatos, eleitos ou não eleitos. Para resolver o problema, o mundo político ressuscitou o "distritão", modelo defendido pelo PMDB de Michel Temer e já rejeitado pelos deputados em 2015. Esse sistema pressupõe o lançamento de bem menos candidatos, pois são eleitos os mais votados. Os votos dados aos não eleitos e aqueles direcionados em excesso aos eleitos são jogados no lixo, não contam para nada -seriam mais de 60% dos votos em São Paulo, por exemplo, se o "distritão" estivesse em vigor em 2014. Pelo "semidistritão", seriam eleitos os mais votados, mas permaneceria a possibilidade de o eleitor votar na legenda. Os votos dados ao partido seriam distribuído igualitariamente entre todos os candidatos da sigla.
0
STF julga no dia 3 ação que ameaça Renan no comando do Senado
A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, marcou para o dia 3 de novembro o julgamento de uma ação que impede réus em processos no Supremo de ocuparem cargos da linha sucessória da presidência da República. Ela definiu a data de votação na sexta (21), portanto antes de entrar em rota de colisão com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), principal interessado nesse julgamento. O processo ameaça a permanência do peemedebista na presidência do Senado, já que ele assume a principal cadeira do Palácio do Planalto na ausência do titular e do presidente da Câmara. Renan responde a 12 inquéritos no STF. No início deste mês, o ministro Edson Fachin liberou para a pauta a denúncia em que o senador é acusado de beneficiar uma empreiteira suspeita de arcar com a pensão de uma filha que ele teve com a jornalista Mônica Veloso. Se a denúncia for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan se tornará réu no processo, do qual Fachin é o relator. O pedido para que o STF proíba acusados de ocuparem a presidência da República foi feito pela Rede, em maio deste ano. Na ocasião, o partido tinha por objetivo evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de processos no tribunal, assumisse o comando do país, ainda que temporariamente. Ainda que o pleito da Rede e o caso de Renan sejam julgados neste ano, dificilmente os resultados afetarão o presidente do Senado, que deixará o posto em fevereiro. Além de o Judiciário entrar em recesso no mês que vem, em ambas as ações cabem variados recursos. Sobre o possível desfecho, o presidente do Senado diz estar tranquilo. "Absolutamente, não tenho a menor preocupação [sobre o julgamento]. Não sou réu, essa investigação de 2007 foi pedida por mim. É uma investigação. Entreguei todos os meus sigilos, pedi investigação e há poucos dias estive no STF pedindo para pautar essa matéria. Ninguém mais do que eu tem tanta pressa com esse esclarecimento. Sou o maior interessado no julgamento dessa denúncia. Ninguém mais do que eu, porque pedi a investigação, prestei depoimento e quero que isso se decida imediatamente", afirmou. Colaborou CAMILA MATTOSO
poder
STF julga no dia 3 ação que ameaça Renan no comando do SenadoA presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, marcou para o dia 3 de novembro o julgamento de uma ação que impede réus em processos no Supremo de ocuparem cargos da linha sucessória da presidência da República. Ela definiu a data de votação na sexta (21), portanto antes de entrar em rota de colisão com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), principal interessado nesse julgamento. O processo ameaça a permanência do peemedebista na presidência do Senado, já que ele assume a principal cadeira do Palácio do Planalto na ausência do titular e do presidente da Câmara. Renan responde a 12 inquéritos no STF. No início deste mês, o ministro Edson Fachin liberou para a pauta a denúncia em que o senador é acusado de beneficiar uma empreiteira suspeita de arcar com a pensão de uma filha que ele teve com a jornalista Mônica Veloso. Se a denúncia for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan se tornará réu no processo, do qual Fachin é o relator. O pedido para que o STF proíba acusados de ocuparem a presidência da República foi feito pela Rede, em maio deste ano. Na ocasião, o partido tinha por objetivo evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de processos no tribunal, assumisse o comando do país, ainda que temporariamente. Ainda que o pleito da Rede e o caso de Renan sejam julgados neste ano, dificilmente os resultados afetarão o presidente do Senado, que deixará o posto em fevereiro. Além de o Judiciário entrar em recesso no mês que vem, em ambas as ações cabem variados recursos. Sobre o possível desfecho, o presidente do Senado diz estar tranquilo. "Absolutamente, não tenho a menor preocupação [sobre o julgamento]. Não sou réu, essa investigação de 2007 foi pedida por mim. É uma investigação. Entreguei todos os meus sigilos, pedi investigação e há poucos dias estive no STF pedindo para pautar essa matéria. Ninguém mais do que eu tem tanta pressa com esse esclarecimento. Sou o maior interessado no julgamento dessa denúncia. Ninguém mais do que eu, porque pedi a investigação, prestei depoimento e quero que isso se decida imediatamente", afirmou. Colaborou CAMILA MATTOSO
0
Guardar água em casa contra a seca pode causar aumento de doença
A sequência de dias chuvosos em tempos de crise hídrica da história tem levado moradores a estocarem água para amenizar os problemas no abastecimento. Especialistas afirmam, porém, que o armazenamento incorreto pode ampliar casos de doenças, como a dengue e a febre chikungunya. A Prefeitura de São Paulo também já demonstrou preocupação com essa prática. Entre 4 e 24 de janeiro, houve 1.304 casos de dengue na cidade de São Paulo, 163% a mais do que os 495 no mesmo período de 2014. A dona de casa Maria das Dores Mourão, 56, tem quatro caixas-d'água de 500 litros, compradas ao longo dos anos. Nesta quinta-feira (5), notou que uma delas não tinha nem sequer uma tampa. "Ela era fechada, mas acho que ficou assim depois que o funcionário de um caminhão pipa foi embora e esqueceu de colocar a tampa de volta. Eu tenho muito medo da dengue, por isso vou pedir para colocar de volta", disse ela, que vive em Guarulhos (Grande São Paulo). A empregada doméstica Ivanete Maria da Costa, 40, mantém baldes para captar água da chuva e jogar no vaso sanitário. "Tenho que comprar alguns com tampa porque esses eu tenho de gastar rápido para não criar dengue. Lavo até roupa com essa água", afirmou. Calor, tempo úmido e água parada compõem o ambiente ideal para a proliferação da dengue, diz o infectologista Artur Timerman, do hospital Edmundo Vasconcelos. "A larva do mosquito, para eclodir, precisa de duas condições que estamos fornecendo: calor e umidade. O jeito mais fácil de eclodir a larva é deixar a água parada em recipientes assim." Para ele, a prática de armazenar água em casa não é solução para a crise de abastecimento, que é estrutural. Outro risco é o peso das caixas-d'água extras, que podem causar danos ao imóvel. Josefa Freitas, 66, tem três reservatórios de 1.000 litros e outro de 500 em uma casa de quatro andares. "Quero comprar outra caixa de 1.000 litros porque já cheguei a ficar sem água e tive que tomar banho na casa de amigos." A casa, diz, suporta o peso.
cotidiano
Guardar água em casa contra a seca pode causar aumento de doençaA sequência de dias chuvosos em tempos de crise hídrica da história tem levado moradores a estocarem água para amenizar os problemas no abastecimento. Especialistas afirmam, porém, que o armazenamento incorreto pode ampliar casos de doenças, como a dengue e a febre chikungunya. A Prefeitura de São Paulo também já demonstrou preocupação com essa prática. Entre 4 e 24 de janeiro, houve 1.304 casos de dengue na cidade de São Paulo, 163% a mais do que os 495 no mesmo período de 2014. A dona de casa Maria das Dores Mourão, 56, tem quatro caixas-d'água de 500 litros, compradas ao longo dos anos. Nesta quinta-feira (5), notou que uma delas não tinha nem sequer uma tampa. "Ela era fechada, mas acho que ficou assim depois que o funcionário de um caminhão pipa foi embora e esqueceu de colocar a tampa de volta. Eu tenho muito medo da dengue, por isso vou pedir para colocar de volta", disse ela, que vive em Guarulhos (Grande São Paulo). A empregada doméstica Ivanete Maria da Costa, 40, mantém baldes para captar água da chuva e jogar no vaso sanitário. "Tenho que comprar alguns com tampa porque esses eu tenho de gastar rápido para não criar dengue. Lavo até roupa com essa água", afirmou. Calor, tempo úmido e água parada compõem o ambiente ideal para a proliferação da dengue, diz o infectologista Artur Timerman, do hospital Edmundo Vasconcelos. "A larva do mosquito, para eclodir, precisa de duas condições que estamos fornecendo: calor e umidade. O jeito mais fácil de eclodir a larva é deixar a água parada em recipientes assim." Para ele, a prática de armazenar água em casa não é solução para a crise de abastecimento, que é estrutural. Outro risco é o peso das caixas-d'água extras, que podem causar danos ao imóvel. Josefa Freitas, 66, tem três reservatórios de 1.000 litros e outro de 500 em uma casa de quatro andares. "Quero comprar outra caixa de 1.000 litros porque já cheguei a ficar sem água e tive que tomar banho na casa de amigos." A casa, diz, suporta o peso.
6
Pulga e ácaro namoram em cabelo de adolescente e corpo de mulher peluda
É uma história de uma pulga, a Hilda, e de um ácaro, o Glauber. Que nojo, né? E onde já se viu um bicho chamado Glauber? A pulga e o ácaro são parasitas. Isso significa que não gostam de trabalhar –preferem sugar a energia dos outros. Eles são bem pequenos. O Glauber gosta de picar humanos, a Hilda prefere cachorrinhos. Mas veja só: bichinhos nojentos também amam, e Glauber não vive sem Hilda. Estão sempre se mudando. Um dia, passam a viver numa mulher-gorila de um circo –ela é chamada assim porque é muito peluda. Hilda começa a olhar os trapezistas e sonha em ser artista. É que pulgas têm muitos talentos. Você sabia que uma pulga consegue saltar uma altura 150 vezes maior que o seu corpo? É como se uma criança de um metro conseguisse pular um prédio de 50 andares! O chato é que o público do circo só gosta de mamíferos, ou seja, animais como elefantes, girafas, leões. Aí Hilda e Glauber tiveram de ir embora. Foram morar em um cachorro, na cabeleira de um adolescente (descobriram que os piolhos são vizinhos muito chatos), na barba de um profeta e até dentro de um peixe! Como é que eles pararam lá? Bom, aí você vai ter que ler o livro, porque preguiça é coisa de parasitas. AS AVENTURAS DE GLAUBER E HILDA Autora Índigo Editora Companhia das Letrinhas Preço R$ 34,90 Indicação a partir de 9 anos
folhinha
Pulga e ácaro namoram em cabelo de adolescente e corpo de mulher peludaÉ uma história de uma pulga, a Hilda, e de um ácaro, o Glauber. Que nojo, né? E onde já se viu um bicho chamado Glauber? A pulga e o ácaro são parasitas. Isso significa que não gostam de trabalhar –preferem sugar a energia dos outros. Eles são bem pequenos. O Glauber gosta de picar humanos, a Hilda prefere cachorrinhos. Mas veja só: bichinhos nojentos também amam, e Glauber não vive sem Hilda. Estão sempre se mudando. Um dia, passam a viver numa mulher-gorila de um circo –ela é chamada assim porque é muito peluda. Hilda começa a olhar os trapezistas e sonha em ser artista. É que pulgas têm muitos talentos. Você sabia que uma pulga consegue saltar uma altura 150 vezes maior que o seu corpo? É como se uma criança de um metro conseguisse pular um prédio de 50 andares! O chato é que o público do circo só gosta de mamíferos, ou seja, animais como elefantes, girafas, leões. Aí Hilda e Glauber tiveram de ir embora. Foram morar em um cachorro, na cabeleira de um adolescente (descobriram que os piolhos são vizinhos muito chatos), na barba de um profeta e até dentro de um peixe! Como é que eles pararam lá? Bom, aí você vai ter que ler o livro, porque preguiça é coisa de parasitas. AS AVENTURAS DE GLAUBER E HILDA Autora Índigo Editora Companhia das Letrinhas Preço R$ 34,90 Indicação a partir de 9 anos
27
Mundo Econômico
PANORAMA MUNDO Após diminuírem as maiores preocupações em relação à Bolsa chinesa —devido à desvalorização competitiva da moeda de alguns países, medida inibida no G20 em Ancara (Turquia)— e depois da redução da alavancagem dos mercados chineses, assegurada pelo departamento internacional do Banco Popular da China, o olhar do mundo se volta novamente à possível elevação da taxa de juros americana no próximo dia 17. Neste dia, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vai se reunir para decidir se elevará ou não a taxa de juros pela primeira vez em nove anos. A taxa de juros americana tem diversas implicações para o mundo. A elevação da taxa tornaria ativos financeiros denominados em dólares mais rentáveis, fazendo com que investidores tirassem os seus recursos de países emergentes para reaplicar o dinheiro em ativos americanos. Esse fluxo de capitais para os Estados Unidos valorizaria o dólar em relação à moeda dos países emergentes. Ou seja, em primeira instância os países emergentes —como o Brasil— teriam uma moeda mais fraca ante o dólar e menos capital externo. O dólar valorizado prejudicaria a competitividade das exportações americanas. Internamente, a elevação da taxa de juros encareceria o crédito, hipotecas e dívidas, reforçando o incentivo para que os americanos poupem, mas também prejudicando o consumo das famílias, reduzindo a demanda agregada e, por consequência, a inflação. As metas do Fed são a estabilidade de preços, pleno emprego e estabilidade financeira, o que se traduz em uma meta da taxa de inflação de 2% ao ano e um nível de desemprego estável em 5%. Entre os contrários à elevação da taxa de juros há nomes influentes como Lawrence Summers, Bill Gross e Christine Lagarde. As principais preocupações deles são que juros maiores acabem por afetar a inflação, cuja expectativa para os próximos dez anos está ligeiramente abaixo de 2%. Além disso, a menor demanda pode reduzir a criação de emprego e, assim, o desemprego não deverá cair até os 5% projetados pelo Fed. Há inquietação também com o grande influxo de capitais externos, que podem gerar bolhas em seus mercados financeiros. Também se mostram contrários à argumentação de que os juros baixos —usados para estimular a economia enfraquecida durante todos esses anos— gerem distorções porque permitem crédito para investimentos com retorno menor ou riscos maiores. Isso porque o sistema financeiro está mais regulado e melhor capitalizado, ou seja, mais seguro contra falências, e as empresas possuem mais dinheiro em caixa, dependendo menos de empréstimos. Os dois principais argumentos a favor da elevação da taxa de juros são prevenir um superaquecimento da economia americana e ter margem para estimular a economia em uma recessão futura via nova redução da taxa de juros. O primeiro argumento é bastante frágil, tendo em vista os resultados publicados no livro Bege, que reúne os dados da conjuntura econômica americana sempre duas semanas antes das reuniões do Fed. Apesar de apontarem crescimento, os resultados também estão abaixo das expectativas. O segundo é contraintuitivo por dois motivos. Em primeiro lugar, a recuperação econômica gerada pela redução da taxa de juros no pós-crise de 2008 não foi tão eficiente quanto se esperava. Ou seja, a eficiência dessa ferramenta no futuro não deveria ser sobrevalorizada e os riscos internos e externos gerados pela elevação da taxa de juros são maiores do que os potenciais benefícios futuros. Tanto os países no G20 como o FMI (Fundo Monetário Internacional) pediram aos Estados Unidos que não elevassem a taxa de juros devido às instabilidades internacionais que isso poderia causar. No entanto, ressaltaram que se os EUA forem subir os juros, que subam logo e em caráter definitivo. Pior do que elevar a taxa de juros seria elevá-la somente para, logo depois, reduzi-la novamente. PANORAMA BRASIL A produção na indústria caiu 1,5% de junho para julho, abaixo das expectativas de queda de 0,2%, refletindo a menor demanda interna e a baixa expectativa de crescimento dos produtores. As consultas de empréstimo no BNDES —medida usada para analisar intenção de investimentos— caíram 16% no setor da indústria no primeiro semestre, refletindo a insegurança dos produtores. Mais preocupante é a redução de 65% das consultas de crédito no BNDES do setor de comércio e serviços. Somente no setor agropecuário houve aumento de consultas, de aproximadamente 9% no período. O fraco desempenho atual e a piora das intenções de investimento futuro apenas refletem a insegurança generalizada relativa à conjuntura da economia e o conflito na abordagem político-econômica da crise, cujo âmago é o resultado primário de 2016. De um lado há Joaquim Levy, atual ministro da Fazenda, que tenta cortar mais gastos do governo para alcançar um superavit primário de 0,7% do PIB em 2016. Ou seja, ignorando os gastos com pagamento de juros da dívida pública, o governo vai arrecadar mais do que gastar, o que teria efeitos recessivos sobre a economia. A abordagem de Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento, é mais desenvolvimentista e visa aumentar as arrecadações através do crescimento e assim ajeitar as contas públicas. A estratégia de Dilma, no entanto, não está clara. Ora aprova propostas de Nelson Barbosa e ora motiva e apoia Joaquim Levy. Os sinais ambíguos e a falta de poder político para aprovar medidas no Congresso deixam os mercados ainda mais inseguros. Com dificuldade para reduzir os gastos abaixo dos níveis já atingidos, alegando que praticamente 90% das despesas públicas são determinadas por lei, com destino a saúde, educação, pensões e salários, o governo tenta aumentar a sua arrecadação através de diversas medidas. Apesar do fracasso em reviver a CPMF, o governo afirma que poderá criar outros tributos temporários para o período de recuperação da situação fiscal. Também tenta aumentar o recebimento de grandes dívidas, agilizando os recebimentos, e vendendo mais ativos, o que daria mais dinamismo à economia e geraria receita ao governo. A contínua desvalorização do real ante o dólar —que atingiu R$ 3,85 na semana passada—, embora seja a maior em quase 13 anos e ajude a enfraquecer as importações, aumenta a competitividade das exportações brasileiras. Segundo Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, as exportações ajudarão na retomada do crescimento brasileiro já no começo de 2016. Ele afirma ainda que os custos das políticas adotadas estão separados dos benefícios gerados, que virão apenas em 2016. Por esse motivo, crê que a inflação cairá em 2016 e o Brasil deverá voltar a crescer. Post em parceria com Álex Mondl von Metzen, graduando em economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia
colunas
Mundo EconômicoPANORAMA MUNDO Após diminuírem as maiores preocupações em relação à Bolsa chinesa —devido à desvalorização competitiva da moeda de alguns países, medida inibida no G20 em Ancara (Turquia)— e depois da redução da alavancagem dos mercados chineses, assegurada pelo departamento internacional do Banco Popular da China, o olhar do mundo se volta novamente à possível elevação da taxa de juros americana no próximo dia 17. Neste dia, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vai se reunir para decidir se elevará ou não a taxa de juros pela primeira vez em nove anos. A taxa de juros americana tem diversas implicações para o mundo. A elevação da taxa tornaria ativos financeiros denominados em dólares mais rentáveis, fazendo com que investidores tirassem os seus recursos de países emergentes para reaplicar o dinheiro em ativos americanos. Esse fluxo de capitais para os Estados Unidos valorizaria o dólar em relação à moeda dos países emergentes. Ou seja, em primeira instância os países emergentes —como o Brasil— teriam uma moeda mais fraca ante o dólar e menos capital externo. O dólar valorizado prejudicaria a competitividade das exportações americanas. Internamente, a elevação da taxa de juros encareceria o crédito, hipotecas e dívidas, reforçando o incentivo para que os americanos poupem, mas também prejudicando o consumo das famílias, reduzindo a demanda agregada e, por consequência, a inflação. As metas do Fed são a estabilidade de preços, pleno emprego e estabilidade financeira, o que se traduz em uma meta da taxa de inflação de 2% ao ano e um nível de desemprego estável em 5%. Entre os contrários à elevação da taxa de juros há nomes influentes como Lawrence Summers, Bill Gross e Christine Lagarde. As principais preocupações deles são que juros maiores acabem por afetar a inflação, cuja expectativa para os próximos dez anos está ligeiramente abaixo de 2%. Além disso, a menor demanda pode reduzir a criação de emprego e, assim, o desemprego não deverá cair até os 5% projetados pelo Fed. Há inquietação também com o grande influxo de capitais externos, que podem gerar bolhas em seus mercados financeiros. Também se mostram contrários à argumentação de que os juros baixos —usados para estimular a economia enfraquecida durante todos esses anos— gerem distorções porque permitem crédito para investimentos com retorno menor ou riscos maiores. Isso porque o sistema financeiro está mais regulado e melhor capitalizado, ou seja, mais seguro contra falências, e as empresas possuem mais dinheiro em caixa, dependendo menos de empréstimos. Os dois principais argumentos a favor da elevação da taxa de juros são prevenir um superaquecimento da economia americana e ter margem para estimular a economia em uma recessão futura via nova redução da taxa de juros. O primeiro argumento é bastante frágil, tendo em vista os resultados publicados no livro Bege, que reúne os dados da conjuntura econômica americana sempre duas semanas antes das reuniões do Fed. Apesar de apontarem crescimento, os resultados também estão abaixo das expectativas. O segundo é contraintuitivo por dois motivos. Em primeiro lugar, a recuperação econômica gerada pela redução da taxa de juros no pós-crise de 2008 não foi tão eficiente quanto se esperava. Ou seja, a eficiência dessa ferramenta no futuro não deveria ser sobrevalorizada e os riscos internos e externos gerados pela elevação da taxa de juros são maiores do que os potenciais benefícios futuros. Tanto os países no G20 como o FMI (Fundo Monetário Internacional) pediram aos Estados Unidos que não elevassem a taxa de juros devido às instabilidades internacionais que isso poderia causar. No entanto, ressaltaram que se os EUA forem subir os juros, que subam logo e em caráter definitivo. Pior do que elevar a taxa de juros seria elevá-la somente para, logo depois, reduzi-la novamente. PANORAMA BRASIL A produção na indústria caiu 1,5% de junho para julho, abaixo das expectativas de queda de 0,2%, refletindo a menor demanda interna e a baixa expectativa de crescimento dos produtores. As consultas de empréstimo no BNDES —medida usada para analisar intenção de investimentos— caíram 16% no setor da indústria no primeiro semestre, refletindo a insegurança dos produtores. Mais preocupante é a redução de 65% das consultas de crédito no BNDES do setor de comércio e serviços. Somente no setor agropecuário houve aumento de consultas, de aproximadamente 9% no período. O fraco desempenho atual e a piora das intenções de investimento futuro apenas refletem a insegurança generalizada relativa à conjuntura da economia e o conflito na abordagem político-econômica da crise, cujo âmago é o resultado primário de 2016. De um lado há Joaquim Levy, atual ministro da Fazenda, que tenta cortar mais gastos do governo para alcançar um superavit primário de 0,7% do PIB em 2016. Ou seja, ignorando os gastos com pagamento de juros da dívida pública, o governo vai arrecadar mais do que gastar, o que teria efeitos recessivos sobre a economia. A abordagem de Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento, é mais desenvolvimentista e visa aumentar as arrecadações através do crescimento e assim ajeitar as contas públicas. A estratégia de Dilma, no entanto, não está clara. Ora aprova propostas de Nelson Barbosa e ora motiva e apoia Joaquim Levy. Os sinais ambíguos e a falta de poder político para aprovar medidas no Congresso deixam os mercados ainda mais inseguros. Com dificuldade para reduzir os gastos abaixo dos níveis já atingidos, alegando que praticamente 90% das despesas públicas são determinadas por lei, com destino a saúde, educação, pensões e salários, o governo tenta aumentar a sua arrecadação através de diversas medidas. Apesar do fracasso em reviver a CPMF, o governo afirma que poderá criar outros tributos temporários para o período de recuperação da situação fiscal. Também tenta aumentar o recebimento de grandes dívidas, agilizando os recebimentos, e vendendo mais ativos, o que daria mais dinamismo à economia e geraria receita ao governo. A contínua desvalorização do real ante o dólar —que atingiu R$ 3,85 na semana passada—, embora seja a maior em quase 13 anos e ajude a enfraquecer as importações, aumenta a competitividade das exportações brasileiras. Segundo Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, as exportações ajudarão na retomada do crescimento brasileiro já no começo de 2016. Ele afirma ainda que os custos das políticas adotadas estão separados dos benefícios gerados, que virão apenas em 2016. Por esse motivo, crê que a inflação cairá em 2016 e o Brasil deverá voltar a crescer. Post em parceria com Álex Mondl von Metzen, graduando em economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia
10
Após dez meses, batata frita volta ao cardápio do McDonald's na Venezuela
Após dez meses fora do cardápio, batatas fritas voltaram a ser vendidas no início desta semana nas lanchonetes da rede McDonald's na Venezuela. O preço de uma batata grande fora do combo, porém, é de 800 bolívares, o equivalente a quase 10% do salário mínimo. Na cotação oficial, isso representa US$ 126. No câmbio paralelo, menos de US$ 1. O valor em bolívares é 20% mais alto do que uma porção de mandioca frita, item que vinha sendo oferecido aos clientes no lugar da batata, sem grande sucesso. Apesar do choque de muitos venezuelanos com o preço, a Folha viu, na tarde desta quinta-feira (5), a praça de alimentação de um shopping do leste de Caracas cheia de pessoas comendo lanches com batata frita na característica caixinha. "As vendas estão boas", disse a gerente da loja, que não quis se identificar. Ela afirmou que as batatas agora são produzidas na própria Venezuela, ao contrário daquelas que eram vendidas anteriormente, importadas principalmente do Canadá. A gerente disse que até hoje não sabe por que o produto esteve em falta por tanto tempo. A escassez foi amplamente atribuída a dificuldades de obter dólares para importar. O governo venezuelano, que controla o câmbio e o acesso a dólares a taxa preferencial, enfrenta escassez de divisas devido a um misto de má gestão, corrupção e degringolada do preço do petróleo, do qual depende para se manter. Mas este cenário não afetou as lojas venezuelanas do Burger King, rival do McDonald's, que continuaram servindo batata frita normalmente.
mundo
Após dez meses, batata frita volta ao cardápio do McDonald's na VenezuelaApós dez meses fora do cardápio, batatas fritas voltaram a ser vendidas no início desta semana nas lanchonetes da rede McDonald's na Venezuela. O preço de uma batata grande fora do combo, porém, é de 800 bolívares, o equivalente a quase 10% do salário mínimo. Na cotação oficial, isso representa US$ 126. No câmbio paralelo, menos de US$ 1. O valor em bolívares é 20% mais alto do que uma porção de mandioca frita, item que vinha sendo oferecido aos clientes no lugar da batata, sem grande sucesso. Apesar do choque de muitos venezuelanos com o preço, a Folha viu, na tarde desta quinta-feira (5), a praça de alimentação de um shopping do leste de Caracas cheia de pessoas comendo lanches com batata frita na característica caixinha. "As vendas estão boas", disse a gerente da loja, que não quis se identificar. Ela afirmou que as batatas agora são produzidas na própria Venezuela, ao contrário daquelas que eram vendidas anteriormente, importadas principalmente do Canadá. A gerente disse que até hoje não sabe por que o produto esteve em falta por tanto tempo. A escassez foi amplamente atribuída a dificuldades de obter dólares para importar. O governo venezuelano, que controla o câmbio e o acesso a dólares a taxa preferencial, enfrenta escassez de divisas devido a um misto de má gestão, corrupção e degringolada do preço do petróleo, do qual depende para se manter. Mas este cenário não afetou as lojas venezuelanas do Burger King, rival do McDonald's, que continuaram servindo batata frita normalmente.
3
Palmeiras vence Atlético-PR fora de casa e dispara na liderança
O Palmeiras disparou na liderança do Brasileiro após superar um adversário complicado neste domingo (14). Contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada, o time alviverde venceu por 1 a 0 e chegou a 39 pontos, abrindo três do segundo colocado Santos. O Atlético-PR estava invicto em seu estádio neste Brasileiro. O time de Curitiba havia jogado nove jogos, com sete vitórias e dois empates. Com a derrota, o Atlético-PR se distanciou tanto da liderança, como da disputa pelo G4. O time de Curitiba permaneceu com 30 pontos, cinco atrás do quarto colocado, Atlético-MG. A vitória palmeirense veio com um gol do zagueiro Vitor Hugo, aos 43 minutos do primeiro tempo. O destaque do time, no entanto, foi o meia Moisés. Com categoria, ele foi o homem que conseguiu desafogar o meio campo do time alviverde quando o Atlético-PR tentava pressionar, e ainda auxiliou na defesa com seu forte poder de marcação. O goleiro Jaílson também apareceu bem, novamente. Quando o jogo chegou em seus momentos finais, ele fez duas defesas difíceis que garantiram o placar positivo para o Palmeiras. Na próxima rodada o Palmeiras volta ao Allianz Parque para enfrentar a Ponte Preta, no domingo (21).
esporte
Palmeiras vence Atlético-PR fora de casa e dispara na liderançaO Palmeiras disparou na liderança do Brasileiro após superar um adversário complicado neste domingo (14). Contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada, o time alviverde venceu por 1 a 0 e chegou a 39 pontos, abrindo três do segundo colocado Santos. O Atlético-PR estava invicto em seu estádio neste Brasileiro. O time de Curitiba havia jogado nove jogos, com sete vitórias e dois empates. Com a derrota, o Atlético-PR se distanciou tanto da liderança, como da disputa pelo G4. O time de Curitiba permaneceu com 30 pontos, cinco atrás do quarto colocado, Atlético-MG. A vitória palmeirense veio com um gol do zagueiro Vitor Hugo, aos 43 minutos do primeiro tempo. O destaque do time, no entanto, foi o meia Moisés. Com categoria, ele foi o homem que conseguiu desafogar o meio campo do time alviverde quando o Atlético-PR tentava pressionar, e ainda auxiliou na defesa com seu forte poder de marcação. O goleiro Jaílson também apareceu bem, novamente. Quando o jogo chegou em seus momentos finais, ele fez duas defesas difíceis que garantiram o placar positivo para o Palmeiras. Na próxima rodada o Palmeiras volta ao Allianz Parque para enfrentar a Ponte Preta, no domingo (21).
4
Agência da ONU elogia o papa por dar abrigo a refugiados
A agência da ONU para refugiados elogiou o ato do papa Francisco, que, neste sábado (17) ofereceu abrigo a três famílias sírias após visitar um campo na Grécia. O pontífice voltou da ilha de Lesbos para Roma com 12 sírios. Desse grupo, seis são menores, que chegaram à ilha antes de 20 de março, quando entrou em vigor o acordo entre União Europeia e Turquia que prevê deportação para solo turco daqueles que fizeram a travessia ilegal. "O gesto do papa é uma demonstração poderosa de solidariedade. Ele deve inspirar governantes e as sociedades num mundo onde o desespero de um número recorde de deslocados encontra as barreiras da rejeição e do medo", disse Filippo Grandi, alto comissário do órgão. A Grécia tem hoje cerca de 53 mil refugiados vivendo em seu território, dos quais em torno de 5.000 chegaram após o dia 20 de março, data de início do acordo UE-Turquia, e estão retidos nas ilhas do Egeu. Pelo pacto, esse contingente está sujeito a ser deportado de volta para solo turco, mas tem direito a pedir asilo e, se for aceito, permanecer na Grécia.
mundo
Agência da ONU elogia o papa por dar abrigo a refugiadosA agência da ONU para refugiados elogiou o ato do papa Francisco, que, neste sábado (17) ofereceu abrigo a três famílias sírias após visitar um campo na Grécia. O pontífice voltou da ilha de Lesbos para Roma com 12 sírios. Desse grupo, seis são menores, que chegaram à ilha antes de 20 de março, quando entrou em vigor o acordo entre União Europeia e Turquia que prevê deportação para solo turco daqueles que fizeram a travessia ilegal. "O gesto do papa é uma demonstração poderosa de solidariedade. Ele deve inspirar governantes e as sociedades num mundo onde o desespero de um número recorde de deslocados encontra as barreiras da rejeição e do medo", disse Filippo Grandi, alto comissário do órgão. A Grécia tem hoje cerca de 53 mil refugiados vivendo em seu território, dos quais em torno de 5.000 chegaram após o dia 20 de março, data de início do acordo UE-Turquia, e estão retidos nas ilhas do Egeu. Pelo pacto, esse contingente está sujeito a ser deportado de volta para solo turco, mas tem direito a pedir asilo e, se for aceito, permanecer na Grécia.
3
Alunos ficam sem refeição em escolas da rede estadual paulista
Alunos de ao menos cinco escolas estaduais da Freguesia do Ó e de Pirituba, na zona norte de São Paulo, voltaram às aulas, na quinta (2) passada, sem a refeição normalmente oferecida aos estudantes. Os colégios, administrados pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), estão sem merendeiras. As escolas estão servindo apenas a merenda seca, que consiste em bolachas com suco, achocolatado ou chá. Segundo funcionários e pais, o contrato das merendeiras, de uma empresa terceirizada, não foi renovado. Na Escola Estadual Paulo Trajano da Silveira Santos, na Vila Marina, na Freguesia do Ó, os estudantes do primeiro ao quinto ano, que têm entre seis e dez anos, estão levando comida extra na lancheira. Muitos estão preferindo almoçar antes de ir para a aula. Segundo os pais dos alunos, em reunião na sexta-feira passada, a escola pediu que enviem lanches para as crianças. "Com toda essa situação, fico confusa se já dou comida para minha filha antes da aula ou se mando lanche. Essa refeição faz falta, porque é uma alimentação balanceada. Viver de bolacha não é nada saudável", afirma a dona de casa Letícia Rosa, 34, que nesta segunda (6) deu R$ 2 para a filha de 8 anos ir à cantina. Ela não foi a única mãe a dar dinheiro para o lanche na cantina, que oferece hambúrguer, minipizza e pão de queijo. "É tudo que faz mal para essas crianças. É um absurdo, mas tive que dar R$ 5 para minha filha não passar fome na escola", disse a mãe de uma aluna do terceiro ano que pediu para não ser identificada. Segundo os pais, a escola não disse quando a refeição vai voltar. Em outros três colégios da região que estão sem merendeira, a recomendação dada aos pais é a mesma: levar um lanche (veja quadro). Já na escola estadual Doutor Augusto de Macedo Costa, pais estão indo à unidade fazer a comida para os alunos, disse uma funcionária. LANCHEIRA Estudante do terceiro ano da Escola Estadual Professor Paulo Trajano da Silveira Santos, na Freguesia do Ó (zona norte), Vitória Alves de Amorim, 8, carregava uma lancheira na mochila ontem. Nela, havia bolacha de água e sal, de amido de milho, além de suco e água. A refeição, que deveria ser servida às 15h, faz falta. "Isso é um absurdo, uma vergonha não ter a comida para as crianças. Temos dado almoço à nossa filha todos os dias para garantir que ela não fique sem comer", afirmou o motorista Tiago Xavier, 31, ao deixar a filha Vitória na porta da escola, na tarde de ontem. A mãe da garota, a dona de casa Tatiane Alves de Faria, 29, esteve na reunião da semana passada. Segundo ela, a escola disse que não está servindo a refeição aos alunos porque está sem merendeira para fazer a comida. Ela era funcionária de uma terceirizada que teve o contrato com o governo do Estado encerrado. "Como é que isso não foi resolvido antes do retorno às aulas? Me sinto muito prejudicada e minha filha acaba se alimentando mal", afirmou a dona de casa. O nutricionista Matheus Silva, da Estima Nutrição, afirma que a alteração na merenda escolar pode comprometer o aprendizado. Segundo ele, quando uma refeição rica em nutrientes é substituída por bolacha e suco industrializado, a criança pode ter dificuldade para se concentrar nas aulas. "A merenda com bolacha e suco é rica em açúcar e carboidratos simples, que deixam a criança hiperativa e acabam tirando ela do foco do que está sendo ensinado." AS ESCOLAS SEM MERENDEIRAS - OUTRO LADO A Secretaria de Estado da Educação, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu que não há merendeiras nas escolas. A pasta disse em nota que o processo de licitação para a contratação de funcionários está em fase final. A expectativa, afirmou, é que o serviço seja retomado "nos próximos dias", sem dar uma data. Segundo o governo, enquanto a licitação não termina, os alunos recebem "o cardápio não manipulado, que também segue padrões nutricionais para a faixa etária, é composto de lanches, sucos, frutas, barras de cereais e achocolatado". A secretaria disse ainda que não há falta de alimentos nas unidades, e que os estoques estão completos.
educacao
Alunos ficam sem refeição em escolas da rede estadual paulistaAlunos de ao menos cinco escolas estaduais da Freguesia do Ó e de Pirituba, na zona norte de São Paulo, voltaram às aulas, na quinta (2) passada, sem a refeição normalmente oferecida aos estudantes. Os colégios, administrados pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), estão sem merendeiras. As escolas estão servindo apenas a merenda seca, que consiste em bolachas com suco, achocolatado ou chá. Segundo funcionários e pais, o contrato das merendeiras, de uma empresa terceirizada, não foi renovado. Na Escola Estadual Paulo Trajano da Silveira Santos, na Vila Marina, na Freguesia do Ó, os estudantes do primeiro ao quinto ano, que têm entre seis e dez anos, estão levando comida extra na lancheira. Muitos estão preferindo almoçar antes de ir para a aula. Segundo os pais dos alunos, em reunião na sexta-feira passada, a escola pediu que enviem lanches para as crianças. "Com toda essa situação, fico confusa se já dou comida para minha filha antes da aula ou se mando lanche. Essa refeição faz falta, porque é uma alimentação balanceada. Viver de bolacha não é nada saudável", afirma a dona de casa Letícia Rosa, 34, que nesta segunda (6) deu R$ 2 para a filha de 8 anos ir à cantina. Ela não foi a única mãe a dar dinheiro para o lanche na cantina, que oferece hambúrguer, minipizza e pão de queijo. "É tudo que faz mal para essas crianças. É um absurdo, mas tive que dar R$ 5 para minha filha não passar fome na escola", disse a mãe de uma aluna do terceiro ano que pediu para não ser identificada. Segundo os pais, a escola não disse quando a refeição vai voltar. Em outros três colégios da região que estão sem merendeira, a recomendação dada aos pais é a mesma: levar um lanche (veja quadro). Já na escola estadual Doutor Augusto de Macedo Costa, pais estão indo à unidade fazer a comida para os alunos, disse uma funcionária. LANCHEIRA Estudante do terceiro ano da Escola Estadual Professor Paulo Trajano da Silveira Santos, na Freguesia do Ó (zona norte), Vitória Alves de Amorim, 8, carregava uma lancheira na mochila ontem. Nela, havia bolacha de água e sal, de amido de milho, além de suco e água. A refeição, que deveria ser servida às 15h, faz falta. "Isso é um absurdo, uma vergonha não ter a comida para as crianças. Temos dado almoço à nossa filha todos os dias para garantir que ela não fique sem comer", afirmou o motorista Tiago Xavier, 31, ao deixar a filha Vitória na porta da escola, na tarde de ontem. A mãe da garota, a dona de casa Tatiane Alves de Faria, 29, esteve na reunião da semana passada. Segundo ela, a escola disse que não está servindo a refeição aos alunos porque está sem merendeira para fazer a comida. Ela era funcionária de uma terceirizada que teve o contrato com o governo do Estado encerrado. "Como é que isso não foi resolvido antes do retorno às aulas? Me sinto muito prejudicada e minha filha acaba se alimentando mal", afirmou a dona de casa. O nutricionista Matheus Silva, da Estima Nutrição, afirma que a alteração na merenda escolar pode comprometer o aprendizado. Segundo ele, quando uma refeição rica em nutrientes é substituída por bolacha e suco industrializado, a criança pode ter dificuldade para se concentrar nas aulas. "A merenda com bolacha e suco é rica em açúcar e carboidratos simples, que deixam a criança hiperativa e acabam tirando ela do foco do que está sendo ensinado." AS ESCOLAS SEM MERENDEIRAS - OUTRO LADO A Secretaria de Estado da Educação, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu que não há merendeiras nas escolas. A pasta disse em nota que o processo de licitação para a contratação de funcionários está em fase final. A expectativa, afirmou, é que o serviço seja retomado "nos próximos dias", sem dar uma data. Segundo o governo, enquanto a licitação não termina, os alunos recebem "o cardápio não manipulado, que também segue padrões nutricionais para a faixa etária, é composto de lanches, sucos, frutas, barras de cereais e achocolatado". A secretaria disse ainda que não há falta de alimentos nas unidades, e que os estoques estão completos.
11
Justiça Federal determina que site 'Tudo Sobre Todos' saia do ar
A Justiça Federal do Rio Grande do Norte determinou, nesta quinta (30), que o site "Tudo Sobre Todos" saia do ar. A página vende informações pessoais como data de nascimento, endereço e nomes de parentes e vizinhos, a partir de seus nomes ou números de CPF. O pedido do juiz Magnus Augusto Costa Delgado se refere à retirada do ar apenas no âmbito brasileiro, uma vez que a página é hospedada na Suécia e o endereço da empresa responsável fica na República das Seicheles, no oceano Índico. Na decisão, o magistrado solicita que o Ministério da Justiça envie um pedido ao Reino da Suécia para que o site seja retirado provisoriamente. O juiz também quer obter os dados completos das pessoas físicas responsáveis pela página. Segundo ele, o site viola direitos constitucionais à intimidade e à privacidade. Até o fechamento do texto, a página "Tudo Sobre Todos" continuava funcionando normalmente. Os responsáveis não responderam às mensagens deixadas pela reportagem. DADOS À VENDA A venda de informações é feita por meio de moedas virtuais, o bitcoin. No entanto, alguns dados são abertos e gratuitos. Ao digitar seu CPF, a reportagem da Folha encontrou uma área de cerca de 1 km² ao redor de sua residência. Para a especialista Mônica Rosina, professora de Direito da FGV, o serviço traz violações éticas e jurídicas graves. "Falta legislação no Brasil para proteger dados pessoais, mas já existem regras, como o Marco Civil da Internet", afirma. De acordo com ela, mesmo que os dados sejam fornecidos a diversas empresas digitais, como aplicativos que utilizam a localização do usuário, isso não permite que as informações sejam usadas em qualquer contexto. "Não é porque um aplicativo de táxi sabe onde moro ou porque uma rede social tem meu número de celular que esse dado é público, o usuário não deu consentimento para que ele seja usado", diz Rosina. Outro problema, segundo a professora, é o fato de alguns desses sites estarem sediados fora do Brasil, como é o caso do "Tudo sobre Todos". "Assim fica difícil enquadrá-los na legislação brasileira e punir esses abusos", afirma.
mercado
Justiça Federal determina que site 'Tudo Sobre Todos' saia do arA Justiça Federal do Rio Grande do Norte determinou, nesta quinta (30), que o site "Tudo Sobre Todos" saia do ar. A página vende informações pessoais como data de nascimento, endereço e nomes de parentes e vizinhos, a partir de seus nomes ou números de CPF. O pedido do juiz Magnus Augusto Costa Delgado se refere à retirada do ar apenas no âmbito brasileiro, uma vez que a página é hospedada na Suécia e o endereço da empresa responsável fica na República das Seicheles, no oceano Índico. Na decisão, o magistrado solicita que o Ministério da Justiça envie um pedido ao Reino da Suécia para que o site seja retirado provisoriamente. O juiz também quer obter os dados completos das pessoas físicas responsáveis pela página. Segundo ele, o site viola direitos constitucionais à intimidade e à privacidade. Até o fechamento do texto, a página "Tudo Sobre Todos" continuava funcionando normalmente. Os responsáveis não responderam às mensagens deixadas pela reportagem. DADOS À VENDA A venda de informações é feita por meio de moedas virtuais, o bitcoin. No entanto, alguns dados são abertos e gratuitos. Ao digitar seu CPF, a reportagem da Folha encontrou uma área de cerca de 1 km² ao redor de sua residência. Para a especialista Mônica Rosina, professora de Direito da FGV, o serviço traz violações éticas e jurídicas graves. "Falta legislação no Brasil para proteger dados pessoais, mas já existem regras, como o Marco Civil da Internet", afirma. De acordo com ela, mesmo que os dados sejam fornecidos a diversas empresas digitais, como aplicativos que utilizam a localização do usuário, isso não permite que as informações sejam usadas em qualquer contexto. "Não é porque um aplicativo de táxi sabe onde moro ou porque uma rede social tem meu número de celular que esse dado é público, o usuário não deu consentimento para que ele seja usado", diz Rosina. Outro problema, segundo a professora, é o fato de alguns desses sites estarem sediados fora do Brasil, como é o caso do "Tudo sobre Todos". "Assim fica difícil enquadrá-los na legislação brasileira e punir esses abusos", afirma.
2
Por que querem me condenar
Em mais de 40 anos de atuação pública, minha vida pessoal foi permanentemente vasculhada -pelos órgãos de segurança, pelos adversários políticos, pela imprensa. Por lutar pela liberdade de organização dos trabalhadores, cheguei a ser preso, condenado como subversivo pela infame Lei de Segurança Nacional da ditadura. Mas jamais encontraram um ato desonesto de minha parte. Sei o que fiz antes, durante e depois de ter sido presidente. Nunca fiz nada ilegal, nada que pudesse manchar a minha história. Governei o Brasil com seriedade e dedicação, porque sabia que um trabalhador não podia falhar na Presidência. As falsas acusações que me lançaram não visavam exatamente a minha pessoa, mas o projeto político que sempre representei: de um Brasil mais justo, com oportunidades para todos. Às vésperas de completar 71 anos, vejo meu nome no centro de uma verdadeira caçada judicial. Devassaram minhas contas pessoais, as de minha esposa e de meus filhos; grampearam meus telefonemas e divulgaram o conteúdo; invadiram minha casa e conduziram-me à força para depor, sem motivo razoável e sem base legal. Estão à procura de um crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar. Desde que essa caçada começou, na campanha presidencial de 2014, percorro os caminhos da Justiça sem abrir mão de minha agenda. Continuo viajando pelo país, ao encontro dos sindicatos, dos movimentos sociais, dos partidos, para debater e defender o projeto de transformação do Brasil. Não parei para me lamentar e nem desisti da luta por igualdade e justiça social. Nestes encontros renovo minha fé no povo brasileiro e no futuro do país. Constato que está viva na memória de nossa gente cada conquista alcançada nos governos do PT: o Bolsa Família, o Luz Para Todos, o Minha Casa, Minha Vida, o novo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Programa de Aquisição de Alimentos, a valorização dos salários -em conjunto, proporcionaram a maior ascensão social de todos os tempos. Nossa gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não menos direitos. Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito. Jamais pratiquei, autorizei ou me beneficiei de atos ilícitos na Petrobras ou em qualquer outro setor do governo. Desde a campanha eleitoral de 2014, trabalha-se a narrativa de ser o PT não mais partido, mas uma "organização criminosa", e eu o chefe dessa organização. Essa ideia foi martelada sem descanso por manchetes, capas de revista, rádio e televisão. Precisa ser provada à força, já que "não há fatos, mas convicções". Não descarto que meus acusadores acreditem nessa tese maliciosa, talvez julgando os demais por seu próprio código moral. Mas salta aos olhos até mesmo a desproporção entre os bilionários desvios investigados e o que apontam como suposto butim do "chefe", evidenciando a falácia do enredo. Percebo, também, uma perigosa ignorância de agentes da lei quanto ao funcionamento do governo e das instituições. Cheguei a essa conclusão nos depoimentos que prestei a delegados e promotores que não sabiam como funciona um governo de coalizão, como tramita uma medida provisória, como se procede numa licitação, como se dá a análise e aprovação, colegiada e técnica, de financiamentos em um banco público, como o BNDES. De resto, nesses depoimentos, nada se perguntou de objetivo sobre as hipóteses da acusação. Tenho mesmo a impressão de que não passaram de ritos burocráticos vazios, para cumprir etapas e atender às formalidades do processo. Definitivamente, não serviram ao exercício concreto do direito de defesa. Passados dois anos de operações, sempre vazadas com estardalhaço, não conseguiram encontrar nada capaz de vincular meu nome aos desvios investigados. Nenhum centavo não declarado em minhas contas, nenhuma empresa de fachada, nenhuma conta secreta. Há 20 anos moro no mesmo apartamento em São Bernardo. Entre as dezenas de réus delatores, nenhum disse que tratou de algo ilegal ou desonesto comigo, a despeito da insistência dos agentes públicos para que o façam, até mesmo como condição para obter benefícios. A leviandade, a desproporção e a falta de base legal das denúncias surpreendem e causam indignação, bem como a sofreguidão com que são processadas em juízo. Não mais se importam com fatos, provas, normas do processo. Denunciam e processam por mera convicção -é grave que as instâncias superiores e os órgãos de controle funcional não tomem providências contra os abusos. Acusam-me, por exemplo, de ter ganho ilicitamente um apartamento que nunca me pertenceu -e não pertenceu pela simples razão de que não quis comprá-lo quando me foi oferecida a oportunidade, nem mesmo depois das reformas que, obviamente, seriam acrescentadas ao preço. Como é impossível demonstrar que a propriedade seria minha, pois nunca foi, acusam-me então de ocultá-la, num enredo surreal. Acusam-me de corrupção por ter proferido palestras para empresas investigadas na Operação Lava Jato. Como posso ser acusado de corrupção, se não sou mais agente público desde 2011, quando comecei a dar palestras? E que relação pode haver entre os desvios da Petrobras e as apresentações, todas documentadas, que fiz para 42 empresas e organizações de diversos setores, não apenas as cinco investigadas, cobrando preço fixo e recolhendo impostos? Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública. Tento compreender esta caçada como parte da disputa política, muito embora seja um método repugnante de luta. Não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil. É necessário frisar que nós, do PT, sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na prática. Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o crime organizado. Isso é reconhecido até mesmo pelos procuradores que nos acusam. Tenho a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o país. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA foi presidente do Brasil (2003-2010). É presidente de honra do PT (Partido dos Trabalhadores) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
opiniao
Por que querem me condenarEm mais de 40 anos de atuação pública, minha vida pessoal foi permanentemente vasculhada -pelos órgãos de segurança, pelos adversários políticos, pela imprensa. Por lutar pela liberdade de organização dos trabalhadores, cheguei a ser preso, condenado como subversivo pela infame Lei de Segurança Nacional da ditadura. Mas jamais encontraram um ato desonesto de minha parte. Sei o que fiz antes, durante e depois de ter sido presidente. Nunca fiz nada ilegal, nada que pudesse manchar a minha história. Governei o Brasil com seriedade e dedicação, porque sabia que um trabalhador não podia falhar na Presidência. As falsas acusações que me lançaram não visavam exatamente a minha pessoa, mas o projeto político que sempre representei: de um Brasil mais justo, com oportunidades para todos. Às vésperas de completar 71 anos, vejo meu nome no centro de uma verdadeira caçada judicial. Devassaram minhas contas pessoais, as de minha esposa e de meus filhos; grampearam meus telefonemas e divulgaram o conteúdo; invadiram minha casa e conduziram-me à força para depor, sem motivo razoável e sem base legal. Estão à procura de um crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar. Desde que essa caçada começou, na campanha presidencial de 2014, percorro os caminhos da Justiça sem abrir mão de minha agenda. Continuo viajando pelo país, ao encontro dos sindicatos, dos movimentos sociais, dos partidos, para debater e defender o projeto de transformação do Brasil. Não parei para me lamentar e nem desisti da luta por igualdade e justiça social. Nestes encontros renovo minha fé no povo brasileiro e no futuro do país. Constato que está viva na memória de nossa gente cada conquista alcançada nos governos do PT: o Bolsa Família, o Luz Para Todos, o Minha Casa, Minha Vida, o novo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Programa de Aquisição de Alimentos, a valorização dos salários -em conjunto, proporcionaram a maior ascensão social de todos os tempos. Nossa gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não menos direitos. Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito. Jamais pratiquei, autorizei ou me beneficiei de atos ilícitos na Petrobras ou em qualquer outro setor do governo. Desde a campanha eleitoral de 2014, trabalha-se a narrativa de ser o PT não mais partido, mas uma "organização criminosa", e eu o chefe dessa organização. Essa ideia foi martelada sem descanso por manchetes, capas de revista, rádio e televisão. Precisa ser provada à força, já que "não há fatos, mas convicções". Não descarto que meus acusadores acreditem nessa tese maliciosa, talvez julgando os demais por seu próprio código moral. Mas salta aos olhos até mesmo a desproporção entre os bilionários desvios investigados e o que apontam como suposto butim do "chefe", evidenciando a falácia do enredo. Percebo, também, uma perigosa ignorância de agentes da lei quanto ao funcionamento do governo e das instituições. Cheguei a essa conclusão nos depoimentos que prestei a delegados e promotores que não sabiam como funciona um governo de coalizão, como tramita uma medida provisória, como se procede numa licitação, como se dá a análise e aprovação, colegiada e técnica, de financiamentos em um banco público, como o BNDES. De resto, nesses depoimentos, nada se perguntou de objetivo sobre as hipóteses da acusação. Tenho mesmo a impressão de que não passaram de ritos burocráticos vazios, para cumprir etapas e atender às formalidades do processo. Definitivamente, não serviram ao exercício concreto do direito de defesa. Passados dois anos de operações, sempre vazadas com estardalhaço, não conseguiram encontrar nada capaz de vincular meu nome aos desvios investigados. Nenhum centavo não declarado em minhas contas, nenhuma empresa de fachada, nenhuma conta secreta. Há 20 anos moro no mesmo apartamento em São Bernardo. Entre as dezenas de réus delatores, nenhum disse que tratou de algo ilegal ou desonesto comigo, a despeito da insistência dos agentes públicos para que o façam, até mesmo como condição para obter benefícios. A leviandade, a desproporção e a falta de base legal das denúncias surpreendem e causam indignação, bem como a sofreguidão com que são processadas em juízo. Não mais se importam com fatos, provas, normas do processo. Denunciam e processam por mera convicção -é grave que as instâncias superiores e os órgãos de controle funcional não tomem providências contra os abusos. Acusam-me, por exemplo, de ter ganho ilicitamente um apartamento que nunca me pertenceu -e não pertenceu pela simples razão de que não quis comprá-lo quando me foi oferecida a oportunidade, nem mesmo depois das reformas que, obviamente, seriam acrescentadas ao preço. Como é impossível demonstrar que a propriedade seria minha, pois nunca foi, acusam-me então de ocultá-la, num enredo surreal. Acusam-me de corrupção por ter proferido palestras para empresas investigadas na Operação Lava Jato. Como posso ser acusado de corrupção, se não sou mais agente público desde 2011, quando comecei a dar palestras? E que relação pode haver entre os desvios da Petrobras e as apresentações, todas documentadas, que fiz para 42 empresas e organizações de diversos setores, não apenas as cinco investigadas, cobrando preço fixo e recolhendo impostos? Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública. Tento compreender esta caçada como parte da disputa política, muito embora seja um método repugnante de luta. Não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil. É necessário frisar que nós, do PT, sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na prática. Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o crime organizado. Isso é reconhecido até mesmo pelos procuradores que nos acusam. Tenho a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o país. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA foi presidente do Brasil (2003-2010). É presidente de honra do PT (Partido dos Trabalhadores) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para [email protected]
14
Arábia Saudita anuncia coalizão de 34 países islâmicos contra o terrorismo
A Arábia Saudita anunciou nesta terça-feira (15) a formação de uma coalizão militar de combate ao terrorismo formada por 34 países de maioria islâmica. Segundo a agência de notícias oficial SPA, o grupo será liderado pela Arábia Saudita e terá um centro de comando em Riad, capital do país, para "apoiar as operações militares na luta contra o terrorismo". De acordo com o comunicado, a iniciativa corresponde ao "dever de proteger a nação islâmica da maldade de todos os grupos terroristas e organizações, quaisquer sejam sua seita e nome, que propagam e corrupção sobre a terra e buscam aterrorizar os inocentes". A comunidade internacional tem pressionado os países árabes do Golfo para que tenham uma participação mais ativa nos esforços de combate ao terrorismo. A Arábia Saudita, que já lidera uma coalizão de países árabes contra rebeldes xiitas do Iêmen, também integra a coalizão internacional liderada pelos EUA que realiza ataques aéreos contra a milícia radical Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria. O príncipe saudita e ministro da Defesa Mohammed bin Salman disse a jornalistas nesta terça-feira que a coalizão deve "coordenar" suas ações na Síria e no Iraque "com potências e organizações internacionais". "Não podemos realizar operações com legitimidade nessas áreas sem coordenação com a comunidade internacional", acrescentou o príncipe, sem dar mais detalhes sobre as operações militares. Questionado se o grupo combateria somente o EI, bin Salman afirmou que será alvo "qualquer organização terrorista que apareça em nossa frente". Arte: Estado Islâmico Além da Arábia Saudita, os governos que participam da nova aliança são: Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Paquistão, Bahrein, Bangladesh, Benin, Turquia, Chade, Togo, Tunísia, Djibuti, Senegal, Sudão, Serra Leoa, Somália, Gabão, Guiné, Autoridade Palestina, Comores, Qatar, Costa do Marfim, Kuwait, Líbano, Líbia, Maldivas, Mali, Malásia, Egito, Marrocos, Mauritânia, Níger, Nigéria e Iêmen. Não participa da coalizão o Irã, de maioria xiita e principal adversário na região do regime saudita, da seita sunita do islã. Os dois países rivalizam em questões geopolíticas como a guerra civil na Síria e o conflito armado no Iêmen. Outros dez países muçulmanos, entre eles a Indonésia, apoiam a nova coalizão e podem aderir ao grupo no futuro, segundo a nota. AÇÃO TERRESTRE Em Paris, o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, disse que seu país e outros Estados do Golfo estão discutindo o envio de forças especiais à Síria para combater os militantes do Estado Islâmico. "Há, neste momento, discussões entre países que fazem parte da coalizão, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Qatar e Bahrein, sobre mandar forças especiais à Síria", declarou al-Jubeir. O envio dessas tropas terrestres, acrescentou ele, "não está descartado". Dentro da aliança liderada pelos EUA, a Arábia Saudita tem tido papel limitado nos bombardeios às posições do EI em território sírio. O país se concentra em fornecer armas a grupos rebeldes que tentam derrubar o ditador da Síria, Bashar al-Assad. "A posição de Assad não é sustentável. Ele não será salvo, e não há chances de que saia vitorioso na guerra", afirmou o chanceler saudita. REAÇÃO DOS EUA O porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, disse que os EUA ainda precisam "saber um pouco mais" sobre a coalizão anunciada pelos sauditas, mas acrescentou que qualquer esforço na luta contra o Estado Islâmico é bem-vindo. Kirby afirmou ainda que o anúncio vem ao encontro das medidas defendidas pelos EUA junto a seus aliados no Oriente Médio.
mundo
Arábia Saudita anuncia coalizão de 34 países islâmicos contra o terrorismoA Arábia Saudita anunciou nesta terça-feira (15) a formação de uma coalizão militar de combate ao terrorismo formada por 34 países de maioria islâmica. Segundo a agência de notícias oficial SPA, o grupo será liderado pela Arábia Saudita e terá um centro de comando em Riad, capital do país, para "apoiar as operações militares na luta contra o terrorismo". De acordo com o comunicado, a iniciativa corresponde ao "dever de proteger a nação islâmica da maldade de todos os grupos terroristas e organizações, quaisquer sejam sua seita e nome, que propagam e corrupção sobre a terra e buscam aterrorizar os inocentes". A comunidade internacional tem pressionado os países árabes do Golfo para que tenham uma participação mais ativa nos esforços de combate ao terrorismo. A Arábia Saudita, que já lidera uma coalizão de países árabes contra rebeldes xiitas do Iêmen, também integra a coalizão internacional liderada pelos EUA que realiza ataques aéreos contra a milícia radical Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria. O príncipe saudita e ministro da Defesa Mohammed bin Salman disse a jornalistas nesta terça-feira que a coalizão deve "coordenar" suas ações na Síria e no Iraque "com potências e organizações internacionais". "Não podemos realizar operações com legitimidade nessas áreas sem coordenação com a comunidade internacional", acrescentou o príncipe, sem dar mais detalhes sobre as operações militares. Questionado se o grupo combateria somente o EI, bin Salman afirmou que será alvo "qualquer organização terrorista que apareça em nossa frente". Arte: Estado Islâmico Além da Arábia Saudita, os governos que participam da nova aliança são: Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Paquistão, Bahrein, Bangladesh, Benin, Turquia, Chade, Togo, Tunísia, Djibuti, Senegal, Sudão, Serra Leoa, Somália, Gabão, Guiné, Autoridade Palestina, Comores, Qatar, Costa do Marfim, Kuwait, Líbano, Líbia, Maldivas, Mali, Malásia, Egito, Marrocos, Mauritânia, Níger, Nigéria e Iêmen. Não participa da coalizão o Irã, de maioria xiita e principal adversário na região do regime saudita, da seita sunita do islã. Os dois países rivalizam em questões geopolíticas como a guerra civil na Síria e o conflito armado no Iêmen. Outros dez países muçulmanos, entre eles a Indonésia, apoiam a nova coalizão e podem aderir ao grupo no futuro, segundo a nota. AÇÃO TERRESTRE Em Paris, o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, disse que seu país e outros Estados do Golfo estão discutindo o envio de forças especiais à Síria para combater os militantes do Estado Islâmico. "Há, neste momento, discussões entre países que fazem parte da coalizão, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Qatar e Bahrein, sobre mandar forças especiais à Síria", declarou al-Jubeir. O envio dessas tropas terrestres, acrescentou ele, "não está descartado". Dentro da aliança liderada pelos EUA, a Arábia Saudita tem tido papel limitado nos bombardeios às posições do EI em território sírio. O país se concentra em fornecer armas a grupos rebeldes que tentam derrubar o ditador da Síria, Bashar al-Assad. "A posição de Assad não é sustentável. Ele não será salvo, e não há chances de que saia vitorioso na guerra", afirmou o chanceler saudita. REAÇÃO DOS EUA O porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, disse que os EUA ainda precisam "saber um pouco mais" sobre a coalizão anunciada pelos sauditas, mas acrescentou que qualquer esforço na luta contra o Estado Islâmico é bem-vindo. Kirby afirmou ainda que o anúncio vem ao encontro das medidas defendidas pelos EUA junto a seus aliados no Oriente Médio.
3
Calafrios
Faz um mês, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, em audiência pública no Senado, me respondeu que as condições climáticas diferenciadas levaram a um adiantamento do início dos casos de dengue. Assim como o armazenamento de água pela população teria auxiliado na proliferação do mosquito transmissor da doença. Discutível. O pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz, um dos nossos principais estudiosos sobre dengue no país, explicou que nenhum dado ou pesquisa mostra efetiva relação entre a crise hídrica e o avanço da doença. Vacina seria melhor solução, apontou o ministro. Entretanto, o último pedido de análise do Instituto Butantan para a fase 2 de sua vacina demorou 18 meses na burocracia da Anvisa. Isto apesar do diretor do Instituto, Jorge Kalil, ter insistido em agilidade junto ao então ministro Alexandre Padilha. A mesma urgência foi discutida com Chioro. Com a mídia noticiando diariamente a situação de epidemia, a Anvisa promete, agora, rapidez. Os dados são estarrecedores! Dá calafrios imaginar quão despreparados estamos para lidar com doenças epidêmicas. E quão desamparados estamos todos. A cada cinco minutos uma pessoa é contaminada pela dengue no Brasil. Sete Estados já vivem índice considerado epidêmico. São Paulo é o primeiro em mortos (169 casos, sendo que 9 em cada 10 eram idosos). Ontem a cidade de São Paulo entrou na lista de "situação epidêmica". É uma cadeia de irresponsabilidades: falta de atenção ao problema anunciado (chuvas etc.), como consequência o não planejamento da prevenção e a situação de calamidade. Não como especialista, mas como ex-prefeita e senadora, compartilho o que penso. São necessárias pulverizações, operação cata bagulho, mutirão de limpeza... Mas, o principal fator de sucesso, além de vacina, é a cooperação da população no combate ao mosquito. A cidade tem que se transformar numa grande brigada, com a presença da administração pública nas ruas, nas visitações, estimulando e conversando com as vizinhanças sobre a necessidade de todos cuidarem da limpeza. A mídia é gratuita pois a imprensa tem responsabilidade e interesse em cobrir tal atividade, e o assunto continua no jantar da família e prolifera em ações. As escolas também têm que ser ativadas pois os alunos são grandes colaboradores. Lembro de crianças saindo pelo quarteirão a procurar pneus, vasos, entrando em ferro velho... Uma brincadeira útil que continuava nas próprias casas vistoriando a caixa d'água e os vasos da mãe. Já passou da hora de uma conscientização séria para a mobilização de todos em torno de ações concretas.
colunas
CalafriosFaz um mês, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, em audiência pública no Senado, me respondeu que as condições climáticas diferenciadas levaram a um adiantamento do início dos casos de dengue. Assim como o armazenamento de água pela população teria auxiliado na proliferação do mosquito transmissor da doença. Discutível. O pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz, um dos nossos principais estudiosos sobre dengue no país, explicou que nenhum dado ou pesquisa mostra efetiva relação entre a crise hídrica e o avanço da doença. Vacina seria melhor solução, apontou o ministro. Entretanto, o último pedido de análise do Instituto Butantan para a fase 2 de sua vacina demorou 18 meses na burocracia da Anvisa. Isto apesar do diretor do Instituto, Jorge Kalil, ter insistido em agilidade junto ao então ministro Alexandre Padilha. A mesma urgência foi discutida com Chioro. Com a mídia noticiando diariamente a situação de epidemia, a Anvisa promete, agora, rapidez. Os dados são estarrecedores! Dá calafrios imaginar quão despreparados estamos para lidar com doenças epidêmicas. E quão desamparados estamos todos. A cada cinco minutos uma pessoa é contaminada pela dengue no Brasil. Sete Estados já vivem índice considerado epidêmico. São Paulo é o primeiro em mortos (169 casos, sendo que 9 em cada 10 eram idosos). Ontem a cidade de São Paulo entrou na lista de "situação epidêmica". É uma cadeia de irresponsabilidades: falta de atenção ao problema anunciado (chuvas etc.), como consequência o não planejamento da prevenção e a situação de calamidade. Não como especialista, mas como ex-prefeita e senadora, compartilho o que penso. São necessárias pulverizações, operação cata bagulho, mutirão de limpeza... Mas, o principal fator de sucesso, além de vacina, é a cooperação da população no combate ao mosquito. A cidade tem que se transformar numa grande brigada, com a presença da administração pública nas ruas, nas visitações, estimulando e conversando com as vizinhanças sobre a necessidade de todos cuidarem da limpeza. A mídia é gratuita pois a imprensa tem responsabilidade e interesse em cobrir tal atividade, e o assunto continua no jantar da família e prolifera em ações. As escolas também têm que ser ativadas pois os alunos são grandes colaboradores. Lembro de crianças saindo pelo quarteirão a procurar pneus, vasos, entrando em ferro velho... Uma brincadeira útil que continuava nas próprias casas vistoriando a caixa d'água e os vasos da mãe. Já passou da hora de uma conscientização séria para a mobilização de todos em torno de ações concretas.
10
Confraria dos Bibliófilos do Brasil seleciona 50 novos membros
A Confraria dos Bibliófilos do Brasil, grupo de colecionadores de livros de luxo, seleciona 50 novos membros. Os interessados devem se candidatar pelo e-mail [email protected] ou pelo tel. (61) 3435-2598. A seleção vai levar em conta o perfil e gosto literário. Os eleitos assumem o compromisso de adquirir os livros (três por ano, média de R$ 500 cada um) produzidos pela confraria. O grupo já lançou edições de luxo de "O Quinze" e "A Hora e Vez de Augusto Matraga".
ilustrada
Confraria dos Bibliófilos do Brasil seleciona 50 novos membrosA Confraria dos Bibliófilos do Brasil, grupo de colecionadores de livros de luxo, seleciona 50 novos membros. Os interessados devem se candidatar pelo e-mail [email protected] ou pelo tel. (61) 3435-2598. A seleção vai levar em conta o perfil e gosto literário. Os eleitos assumem o compromisso de adquirir os livros (três por ano, média de R$ 500 cada um) produzidos pela confraria. O grupo já lançou edições de luxo de "O Quinze" e "A Hora e Vez de Augusto Matraga".
1
Indústrias atrasam pagamento de crédito subsidiado do BNDES
Com as vendas em queda por causa da recessão, as empresas estão atrasando as prestações de empréstimos subsidiados pelo governo para a compra de máquinas e querem condições ainda mais favoráveis de pagamento. O pleito, encampado pela Abimaq (que reúne os fabricantes de máquinas), é que as indústrias beneficiadas pelo PSI (Programa de Sustentação do Investimento), operado pelo BNDES, possam ficar 12 meses pagando só os juros sem amortizar a dívida. A associação já levou o pedido aos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Armando Monteiro (Desenvolvimento). "As empresas investiram em aumento de capacidade, mas, devido à crise, as máquinas estão paradas ou subutilizadas. Não há condições de pagamento", diz José Velloso, presidente-executivo da Abimaq. JUROS ELEVADOS Lançado em 2009 pelo governo Lula para estimular o investimento, o PSI foi várias vezes renovado com juros negativos e um custo importante para o Tesouro Nacional. O programa colaborou para evitar que a crise da quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008, contaminasse o Brasil, mas suas constantes prorrogações foram criticadas pelos especialistas devido ao peso fiscal. Só neste ano, com as contas públicas comprometidas, o governo elevou os juros do programa para patamares mais próximos do mercado. Hoje as taxas do PSI variam de 6,5% a 11%. No ano passado, estavam entre 4% e 8%, informou o BNDES. Mas as taxas já foram menores no passado. Pelos cálculos do especialista em contas públicas Mansueto de Almeida, os juros médios do programa entre sua criação e o fim ano do passado foram de 3% ao ano. POSICIONAMENTO Segundo o BNDES, o governo desembolsou no período de taxas mais favoráveis (2009 a 2014) R$ 324 bilhões com o PSI. Não há dados isolados para a compra de máquinas. O PSI beneficia também a compra de caminhões e outros itens ligados a investimento. Pelas estimativas de Mansueto, o desembolso informado pelo BNDES representa um volume total de subsídio do governo federal de R$ 23,4 bilhões ao ano. Desse total, R$ 9 bilhões teriam que ser repassados diretamente do Tesouro para o BNDES por causa da diferença entre a TJLP (taxa que baliza os juros do empréstimos do banco de fomento) e os juros do PSI. O restante é o custo financeiro indireto da distância entre a TJLP (7%) e a Selic (14,25% ao ano). O BNDES não comenta sobre o pleito dos fabricantes de máquinas. O banco não decide diretamente sobre mudanças na forma de pagamento do programa e executa o que for determinado pelo governo federal. A Fazenda disse que não teve acesso ao pleito e que as condições continuam iguais até o fim do financiamento. INADIMPLÊNCIA A inadimplência do PSI não é divulgada pelo BNDES, por ser uma operação indireta e, portanto, o risco é dos bancos repassadores. Um dos principais bancos atuantes no PSI, o Banco do Brasil, não informa a inadimplência por programa. A Abimaq diz que os atrasos nos pagamentos "ainda não são generalizados". "É para evitar a alta inadimplência que estamos pedindo esse prazo", afirma Velloso. Segundo a associação, a "trégua" de um ano no pagamento da dívida seria acrescentada no fim do empréstimo a juros de mercado, e não subsidiados.
mercado
Indústrias atrasam pagamento de crédito subsidiado do BNDESCom as vendas em queda por causa da recessão, as empresas estão atrasando as prestações de empréstimos subsidiados pelo governo para a compra de máquinas e querem condições ainda mais favoráveis de pagamento. O pleito, encampado pela Abimaq (que reúne os fabricantes de máquinas), é que as indústrias beneficiadas pelo PSI (Programa de Sustentação do Investimento), operado pelo BNDES, possam ficar 12 meses pagando só os juros sem amortizar a dívida. A associação já levou o pedido aos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Armando Monteiro (Desenvolvimento). "As empresas investiram em aumento de capacidade, mas, devido à crise, as máquinas estão paradas ou subutilizadas. Não há condições de pagamento", diz José Velloso, presidente-executivo da Abimaq. JUROS ELEVADOS Lançado em 2009 pelo governo Lula para estimular o investimento, o PSI foi várias vezes renovado com juros negativos e um custo importante para o Tesouro Nacional. O programa colaborou para evitar que a crise da quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008, contaminasse o Brasil, mas suas constantes prorrogações foram criticadas pelos especialistas devido ao peso fiscal. Só neste ano, com as contas públicas comprometidas, o governo elevou os juros do programa para patamares mais próximos do mercado. Hoje as taxas do PSI variam de 6,5% a 11%. No ano passado, estavam entre 4% e 8%, informou o BNDES. Mas as taxas já foram menores no passado. Pelos cálculos do especialista em contas públicas Mansueto de Almeida, os juros médios do programa entre sua criação e o fim ano do passado foram de 3% ao ano. POSICIONAMENTO Segundo o BNDES, o governo desembolsou no período de taxas mais favoráveis (2009 a 2014) R$ 324 bilhões com o PSI. Não há dados isolados para a compra de máquinas. O PSI beneficia também a compra de caminhões e outros itens ligados a investimento. Pelas estimativas de Mansueto, o desembolso informado pelo BNDES representa um volume total de subsídio do governo federal de R$ 23,4 bilhões ao ano. Desse total, R$ 9 bilhões teriam que ser repassados diretamente do Tesouro para o BNDES por causa da diferença entre a TJLP (taxa que baliza os juros do empréstimos do banco de fomento) e os juros do PSI. O restante é o custo financeiro indireto da distância entre a TJLP (7%) e a Selic (14,25% ao ano). O BNDES não comenta sobre o pleito dos fabricantes de máquinas. O banco não decide diretamente sobre mudanças na forma de pagamento do programa e executa o que for determinado pelo governo federal. A Fazenda disse que não teve acesso ao pleito e que as condições continuam iguais até o fim do financiamento. INADIMPLÊNCIA A inadimplência do PSI não é divulgada pelo BNDES, por ser uma operação indireta e, portanto, o risco é dos bancos repassadores. Um dos principais bancos atuantes no PSI, o Banco do Brasil, não informa a inadimplência por programa. A Abimaq diz que os atrasos nos pagamentos "ainda não são generalizados". "É para evitar a alta inadimplência que estamos pedindo esse prazo", afirma Velloso. Segundo a associação, a "trégua" de um ano no pagamento da dívida seria acrescentada no fim do empréstimo a juros de mercado, e não subsidiados.
2
Atriz tenta desvendar 1º suicídio ao vivo na TV para criar personagem
"Para dar continuidade à política do Canal 40 de trazer a vocês as últimas notícias sobre sangue e miolos, vocês verão outra primeiro: uma tentativa de suicídio", foi a fala da apresentadora de 29 anos Christine Chubbuck antes de puxar o gatilho de um revólver durante uma transmissão ao vivo de seu programa de TV em 1974. O programa foi cortado e a jornalista morreu no hospital algumas horas depois, a fita da transmissão sumiu e sua história ficou no limbo por algumas décadas –são poucas as imagens que restaram de Christine e os vídeos dela são mais raros ainda. Mas duas produções que buscam revelar a vida do primeiro suicídio ao vivo da TV trazem de volta esta memória: a ficção "Christine", dirigida por Antonio Campos e com Rebecca Hall no papel de Chubbuck, e "Kate Interpreta Christine", documentário de Robert Greene que está em cartaz no É Tudo Verdade. No filme de Greene, a atriz Kate Lyn Sheil é a outra parte da trama –ela investiga a vida de Christine para interpretá-la em uma cinebiografia que nunca se concretiza. Sua busca para desvendar Christine e construir um personagem é o que rege o longa, premiado no último festival de Sundance. Bronzeamento artificial, peruca e lentes que mudam a cor dos olhos são uma breve parte do processo de transformação de Kate, que durante todo seu périplo em Sarasota, Flórida, cidade em que a jornalista morava, tenta mesmo compreender a mente da deprimida e extremamente solitária Christine. Aqui o diretor não persegue a realidade –há cenas evidentemente ensaiadas e outras que buscam uma espécie de verdade, em que a atriz conduz entrevistas com pessoas que conhecem a história ou que tentam revelar o perfil da apresentadora, além de depoimentos de outros atores escalados para essa ficção que Kate supostamente protagonizaria. Algumas pistas se apresentam para atriz, que reconstrói o infantilizado quarto de Christine, lê sobre suicídio, recita trechos do diário da apresentadora e descobre o mundo sensacionalista de alguns canais de TV que refletem o sadismo de seus espectadores. Mas o processo se revela extremamente frustrante para ela, que não sabe se está preparada para puxar o gatilho na cena final. KATE INTERPRETA CHRISTINE DIREÇÃO: Robert Greene PRODUÇÃO: EUA, 2016, 16 anos QUANDO: sex. (15), às 17h, no Cinearte (av. Paulista, 2073) * VEJA OUTROS DESTAQUES DESTA SEXTA Ingressos gratuitos com uma hora de antecedência BAMBA DIREÇÃO José Joaquim Salles e PH Souza PRODUÇÃO Brasil, 2016, HORÁRIO 13h, livre, 88 min. ONDE Cinearte > Um dos nomes mais notórios da Poesia Marginal, Antonio Carlos de Brito (1944-1987) assumiu o nome Cacaso e se tornou um dos líderes do movimento. Também compôs canções famosas da MPB. UM CASO DE FAMÍLIA (A Family affair) DIREÇÃO Tom Fassaert PRODUÇÃO Holanda/Bélgica/Dinamarca, 2015, 116 min. HORÁRIO 17h (12 anos) ONDE Cinearte > Depois de ouvir 30 anos seu pai falar mal de sua avó, o cineasta recebe um convite para visitá-la. Ele decide então dar a ela a chance de contar sua versão dos fatos diante da câmera.
ilustrada
Atriz tenta desvendar 1º suicídio ao vivo na TV para criar personagem"Para dar continuidade à política do Canal 40 de trazer a vocês as últimas notícias sobre sangue e miolos, vocês verão outra primeiro: uma tentativa de suicídio", foi a fala da apresentadora de 29 anos Christine Chubbuck antes de puxar o gatilho de um revólver durante uma transmissão ao vivo de seu programa de TV em 1974. O programa foi cortado e a jornalista morreu no hospital algumas horas depois, a fita da transmissão sumiu e sua história ficou no limbo por algumas décadas –são poucas as imagens que restaram de Christine e os vídeos dela são mais raros ainda. Mas duas produções que buscam revelar a vida do primeiro suicídio ao vivo da TV trazem de volta esta memória: a ficção "Christine", dirigida por Antonio Campos e com Rebecca Hall no papel de Chubbuck, e "Kate Interpreta Christine", documentário de Robert Greene que está em cartaz no É Tudo Verdade. No filme de Greene, a atriz Kate Lyn Sheil é a outra parte da trama –ela investiga a vida de Christine para interpretá-la em uma cinebiografia que nunca se concretiza. Sua busca para desvendar Christine e construir um personagem é o que rege o longa, premiado no último festival de Sundance. Bronzeamento artificial, peruca e lentes que mudam a cor dos olhos são uma breve parte do processo de transformação de Kate, que durante todo seu périplo em Sarasota, Flórida, cidade em que a jornalista morava, tenta mesmo compreender a mente da deprimida e extremamente solitária Christine. Aqui o diretor não persegue a realidade –há cenas evidentemente ensaiadas e outras que buscam uma espécie de verdade, em que a atriz conduz entrevistas com pessoas que conhecem a história ou que tentam revelar o perfil da apresentadora, além de depoimentos de outros atores escalados para essa ficção que Kate supostamente protagonizaria. Algumas pistas se apresentam para atriz, que reconstrói o infantilizado quarto de Christine, lê sobre suicídio, recita trechos do diário da apresentadora e descobre o mundo sensacionalista de alguns canais de TV que refletem o sadismo de seus espectadores. Mas o processo se revela extremamente frustrante para ela, que não sabe se está preparada para puxar o gatilho na cena final. KATE INTERPRETA CHRISTINE DIREÇÃO: Robert Greene PRODUÇÃO: EUA, 2016, 16 anos QUANDO: sex. (15), às 17h, no Cinearte (av. Paulista, 2073) * VEJA OUTROS DESTAQUES DESTA SEXTA Ingressos gratuitos com uma hora de antecedência BAMBA DIREÇÃO José Joaquim Salles e PH Souza PRODUÇÃO Brasil, 2016, HORÁRIO 13h, livre, 88 min. ONDE Cinearte > Um dos nomes mais notórios da Poesia Marginal, Antonio Carlos de Brito (1944-1987) assumiu o nome Cacaso e se tornou um dos líderes do movimento. Também compôs canções famosas da MPB. UM CASO DE FAMÍLIA (A Family affair) DIREÇÃO Tom Fassaert PRODUÇÃO Holanda/Bélgica/Dinamarca, 2015, 116 min. HORÁRIO 17h (12 anos) ONDE Cinearte > Depois de ouvir 30 anos seu pai falar mal de sua avó, o cineasta recebe um convite para visitá-la. Ele decide então dar a ela a chance de contar sua versão dos fatos diante da câmera.
1
CPI vai ouvir lobista que acusou Dirceu de receber propina
A CPI da Petrobras vai ouvir nesta quinta-feira (6) o lobista Milton Pascowitch, que afirmou em sua delação premiada ter pago propina de contratos da Petrobras ao ex-ministro José Dirceu, preso na segunda-feira (3) na 17ª fase da Operação Lava Jato. A convocação faz parte de uma estratégia da cúpula da CPI, comandada pelo PMDB do presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ), de impor desgastes ao governo federal e ao PT, mas não se sabe ainda se o lobista falará ou se fica em silêncio. Isso porque o conteúdo de sua delação premiada ainda é sigiloso, embora parte dos depoimentos tenha sido divulgada no despacho que determinou a prisão de Dirceu. O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, rejeitou pedido da CPI para ter acesso ao conteúdo da delação de Pascowitch, argumentando ainda ser sigiloso. Moro, porém, autorizou seu deslocamento à CPI na quinta para prestar depoimento. DIRCEU NA CPI Para quinta-feira, estava prevista uma acareação entre o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, mas ela foi cancelada por conta de problemas de saúde de Costa. A oposição também quer convocar Dirceu, mas o requerimento chamando o ex-ministro ainda não foi aprovado pela CPI. Responsável por aproximar a Engevix do PT, Pascowitch diz ter pago despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu e de parentes dele com dinheiro recolhido de contratos de fornecedores da Petrobras. Um dos favores do lobista foi a compra de um apartamento por R$ 500 mil para Camila Ramos de Oliveira e Silva, filha do petista. A defesa de Dirceu nega irregularidades e diz que os valores recebidos pelo ministro se devem a consultorias efetivamente prestadas.
poder
CPI vai ouvir lobista que acusou Dirceu de receber propinaA CPI da Petrobras vai ouvir nesta quinta-feira (6) o lobista Milton Pascowitch, que afirmou em sua delação premiada ter pago propina de contratos da Petrobras ao ex-ministro José Dirceu, preso na segunda-feira (3) na 17ª fase da Operação Lava Jato. A convocação faz parte de uma estratégia da cúpula da CPI, comandada pelo PMDB do presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ), de impor desgastes ao governo federal e ao PT, mas não se sabe ainda se o lobista falará ou se fica em silêncio. Isso porque o conteúdo de sua delação premiada ainda é sigiloso, embora parte dos depoimentos tenha sido divulgada no despacho que determinou a prisão de Dirceu. O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, rejeitou pedido da CPI para ter acesso ao conteúdo da delação de Pascowitch, argumentando ainda ser sigiloso. Moro, porém, autorizou seu deslocamento à CPI na quinta para prestar depoimento. DIRCEU NA CPI Para quinta-feira, estava prevista uma acareação entre o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, mas ela foi cancelada por conta de problemas de saúde de Costa. A oposição também quer convocar Dirceu, mas o requerimento chamando o ex-ministro ainda não foi aprovado pela CPI. Responsável por aproximar a Engevix do PT, Pascowitch diz ter pago despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu e de parentes dele com dinheiro recolhido de contratos de fornecedores da Petrobras. Um dos favores do lobista foi a compra de um apartamento por R$ 500 mil para Camila Ramos de Oliveira e Silva, filha do petista. A defesa de Dirceu nega irregularidades e diz que os valores recebidos pelo ministro se devem a consultorias efetivamente prestadas.
0
Privatizar não é só ganhar, é deixar de ter prejuízo, diz ex-diretora do BNDES
Antes mesmo de chegar à Presidência, assessores de Michel Temer já anunciaram que o plano do PMDB é deslanchar um programa de concessões e privatizações. A advogada Elena Landau, 57, que comandou este processo nos anos 1990, prevê uma corrida tanto do governo federal quanto dos Estados na tentativa de vender seus ativos e fazer caixa. "É fundamental organizar esse engarrafamento". Segundo Landau, mesmo que não arrecade "os bilhões do passado", é preciso voltar a falar de privatização para reorganizar o Estado e reformar setores, como o de gás e energia elétrica. * Folha - O PMDB tem dito que vai deslanchar um programa de concessões. Elena Landau - Se fala nisso há muito tempo, nunca deixou de ser uma prioridade, nem mesmo no governo Dilma. A agenda nova é falar em privatização. O que poderia ser vendido? Podemos falar em quase tudo que não seja função do Estado. Um problema é que se fala em privatização quando se está precisando de dinheiro. Não há uma postura permanente de reforma do Estado, em que se possa fazer uma programação, como havia no passado. Começou no governo Sarney, passou pelo Collor, FHC e depois parou. Primeiro foram as empresas que estavam falidas, depois as de atividades típicas do setor privado e depois as de serviços públicos. Era um processo organizado, com previsão e decreto da Presidência. Agora, há um mercado muito ruim e há necessidade de arrecadar. Haverá um engarrafamento, porque os Estados também estão precisando privatizar. É fundamental organizar esse engarrafamento. Para ser benfeito e transparente, o processo de privatização não pode ser feito em um mês. Tem que ter planejamento. Quais empresas estão na lista? Há necessidade de ter uma Valec? Não deu certo o projeto ferroviário do governo. E a Telebras? Primeiro é necessário fazer um levantamento das empresas cujas tarefas poderiam ser assumidas por outros entes estatais ou secretarias ou que simplesmente poderiam ser fechadas. A privatização não é só para arrecadar, mas também para reorganizar um setor da economia, como fizemos com o setor de telecomunicações no governo FHC. O que tem que ser reorganizado agora? Em vez de investir na Petrobras para gerar um caixa que não vai fazer diferença na situação de endividamento da empresa, melhor é reunir os ativos e pensar no que se quer do setor de óleo, gás e energia elétrica do país. Não adianta vender fatia minoritária na Gaspetro. Tem de parar com essa fixação dos 49% [máximo de controle privado]. Nenhum investidor, com o tamanho do risco do país, com a tradição de intervenção estatal que temos, vai comprar 49% de uma estatal. Tem que ser privatização de fato, venda do controle. Vamos pensar o setor de gás da Petrobras. Vamos integrar, promover competição e usar a privatização para reorganizar este setor. Isso vale também para os Estados e suas empresas, como a Sabesp e a Cedae. Acredita que governo Temer vá privatizar? Ele não vai começar falando de privatização de Eletrobras, Petrobras. Mas há o que fazer com ativos da Petrobras e da Eletrobras. Por que essas duas empresas? Porque o Tesouro absorveu muito prejuízo das duas nos últimos anos e o Tesouro tem falado em capitalizá-las. Privatizar não é só ganhar dinheiro, é também deixar de perder, e os suspeitos mais óbvios são essas duas. No caso da Eletrobras, as distribuidoras regionais do Norte e Nordeste têm que sair do seu guarda-chuva. Elas estão absorvendo recursos que, se o intuito for manter a Eletrobras estatal, estão fazendo falta para a empresa. Concessões são mais fáceis? As concessões de infraestrutura paralisaram por causa dos riscos que foram acrescentados ao negócio. Riscos jurídicos, regulatórios, taxas de retorno irreais, concessionários oportunistas –os sem experiência que acabaram devolvendo a concessão ou não terminaram obras no prazo. Quando se tem uma mudança de governo e uma retomada da confiança na capacidade do governo de respeitar um pouco mais as regras jurídicas e regulatórias, é natural que o investidor se aproxime. E os projetos estão aí. Mas mesmo nas concessões, se não diminuir o risco ao investidor, vai continuar sendo difícil vender. O governo acabou de intervir no setor elétrico de uma maneira radical. E isso ficou na cabeça das pessoas. O processo de privatização é mais lento porque é preciso definir o valor de uma empresa e se o objetivo for fazer uma privatização que não seja meramente para arrecadar, é preciso pensar o que se quer do setor. Mas, para chegar lá, tem que começar algum dia. O que daria para Temer fazer em dois anos? Dá para preparar muita coisa e fazer algumas. Temos que reorganizar e rever questões de risco, taxa de retorno. Temos expertise, é só recuperá-lo, criar uma força-tarefa no BNDES, recuperar a coordenação que havia e que se perdeu com a dispersão por muitos ministérios. E tem que ter vontade política, superar a questão ideológica. Por exemplo, qual o motivo de manter a Infraero nos aeroportos privatizados? A estatal não conseguiu acompanhar os investimentos privados e isso acabou quebrando a empresa. E agora faz o quê, capitaliza a Infraero? Não tem sentido. É um viés ideológico, tem que parar com essa privatização envergonhada. Não será em seis meses, mas a sinalização já é muito importante. Mesmo que o objetivo não devesse ser caixa, o governo precisa de dinheiro. Quanto se pode arrecadar? Não fiz a conta, mas depende do que você considera caixa. Se a empresa estiver muito mal administrada, como é o caso da Petrobras e da Eletrobras, o governo acaba tendo que falar de capitalização. O governo teria que inventar recursos para colocar nessas empresas. Dinheiro do meu imposto, do seu, enquanto ela tem empresas que podem ser privatizadas. Esse é um mau uso dos recursos. A privatização é uma agenda que está atrasada e pelo menos é possível colocá-la em andamento novamente. Não é porque não vai arrecadar os bilhões do passado que não vai colocar na agenda. Muitos falam que a intervenção no setor de energia elétrica afetou a Eletrobras. Não, afetou todo o setor de energia e infraestrutura, pois mostrou que um governo intervencionista pode mudar os preços dos serviços. Isso afastou os investidores, aumentou o risco do país. É preciso vender a Petrobras? Um governo que começa com a expectativa de que vai tirar o país dessa situação em que está começa com mais capacidade política de fazer um programa de privatização a sério. Porque ou é isso ou é mais imposto ou mais dívida. Mas não acho que essa força política chegue ao ponto de se discutir a venda de controle da Petrobras. Nem seria o momento, dada a situação da empresa. Não é viável nem politicamente nem economicamente. A sra. falou em engarrafamento para privatizar. Há o que vender nos Estados? Alagoas está fazendo um levantamento, todos estão levantando o que têm, porque não têm de onde tirar dinheiro. Não adianta fazer renegociação da dívida e continuar desperdiçando com coisas sem função. Mas não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Se fizer uma lista, há empresas demais para vender e pouco mercado para comprar. Essa é uma questão para coordenar. - RAIO-X ELENA LANDAU, 57 Cargo sócia do escritório de advocacia Sergio Bermudes Carreira >> Diretora do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de 1994 a 1996 (governo Fernando Henrique Cardoso) >> Participou da venda de diversas estatais e atuou na estruturação da privatização da Vale do Rio Doce, que ocorreu em 1997 >> Foi presidente da seção fluminense do Instituto Teotônio Vilela (órgão de formação política do PSDB)
mercado
Privatizar não é só ganhar, é deixar de ter prejuízo, diz ex-diretora do BNDESAntes mesmo de chegar à Presidência, assessores de Michel Temer já anunciaram que o plano do PMDB é deslanchar um programa de concessões e privatizações. A advogada Elena Landau, 57, que comandou este processo nos anos 1990, prevê uma corrida tanto do governo federal quanto dos Estados na tentativa de vender seus ativos e fazer caixa. "É fundamental organizar esse engarrafamento". Segundo Landau, mesmo que não arrecade "os bilhões do passado", é preciso voltar a falar de privatização para reorganizar o Estado e reformar setores, como o de gás e energia elétrica. * Folha - O PMDB tem dito que vai deslanchar um programa de concessões. Elena Landau - Se fala nisso há muito tempo, nunca deixou de ser uma prioridade, nem mesmo no governo Dilma. A agenda nova é falar em privatização. O que poderia ser vendido? Podemos falar em quase tudo que não seja função do Estado. Um problema é que se fala em privatização quando se está precisando de dinheiro. Não há uma postura permanente de reforma do Estado, em que se possa fazer uma programação, como havia no passado. Começou no governo Sarney, passou pelo Collor, FHC e depois parou. Primeiro foram as empresas que estavam falidas, depois as de atividades típicas do setor privado e depois as de serviços públicos. Era um processo organizado, com previsão e decreto da Presidência. Agora, há um mercado muito ruim e há necessidade de arrecadar. Haverá um engarrafamento, porque os Estados também estão precisando privatizar. É fundamental organizar esse engarrafamento. Para ser benfeito e transparente, o processo de privatização não pode ser feito em um mês. Tem que ter planejamento. Quais empresas estão na lista? Há necessidade de ter uma Valec? Não deu certo o projeto ferroviário do governo. E a Telebras? Primeiro é necessário fazer um levantamento das empresas cujas tarefas poderiam ser assumidas por outros entes estatais ou secretarias ou que simplesmente poderiam ser fechadas. A privatização não é só para arrecadar, mas também para reorganizar um setor da economia, como fizemos com o setor de telecomunicações no governo FHC. O que tem que ser reorganizado agora? Em vez de investir na Petrobras para gerar um caixa que não vai fazer diferença na situação de endividamento da empresa, melhor é reunir os ativos e pensar no que se quer do setor de óleo, gás e energia elétrica do país. Não adianta vender fatia minoritária na Gaspetro. Tem de parar com essa fixação dos 49% [máximo de controle privado]. Nenhum investidor, com o tamanho do risco do país, com a tradição de intervenção estatal que temos, vai comprar 49% de uma estatal. Tem que ser privatização de fato, venda do controle. Vamos pensar o setor de gás da Petrobras. Vamos integrar, promover competição e usar a privatização para reorganizar este setor. Isso vale também para os Estados e suas empresas, como a Sabesp e a Cedae. Acredita que governo Temer vá privatizar? Ele não vai começar falando de privatização de Eletrobras, Petrobras. Mas há o que fazer com ativos da Petrobras e da Eletrobras. Por que essas duas empresas? Porque o Tesouro absorveu muito prejuízo das duas nos últimos anos e o Tesouro tem falado em capitalizá-las. Privatizar não é só ganhar dinheiro, é também deixar de perder, e os suspeitos mais óbvios são essas duas. No caso da Eletrobras, as distribuidoras regionais do Norte e Nordeste têm que sair do seu guarda-chuva. Elas estão absorvendo recursos que, se o intuito for manter a Eletrobras estatal, estão fazendo falta para a empresa. Concessões são mais fáceis? As concessões de infraestrutura paralisaram por causa dos riscos que foram acrescentados ao negócio. Riscos jurídicos, regulatórios, taxas de retorno irreais, concessionários oportunistas –os sem experiência que acabaram devolvendo a concessão ou não terminaram obras no prazo. Quando se tem uma mudança de governo e uma retomada da confiança na capacidade do governo de respeitar um pouco mais as regras jurídicas e regulatórias, é natural que o investidor se aproxime. E os projetos estão aí. Mas mesmo nas concessões, se não diminuir o risco ao investidor, vai continuar sendo difícil vender. O governo acabou de intervir no setor elétrico de uma maneira radical. E isso ficou na cabeça das pessoas. O processo de privatização é mais lento porque é preciso definir o valor de uma empresa e se o objetivo for fazer uma privatização que não seja meramente para arrecadar, é preciso pensar o que se quer do setor. Mas, para chegar lá, tem que começar algum dia. O que daria para Temer fazer em dois anos? Dá para preparar muita coisa e fazer algumas. Temos que reorganizar e rever questões de risco, taxa de retorno. Temos expertise, é só recuperá-lo, criar uma força-tarefa no BNDES, recuperar a coordenação que havia e que se perdeu com a dispersão por muitos ministérios. E tem que ter vontade política, superar a questão ideológica. Por exemplo, qual o motivo de manter a Infraero nos aeroportos privatizados? A estatal não conseguiu acompanhar os investimentos privados e isso acabou quebrando a empresa. E agora faz o quê, capitaliza a Infraero? Não tem sentido. É um viés ideológico, tem que parar com essa privatização envergonhada. Não será em seis meses, mas a sinalização já é muito importante. Mesmo que o objetivo não devesse ser caixa, o governo precisa de dinheiro. Quanto se pode arrecadar? Não fiz a conta, mas depende do que você considera caixa. Se a empresa estiver muito mal administrada, como é o caso da Petrobras e da Eletrobras, o governo acaba tendo que falar de capitalização. O governo teria que inventar recursos para colocar nessas empresas. Dinheiro do meu imposto, do seu, enquanto ela tem empresas que podem ser privatizadas. Esse é um mau uso dos recursos. A privatização é uma agenda que está atrasada e pelo menos é possível colocá-la em andamento novamente. Não é porque não vai arrecadar os bilhões do passado que não vai colocar na agenda. Muitos falam que a intervenção no setor de energia elétrica afetou a Eletrobras. Não, afetou todo o setor de energia e infraestrutura, pois mostrou que um governo intervencionista pode mudar os preços dos serviços. Isso afastou os investidores, aumentou o risco do país. É preciso vender a Petrobras? Um governo que começa com a expectativa de que vai tirar o país dessa situação em que está começa com mais capacidade política de fazer um programa de privatização a sério. Porque ou é isso ou é mais imposto ou mais dívida. Mas não acho que essa força política chegue ao ponto de se discutir a venda de controle da Petrobras. Nem seria o momento, dada a situação da empresa. Não é viável nem politicamente nem economicamente. A sra. falou em engarrafamento para privatizar. Há o que vender nos Estados? Alagoas está fazendo um levantamento, todos estão levantando o que têm, porque não têm de onde tirar dinheiro. Não adianta fazer renegociação da dívida e continuar desperdiçando com coisas sem função. Mas não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Se fizer uma lista, há empresas demais para vender e pouco mercado para comprar. Essa é uma questão para coordenar. - RAIO-X ELENA LANDAU, 57 Cargo sócia do escritório de advocacia Sergio Bermudes Carreira >> Diretora do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de 1994 a 1996 (governo Fernando Henrique Cardoso) >> Participou da venda de diversas estatais e atuou na estruturação da privatização da Vale do Rio Doce, que ocorreu em 1997 >> Foi presidente da seção fluminense do Instituto Teotônio Vilela (órgão de formação política do PSDB)
2
Princesa espanhola Cristina de Borbón depõe em julgamento por fraude fiscal
A irmã do rei Felipe 6º, a princesa Cristina de Borbón, começou a depor nesta quinta-feira (3) no tribunal que a julga por cumplicidade em fraude fiscal em um amplo processo de má administração de fundos públicos. "Eu vou responder apenas ao meu advogado", advertiu a segunda filha de Juan Carlos 1º, com semblante sério, depois que a presidente do tribunal, formado por três juízes, informou seus direitos. Cristina, 50, é suspeita de ter ocultado da Fazenda os lucros procedentes da apropriação indébita de € 6 milhões, supostamente cometida por seu marido, Iñaki Urdangarin, peça central do julgamento iniciado em 11 de janeiro contra 18 acusados. A princesa é a última dos réus a depor ante o tribunal. Ela, que desde 2013 mora em Genebra com o marido e os quatro filhos, é o primeiro membro da família real espanhola a sentar no banco dos réus. À frente, entre 2003 e 2006, do Instituto Nóos, uma entidade sem fins lucrativos, Urdangarin, de 48 anos, é acusado junto a seu ex-sócio Diego Torres de desviar € 6 milhões procedentes de contratos superfaturados, obtidos, graças a seu status, de dois governos regionais. Depois, estes benefícios teriam sido desviados a empresas de fachada encabeçadas pela Aizoon, empresa de propriedade da princesa Cristina e seu marido. Urdangarin e Torres são suspeitos de prevaricação, desvio, fraude, crime fiscal, tráfico de influência, falsificação e lavagem de dinheiro. A princesa sempre afirmou desconhecer esses negócios e que confiou cegamente no marido, de quem recusou divorciar-se apesar das pressões de uma Casa Real determinada a limitar os danos de uma já abalada imagem da Coroa. Cristina enfrenta um pedido de pena de oito anos, mas apenas por parte de uma acusação popular –a associação ultradireitista Mãos Limpas– já que nem a promotoria nem a Fazenda Pública atuaram contra ela. Esta é a base de sua esperança para escapar do julgamento. Durante a instrução, Urdangarin se esforçou por desvincular a princesa, o pai dela e a Casa Real de todos os seus negócios.
mundo
Princesa espanhola Cristina de Borbón depõe em julgamento por fraude fiscalA irmã do rei Felipe 6º, a princesa Cristina de Borbón, começou a depor nesta quinta-feira (3) no tribunal que a julga por cumplicidade em fraude fiscal em um amplo processo de má administração de fundos públicos. "Eu vou responder apenas ao meu advogado", advertiu a segunda filha de Juan Carlos 1º, com semblante sério, depois que a presidente do tribunal, formado por três juízes, informou seus direitos. Cristina, 50, é suspeita de ter ocultado da Fazenda os lucros procedentes da apropriação indébita de € 6 milhões, supostamente cometida por seu marido, Iñaki Urdangarin, peça central do julgamento iniciado em 11 de janeiro contra 18 acusados. A princesa é a última dos réus a depor ante o tribunal. Ela, que desde 2013 mora em Genebra com o marido e os quatro filhos, é o primeiro membro da família real espanhola a sentar no banco dos réus. À frente, entre 2003 e 2006, do Instituto Nóos, uma entidade sem fins lucrativos, Urdangarin, de 48 anos, é acusado junto a seu ex-sócio Diego Torres de desviar € 6 milhões procedentes de contratos superfaturados, obtidos, graças a seu status, de dois governos regionais. Depois, estes benefícios teriam sido desviados a empresas de fachada encabeçadas pela Aizoon, empresa de propriedade da princesa Cristina e seu marido. Urdangarin e Torres são suspeitos de prevaricação, desvio, fraude, crime fiscal, tráfico de influência, falsificação e lavagem de dinheiro. A princesa sempre afirmou desconhecer esses negócios e que confiou cegamente no marido, de quem recusou divorciar-se apesar das pressões de uma Casa Real determinada a limitar os danos de uma já abalada imagem da Coroa. Cristina enfrenta um pedido de pena de oito anos, mas apenas por parte de uma acusação popular –a associação ultradireitista Mãos Limpas– já que nem a promotoria nem a Fazenda Pública atuaram contra ela. Esta é a base de sua esperança para escapar do julgamento. Durante a instrução, Urdangarin se esforçou por desvincular a princesa, o pai dela e a Casa Real de todos os seus negócios.
3
Escolha de Covas como vice incomoda adversários de Doria no PSDB
A escolha do deputado Bruno Covas como vice na chapa puro sangue de João Doria à Prefeitura de São Paulo, oficializada nesta quinta-feira (21), tinha o objetivo de acalmar os ânimos do PSDB, mas voltou a melindrar adversários do pré-candidato. O nome não era consenso, e o processo de escolha e anúncio gerou especulações que incomodaram tucanos. O próprio coordenador da campanha, Julio Semeghini, defendeu algumas vezes a escolha do deputado Ricardo Tripoli, que disputou as prévias com Doria. Na escolha de Covas, porém, pesou seu sobrenome (ele é neto do ex-governador Mario Covas) e passou por conversas com o governador Geraldo Alckmin, fiador da campanha de Doria. Favoráveis a Tripoli argumentaram que a opção aproximaria o senador José Aníbal, que o apoiou no primeiro turno e entrou com representação contra Doria no Ministério Público por suposto abuso de poder econômico. Doria nega. Tripoli é um dos fundadores do partido e teve votação maior que a de Covas. Apesar de o convite de Doria a Covas ter sido feito há cerca de dez dias, alguns aliados ponderaram que seria bom esperar para fazer o anúncio dando tempo para o deputado se legitimar internamente. A campanha, então, ventilou os nomes de Tripoli e do vereador Mario Covas Neto, presidente municipal do PSDB e tio de Bruno. As especulações até a véspera do anúncio causaram incômodo aos dois. Tripoli soltou nota dizendo que não tinha sido sondado e que não aceitaria o cargo. Ele está afastado da eleição municipal, depois do processo tumultuado das prévias, e não colabora com Doria. Covas Neto, que já se desentendeu com o sobrinho no passado, foi ao evento que formalizou Bruno como pré-candidato a vice e posou com ele em foto com Doria ao centro, negando desentendimentos. A campanha colocou para tocar o hino que marcou as vitórias de Ayrton Senna ao final do evento, para embalar o slogan "Acelera SP". JOÃO COVAS Ao passar a palavra a Bruno Covas, Semeghini fez confusão e chamou Doria de "João Covas". "É um casamento perfeito", brincou o deputado. Covas reiterou os ataques ao PT, no tom que o pré-candidato imprimiu à sua campanha. Ele citou o avô, que teria, em uma noite gelada 20 anos atrás, perguntado ao neto como ele conseguia dormir, sabendo que havia gente na rua, passando frio ao relento. "E aí eu abro o jornal e leio que a prefeitura tira cobertor de mendigo", discursou. "Eu não tenho o direito de titubear em aceitar participar de uma organização para tirar o PT da Prefeitura de São Paulo." Covas também se confundiu ao dizer que "a gente não faz política de educação para quem coloca o filho na escola pública", querendo dizer escola privada.
poder
Escolha de Covas como vice incomoda adversários de Doria no PSDBA escolha do deputado Bruno Covas como vice na chapa puro sangue de João Doria à Prefeitura de São Paulo, oficializada nesta quinta-feira (21), tinha o objetivo de acalmar os ânimos do PSDB, mas voltou a melindrar adversários do pré-candidato. O nome não era consenso, e o processo de escolha e anúncio gerou especulações que incomodaram tucanos. O próprio coordenador da campanha, Julio Semeghini, defendeu algumas vezes a escolha do deputado Ricardo Tripoli, que disputou as prévias com Doria. Na escolha de Covas, porém, pesou seu sobrenome (ele é neto do ex-governador Mario Covas) e passou por conversas com o governador Geraldo Alckmin, fiador da campanha de Doria. Favoráveis a Tripoli argumentaram que a opção aproximaria o senador José Aníbal, que o apoiou no primeiro turno e entrou com representação contra Doria no Ministério Público por suposto abuso de poder econômico. Doria nega. Tripoli é um dos fundadores do partido e teve votação maior que a de Covas. Apesar de o convite de Doria a Covas ter sido feito há cerca de dez dias, alguns aliados ponderaram que seria bom esperar para fazer o anúncio dando tempo para o deputado se legitimar internamente. A campanha, então, ventilou os nomes de Tripoli e do vereador Mario Covas Neto, presidente municipal do PSDB e tio de Bruno. As especulações até a véspera do anúncio causaram incômodo aos dois. Tripoli soltou nota dizendo que não tinha sido sondado e que não aceitaria o cargo. Ele está afastado da eleição municipal, depois do processo tumultuado das prévias, e não colabora com Doria. Covas Neto, que já se desentendeu com o sobrinho no passado, foi ao evento que formalizou Bruno como pré-candidato a vice e posou com ele em foto com Doria ao centro, negando desentendimentos. A campanha colocou para tocar o hino que marcou as vitórias de Ayrton Senna ao final do evento, para embalar o slogan "Acelera SP". JOÃO COVAS Ao passar a palavra a Bruno Covas, Semeghini fez confusão e chamou Doria de "João Covas". "É um casamento perfeito", brincou o deputado. Covas reiterou os ataques ao PT, no tom que o pré-candidato imprimiu à sua campanha. Ele citou o avô, que teria, em uma noite gelada 20 anos atrás, perguntado ao neto como ele conseguia dormir, sabendo que havia gente na rua, passando frio ao relento. "E aí eu abro o jornal e leio que a prefeitura tira cobertor de mendigo", discursou. "Eu não tenho o direito de titubear em aceitar participar de uma organização para tirar o PT da Prefeitura de São Paulo." Covas também se confundiu ao dizer que "a gente não faz política de educação para quem coloca o filho na escola pública", querendo dizer escola privada.
0
Retrocesso no Egito
A história recente do Egito pode ser vista como uma variação sombria da máxima expressa no romance "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi di Lampedusa: "Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude". Nos últimos anos, tudo mudou no país árabe. Em alguns aspectos, entretanto, em vez de as coisas permanecerem como estavam, ficaram ainda piores. O Egito tornou-se o país-símbolo da Primavera Árabe após a queda, em fevereiro de 2011, do ditador Hosni Mubarak, no poder havia 30 anos. Seguiram-se as primeiras eleições democráticas de sua história, vencidas por Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, principal força de oposição. Pouco mais de um ano da votação, as Forças Armadas deram um golpe de Estado –para o que contribuíram a insistência de Mursi em uma agenda sectária e seu fracasso na condução da economia. Com sua deposição, teve início uma onda de massacres, perseguições e prisões, sobretudo de seguidores da Irmandade Muçulmana, declarada organização terrorista. O ciclo de disputas entre forças democratizantes e autoritárias se fechou em junho de 2014, com a realização de novas eleições presidenciais e a vitória do general Abdel Fattah al-Sisi, articulador da destituição de Mursi. O maior país árabe, com isso, não só voltou a viver sob regime militar como também passou a experimentar uma linha ainda mais dura do que a anterior. Com efeito, sob a mão pesada de Mubarak, prisões arbitrárias e abusos não eram tão sistemáticos quanto hoje. De acordo com dados oficiais, já são mais de 22 mil opositores presos desde o golpe –ou 40 mil, pelas contas de ativistas. Tribunais vêm condenando à morte integrantes da Irmandade Muçulmana –incluindo Mursi–com base em evidências frágeis. À insegurança jurídica se somam novas leis sobre protestos e antiterrorismo. Agora, cidadãos podem ser detidos por perturbar a ordem pública, por exemplo, e jornalistas podem ser condenados a multas pesadíssimas pela publicação de "falsas notícias" (ou seja, que divirjam das fontes oficiais). Seja restringindo liberdades de expressão e associação, seja perseguindo e eliminando opositores, o governo egípcio fica, a cada dia, mais próximo de uma ditadura. Um fim melancólico para um movimento que pretendia tudo mudar –de verdade. [email protected]
opiniao
Retrocesso no EgitoA história recente do Egito pode ser vista como uma variação sombria da máxima expressa no romance "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi di Lampedusa: "Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude". Nos últimos anos, tudo mudou no país árabe. Em alguns aspectos, entretanto, em vez de as coisas permanecerem como estavam, ficaram ainda piores. O Egito tornou-se o país-símbolo da Primavera Árabe após a queda, em fevereiro de 2011, do ditador Hosni Mubarak, no poder havia 30 anos. Seguiram-se as primeiras eleições democráticas de sua história, vencidas por Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, principal força de oposição. Pouco mais de um ano da votação, as Forças Armadas deram um golpe de Estado –para o que contribuíram a insistência de Mursi em uma agenda sectária e seu fracasso na condução da economia. Com sua deposição, teve início uma onda de massacres, perseguições e prisões, sobretudo de seguidores da Irmandade Muçulmana, declarada organização terrorista. O ciclo de disputas entre forças democratizantes e autoritárias se fechou em junho de 2014, com a realização de novas eleições presidenciais e a vitória do general Abdel Fattah al-Sisi, articulador da destituição de Mursi. O maior país árabe, com isso, não só voltou a viver sob regime militar como também passou a experimentar uma linha ainda mais dura do que a anterior. Com efeito, sob a mão pesada de Mubarak, prisões arbitrárias e abusos não eram tão sistemáticos quanto hoje. De acordo com dados oficiais, já são mais de 22 mil opositores presos desde o golpe –ou 40 mil, pelas contas de ativistas. Tribunais vêm condenando à morte integrantes da Irmandade Muçulmana –incluindo Mursi–com base em evidências frágeis. À insegurança jurídica se somam novas leis sobre protestos e antiterrorismo. Agora, cidadãos podem ser detidos por perturbar a ordem pública, por exemplo, e jornalistas podem ser condenados a multas pesadíssimas pela publicação de "falsas notícias" (ou seja, que divirjam das fontes oficiais). Seja restringindo liberdades de expressão e associação, seja perseguindo e eliminando opositores, o governo egípcio fica, a cada dia, mais próximo de uma ditadura. Um fim melancólico para um movimento que pretendia tudo mudar –de verdade. [email protected]
14
Negro e gay, vereador mais jovem de São Paulo critica cotas raciais
Fernando Holiday, 20, subverte todas as expectativas. A começar pelo nome: Fernando Silva Bispo adotou "Holiday" em homenagem à cantora Billie Holiday, do hino antirracista "Strange Fruit". Mas "música não tem nada a ver com ideologia", diz ele, o vereador mais jovem de São Paulo, negro, gay e contrário aos movimentos negro e LGBT. A discussão sobre apropriação cultural —em que um grupo questiona a adoção de elementos de uma cultura por outro— é "coisa de gente que não tem o que fazer", e o debate sobre as marchinhas politicamente incorretas aponta para uma migração da esquerda do campo da política, onde foi derrotada, ao da cultura, onde "tenta sobreviver", diz o vereador do DEM e integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). Na Câmara, é ao mesmo tempo autor de um pedido de cassação da colega Juliana Cardoso (PT) e alvo de um pedido de cassação produzido pela bancada petista, frutos de um bate-boca na semana passada. Um membro de seu gabinete acompanhava um YouTuber que abriu a porta da sala da liderança do partido do PT a fim de interromper uma reunião. Mais tarde, durante a sessão, Cardoso foi na direção de Holiday, gritando que era um "moleque". Bem-articulado, mas com olhar sempre direcionado para baixo, o vereador diz ter economizado 60% da verba de gabinete e 100% daquela para materiais (R$ 23 mil) em seu primeiro mês —a Câmara ainda não divulgou a prestação de contas de janeiro. Planeja retomar o curso de direito no Instituto de Direito Público, onde completou o primeiro semestre, e mudar-se para o centro. Por enquanto, diz pegar carona todos os dias de sua casa, o sótão do escritório do MBL, na Vila Mariana (zona sul), até a Câmara. * Você é negro e homossexual. Seus críticos dizem que você é racista e homofóbico. Você se considera assim? Nem um pouco. Esses ataques correspondem a um susto da militância que, por muito tempo, disse representar essas minorias. Sou contrário às cotas raciais, apesar de ser favorável às cotas sociais porque os pobres no Brasil sofrem de igual forma. Diferenciar pobres e negros e pardos cria uma divisão desnecessária e incita ódio e preconceito. Dizem que você só tem visibilidade porque é um jovem negro disposto a corroborar o pensamento dominante. É um discurso fraco, porque muitas das minhas propostas são justamente para beneficiar os mais pobres, dando a eles maior poder. Cheguei aqui principalmente devido à indignação de brasileiros que foram às ruas, das mais diferentes classes sociais, religiões, grupos raciais, uma diversidade muito grande e cansada de como a política estava sendo levada e que queria algo diferente. Acho que represento esse sentimento. O que pretende fazer pelos pobres? E pelas minorias? A maior luta vai ser contra a burocracia. Procurar parcerias com a iniciativa privada para beneficiar essa população, agilizar processos que, dependendo só do serviço público, demoram muito tempo. Quanto às minorias, acredito que muitas das políticas sociais implantadas na tentativa de se combater esses preconceitos vêm falhando. É um processo que não dá para mudar com uma legislação, mas por meio do exemplo. Quanto mais gays, lésbicas, bissexuais, negros e outras tantas minorias conseguirem demonstrar à sociedade que sim, são capazes de alcançar o sucesso pelo mérito e, tendo oportunidade, são capazes de fazer um bom trabalho, aí sim você vai vencer o preconceito. Mas como terão oportunidade? Não deve haver política separada para os negros nem os LGBT. Essas pessoas devem ser englobadas em todos os programas sociais que existirem no serviço público. À revista "The Economist", você disse que o movimento contra marchinhas politicamente incorretas surgiu por causa do impeachment de Dilma Rousseff. Por quê? O impeachment foi uma sinalização da queda da hegemonia da esquerda. Enquanto o PT esteve no poder, as ideologias à esquerda tiveram uma predominância natural. O impeachment é a queda desse monopólio. Com milhões de pessoas indo às ruas contra um governo de esquerda, surge outro lado latente, outra versão. Logo, aqueles que estavam predominando e que estão em queda precisam reagir. Boa parte dessa reação vem pelo caminho cultural. O debate sobre apropriação cultural segue essa lógica? É conversa fiada, coisa de gente que não tem o que fazer. Vivemos em uma sociedade livre. Em um mundo diversificado, onde se aceita o diferente. Deveria ser justamente o contrário. Essas pessoas que homenageiam outras culturas deveriam ser mais ouvidas. E por que não dizer que estão espalhando culturas que poderiam ficar restritas em determinadas localidades? Por que deletou vídeos antigos do YouTube em que dizia coisas como: "Então vamos fazer cotas para 'gostosa' porque tem muito lugar aí que está faltando. A FFLCH [Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP] que o diga: se fosse assim, não seria aquele zoológico, aquele pulgueiro"? Tem vergonha de comentários como esse? Aliás, o considera machista? Eram outros estilos de vídeo. O caminho ali era buscar o debate por meio do humor. Quando começam as manifestações, o impeachment passa a ser o foco do movimento, e a gente acaba aderindo a um perfil mais sério. Não tenho vergonha, mas tenho cautela para que as pessoas não confundam o que era o projeto de início com o que é agora. Queria fazer uma provocação. As cotas raciais oferecem um privilégio ou separam as pessoas de acordo com a sua aparência. Você pode divergir se uma pessoa é negra ou não da mesma forma que pode divergir se uma mulher é gostosa ou não. Alguns vão achar machista. Não acho que seja. Ser negro é só aparência? Temos um país miscigenado. É impossível dizer que haja descendentes diretos de escravos por conta da grande mistura. O brasileiro tem uma identificação com o continente africano. Somos todos brasileiros e dane-se a cor da pele e se você se sente ou não parte de um determinado grupo. Servidor de seu gabinete acompanhou um YouTuber que abriu a porta de uma sala onde a liderança do PT se reunia. Considera essa uma atitude razoável? Vai puni-lo? Não houve invasão. Meu assessor sequer chegou a entrar, estava de fora. Houve exagero completo. Impedi-lo de circular no corredor ou de filmar qualquer coisa já é demais. O MBL apoiou o impeachment de Dilma. Estão satisfeitos com o governo de Michel Temer (PMDB)? Não. O governo Temer tem diversos erros. Quando tentaram manter Romero Jucá como ministro do Planejamento, atacamos, cobramos a saída. Recentemente não achamos adequada a nomeação de Moreira Franco. Agora vamos voltar às ruas, principalmente em defesa da Operação Lava Jato. Não demorou para o MBL voltar às ruas, considerando todas essas insatisfações? Não, porque há outros meios que não as ruas de cobrar. No caso do Romero Jucá, havia forte tendência do governo de mantê-lo como ministro, e a pressão das redes sociais acabou forçando-os a voltar atrás. É uma sinalização do poder que esses movimentos acabam tendo pela internet, que acaba substituindo a manifestação de rua. - RAIO-X Idade 20 anos Formação Cresceu em Carapicuíba (Grande SP), estudou em escolas públicas e está com o curso de direito no Instituto de Direito Público trancado Carreira Política Integrante do Movimento Brasil Livre desde 2015, é filiado ao DEM
cotidiano
Negro e gay, vereador mais jovem de São Paulo critica cotas raciaisFernando Holiday, 20, subverte todas as expectativas. A começar pelo nome: Fernando Silva Bispo adotou "Holiday" em homenagem à cantora Billie Holiday, do hino antirracista "Strange Fruit". Mas "música não tem nada a ver com ideologia", diz ele, o vereador mais jovem de São Paulo, negro, gay e contrário aos movimentos negro e LGBT. A discussão sobre apropriação cultural —em que um grupo questiona a adoção de elementos de uma cultura por outro— é "coisa de gente que não tem o que fazer", e o debate sobre as marchinhas politicamente incorretas aponta para uma migração da esquerda do campo da política, onde foi derrotada, ao da cultura, onde "tenta sobreviver", diz o vereador do DEM e integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). Na Câmara, é ao mesmo tempo autor de um pedido de cassação da colega Juliana Cardoso (PT) e alvo de um pedido de cassação produzido pela bancada petista, frutos de um bate-boca na semana passada. Um membro de seu gabinete acompanhava um YouTuber que abriu a porta da sala da liderança do partido do PT a fim de interromper uma reunião. Mais tarde, durante a sessão, Cardoso foi na direção de Holiday, gritando que era um "moleque". Bem-articulado, mas com olhar sempre direcionado para baixo, o vereador diz ter economizado 60% da verba de gabinete e 100% daquela para materiais (R$ 23 mil) em seu primeiro mês —a Câmara ainda não divulgou a prestação de contas de janeiro. Planeja retomar o curso de direito no Instituto de Direito Público, onde completou o primeiro semestre, e mudar-se para o centro. Por enquanto, diz pegar carona todos os dias de sua casa, o sótão do escritório do MBL, na Vila Mariana (zona sul), até a Câmara. * Você é negro e homossexual. Seus críticos dizem que você é racista e homofóbico. Você se considera assim? Nem um pouco. Esses ataques correspondem a um susto da militância que, por muito tempo, disse representar essas minorias. Sou contrário às cotas raciais, apesar de ser favorável às cotas sociais porque os pobres no Brasil sofrem de igual forma. Diferenciar pobres e negros e pardos cria uma divisão desnecessária e incita ódio e preconceito. Dizem que você só tem visibilidade porque é um jovem negro disposto a corroborar o pensamento dominante. É um discurso fraco, porque muitas das minhas propostas são justamente para beneficiar os mais pobres, dando a eles maior poder. Cheguei aqui principalmente devido à indignação de brasileiros que foram às ruas, das mais diferentes classes sociais, religiões, grupos raciais, uma diversidade muito grande e cansada de como a política estava sendo levada e que queria algo diferente. Acho que represento esse sentimento. O que pretende fazer pelos pobres? E pelas minorias? A maior luta vai ser contra a burocracia. Procurar parcerias com a iniciativa privada para beneficiar essa população, agilizar processos que, dependendo só do serviço público, demoram muito tempo. Quanto às minorias, acredito que muitas das políticas sociais implantadas na tentativa de se combater esses preconceitos vêm falhando. É um processo que não dá para mudar com uma legislação, mas por meio do exemplo. Quanto mais gays, lésbicas, bissexuais, negros e outras tantas minorias conseguirem demonstrar à sociedade que sim, são capazes de alcançar o sucesso pelo mérito e, tendo oportunidade, são capazes de fazer um bom trabalho, aí sim você vai vencer o preconceito. Mas como terão oportunidade? Não deve haver política separada para os negros nem os LGBT. Essas pessoas devem ser englobadas em todos os programas sociais que existirem no serviço público. À revista "The Economist", você disse que o movimento contra marchinhas politicamente incorretas surgiu por causa do impeachment de Dilma Rousseff. Por quê? O impeachment foi uma sinalização da queda da hegemonia da esquerda. Enquanto o PT esteve no poder, as ideologias à esquerda tiveram uma predominância natural. O impeachment é a queda desse monopólio. Com milhões de pessoas indo às ruas contra um governo de esquerda, surge outro lado latente, outra versão. Logo, aqueles que estavam predominando e que estão em queda precisam reagir. Boa parte dessa reação vem pelo caminho cultural. O debate sobre apropriação cultural segue essa lógica? É conversa fiada, coisa de gente que não tem o que fazer. Vivemos em uma sociedade livre. Em um mundo diversificado, onde se aceita o diferente. Deveria ser justamente o contrário. Essas pessoas que homenageiam outras culturas deveriam ser mais ouvidas. E por que não dizer que estão espalhando culturas que poderiam ficar restritas em determinadas localidades? Por que deletou vídeos antigos do YouTube em que dizia coisas como: "Então vamos fazer cotas para 'gostosa' porque tem muito lugar aí que está faltando. A FFLCH [Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP] que o diga: se fosse assim, não seria aquele zoológico, aquele pulgueiro"? Tem vergonha de comentários como esse? Aliás, o considera machista? Eram outros estilos de vídeo. O caminho ali era buscar o debate por meio do humor. Quando começam as manifestações, o impeachment passa a ser o foco do movimento, e a gente acaba aderindo a um perfil mais sério. Não tenho vergonha, mas tenho cautela para que as pessoas não confundam o que era o projeto de início com o que é agora. Queria fazer uma provocação. As cotas raciais oferecem um privilégio ou separam as pessoas de acordo com a sua aparência. Você pode divergir se uma pessoa é negra ou não da mesma forma que pode divergir se uma mulher é gostosa ou não. Alguns vão achar machista. Não acho que seja. Ser negro é só aparência? Temos um país miscigenado. É impossível dizer que haja descendentes diretos de escravos por conta da grande mistura. O brasileiro tem uma identificação com o continente africano. Somos todos brasileiros e dane-se a cor da pele e se você se sente ou não parte de um determinado grupo. Servidor de seu gabinete acompanhou um YouTuber que abriu a porta de uma sala onde a liderança do PT se reunia. Considera essa uma atitude razoável? Vai puni-lo? Não houve invasão. Meu assessor sequer chegou a entrar, estava de fora. Houve exagero completo. Impedi-lo de circular no corredor ou de filmar qualquer coisa já é demais. O MBL apoiou o impeachment de Dilma. Estão satisfeitos com o governo de Michel Temer (PMDB)? Não. O governo Temer tem diversos erros. Quando tentaram manter Romero Jucá como ministro do Planejamento, atacamos, cobramos a saída. Recentemente não achamos adequada a nomeação de Moreira Franco. Agora vamos voltar às ruas, principalmente em defesa da Operação Lava Jato. Não demorou para o MBL voltar às ruas, considerando todas essas insatisfações? Não, porque há outros meios que não as ruas de cobrar. No caso do Romero Jucá, havia forte tendência do governo de mantê-lo como ministro, e a pressão das redes sociais acabou forçando-os a voltar atrás. É uma sinalização do poder que esses movimentos acabam tendo pela internet, que acaba substituindo a manifestação de rua. - RAIO-X Idade 20 anos Formação Cresceu em Carapicuíba (Grande SP), estudou em escolas públicas e está com o curso de direito no Instituto de Direito Público trancado Carreira Política Integrante do Movimento Brasil Livre desde 2015, é filiado ao DEM
6
Crítica: Irmãos Dardenne já foram mais memoráveis
Em "Dois Dias, Uma Noite", Sandra (Marion Cotillard) perde o emprego depois de um período de licença por doença. No local onde trabalha, seus colegas optam por cortar seu posto em troca de um bônus de mil euros (R$ 3.000). Resta uma oportunidade de reaver o emprego: conseguir, em um fim de semana, convencer a maioria de seus colegas (são 16) a renunciar ao bônus e aceitá-la de volta. Em princípio, é o desemprego de Sandra o centro do novo filme dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, tanto mais que ela e o marido precisam do dinheiro para pagar as prestações da casa. Ao longo da extenuante maratona a que se dedica Sandra –explicando aos colegas seu problema e recebendo todo tipo de resposta, da solidariedade completa à rejeição integral– é lícito pensar em uma perda de foco dos Dardenne. Cada vez ela explicará toda a questão: que o contramestre fez pressão e ameaças etc. O problema é que cada um dos demais terá motivações pessoais quase sempre justas para estar ao seu lado ou não renunciar ao bônus. Nesse impasse, parece secundária a questão do desemprego na Europa atual ou mesmo a problemática indústria europeia, forçada a concorrer com países que oferecem preços muito inferiores. O que permanece na surdina, mas é afinal aquilo de que o filme melhor dá conta, é a decorrência do desemprego e da situação de concorrência: o crescente individualismo, que corre paralelo à degeneração das relações (claro, existem manifestações de solidariedade intensas, mas elas correspondem àquilo que se criou ao longo do século passado, antes que o neoliberalismo se impusesse). Acrescente-se a isso o comportamento do marido de Sandra: Manu (Fabrizio Rongione) não sofre por forçar a mulher a fazer um papel que ela julga humilhante. Há um inequívoco sadismo em seu modo de ser, apesar da simpatia que afeta: talvez seja outra maneira de nos lembrar de como as relações se degradam na crise do capitalismo. Mais do que tudo, porém, "Dois Dias" nos lembra que o cinema dos Dardenne parece sofrer hoje de certa fadiga: já soube ser mais agudo e memorável. Aqui, o essencial é jogado nas costas e, sobretudo, no rosto de Cotillard. Menos mal, ela segura o rojão. DOIS DIAS, UMA NOITE (DEUX JOURS, UNE NUIT) DIREÇÃO Jean-Pierre e Luc Dardenne ELENCO Marion Cotillard, Fabrizio Rongione PRODUÇÃO Bélgica/França/Itália, 2014, 12 anos QUANDO estreia nesta quinta (5) AVALIAÇÃO bom
ilustrada
Crítica: Irmãos Dardenne já foram mais memoráveisEm "Dois Dias, Uma Noite", Sandra (Marion Cotillard) perde o emprego depois de um período de licença por doença. No local onde trabalha, seus colegas optam por cortar seu posto em troca de um bônus de mil euros (R$ 3.000). Resta uma oportunidade de reaver o emprego: conseguir, em um fim de semana, convencer a maioria de seus colegas (são 16) a renunciar ao bônus e aceitá-la de volta. Em princípio, é o desemprego de Sandra o centro do novo filme dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, tanto mais que ela e o marido precisam do dinheiro para pagar as prestações da casa. Ao longo da extenuante maratona a que se dedica Sandra –explicando aos colegas seu problema e recebendo todo tipo de resposta, da solidariedade completa à rejeição integral– é lícito pensar em uma perda de foco dos Dardenne. Cada vez ela explicará toda a questão: que o contramestre fez pressão e ameaças etc. O problema é que cada um dos demais terá motivações pessoais quase sempre justas para estar ao seu lado ou não renunciar ao bônus. Nesse impasse, parece secundária a questão do desemprego na Europa atual ou mesmo a problemática indústria europeia, forçada a concorrer com países que oferecem preços muito inferiores. O que permanece na surdina, mas é afinal aquilo de que o filme melhor dá conta, é a decorrência do desemprego e da situação de concorrência: o crescente individualismo, que corre paralelo à degeneração das relações (claro, existem manifestações de solidariedade intensas, mas elas correspondem àquilo que se criou ao longo do século passado, antes que o neoliberalismo se impusesse). Acrescente-se a isso o comportamento do marido de Sandra: Manu (Fabrizio Rongione) não sofre por forçar a mulher a fazer um papel que ela julga humilhante. Há um inequívoco sadismo em seu modo de ser, apesar da simpatia que afeta: talvez seja outra maneira de nos lembrar de como as relações se degradam na crise do capitalismo. Mais do que tudo, porém, "Dois Dias" nos lembra que o cinema dos Dardenne parece sofrer hoje de certa fadiga: já soube ser mais agudo e memorável. Aqui, o essencial é jogado nas costas e, sobretudo, no rosto de Cotillard. Menos mal, ela segura o rojão. DOIS DIAS, UMA NOITE (DEUX JOURS, UNE NUIT) DIREÇÃO Jean-Pierre e Luc Dardenne ELENCO Marion Cotillard, Fabrizio Rongione PRODUÇÃO Bélgica/França/Itália, 2014, 12 anos QUANDO estreia nesta quinta (5) AVALIAÇÃO bom
1
Quabales e Margareth Menezes abrem Rock in Rio com percussão furiosa
Foi com uma ode à cultura musical da Bahia que o palco Sunset deu início à programação do Rock in Rio neste sábado (23). O público, escasso sob forte sol, se multiplicaria conforme os "tambores" do grupo Quabales ressoavam pela Cidade do Rock. Eram, na realidade, galões de água, latas e latões de lixo fazendo a vez de instrumentos musicais. O grupo –projeto social que abarca jovens do bairro Amaralina, em Salvador– tinha tudo para se enveredar em um som semelhante ao de seus conterrâneos do Olodum, mas encontrou identidade própria mais próxima do hip-hop. Além de tocar, os jovens dançaram e encenaram no palco em uma apresentação muito bem sincronizada. Além de descrever o cotidiano nas periferias de Salvador, as letras enalteciam o berço baiano. Convidada da apresentação, Margareth Menezes entrou no palco com vocais tão furiosos quanto a percussão dos garotos para cantar "Faraó Divindade do Egito". O público, vestido com camisetas de bandas de rock no dia em que tocam Guns N' Roses e The Who, fez uma tentativa cômica de acompanhar com uma dança dura. Depois de cantar "Côco com M", os artistas prestaram uma homenagem ao percussionista Naná Vasconcelos, morto em março, com fotografias no telão e um poema declamado pela talentosa cantora do grupo, Carol Caroline. Em diversos momentos do show, a jovem, acompanhada de seus colegas, alternou voz doce, à beira do reggae, a rap voraz. Gilberto Gil e João Gilberto estiveram presentes com "Andar com Fé" e "Eu Vim da Bahia", ambas mescladas em versões do Quabales. A veterana convidada também resgatou a versão aportuguesada de Gil para "No Woman No Cry", de Bob Marley, além de "A Luz de Tieta", de Caetano. A festa corria bem e naturalmente até que outro convidado subiu ao palco. A entrada de Di Ferrero desfez o enlace natural até então mostrado e formou um balaio dessincronizado. O músico cantou "Passe em Casa", dos Tribalistas, e "Coke Beat", tema para uma marca de roupas cuja propaganda o músico gravou com o grupo baiano e Sasha Meneghel -o vídeo da campanha passava no telão do palco. Ferrero se comunicou melhor com o público nas canções de sua banda NX Zero, "Só Rezo" e "Cedo ou Tarde", mas continuou desvinculado do som do Quabales, evidenciando um deslize da curadoria.
ilustrada
Quabales e Margareth Menezes abrem Rock in Rio com percussão furiosaFoi com uma ode à cultura musical da Bahia que o palco Sunset deu início à programação do Rock in Rio neste sábado (23). O público, escasso sob forte sol, se multiplicaria conforme os "tambores" do grupo Quabales ressoavam pela Cidade do Rock. Eram, na realidade, galões de água, latas e latões de lixo fazendo a vez de instrumentos musicais. O grupo –projeto social que abarca jovens do bairro Amaralina, em Salvador– tinha tudo para se enveredar em um som semelhante ao de seus conterrâneos do Olodum, mas encontrou identidade própria mais próxima do hip-hop. Além de tocar, os jovens dançaram e encenaram no palco em uma apresentação muito bem sincronizada. Além de descrever o cotidiano nas periferias de Salvador, as letras enalteciam o berço baiano. Convidada da apresentação, Margareth Menezes entrou no palco com vocais tão furiosos quanto a percussão dos garotos para cantar "Faraó Divindade do Egito". O público, vestido com camisetas de bandas de rock no dia em que tocam Guns N' Roses e The Who, fez uma tentativa cômica de acompanhar com uma dança dura. Depois de cantar "Côco com M", os artistas prestaram uma homenagem ao percussionista Naná Vasconcelos, morto em março, com fotografias no telão e um poema declamado pela talentosa cantora do grupo, Carol Caroline. Em diversos momentos do show, a jovem, acompanhada de seus colegas, alternou voz doce, à beira do reggae, a rap voraz. Gilberto Gil e João Gilberto estiveram presentes com "Andar com Fé" e "Eu Vim da Bahia", ambas mescladas em versões do Quabales. A veterana convidada também resgatou a versão aportuguesada de Gil para "No Woman No Cry", de Bob Marley, além de "A Luz de Tieta", de Caetano. A festa corria bem e naturalmente até que outro convidado subiu ao palco. A entrada de Di Ferrero desfez o enlace natural até então mostrado e formou um balaio dessincronizado. O músico cantou "Passe em Casa", dos Tribalistas, e "Coke Beat", tema para uma marca de roupas cuja propaganda o músico gravou com o grupo baiano e Sasha Meneghel -o vídeo da campanha passava no telão do palco. Ferrero se comunicou melhor com o público nas canções de sua banda NX Zero, "Só Rezo" e "Cedo ou Tarde", mas continuou desvinculado do som do Quabales, evidenciando um deslize da curadoria.
1
Airbus fecha acordo para vender três super jumbos para aérea japonesa
A fabricante europeia de aviões Airbus fechou acordo para vender três super jumbos A380 para a ANA, maior empresa aérea japonesa, em negócio avaliado em US$ 1,25 bilhão, informou o jornal japonês "Nikkei". Os aviões devem começar a operar no ano fiscal de 2018 em rotas para o Havaí e outros destinos, de acordo com a publicação. Pedidos pelo Airbus A380 diminuíram nos últimos anos, refletindo uma mudança na indústria para aviões menores, com dois motores, que custam menos para voar do que os jumbos de quatro motores, que podem carregar até 525 passageiros. Em novembro, a concorrente Boeing declarou que havia registrado duas encomendas para o jumbo 747-8, encerrando o que parecia ser um segundo ano sem novas compras do avião de quatro motores. Os esforços da Airbus para vender o A380 sofreram um golpe em 2014, quando a empresa cancelou um contrato de US$ 2 bilhões com a japonesa Skymark para seis super jumbos, após dificuldades da companhia aérea para levantar recursos para pagar as parcelas.
mercado
Airbus fecha acordo para vender três super jumbos para aérea japonesaA fabricante europeia de aviões Airbus fechou acordo para vender três super jumbos A380 para a ANA, maior empresa aérea japonesa, em negócio avaliado em US$ 1,25 bilhão, informou o jornal japonês "Nikkei". Os aviões devem começar a operar no ano fiscal de 2018 em rotas para o Havaí e outros destinos, de acordo com a publicação. Pedidos pelo Airbus A380 diminuíram nos últimos anos, refletindo uma mudança na indústria para aviões menores, com dois motores, que custam menos para voar do que os jumbos de quatro motores, que podem carregar até 525 passageiros. Em novembro, a concorrente Boeing declarou que havia registrado duas encomendas para o jumbo 747-8, encerrando o que parecia ser um segundo ano sem novas compras do avião de quatro motores. Os esforços da Airbus para vender o A380 sofreram um golpe em 2014, quando a empresa cancelou um contrato de US$ 2 bilhões com a japonesa Skymark para seis super jumbos, após dificuldades da companhia aérea para levantar recursos para pagar as parcelas.
2
'Sofri toda sorte de sabotagem', diz Dilma à imprensa estrangeira
Em ofensiva na imprensa estrangeira contra sua possível cassação definitiva, a presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que seu governo sofreu "toda sorte de sabotagem" como forma de viabilizar sua queda. Em coletiva com jornalistas de veículos estrangeiros no Palácio do Alvorada no dia seguinte a seu afastamento, a petista disse que as elites do país usaram o impeachment como meio de implementar um programa de governo que não teria apoio das urnas, liberal na economia e conservador em outras áreas, como cultural e social. Dilma argumentou que seu governo propôs medidas para tirar o país da crise, mas que elas não foram aprovadas no Congresso. "Nós, há 15 meses aproximadamente, sofremos toda sorte de sabotagem na tentativa de governar", afirmou. "Estávamos enfrentando uma crise e precisávamos de tomar medidas que deviam ser aprovadas pelo Congresso. Sistematicamente, todas as saídas propostas no sentido de sair da crise foram ou invalidadas, bloqueadas, ou aceitas só parcialmente." Também nesta sexta-feira, o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou a possibilidade de criação de novos impostos, ainda que temporários, e disse que não vai retirar a proposta enviada por Dilma ao Congresso de recriação da CPMF. GOVERNO TEMER A presidente voltou a afirmar que o governo interino de Michel Temer não tem legitimidade. "Tentam e querem utilizar agora da prerrogativa do impeachment fraudulento, portanto do golpe, para poder executar seu programa de governo que não foi aprovado nas urnas. Porque o programa que eu defendi, a que dei suporte, é de continuidade dos programas sociais, da inclusão social, da retomada do crescimento econômico", afirmou. A economia, que durante seu primeiro mandato já apresentava sinais de fraqueza, entrou em recessão na passagem para o segundo, com aumento do desemprego, inflação e juros. Para a oposição e parte da opinião pública, isso é consequência da má gestão econômica da administração de Dilma. A presidente afastada disse durante a entrevista que seu governo procurou enfrentar a crise sem cortar nenhum programa social - ela argumentou que isso teria desagradado as elites brasileiras, que se uniram então em torno do impeachment. "Acontece que durante 13 anos nós implementamos no Brasil um programa de inclusão social, que não era um programa liberal, que valorizava por exemplo o pré-sal. Muitas pessoas nas elites estavam descontentes com isso. Ora, há uma outra visão sobre como o país deve se comportar para sair da crise", disse. "Essa visão criou uma sólida aliança entre vários segmentos. Aproveitou-se de um conflito que está caracterizado no Brasil há muito tempo entre Executivo e Legislativo e perceberam condições bastante favoráveis na medida em que havia uma versão dada pela grande imprensa brasileira a respeito da situação". NEGROS E MULHERES A presidente afastada criticou a formação 100% masculina e branca do gabinete de Temer, anunciada na quinta-feira, quando o peemedebista tomou posse como presidente interino. "Eu lamento que depois de muito tempo não haja mulheres e negros no ministério. Negro e mulher (no governo) é fundamental se você quer construir um país inclusivo, não só do ponto de vista social, mas cultural e dos direitos humanos", criticou. "Acho que é um governo (...) que vai ser liberal na economia e extremamente conservador na área de cultura, na área social, está mostrando isso na sua formação". NOVA ROTINA Questionada por jornalistas sobre sua vida pessoal após o afastamento, Dilma afirmou que não acredita que terá muito tempo livre agora porque terá que se dedicar a sua defesa jurídica e política. Nesta quinta-feira, o Senado determinou seu afastamento por até 180 dias, período em que será realizado seu julgamento. O objetivo de Dilma é evitar que dois terços do Senado votem a favor de seu impeachment, algo que resultaria em seu afastamento definitivo do cargo. A petista disse que quer viajar pelo país para se defender e que avaliará todos os convites. "Eu vou viajar pelo Brasil sempre que me chamarem para ir. Quem me convidar, vou avaliar. Para qualquer lugar". Um dos jornalistas perguntou especificamente sobre um conversa com o chefe da Igreja Católica. "Se o papa me convidar, você pode ter certeza (que vou). Porque eu tenho uma imensa admiração pelo papa". INVESTIGAÇÕES O ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa de Dilma, também participou da entrevista e disse acreditar que a operação Lava Jato terá continuidade no governo Temer. Segundo ele, o governo petista criou uma "cultura" de autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que seria difícil de reverter. "Imagino que pessoas vão tentar matar a Lava Jato, mas duvido que consigam", afirmou. Cardozo é atualmente investigado pela Procuradoria-Geral da República por ter supostamente influenciado na nomeação do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Marcelo Navarro com objetivo de soltar presos da Lava Jato. Ele nega as acusações. Apesar de ter perdido o foro privilegiado, Cardozo acredita que a investigação continuará sobre a tutela do Supremo Tribunal Federal, e não do juiz Sergio Moro, porque Navarro possui foro. Disse, porém, que não tem receio de ser investigado na primeira instância da Justiça. "Pode colocar o juiz que quiser para investigar esses fatos que não têm o menor cabimento". Dilma, por sua vez, reclamou que haveria tratamento diferenciado no caso de investigações contra membros e aliados do seu governo e contra partidos que faziam oposição a sua administração. "Sistematicamente, tudo que se acusa a nós é aceito. Tudo que se acusa ou se pede investigação da oposição é recusado. A mim tentaram sistematicamente investigar. Viraram do avesso, eu nunca tive conta no exterior, não recebo propina". A declaração pareceu uma referência à decisão do ministro do STF Gilmar Mendes de determinar que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reavaliasse a necessidade de abrir um inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para investigar suposto envolvimento em esquema de corrupção em Furnas. Questionada sobre o que achava da decisão, a petista ironizou: "Acho bastante interessante, extremamente interessante".
poder
'Sofri toda sorte de sabotagem', diz Dilma à imprensa estrangeiraEm ofensiva na imprensa estrangeira contra sua possível cassação definitiva, a presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que seu governo sofreu "toda sorte de sabotagem" como forma de viabilizar sua queda. Em coletiva com jornalistas de veículos estrangeiros no Palácio do Alvorada no dia seguinte a seu afastamento, a petista disse que as elites do país usaram o impeachment como meio de implementar um programa de governo que não teria apoio das urnas, liberal na economia e conservador em outras áreas, como cultural e social. Dilma argumentou que seu governo propôs medidas para tirar o país da crise, mas que elas não foram aprovadas no Congresso. "Nós, há 15 meses aproximadamente, sofremos toda sorte de sabotagem na tentativa de governar", afirmou. "Estávamos enfrentando uma crise e precisávamos de tomar medidas que deviam ser aprovadas pelo Congresso. Sistematicamente, todas as saídas propostas no sentido de sair da crise foram ou invalidadas, bloqueadas, ou aceitas só parcialmente." Também nesta sexta-feira, o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou a possibilidade de criação de novos impostos, ainda que temporários, e disse que não vai retirar a proposta enviada por Dilma ao Congresso de recriação da CPMF. GOVERNO TEMER A presidente voltou a afirmar que o governo interino de Michel Temer não tem legitimidade. "Tentam e querem utilizar agora da prerrogativa do impeachment fraudulento, portanto do golpe, para poder executar seu programa de governo que não foi aprovado nas urnas. Porque o programa que eu defendi, a que dei suporte, é de continuidade dos programas sociais, da inclusão social, da retomada do crescimento econômico", afirmou. A economia, que durante seu primeiro mandato já apresentava sinais de fraqueza, entrou em recessão na passagem para o segundo, com aumento do desemprego, inflação e juros. Para a oposição e parte da opinião pública, isso é consequência da má gestão econômica da administração de Dilma. A presidente afastada disse durante a entrevista que seu governo procurou enfrentar a crise sem cortar nenhum programa social - ela argumentou que isso teria desagradado as elites brasileiras, que se uniram então em torno do impeachment. "Acontece que durante 13 anos nós implementamos no Brasil um programa de inclusão social, que não era um programa liberal, que valorizava por exemplo o pré-sal. Muitas pessoas nas elites estavam descontentes com isso. Ora, há uma outra visão sobre como o país deve se comportar para sair da crise", disse. "Essa visão criou uma sólida aliança entre vários segmentos. Aproveitou-se de um conflito que está caracterizado no Brasil há muito tempo entre Executivo e Legislativo e perceberam condições bastante favoráveis na medida em que havia uma versão dada pela grande imprensa brasileira a respeito da situação". NEGROS E MULHERES A presidente afastada criticou a formação 100% masculina e branca do gabinete de Temer, anunciada na quinta-feira, quando o peemedebista tomou posse como presidente interino. "Eu lamento que depois de muito tempo não haja mulheres e negros no ministério. Negro e mulher (no governo) é fundamental se você quer construir um país inclusivo, não só do ponto de vista social, mas cultural e dos direitos humanos", criticou. "Acho que é um governo (...) que vai ser liberal na economia e extremamente conservador na área de cultura, na área social, está mostrando isso na sua formação". NOVA ROTINA Questionada por jornalistas sobre sua vida pessoal após o afastamento, Dilma afirmou que não acredita que terá muito tempo livre agora porque terá que se dedicar a sua defesa jurídica e política. Nesta quinta-feira, o Senado determinou seu afastamento por até 180 dias, período em que será realizado seu julgamento. O objetivo de Dilma é evitar que dois terços do Senado votem a favor de seu impeachment, algo que resultaria em seu afastamento definitivo do cargo. A petista disse que quer viajar pelo país para se defender e que avaliará todos os convites. "Eu vou viajar pelo Brasil sempre que me chamarem para ir. Quem me convidar, vou avaliar. Para qualquer lugar". Um dos jornalistas perguntou especificamente sobre um conversa com o chefe da Igreja Católica. "Se o papa me convidar, você pode ter certeza (que vou). Porque eu tenho uma imensa admiração pelo papa". INVESTIGAÇÕES O ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa de Dilma, também participou da entrevista e disse acreditar que a operação Lava Jato terá continuidade no governo Temer. Segundo ele, o governo petista criou uma "cultura" de autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que seria difícil de reverter. "Imagino que pessoas vão tentar matar a Lava Jato, mas duvido que consigam", afirmou. Cardozo é atualmente investigado pela Procuradoria-Geral da República por ter supostamente influenciado na nomeação do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Marcelo Navarro com objetivo de soltar presos da Lava Jato. Ele nega as acusações. Apesar de ter perdido o foro privilegiado, Cardozo acredita que a investigação continuará sobre a tutela do Supremo Tribunal Federal, e não do juiz Sergio Moro, porque Navarro possui foro. Disse, porém, que não tem receio de ser investigado na primeira instância da Justiça. "Pode colocar o juiz que quiser para investigar esses fatos que não têm o menor cabimento". Dilma, por sua vez, reclamou que haveria tratamento diferenciado no caso de investigações contra membros e aliados do seu governo e contra partidos que faziam oposição a sua administração. "Sistematicamente, tudo que se acusa a nós é aceito. Tudo que se acusa ou se pede investigação da oposição é recusado. A mim tentaram sistematicamente investigar. Viraram do avesso, eu nunca tive conta no exterior, não recebo propina". A declaração pareceu uma referência à decisão do ministro do STF Gilmar Mendes de determinar que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reavaliasse a necessidade de abrir um inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para investigar suposto envolvimento em esquema de corrupção em Furnas. Questionada sobre o que achava da decisão, a petista ironizou: "Acho bastante interessante, extremamente interessante".
0
De leoa a passarinho
Foi no meio do Carnaval de 2011. Demoramos para tomar a decisão. Não por falta de vontade, mas por receio, medo de incomodar, não sabíamos como seríamos recebidas. Tínhamos o Marcos Prado como padrinho, abrindo todas as portas de maneira generosa. E tínhamos ao nosso lado a Barbara Copque, que, com sua delicadeza, poderia fotografar esse encontro tão esperado, se fosse possível, se fosse a vontade de todos. Partimos no carro dela e, no longo caminho que separa a zona sul carioca da rua dos Narcisos nos Prados Verdes em Nova Iguaçu, conversávamos sobre qualquer coisa, mas os corações batiam um pouco mais rápido do que o normal, afinal estávamos para conhecer, pessoalmente, a nossa mulher maravilha, a profeta do lixão. Foi difícil chegar à casa. Mas chegamos. "Bem-vindos a este hospício, aqui somos todos loucos uns pelos outros" estava escrito na plaquinha na entrada. Fomos recebidas por Ernane, filho da Estamira, e sua mulher, Adriana. Falamos do Marcos, do filme, eles mostraram a casa em construção, contaram como era antes, como estava ficando. Foram carinhosos e atenciosos, olharam nos nossos olhos e entendemos que o que se criava ali era cumplicidade para a vida. Estávamos ali não para pedir autorização para levar a voz da Estamira para o teatro –essa autorização estava dada. Fomos pedir a bênção, fomos criar os laços sem os quais não poderíamos continuar. Fomos entender o que isso poderia significar para eles, para nós, para ouvir histórias que não estavam no filme, fomos com a certeza de que tínhamos de ir. Estamira estava deitada na sua cama. A leoa do filme estava então no estado passarinho. Levamos muitos presentes, pensando sempre num jeito de tocá-la, de dar conforto, de dar carinho. Levamos travesseiro, mantinha, palmito, muito palmito, que ela adorava, levamos óleo de lavanda. Dani se aproximou, sentou na beira da cama. Contou para ela da emoção de vê-la no filme, da importância das coisas que ela dizia, da vontade de montar uma peça. Ela era um pouco criança de novo, mas escutava tudo. Ela era ela e muitas outras pessoas importantes das nossas vidas (uma porção delas), o que nos dava um nó na garganta, pois encontra-la ali, pegar na sua mão, fazer cafuné na sua testa, eram gestos conhecidos, era como reencontrar pessoas queridas muito próximas, mas que já não estavam mais conosco. Nos sentíamos unidas a ela nesse lugar muito simples, não verbal, do afeto e de uma compreensão de que não sabíamos muito o que dizer, mas que isso não diminuía nossa vontade de estar ali. E nessa conversa, a Dani falou com toda clareza: "Vou fazer você no teatro" e citou um trecho do filme imitando direitinho o jeito dela falar "a culpa é do hipócrita mentiroso esperto ao contrário...". Ela olhou e riu. Começou a falar. Disse duas frases que viraram o final do espetáculo. Selou nosso encontro. Depois houve outras visitas, na sua casa ainda, no aniversário dela de 70 anos. E no hospital, quando ela já estava para partir para o além do além, para virar invisível. A relação com seus filhos se estreitou. A maior emoção para nós foi tê-los na plateia, não só de "Estamira "" Beira do Mundo", mas também de outros espetáculos que fizemos depois. Estamira deixou muitas heranças para todos nós, tão ricas. Deixou sua sabedoria, sua lucidez, sua "inlucidez", deixou sua missão. Deixou a dignidade de todas as suas escolhas. E os frutos que elas trouxeram. Ela bem disse: "E quando desencarnar, vou fazer muito pior". No final da peça, a Maria Rita disse: "Às vezes eu fico pensando se a minha mãe era realmente louca". Nota: A peça "Estamira - Beira do Mundo" está em cartaz no Teatro Poeira, no Rio, até 29/5. BEATRIZ SAYAD, 43, autora, atriz e diretora, é formada em letras pela PUC - Rio. DANI BARROS, 43, é atriz, vencedora do Shell de melhor atriz por "Estamira - Beira do Mundo".
ilustrissima
De leoa a passarinhoFoi no meio do Carnaval de 2011. Demoramos para tomar a decisão. Não por falta de vontade, mas por receio, medo de incomodar, não sabíamos como seríamos recebidas. Tínhamos o Marcos Prado como padrinho, abrindo todas as portas de maneira generosa. E tínhamos ao nosso lado a Barbara Copque, que, com sua delicadeza, poderia fotografar esse encontro tão esperado, se fosse possível, se fosse a vontade de todos. Partimos no carro dela e, no longo caminho que separa a zona sul carioca da rua dos Narcisos nos Prados Verdes em Nova Iguaçu, conversávamos sobre qualquer coisa, mas os corações batiam um pouco mais rápido do que o normal, afinal estávamos para conhecer, pessoalmente, a nossa mulher maravilha, a profeta do lixão. Foi difícil chegar à casa. Mas chegamos. "Bem-vindos a este hospício, aqui somos todos loucos uns pelos outros" estava escrito na plaquinha na entrada. Fomos recebidas por Ernane, filho da Estamira, e sua mulher, Adriana. Falamos do Marcos, do filme, eles mostraram a casa em construção, contaram como era antes, como estava ficando. Foram carinhosos e atenciosos, olharam nos nossos olhos e entendemos que o que se criava ali era cumplicidade para a vida. Estávamos ali não para pedir autorização para levar a voz da Estamira para o teatro –essa autorização estava dada. Fomos pedir a bênção, fomos criar os laços sem os quais não poderíamos continuar. Fomos entender o que isso poderia significar para eles, para nós, para ouvir histórias que não estavam no filme, fomos com a certeza de que tínhamos de ir. Estamira estava deitada na sua cama. A leoa do filme estava então no estado passarinho. Levamos muitos presentes, pensando sempre num jeito de tocá-la, de dar conforto, de dar carinho. Levamos travesseiro, mantinha, palmito, muito palmito, que ela adorava, levamos óleo de lavanda. Dani se aproximou, sentou na beira da cama. Contou para ela da emoção de vê-la no filme, da importância das coisas que ela dizia, da vontade de montar uma peça. Ela era um pouco criança de novo, mas escutava tudo. Ela era ela e muitas outras pessoas importantes das nossas vidas (uma porção delas), o que nos dava um nó na garganta, pois encontra-la ali, pegar na sua mão, fazer cafuné na sua testa, eram gestos conhecidos, era como reencontrar pessoas queridas muito próximas, mas que já não estavam mais conosco. Nos sentíamos unidas a ela nesse lugar muito simples, não verbal, do afeto e de uma compreensão de que não sabíamos muito o que dizer, mas que isso não diminuía nossa vontade de estar ali. E nessa conversa, a Dani falou com toda clareza: "Vou fazer você no teatro" e citou um trecho do filme imitando direitinho o jeito dela falar "a culpa é do hipócrita mentiroso esperto ao contrário...". Ela olhou e riu. Começou a falar. Disse duas frases que viraram o final do espetáculo. Selou nosso encontro. Depois houve outras visitas, na sua casa ainda, no aniversário dela de 70 anos. E no hospital, quando ela já estava para partir para o além do além, para virar invisível. A relação com seus filhos se estreitou. A maior emoção para nós foi tê-los na plateia, não só de "Estamira "" Beira do Mundo", mas também de outros espetáculos que fizemos depois. Estamira deixou muitas heranças para todos nós, tão ricas. Deixou sua sabedoria, sua lucidez, sua "inlucidez", deixou sua missão. Deixou a dignidade de todas as suas escolhas. E os frutos que elas trouxeram. Ela bem disse: "E quando desencarnar, vou fazer muito pior". No final da peça, a Maria Rita disse: "Às vezes eu fico pensando se a minha mãe era realmente louca". Nota: A peça "Estamira - Beira do Mundo" está em cartaz no Teatro Poeira, no Rio, até 29/5. BEATRIZ SAYAD, 43, autora, atriz e diretora, é formada em letras pela PUC - Rio. DANI BARROS, 43, é atriz, vencedora do Shell de melhor atriz por "Estamira - Beira do Mundo".
18
Preso líder de cartel acusado de ligação com o sumiço de estudantes no México
Forças federais do México anunciaram nesta terça-feira (26) a detenção de Nicolás Nájera Salgado, que, desde 2014, é um dos líderes do cartel Guerreiros Unidos. Ele estaria envolvido no desaparecimento de 43 estudantes mexicanos em 2014, ocorrida durante uma emboscada em Iguala (a 192 km da Cidade do México), no Estado de Guerrero. Segundo investigação da Procuradoria-Geral, os jovens foram atacados por policiais municipais de Iguala e da cidade vizinha de Cocula, confundidos com membros de um cartel rival e entregues aos Guerreiros Unidos, que os assassinaram e queimaram seus corpos em um aterro sanitário. "Linhas de investigação permitiram descobrir que Nájera Salgado está supostamente relacionado à produção e tráfico de drogas para os Estados Unidos. Além disso, presume-se que este sujeito está vinculado aos fatos de 26 e 27 de setembro de 2014", anunciou a Secretaria de Governo em um comunicado, fazendo referência ao desaparecimento dos estudantes. Nájera Salgado foi detido sob acusação de crime organizado em Coajomulco, no Estado de Morelos, vizinho a Guerrero. Em 17 de outubro de 2014, a promotoria anunciou a prisão de Sidronio Casarrubias, um dos chefes dos Guerreiros Unidos quando ocorreu o ataque aos estudantes. Um ano depois, Gildardo López Astudillo, apontado como o homem que identificou os jovens como membros do cartel rival Los Rojos, foi detido. O anúncio da detenção de Nájera Salgado ocorre dois dias depois da publicação de um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no qual há fortes provas de que a polícia mexicana torturou suspeitos para que os jovens confessassem a culpa no caso.
mundo
Preso líder de cartel acusado de ligação com o sumiço de estudantes no MéxicoForças federais do México anunciaram nesta terça-feira (26) a detenção de Nicolás Nájera Salgado, que, desde 2014, é um dos líderes do cartel Guerreiros Unidos. Ele estaria envolvido no desaparecimento de 43 estudantes mexicanos em 2014, ocorrida durante uma emboscada em Iguala (a 192 km da Cidade do México), no Estado de Guerrero. Segundo investigação da Procuradoria-Geral, os jovens foram atacados por policiais municipais de Iguala e da cidade vizinha de Cocula, confundidos com membros de um cartel rival e entregues aos Guerreiros Unidos, que os assassinaram e queimaram seus corpos em um aterro sanitário. "Linhas de investigação permitiram descobrir que Nájera Salgado está supostamente relacionado à produção e tráfico de drogas para os Estados Unidos. Além disso, presume-se que este sujeito está vinculado aos fatos de 26 e 27 de setembro de 2014", anunciou a Secretaria de Governo em um comunicado, fazendo referência ao desaparecimento dos estudantes. Nájera Salgado foi detido sob acusação de crime organizado em Coajomulco, no Estado de Morelos, vizinho a Guerrero. Em 17 de outubro de 2014, a promotoria anunciou a prisão de Sidronio Casarrubias, um dos chefes dos Guerreiros Unidos quando ocorreu o ataque aos estudantes. Um ano depois, Gildardo López Astudillo, apontado como o homem que identificou os jovens como membros do cartel rival Los Rojos, foi detido. O anúncio da detenção de Nájera Salgado ocorre dois dias depois da publicação de um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no qual há fortes provas de que a polícia mexicana torturou suspeitos para que os jovens confessassem a culpa no caso.
3
Ministro da Justiça diz que prisão de Vaccari não preocupa governo
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou nesta quarta-feira (15) que a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, não traz preocupação ao governo. O petista foi detido na manhã desta quarta na 12ª fase da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. A fala de Cardozo segue estratégia definida pelo Palácio do Planalto de tratar a prisão como algo dentro da "normalidade" no âmbito de investigações autônomas da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. "Um governo que apoia as investigações jamais fica preocupado", afirmou o ministro. O petista afirmou que foi comunicado sobre a nova ação da PF no início da manhã pelo diretor-geral da corporação, o delegado Leandro Daiello e, em seguida repassou a informação a presidente Dilma Rousseff. Em relação à reação de Dilma, Cardozo desconversou. "Apenas foi informada". Cardozo também não quis avaliar o possível afastamento de Vaccari do cargo. A saída do petista deve ser discutida nesta quinta pelo comando do PT, em São Paulo. "Na condição de ministro da Justiça, não posso tecer nenhuma consideração não só sobre o partido ao qual estou filiado, mas sobre qualquer outro", afirmou. Sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato, o ministro disse que o governo espera que tudo seja apurado. "Eu acho que enquanto existirem fatos a apurar, que se faça a apuração", disse. "Apenas digo que há um desejo não só meu, mas da sociedade brasileira, que tudo seja esclarecido, que a verdade venha à tona que todos que praticaram atos ilícitos sejam punidos, os que não praticaram sejam absolvidos", completou.
poder
Ministro da Justiça diz que prisão de Vaccari não preocupa governoO ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou nesta quarta-feira (15) que a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, não traz preocupação ao governo. O petista foi detido na manhã desta quarta na 12ª fase da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. A fala de Cardozo segue estratégia definida pelo Palácio do Planalto de tratar a prisão como algo dentro da "normalidade" no âmbito de investigações autônomas da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. "Um governo que apoia as investigações jamais fica preocupado", afirmou o ministro. O petista afirmou que foi comunicado sobre a nova ação da PF no início da manhã pelo diretor-geral da corporação, o delegado Leandro Daiello e, em seguida repassou a informação a presidente Dilma Rousseff. Em relação à reação de Dilma, Cardozo desconversou. "Apenas foi informada". Cardozo também não quis avaliar o possível afastamento de Vaccari do cargo. A saída do petista deve ser discutida nesta quinta pelo comando do PT, em São Paulo. "Na condição de ministro da Justiça, não posso tecer nenhuma consideração não só sobre o partido ao qual estou filiado, mas sobre qualquer outro", afirmou. Sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato, o ministro disse que o governo espera que tudo seja apurado. "Eu acho que enquanto existirem fatos a apurar, que se faça a apuração", disse. "Apenas digo que há um desejo não só meu, mas da sociedade brasileira, que tudo seja esclarecido, que a verdade venha à tona que todos que praticaram atos ilícitos sejam punidos, os que não praticaram sejam absolvidos", completou.
0
'Acabou o tempo de interferência dos EUA na América Latina', diz Obama
Em intervenção no Fórum da Sociedade Civil, na Cúpula das Américas, nesta sexta (10), Barack Obama disse que os "tempos em que a agenda dos EUA neste hemisfério quase sempre presumiam uma interferência nossa na América Latina acabaram". Entretanto, o presidente norte-americano acrescentou que seu país irá ajudar os "calados" e os "vulneráveis". Em discurso contundente que arrancou, mais de uma vez, aplausos acalorados, Obama disse: "Se vocês foram silenciados, tentaremos falar por vocês e junto com vocês. E, se vocês foram reprimidos, nós ajudaremos a fortalecer vocês". Pouco antes de sua fala, cubanos apoiadores de Raúl Castro deixaram o recinto em protesto contra o que consideravam apoio do presidente norte-americano aos dissidentes. Obama falou a uma plateia lotada, na qual estavam presentes dissidentes cubanos e venezuelanos. "Queremos que sejam os cubanos os que decidam qual é o melhor caminho para sua prosperidade." E destacou que, nessa nova fase de relação com a ilha, os EUA "esperam que isso crie um ambiente que melhore a vida de seus habitantes, não porque seja algo imposto por nós, mas porque será algo que surgirá do talento, do engenho e das aspirações dos cubanos". Além disso, chamou a atenção de outros países. "Espero que todos os países presentes aqui se juntem a nós e percebam como é importante apoiar-nos nisso." O presidente americano disse ainda que, "às vezes é difícil, mas é importante, falar honestamente e candidamente em defesa de pessoas que são vulneráveis e que têm pouco poder, pessoas que estão sem voz". Acrescentou que sei país sempre irá representar, como norte-americanos, "certo grupo de valores" e que, com vários países da América Latina, teria de passar por um "processo de normalização". Ressaltou que uma sociedade civil livre é "a razão pela qual nações fortes não temem cidadãos ativos." E que, nelas, é possível que os cidadãos iniciem seus negócios com a certeza de que não terão de pagar "propina" a ninguém. CITAÇÃO DE MLK Obama disse que se sentiu especialmente inspirado após a celebração dos 50 anos da marcha de Martin Luther King na cidade de Selma, Alabama. "Eles tiveram a visão de uma sociedade mais inclusiva e generosa. E a única razão pela qual eu estou aqui como presidente dos EUA é porque aquelas pessoas comuns –empregadas, professores– trabalharam muito por mim. Por isso acredito tanto no trabalho que vocês fazem." E acrescentou: "Estamos fazendo isso não porque é nosso interesse, mas porque é importante."
mundo
'Acabou o tempo de interferência dos EUA na América Latina', diz ObamaEm intervenção no Fórum da Sociedade Civil, na Cúpula das Américas, nesta sexta (10), Barack Obama disse que os "tempos em que a agenda dos EUA neste hemisfério quase sempre presumiam uma interferência nossa na América Latina acabaram". Entretanto, o presidente norte-americano acrescentou que seu país irá ajudar os "calados" e os "vulneráveis". Em discurso contundente que arrancou, mais de uma vez, aplausos acalorados, Obama disse: "Se vocês foram silenciados, tentaremos falar por vocês e junto com vocês. E, se vocês foram reprimidos, nós ajudaremos a fortalecer vocês". Pouco antes de sua fala, cubanos apoiadores de Raúl Castro deixaram o recinto em protesto contra o que consideravam apoio do presidente norte-americano aos dissidentes. Obama falou a uma plateia lotada, na qual estavam presentes dissidentes cubanos e venezuelanos. "Queremos que sejam os cubanos os que decidam qual é o melhor caminho para sua prosperidade." E destacou que, nessa nova fase de relação com a ilha, os EUA "esperam que isso crie um ambiente que melhore a vida de seus habitantes, não porque seja algo imposto por nós, mas porque será algo que surgirá do talento, do engenho e das aspirações dos cubanos". Além disso, chamou a atenção de outros países. "Espero que todos os países presentes aqui se juntem a nós e percebam como é importante apoiar-nos nisso." O presidente americano disse ainda que, "às vezes é difícil, mas é importante, falar honestamente e candidamente em defesa de pessoas que são vulneráveis e que têm pouco poder, pessoas que estão sem voz". Acrescentou que sei país sempre irá representar, como norte-americanos, "certo grupo de valores" e que, com vários países da América Latina, teria de passar por um "processo de normalização". Ressaltou que uma sociedade civil livre é "a razão pela qual nações fortes não temem cidadãos ativos." E que, nelas, é possível que os cidadãos iniciem seus negócios com a certeza de que não terão de pagar "propina" a ninguém. CITAÇÃO DE MLK Obama disse que se sentiu especialmente inspirado após a celebração dos 50 anos da marcha de Martin Luther King na cidade de Selma, Alabama. "Eles tiveram a visão de uma sociedade mais inclusiva e generosa. E a única razão pela qual eu estou aqui como presidente dos EUA é porque aquelas pessoas comuns –empregadas, professores– trabalharam muito por mim. Por isso acredito tanto no trabalho que vocês fazem." E acrescentou: "Estamos fazendo isso não porque é nosso interesse, mas porque é importante."
3